quinta-feira, 31 de março de 2016

Restam-me poucas palavras...?

Já não escrevo a vermelho

Fechar o blogue

Tenho andado a pensar em enclausurar o meu antigo blogue. Inicialmente tinha estipulado que o deixava aberto uns três meses e vai que o punha naquele baú a que só eu acedo e pronto, coisa que afinal foi o que fiz com o blogue anterior ao anterior. Entretanto não há meio de arranjar coragem para isso. Sei lá, há aquela parte de mim que é artista e portanto gosta de mostrar as suas criações, mas vai que há a parte de mim que é secretista e gosta de se esconder, o que resulta numa luta tremenda. Depois vem a parte de mim que construí com racionalidade, uma racionalidade inteligente, claro, boa, capaz, de alicerces profundos e que... Julgo que o melhor é não privar as pessoas da arte que está presente no anterior blogue. Mas a secretista... Não sei o que fazer.

Caligrafia

Olha: a minha caligrafia não foi sempre assim tão descalibrada, está bem? Na adolescência alterou um pouco, foi por volta dos doze anos que comecei a manuscrever tão rapidamente que os émes e os énes me saíam ao contrário. Lembro de notar a caligrafia dalguns dos meus professores com essa particularidade e eu pensava que eles queriam efetivamente escrever assim, que era uma escolha deliberada, pronto. Mas não. Pelo menos no meu caso, não. Aquilo vinha da velocidade com que eu escrevia. Ena, que fixe, pensava eu, afinal a stôra escreve mas é rápido e eu estou igualzinha a ela! Vou ser uma adulta cheia de cenas fixes!
A palavra 'pensamento' fica especialmente bem, é um ótimo exemplo (ver imagem abaixo). Ah, é verdade, eu não escrevo sempre assim, é conforme, geralmente depende da pressa. Pois.


Solidão

Isso do gozo fausto pela ausência de gente mais não é que eu a desejar os espaços vazios para não me sentir sozinha. Isso é que é. Se não houver ninguém não me vou sentir desacompanhada.

Com aquela prima

Com aquela prima que visitou o estaminé é que eu podia ter grandes conversas, parece uma pessoa capaz de analisar situações, conversar, note bem: conversar, ouvir, note muito bem: ouvir. Com aquela prima é que era, a gente as duas a falar dos sentires mágicos que as brisas nos trazem, ou a tonalidade das folhas das árvores em certos dias, eu até lhe podia contar da árvore amarela e do banco hater, decerto ela me ouviria. E das pessoas que frequentam o lugar da musa e isso assim. Com aquela prima é que era.

Dias dum Ginásio

Quando estava no wc pensei: agora vou daqui lavar as mãos e vou para a sala de Pilates e vou-me deitar no colchão e vou esperar pelo senhor professor e vou sentir algum frio. Mas não. O que eu senti foi muito frio. Muito frio.
Sempre que me encontro esperando, há lá uma senhora que fala muito comigo, provavelmente porque espera o mesmo homem que eu. Ou então não. Ainda não percebi se ela simpatiza verdadeiramente comigo ou se sou eu que me mostro disponível para a ouvir, e para ouvir, como se sabe, é necessário ter a boca fechada. Era bué fixe que tanta atenção fosse devido ao meu ar extremamente inteligente e à minha língua bem-falante. Não pergunto, que é lá isso, já fiz de espantalho demasiadas vezes por conta das perguntinhas.

Esperniar com i

A cliente recomendou-me que digitasse espernear com é. Olhei-a de frente e sorri condescendentemente. Acho eu que foi desse modo, às tantas o meu olhar revelava tudo o que pensava:
Eh pá, ó 'miga, atão você julga que tá a falar com quem, hã? Eu sei que espernear se escreve com é, ok? E você, o que sabe? Sabe que essa malta não quer saber de mais nada senão aquele composto de nove dígitos que foi atribuído à empresa que a 'miga representa? Eles querem lá saber se digito espernear com é ou com i! Sério, 'miga. Nome? Caga. Morada? Caga. Código Postal? Caga. País? Caga. Local e hora de partida/chegada? Caga, caga. Cagam todos nisso. O composto de nove dígitos, o composto de nove dígitos é que é o elemento desejado e detentor de toda a informação. Toda.

Tenho ali amêndoas

Tenho ali amêndoas da Páscoa (ou de Páscoa, sei lá) que foi o homem que vem cá pedir coisas me deu. Olhe, menina, tome lá, disse ele. E eu tomei para mim um pacote de amêndoas coloridas (já me safei, iei!). Comi três. Fiz por comer cores sortidas para irem sobrando cores variadas (que sabedoria, uau!) e assim poder tirar fotos com muitas cores (hum...). É já a seguir.



Ah, é verdade

Ah, é verdade, esta foto...




... Tem aproximadamente sete anos e tinha este pensamento agregado:


«Sei que não vale a pena, não quando o desgaste é superior à utilidade, mas sim quando não há qualquer utilidade no desgaste.»
(17/05/2009)

Fotos & Filmes

Para compor alguns dos meus vídeos com fotos tenho que as carregar no blogue. Ora acontece que me faz impressão referir as fotos no vídeo mas não as referir no blogue. É um problema de logística, vá, fico assim como que a meio, até porque continuo a gostar mais de ter um blogue do que ter um canal e a gostar mais de escrever do que de falar. Mas as fotos, as ditas fotos ficaram a bailar no interior do meu blogue, como que fazendo parte desta comunidade que é o gúgâle, tudo bem, pois sim, mas invisíveis no blogue, como já aliás tinha referido, o que me leva a desejá-las visíveis, que eu cá tenho uma descompensação qualquer que me leva a querer dois extremos em simultâneo e, quantas vezes, com o mesmo ardor. Portanto: deixo então os filmes onde usei as ditas fotos, bem como os ditos filmes e isso assim. E as fotos, deixo também as fotos.









Dia de (disseram na Radio)

Estou atrasada, ontem acabei por não registar o dia de, que era o dia do lápis e eu acho que o dia do lápis é suficientemente importante para constar no blogue. A minha relação com os lápis é sui generis - não é nada, é assim -, meto-lhe a mão quase todos os dias, e este quase já faz diferença, sei lá eu se lhe mexo diariamente ou então não, mas lá que lhe mexo, mexo, e é quase - note bem: quase - sempre para escrever o seguinte: 'passar cheque'. Ora acontece que a ideia de eu escrever a lápis é intencional uma vez que pretendo apagar essa mensagem a posteriori - hoje estou cheia de latim -, mas nunca apago. É que já se vê, isso duma fatura, em determinada altura, estar pronta para o 'passar cheque', logo que o dito está passado e inclusive – latim! - agrafada ao documento, os dois, fatura e cheque muito agarradinhos por uma pontinha e coiso, pois que a mensagem é desnecessária. Não é? É. Mas.
E, já agora no mesmo post...
Hoje é dia de comprar meias. Na Radio foi pedido aos ouvintes que lhes contassem a relação com meias. Se têm, se usam, se mudam diariamente, se gostam, se querem. Eu cá tenho uma relação com meias que é qualquer coisa de especial. Ó pá. Então. Mudo diariamente de meias. Hum. Hoje não vou comprar meias. Tenho muitas meias, quantas delas herdadas da rica filha, que é esquisita com cores e vai que se veem por entre os sapatos/ténis e as calças e o caneco, e depois, se não combinam as cores, ela já não as quer e mais não sei o quê. Todas as minhas meias são só de pezinho, nada de cano, nem alto nem meio-alto nem meio-curto nem curto. Nada disso. E são todas muito coloridas para a vida acontecer alegremente. E acontece? Ora... As que tenho hoje nos pés são de fundo preto, ponta verde-alface, calcanhar cor-de-rosa, remate lilás, espirais em amarelo e umas letras coloridas que dizem 'angel' por sobre o preto. Os anjos serão alegres? Diz que sim, que cantam lá no céu e tal, 'quem canta seu mal espanta', portanto devem ser mesmo muito alegres, os anjos.

Frio

Eh pá, mas que merda de frio é este?! Atão a gente não tá no fim do março...? Esta noite dormi mal à brava por conta da preguiça de me levantar e ir buscar mais um cobertor. Que cena. Mas também, quem manda deixar-me ficar com a preguiça a comandar a minha vida e o caneco?

Lanchinho

Quantos morangos comi ao lanchinho da manhã?




Sete.



Primeiro

Bom dia. São onze e trinta e oito. As horas que são, não é. É. É que hoje já escrevi umas quantas letrinhas, sim senhores, mas todas em modo profissional. Ah, e estas, claro, estas que acabaram de ler. Pois. Que vida estonteante, não é. É. A minha, não é. É.

quarta-feira, 30 de março de 2016

Post cheio de ar

Gosto de chamar purgatório a um certo tipo de vácuo ou terra de ninguém ou espaço sideral ou estratosfera (e eu que nem sei o que querem exatamente dizer estas duas últimas, mas pronto), que é, por exemplo, aquele lugar para onde vão os imeiles que a gente manda mas a pessoa de lá não recebe porra nenhuma.
Eh pá, mas eu mandei.
Eh pá mas eu não recebi.
Eh pá mas eu mandei ora essa mandei sim senhor.
Eh pá você desculpe lá ok mas eu não tenho lá nada.
Chega.
Cá por coisas, assim tipo a suavizar semblantes enraivecidos, mormente o meu, e quês, eis que passei a alvitrar que tenha ficado retido no purgatório. Com isto não quero ofender a fé de ninguém ou tampouco julgá-la, mas é que é uma expressão gira, não é. É. E é suavizante de caras de gente cheia de nervos, não é. É. Quase parece o resultado duma limpeza de pele em profundidade, a gente passa a mão no pelo e é um gozo imenso o que se sente na ponta dos dedos, não é. É. Pronto, então é isto tudo. Mas há mais: lembrei do espaço onde ficam os pagamentos tê-pê-á, é que o pagamento estando feito, logo ali naqueles minutos a seguir, e isto enquanto a gente do lado de dentro do balcão não fizer o fecho/abertura no aparelho, o dinheiro não está na conta da empresa nem na do cliente... Está no purgatório. Ah ah.

Paradoxo

Estás sozinha?
Agora já não mas posso ficar, mesmo contigo ao pé de mim.
É-me mais fácil estar sozinha. O que acontece é que ninguém me acompanha. Mas não faz mal nenhum, claro, porque eu gosto mesmo é de estar sozinha. E na verdade ninguém permance comigo, o que não é de estranhar, uma vez que o meu gosto pela ausência de gente é notório. Mas estou tão só. Não é estar solitária, que disso eu gosto, é só de sentir solidão. Mas eu preciso tanto de estar sozinha. Já chega, não é. É.

Roupinhas

Tenho de ir dar a volta à caixa dos trapos.
À-parte:
Eu dantes chamava trapadas a este asunto mas agora não. Sei lá, é para ser diferente do outro blogue, para lhe fugir, o que, como julgo que se sabe – julgo - é fingido o suficiente para parecer que não estou a fugir mas é de mim.
Tenho para lá trapos até dizer chega. Chega. Já no outro dia referi isso no blogue e agora estou a repetir para fugir do que realmente queria escrever.
O post chama-se 'Roupinhas' mas eu vou também debitar coisinhas da cozinha neste texto. Aproveitadora ofe mai selfe ende mai oune taime ende uíle.
Na cozinha faltam-me alguns objetos. Não sendo principais ou imprescindíveis, a verdade é que por vezes lhes sinto a falta.
1 máquina de estender massas
1 embalagem de sacos de pasteleiro descartáveis
8 formas para queques com maminhas
1 caçarola em estanho (ou cobre, ou lá que é aquilo... amarelada, pronto)
Volto às vestes, agora. Tenho duas camisolas novas para usar no estaminé. Uma é azul, dum azul forte, elétrico, com rendas e mais não sei o quê, portanto é tão especial que o mais certo é usá-la mas é na rua. A outra tem cores assim mais para o escurinho e tem uns berloques nas cavas.
Ora bem, isto significa que já voltei a penetrar as lojas destemidamente. É que dantes, se bem é lembrado, pelo menos eu lembro-me muito bem, andei por aí a desarrumar prateleiras e bancadas e a ser maldita na cabeça dalgumas senhoras que trabalham nalgumas lojas, uma vez que desarrumava e não arrumava e, vejam só, não comprava nada. E agora que já comprei não uma mas duas camisolas... Redimi-me de todo o mal.

Lugar da musa

Um expositor vazio, ali assim, que era desviado conforme livreiros ou clientes queriam passar, e em qualquer dos casos eram os livreiros que o desviavam. Em dada altura o expositor ficou numa posição que me oferceu uma perspetiva interessante, tanto podia ser uma casinha como uma seta. Se eu tivesse sete anos ia fazer esta associação de ideias, tenho a certeza. Gosto de pensar nos meus sete anos, por um lado, o que subtraio à minha idade é um número redondo, pesado, vincado – 40 – por outro, lembro-me perfeitamente de ter sete anos. Seta, eu escolhia mas era a seta que há naquele expositor. A seta. O sete.

da esfregona

1º pensei
olha, os fios não têm pontas, estão rematados na peça de plástico
2º pensei
olha, vou mas é cortá-los todos, quando não prendem-se nos cantos dos móveis
3º pensei
não vou nada, que aquilo depois é só fios pela casa e o caneco

Dias dum Ginásio

Senhor que não se parece com nada nem com ninguém estava no Ginásio.
E ele, ah, eu conheço-a dalgum lado.
E eu, ah, eu sei donde é, ah ah.
E ele, pois...
E eu, ah ah, é do lugar da musa, ah ah.
E ele, hum, lugar da musa?! E eu, pois, ah ah.
Isto é tudo mentira, está bem. Está.

E nasceu um amor

Passaram trinta anos por sobre o dia trinta de março
Trinta
Trinta
30
1986
Domingo
2016
Quarta-feira

Post amoroso

De manhãzinha o meu pai ligou-me. À despedida, disse:
Gosto sempre de ouvir a tua voz.
É o amor. Que amor.

No fim-de-semana

No fim-de-semana fiz bolinhas de pão. Estavam boas mas não muito boas. Falta-me saber, ainda. Ficaram insossas e um tanto ou quanto duras, o que são problemas solucionáveis, claro. Pela parte intuitiva julgo que num próxima vez é questão de juntar mais sal (sério?! ah ah) e, quiçá, aqui é que não estou assim tão certa nem vou gargalhar, mais do que amassar durante mais tempo, tenho mas é de juntar mais água, coisa pouca, mas tenho. E também amassar mais. Mais. Mais. Mais. Mais amor...? Fi-las com muito amor mas posso juntar mais ainda. Mais. Mais. Mais.

Primeiro

Bom dia. São dez e cinquenta e um. Estou fartinha de trabalhar, hoje, a começar a esta hora com os escritos, já se vê.

terça-feira, 29 de março de 2016

Das poucas palavras

Intervalo grande

Há novidades, ou então não.
Jardim: as árvores com as florinhas brancas de laivos avermelhados perderam-nas, dando lugar a folhas duma cor que anda pelo meio de roxo, bórdô e castanho.
Lugar da musa: toda aquela gente zanzando e eu sozinha.
Árvore amarela: nua, com nódulos nos ramos.

Dias dum Ginásio

Nada como estar preparada para sair, treino feito e banho tomado - duche, é melhor dizer que é duche, quando não vêm de lá os senhores verdes ralhar comigo, se bem que duche é adaptação do francês douche e douche é banho, mas pronto... -, e resolver pesar-me vestida de inverno e armada de saco e mala, ambos pesados que eu sei lá. Contei mais seis quilos. Se eu quiser emagrecer seis quilos num ápice já sei o que fazer. Ah ah.

Assunto

Extremamente interessante, este assunto, e importante pra caraças.



O éme está feito, que foi ontem, vinte e oito, o ésse-bê fica para onze do quatro e, finalmente, o pê está falado para o dia seguinte. Quem é que tem assuntozinhos, quem é?

Queques com Maminhas

Mas qual não ter assunto, qual quê. Ah ah. Então e os queques com maminhas que fiz no fim-de-semana? Muito tenho eu falado na vida e nas redes sociais e escrito na vida e nas redes sociais acerca das maminhas do queque. Fiz então os queques à portuguesa, sem treze maminhas, oh que pena, mas com apenas doze, coitadinhos dos queques, sem a sua maminha extra, ah ah. Bom, é que não encontrei essas forminhas e vai que trouxe as de imitação, pois paciência, os queques comem-se, mesmo que lhes falte uma maminha, não é. É. Mas chega de conversa, olha mas é a receita, não é. É.

2 ovos
200 gramas de açúcar
100 mililitros de leite
1 colher de chá essência de baunilha
2 colheres de chá de amido de milho
200 gramas de farinha
1 colher de chá de fermento em pó
1 pitada de sal
200 gramas de manteiga

Bater os ovos com o açúcar até ficarem espumosos. Peneirar todos os ingredientes secos e juntar metade ao que se bateu e mexer. Deitar o leite e a baunilha e mexer. Deitar o resto dos secos e mexer. Derreter a manteiga e juntar delicadamente à massa. Levar ao frigorífico por meia hora. Passado este tempo, encher de massa as formas a três quartos da sua capacidade, que convém já estarem untadas e enfarinhadas, e levar ao forno por aproximadamente vinte minutos. Fotos já a seguir.



Nota: retirei a receita daqui.

Primeiro

Bom dia. São dez e sete.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Assunto

É melhor ter assunto, 'migos, é tão melhor. Amanhã é outro dia, há sempre esperança no porvir, portanto: amanhã terei muitos e muitos assuntos.

Manicura

Fui à Carminho arranjar as mãos. Na gíria da estética é 'arranjar as mãos', isso de retirar cutículas, arredondar unhas e pintá-las. A manicura, quero eu dizer, pronto, embelezamento das extremidades dos membros superiores e quês. E lá estava eu, de bracinhos mais ou menos no ar, fazendo por me aparecer uma beleza - fabricada, ok, tudo bem, e olha o que eu estou ralada com isso - por meio de pagamento, quando me lembrei o bom que é sentir o toque dumas mãos. É uma partilha de sensações. Dentro da minha cabeça estou a aprofundar tanto a ideia que daqui a pouco fico a achar que paguei a alguém em troca de prazer físico... Ai que eu hoje não tenho anda na cabeça e tenho tudo no corpo. Ai, ai.

Do verbo

É do verbo morrer que venho falar. Nunca percebi porque é que se é egoísta quando se confessa a vontade de morrer. Mas porquê? Então não é suposto a gente desabafar? Então e se a gente tem vontade de morrer e o desabafo liberta porque raio não se pode dizer? Para os pobres que nos rodeiam não sofrerem? Então e acham isso bem? Então não disseram que querem ajudar? Não estão lá para tudo? Pois, se calhar não. Ah, espera, se calhar é porque vocalizando uma vontade deste calibre torna-se um expor de ideias um bocado ridículo. Verdadeiro. Exequível. E vai que o sossego dos ouvintes jamais será recuperado. É isso? E depois há todo um rol de chavões: e porque há pessoas cancerosas e porque há criancinhas sem pais e porque há os sem-abrigo e os esfomeados e os desempregados e porque há pessoas metidas em guerras sem culpa disso. Aliás: todas as pessoas são desculpabilizadas pelas circunstâncias e se veem a braços com um rol de dificuldades desculpáveis. E eu. Eu continuo sem assunto. E bruta que eu sei lá.

O assunto

Há três dias que não escrevo. Hoje de manhã cheguei aqui e deparei-me com o meu documentozinho do coração, a 'Nova Vaga', que é como lhe chamo, vazia. Hum, ou antes: quase vazia. Quase. Tinha, e tenho, uma espécie de lembrete cá registado que diz assim:

«sou o algo indefinível que fica entre a genealidade e a estupidez»

A ideia é espetar com esta merda lá em cima no cabeçalho do blogue mal tenha paciência para andar a moer os cornos com o sítio onde há-de ficar e, principalmente, com o sítio onde não ficará porra nenhuma, qual quê. Hoje estou um bocado bruta, não estou. Estou. É que convém estar alguma coisa, mesmo que não-boa, que isso do não-ser caracteriza-me e preenche-me mais do que queria e isso é a puta da apatia a querer-me apática. Não.

O fim-de-semana

Vamos deixar o presente e falar mas é do passado?
Vamos!
Sozinha, eu, sem medos nem nada, mas se estou sozinha porque raio falo no coletivo...?
O meu fim-de-semana afinal não teve exatamente o dobro de tempo dos últimos, é que mudou a hora, e quando muda a hora para verão o domingo tem menos sessenta minutos. Escolhi usar os minutos como medida de tempo para não utilizar o vocábulo 'hora' por duas vezes e tão juntinho um do outro. E na frase anterior pus o verbo 'usar' e 'utilizar', que, como é consabido, são sinónimos, pelo mesmo motivo. E na frase anterior espetei com o verbo 'pôr' para não lhe mandar outra vez com o 'escolher'. E na frase anterior... Sou tão criativa.
Mas o fim-de-semana.
O quarto do rico filho ainda está cheio de eco. Agora o que o compõe é um plástico grosso por sobre o chão, que já está todo afagado, um escadote aberto, uma caixa de betume para paredes e uma betumadeira com a ponta esbranquiçada. E eco. Eco do caneco. O que mais custa é o eco que há no quarto do rico filho. O eco ecoa a sua ausência.
Fiz muitos vídeos. Aliás: fiz muitos clipes, é assim que se chama. Também. Passei hoje a chamar-lhes isso. Clipes é coisa para juntar, clipes para agrupar, clipes, clipes, clipes.

As horas que são

São cinco para as onze. O que já fiz hoje? Eh pá, então, cheguei aqui, não me senti mal, e para mim, chegar aqui e não me sentir mal é sentir-me bem, principalmente tendo tido três dias de afastamento deste horrendo lugar, que quando o intervalo é grande o mergulhar piora consideravelmente, quer isto dizer que não mergulhei os cornos, mergulhei de cornos, o que, sei lá porquê, não distingo agora as duas expressões por meio de palavras mas apenas de sentimentos, e estou aqui. Eu estou aqui, lá diz o Abrunhosa, e digo eu também, porque estou realmente aqui. E o Abrunhosa se calhar está mas é ali.
Abri a portada. Desliguei o alarme. Liguei o computador. Arrumei as tralhas à porta. Fiz uma cópia de segurança. Abri os separadores necessários ao funcionamento geral do estaminé. Dei um orçamento para montagem de autoclismo. De produtivo não fiz mais nada.

Primeiro

Bom dia. São oito e cinquenta e nove... O QUÊ?!
Não são nada, são dez da manhã, agora, exatamente agora. Ora bem, é que ontem o horário mudou para o de verão, não é verão de ver, se bem que a gente também vá ver o verão e seu esplendor e seus desfrutes, mas é verão de estação. De nada, ora essa. E vai que o relógio do estaminé estava um bocado atrasado. Pois.

quinta-feira, 24 de março de 2016

Pele do pé

Um dia, na praia, uma pele do pé saiu de mais perto do pé e ficou assim como que pendurada, mas não completamente. Ora eu sempre adorei peles dos pés, até as como. Sério. Sim, eu sei que é uma porcaria e que os pés andam rente ao chão, onde há mais vírus e bactérias e coisas assim, mas pronto, é um prazer enorme trincar peles. Faço o mesmo com as das mãos, logo: como não iria fazer com as dos pés? Depois, como gosto tanto de peles e não só de as comer mas também, e principalmente, ai principalmente, sim, acreditem, de as arrancar, guardei o arrancar da pele pendurada até casa. Note bem: eu estava na praia, sentada a ver o mar, e vi uma pele sobressair por entre o milhão de grãos de areia que me pousavam nos pés, e esperei o regresso a casa, o banho tomado, para me dedicar de corpo e de alma, principalmente a alma, ai tanto principalmente que este texto tem, credo, mas adiante, ao arrancar da pele. Foi assim como que um evento social mas em privado.

Avisto-me & Visto-me

Avisto-me no espelho enquanto me visto. Mas apenas as coxas. Ah ah. Eu explico, que eu adoro explicar coisinhas, é que por ali assim jaz um espelho que espera - pequeno à-parte: jazer esperando é coisa para pertencer somente aos objetos – um lugar melhor para viver – viver, ah ah, viver - , e eu sento-me na cama para me vestir e avisto-me, o que me apraz e reconforta porque sou narcisista de ato e de fé.

Desprezo, não por outros

Vai ler com todo o gosto o livro que ela vai escrever.
Ele está ali ao cantinho, caladinho e supostamente desatento, mas está a mancá-los a todos.

Primavera

Pois então a verdade é que a primavera já despontou, não só no calendário como também nos campos, há papoilas e assim, há também todo um conjunto de flores liláses e outras amarelas de que desconheço os nomes, paciência, e as azedas, que são amarelas, pois são, estão a ir embora. Mas ainda há muitas, está bem. Está. Muitas, muitas azedas.

Almoço

O almoço de que vou falar é o de ontem. O rico filho veio almoçar com a gente. Que saudades, não o via para aí há um mês. Falou e falou, o que não é lá muito normal, geralmente é reservado, mas, talvez movido pela distância e pela saudade, falou mais. Falou do granizo do outro dia, diz que ia no carro e a força daquilo era tanta que lho riscou todo. Gravou o barulho e tirou fotos, que nos mostrou. Contou que havia montes de gente parada na estrada, uns com medo, outros por conta do registo imagético, mas ele não, que tinha que ir trabalhar... Revelou também que no outro dia foi lá a casa buscar a máquina de cortar cabelo. Perguntei-lhe que tal tinha sido a comissão de boas-vindas por parte do bicho-cão, crendo que tinha sido do caraças, e ele acenou com a cabeça, sorrindo, tinha portanto sido um matar-de-saudades gostoso.

666 posts, o número da besta

Seiscentos e sessenta e seis posts, cheguei ao número da besta. Estava desejando, afinal de contas tem que ver comigo. Olarila. No blogue anterior, aquando deste número abestalhado, em 23 de outubro de 2012 escrevi assim:

666
Este é o post apocalítico. Também pode ser o post da besta, não andará nada longe da verdade.


(não mudei lá muito, pois não?)

665

quase
quase
quase

Melhor

O melhor é não me pôr com esta cara a olhar lá para fora. O melhor é pôr outra cara. O melhor é. O melhor é sempre algo diferente do que estou a viver e a ser.

Quilo
Quilómetro

Acho um piadão a isso de o quilo ser de peso e o quilómetro, que também encerra em si o quilo, seja para medir distâncias. Um dia descobri isso e referi a descoberta em direto, para a minha câmara. Ora vejam lá. Não querendo ver tudo, dediquem atenção ao minuto 1, segundo 47 e mantenham-se ligados durante uns 30 segundos. É quanto baste. Obrigadinha.



Cliente

Logo de manhã, um cliente entrou para fazer uma compra. Eu estava ainda adormecida. Sério. Nem conseguia raciocinar normalmente, esquecendo toda uma série de pontos importantíssimos. É que quando o homem entrou eu estava a sonhar, às vezes dou por mim a sonhar acordada.

Olá

Olá, bom dia! Apeteceu-me dizer bom dia outra vez! A vida é duma beleza tamanha!
Já despachei uns posts que tinha em atraso. Oh céus, como é possível eu ter-me atrasado tanto...?

Post atrasado

O fim-de-semana que passou foi ruim. No sábado ainda foi assim como que mais ou menos, vá, mas o domingo foi uma merda. Por isso é que não escrevi nada durante dois dias, o que tinha na cabeça eram sentimentos e questões advindos da má experiência de domingo e eu sou pouco escrevente quando o sofrimento é muito.
Portanto: pouco numa coisa e muito noutra.
Há coisas que o melhor que tenho a fazer é não as escrever. Pelo menos enquanto o sofrimento for enorme, enquanto me doer até dizer chega. Agora veja-se: eu escrevo para esquecer dores, inclusive para deixar de as sentir, uma vez que é ato catártico, por vezes, note bem: por vezes, mas se escrever todo o sofrimento, todas as dores, ficará registado no blogue que no dia tal eu estava a sofrer horrivelmente por causa disto ou daquilo. Será informação cedida ao Mundo inteiro e não só, será cedida a mim mesma. Quer isto dizer que no futuro, quando já não me lembrar que aquilo de mau me aconteceu, um dia que pouse no texto onde desabafei, lembrar-me-ei. De tudo. Tudo. Há ainda uma questão pertinente: darei importância a quem não a merece.

Post atrasado

O dia do Pai foi há cinco dias e eu que nem fiz referência ao meu pai nesse dia nem nada. Mas o leitor, querendo, pode consultar a etiqueta 'Mãe+Pai=Pais, lá tem algumas questões relacionadas com o meu pai. Posso até escolher uma.

Daquela vez em que o meu pai ligou e referiu que gosta de passear sozinho porque anda à sua vontade, dentre outras coisas, disse isto:
«Se eu quiser dar voz alta, dou.»
Se o meu pai quiser falar sozinho, falará destemidamente, pois o isolamento boicota o desdém e traz uma libertação muito boa.

Primeiro

Bom dia. São nove e quarenta e oito.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Sentimento

Não me canso de escrever mas canso-me da exposição que o escrever me traz. Oh, a luta que é. É que eu escrevo principalmente acerca de mim, do que acontece comigo, das minhas coisas. Então e que tal dedicar-me à ficção...? Pois. Não. A ficção também traz exposição, se bem que em moldes diferentes. Já escrevi ficção e nunca abandonei o meu cerne, daí saber que há exposição aí também.
Durante anos achei-me estranha e nada criativa com a questão de não tender para criar histórias, procurando-as antes nas minhas puras e meras observações, ou seja: ficção não era comigo por sentir que me era impossível escrever acerca do que desconhecia. Contudo apercebi-me que nalguns textos exagerava um bocado e portanto inventava histórias.
E eis que, com tudo e por tanto, o que escrevia não deixava de se assemelhar a isso da ficção.
É assim ainda hoje, não tendo para esse estilo, não senhores, e hoje sei que escreva eu o que escrever, o sentimento com que o faço é meu. Esta conclusão não é minha, foi uma espécie de socorro que tive num dia em que vi uma entrevista a uma escritora (e só não lhe revelo o nome por já não ter a certeza quem é), onde ela, respondendo à pergunta (montes de cliché):
'Olhe lá, ó 'miga, então vamos lá a saber, você quando escreve está a mostrar e a contar coisas da sua vida?'
E ela respondeu algo assim:
«Nos meus romances os factos não são autobiográficos mas os sentimentos são meus.»
E foi assim que aprendi mais uma. Um grande bem-haja à pessoa que tanto me ajudou.

Linguarejar

Tenho o linguarejar dos que mamam, dos profetas, dos anjos. Dantes ficava toda empolgada com isso e tal, olhem que eu falo desta maneira mas sei perfeitamente o que estou a dizer. Bah, tretas, sei lá eu o que digo. Não sei, não. São desabafos, lá isso são, mas num linguarejar de bebé (que lindo e querido e fofo) ou então de pessoa deveras especial (louca, já louca ou prestes a).

Inteligência

Há umas situações em que sou deveras inteligente, porém, outras há em que toda a inteligência se me abala. Pode dizer-se: é assim com toda a gente. E eu digo: pois é. Apesar de tudo o que já vivi nunca me achei diferente, ou então sempre refreei isso de ser diferente, o que se traduz numa certa cobardia, uma vez que o destaque me apavora e não é pouco. Mas eu sou uma mulher inteligente. Sou a mulher que observa, a das ilações acerca de tudo e de todos, mas retidas na memória por conta de a minha língua estar, não morta, mas extremamente cansada. Essa observação – sem conversação - causa-me sofrimento porque nem toda a gente é bué da fixe, portanto as ilações não são sempre porreiras, nem os interessados se interessam por quem não conversa. Ora eu estando ocupada a conversar, não sofreria e ainda havia a enormíssima vantagem de ser proclamada de inteligente. Porque se ia notar. Sentir. Crer.

Separação

Vi um placar com um funcionário duma distribuidora a segurar um bebé e a dar-lhe o biberão enquanto a mamã assina o documento que prova o recebimento da encomenda. A imagem quer transmitir a total confiança que se pode ter aquando da chegada de encomendas à própria morada por essa via.
Confiança.
Confiança.
Confiança em quem segura os nossos frágeis e indefesos bebés, levando-os para ali assim ou então tomando conta deles, mesmo que durante um curto espaço de tempo. Oh céus, é difícil. Os ricos filhos são hoje adultos mas recordo muito bem a confusão que me fez a minha primeira vez de cada um deles.
Do rico filho, embora benjamim, foi mais difícil a minha primeira separação, isto porque haviam decorrido não mais de vinte e quatro horas quando a coisa se deu. O rapaz era grande e como nasceu pelo modo 'normal', havia deslocado a clavícula direita. Ora aquilo fez-me uma confusão tremenda. Caraças, pá, então agora o puto tem um dói-dói? Mas como? O quê? Raio-x, é preciso um raio-x e eu não posso ir com ele?! Vão levá-lo...? Oh... E se mo roubam...? Uma puérpera é uma mulher alterada ao nível do sistema nervoso, as hormonas andam todas à maluca, ao soco e ao pontapé, pelejando por um lugar sentado, noutra ocasião qualquer aquilo não me teria abalado, mas é que nem metade do que abalou. A enfermeira enrolou o menino nas mantinhas e levou-o, não sem me sossegar, dizendo que não demorava mais que meia hora. E cumpriu. E o rapaz não tinha nada de mais, era mesmo só uma deslocaçãozinha ocorrida durante o nascimento que com o crescimento não daria qualquer problema, como realmente não deu. Pronto, trouxeram o meu bebé, com o pequerrucho ombro inchado, e um envelope com o exame. Nada havia de preocupante, era só não o deitar para aquele lado durante quinze dias e tudo passaria. E passou.
Com a rica filha, a minha primogénita, foi diferente e muito além nas nossas vidas em comum, tratou-se da ida para o infantário, o que ocorreu aos três meses de vida. Oh céus, o que aquilo custa, como eu compreendo as mães, é tão custoso de aguentar, que falta faz o minúsculo ser sempre debaixo d'olho. Como mãe, essa minha primeira vez foi das coisas mais difíceis que tive de viver. Eu sabia lá se a iam tratar bem, dar de comer a horas, mudar a fralda quando suja, dar atenção ao choro. Mesmo sendo um infantário credível, bom, seguro, capaz, eu sabia lá se sim ou então não. É horrível. Mas estamos cá. Todos.

Torneiras

A foto.
Vamos falar de torneiras outra vez? Vamos lá, é que a vida está mesmo a pedir-me, não está. Está. Pediram-me. Sério. Há montes de pessoal que pede: 'ó Gina escreve lá coisas, olha, se não souberes o que hás-de escrever, escreve de torneiras, mas escreve, vá lá'. Escrevo então abaixo da foto. É que ontem tive paciência em mim para a procurar, de maneiras que assim sendo eis que tenho montes de assunto. Montes. A dita foto estava realmente dois blogues lá atrás na minha vida e é datada de vinte e dois de março de dois mil e dez. Eu bem dizia que já tinha mais de quarenta anos quando se deu o clique. Já agora falo mais da foto abaixo: é que está uma merda, tanto em enquadramento quanto em resultado de cor. Mas é assim: aquando do clique, a ideia primária era captar o fio de água, na altura eu tinha outra máquina, menos boa que qualquer uma das que tenho hoje, e muitíssimo menos saber acerca de fotografias e imagem. Lembro-me que esta foto foi tirada com um programa especial para museus, o qual, por não ter flache, tornava as imagens amareladas. Isso de não ter flache era exatamente o que eu queria, uma vez que o espaço era público.
A foto.




O texto.
A torneira que se vê na foto acima pertence a um wc público, como já referi. É um bocado esquisito isto de chamar público a um wc, porque um wc é algo indubitavelmente privado, mas pronto. É uma torneira de serviço. A torneira de serviço é caracterizada por sair diretamente da parede, pode ter canhão comprido ou curto, pode ter rosca na ponta ou então não. A rosca pode acontecer devido a duas situações: ligar a máquina de lavar (já ontem tinha referido isso, eis então um desses espécimes na foto acima), ou a mangueira de rega. Ali, naquele caso específico, julgo que uma máquina de lavar não faz qualquer sentido, já regar um jardim ou canteiro, faz. Olhem lá: o canhão desta torneira é curto, está bem. Está. E a rosca é de três quartos de polegada, está bem. Está. E a gente para pôr ali uma mangueira precisa duma catrefada de acessórios, está bem. Está. 1 adaptador para tomada rápida;1 tomada rápida, que se diz rápida porque encaixa no adaptador e faz clique!, tem portanto a distância dum clique!, e do lado oposto tem a fantástica hipótese de se agarrar à mangueira por meio dum aperto daqueles mesmo bons. Se a torneira tem uma ponta roscada a três quartos de polega, isso significa que o adaptador vai ter obviamente a mesmíssima medida, já a tomada rápida pode eventualmente albergar uma mangueira de meia polegada, ou de uma polegada, ou de uma polegada e um quarto, ou... Já chega. Mas geralmente, em jardins e isso assim, usa-se uma mangueira, no mínimo, de três quartos de polegada, por causa de a malta despachar a rega.
Gostaram? Querem mais? Não querem, pois não? Querem?! Homessa! Estão a gostar? Ah... Mas não.
O texto.

Sociedade

Disse ele que a sociedade d' agora é autista, que a gente é vê-los nos transportes públicos de cabeça baixa a espiolhar o cemarte fone ou então com ele encostado ao ouvido, virados para dentro de si, sem conversarem com ninguém.
Olha: vai mas é à merda. Quem é que aqui há vinte ou trinta anos ia querer conversar nos transportes públicos? Sério, nessa altura terias tempo e/ou paciência para ouvir as conversas da jovenzinha - que era tua vizinha e por isso ia no mesmo autocarro que tu - quando ela falava acerca dos trapos e da maquilhagem? Terias? Então e para as gracinhas do bebé da outra vizinha? E para os relatos infindos da velha do rés-do-chão? E para aquele tolinho que só fala de bola, aquele que mora paredes-meias contigo? Eras tu que ias conversar com essa gente? Ah ah, eras mesmo tu, eras, ah ah.

Planos para o fim-de-semana

Ora bem, eu que não chore, afinal de contas vou ter um fim-de-semana enorme, que é o próximo, e por enorme leia-se dobrado, vezes dois. O dobro. Pois. O meu próximo fim-de-semana vai ter o dobro do comprimento e por comprimento leia-se extensão de tempo. Pois. Em vez de dia e meio vou mas é ter três dias. Ah ah. Tenho montes de planos. Montes.
Arroz de Atum
Bifinhos de Frango
Bolachas de Manteiga
Bolo Mágico
Pães Doces
Queques com Maminhas
Arroz Doce
Não sei o que vou fazer, o que não difere do meu comum sentir. Sei lá que faça. Tudo, não, decerto, mas os queques com maminhas está-me a dar cá uma vontade... De os comer. Continuo com o assunto 'mamas' há quatro posts, não sei se já se aperceberam. Pronto, então é isso.

Ondulação

Comprei formas para queques com maminhas. São de má qualidade, espero sinceramente conseguir fazer queques de boa qualidade em formas de má qualidade. É que as formas estão um bocado amolgadas, já vinham assim na embalagem mas eu não reparei. É certo que o material de que são feitas é macio, daí as amolgadelas, mas pronto, desde que façam o serviço, está tudo bem, não está. Está.

Depósito mamário

A propósito das mamas do post anterior, fui a uma loja de langeri à procura dum depósito mamário. Não é que o venha mostrar, tampouco dizer que me fica bem, ou então mal, venho falar um pouco do atendimento a que fui submetida. Quando digo submetida é mesmo isso que quero dizer, que eu entrando numa loja e sendo tão educada quanto sou, dificilmente saio de lá a meio duma conversa, mesmo que tão circunstancial quanto a ocasião pede, e me submeto. Não gostei lá muito do antendimento, pronto. Era eficiente, tudo bem, era rápido e até atencioso, pois sim, mas não curti. Sabem aquela sensação de quem faz o que faz e faz bem mas sem uma só emoção das boas? Pronto, foi isso, houve algo na curta relação que não combinou. Comigo têm de ser carinhosos/as, sou exigente nisso, espero isso, creio firmemente que tem de haver emoção da boa. E não houve senão frieza. Mas continuo a história na mesma, só por dizer que me vou dedicar a outro aspeto da curta relação, sem referir mais vez nenhuma o quanto me desagradou.
Há todo um rol de questões a envolver a compra dum sutiã, oh céus, ele é a circunferência das mamas, ok: normalidade, ele é circunfrência das costas, ok: mais ou menos normal, ele é esperar todo o tipo de corpos, ok: não só as sortudas que embelezam o mundo por terem em si aquelas medidas, mas também, e quiçá principlamente, as outras, e portanto ter ao dispor da clientela modelos que sirvam a pessoas mamalhudas mas estreitas no resto, a pessoas com pouca chicha nas mamas e/mas largas no tronco. Ora esta cabeça que assenta no meu tronco fica baratinada até mais não com o tamanho das mamas que lá estão. É que não sou de andar sempre a comprar sutiãs, além disso não tenho memória nenhuma para o número que visto, nunca sei. Na verdade, na minha cabeça está o trinta e seis e eu disse isso à moça que me atendeu, mas vai que ela quis especificações e se pôs a medir-me as mamas e as costas. E não é que estou diferente do que supunha? Mais mamas e menos costas. Pumba, toma lá! Não é o máximo? Mais mamas... e sobretudo menos costas, mas... mais mamas?! Mamas maiores?! Eu tenho as mamas maiores. Eiapá ca xirú.

Dias dum Ginásio

Ah, o momento da verdade. Ah, esse rude objeto, a balança. Ah, dois quilos a menos, posso eu dizer que tenho. Ou então não tenho, sei lá. Mas o certo é que mirando-me ao espelho e até apalpando-me toda, o que sinto é que os dois mil gramas me sairam das mamas e não do resto. E no resto é que eu precisava de sentir menos chicha aquando dos apalpões a mim mesma. Olarila.

Coletor menstrual

Sim, também eu tenho coisas a dizer acerca de tão polémico... Nem sei se é polémico, é talvez mediático, vá, o objeto que tem suscitado toda uma série de opiniões, sempre femininas. E eu também tenho uma coisa dessas - a opinião feminina. Mesmo que nunca tenha usado um coletor menstrual, ou sequer visto um ao perto. Mas embora lá então.
Devo dizer que a palavra 'coletor' é coisa para levar esta que escreve à própria juventude por conta da coleta da igreja. É uma recolha; recolha - coleta; coleta – coletor. Ah ah. Mas mais coisas, mais coisas, as que realmente importam ao post. Um cone de plástico dentro de mim não é coisa para me deixar mais descansada que um tampão. Nada disso. E se sai do seu lugar? Mas aquela merda não poderá, quiçá, eventualmente e tal, sair do sítio em que foi colocado? E as pingas, os descuidos e assim? Então não pode acontecer encher demasiado depressa e vai-se a ver... Entorna...? Ok, vá, é higiénico, é barato, dura anos, ou meses, ah ah, mas o descanso não custa também dinheiro?
Eu não tenho opiniões, afinal, eu tenho mas é um montão de perguntas.

Post atrasado

A primavera está aí. E eu que ainda não a tinha anunciado no blogue, pá. Primavera, a estação das alergias. Achei um piadão à imagem do Google para o dia em que a primavera chegou, era uma catrefada de pedregulhos e uma árvore onde nasciam florzinhas e vai que um pedregulho espirrou e as florzinhas cairam todas com a velocidade do espirro, para vergonha do pedregulho que espirrou e espanto dos que viram e ouviram o espirro. Hoje em dia a primavera é sinónimo de alergias. A bem dizer o outono também, mas pronto.

Ah, os meus rascunhos

É tão bom, mas tão bom, tão bom, ter rascunhos do dia anterior. Eu não sei fazer comparações bonitas, está bem. Está. Mas é tão bom como... por exemplo... saber que tenho um doce à minha espera. Sério. Eh pá, lá encontrei uma comparação, é assim tipo uma guloseima mui desejada, é isso mesmo. Que poema.

Ó Gina

Ó Gina, ó mulher, então tu ainda andas nisso de tomar conta do estaminé bai iôr selfe?
Iésse! Há momentos um bocado complicados, quase não chego para as encomendas de material e pedidos de presença, mas por outro lado, e incrivelmente, há mais disponibilidade para escrever. Eu sei que a afirmação anterior é um tanto ou quanto esquisita, mas é o que realmente ocorre sempre que estou bai mai selfe, a disponibilidade é diferente e como que se estende dia afora. Ainda vou ter saudades desta solidão.

Primeiro

Bom dia. São nove e quarenta e quatro. O meu sonho é começar cada vez mais cedo a escrever. Cada dia. Um dia. Dois dias. Um sonho. Dois sonhos. Muitos sonhos. Amanhã começo às nove e meia. Ah ah.

terça-feira, 22 de março de 2016

Já não sou
Ainda não sou

Já não sou leitora.
Ainda não sou leitora.
É escolher. Não sinto saudades de ler, talvez, e isso sim, uma certa falta. Assim como uma rotina que se abraça, que se nos prende, que nos prende à vida, vá. E se a precinta se parte e deixamos de nos agarrar a isso, pumba e coiso, a gente cai. É nessa medida, a falta que sinto. É tudo assim muito esponjoso e até difuso, quando penso no que é. Esponjoso que é para não me aleijar quando caio, e caí, pois se ao momento não me dedico à leitura, caí, e difuso para não ver bem a falta de leitura, e por ver entenda-se sentir.

Sol

Hoje está aí um dia de sol que é uma maravilha! Mas já ontem de manhã estava assim e depois foi o que foi: trovoada, relâmpagos e granizo da parte da tarde, aí por volta do meu intervalo grande, só por dizer que o dito foi vivido por mim doutra maneira, abrigada num cubículo que trata da estética das pessoas, com os pés de molho, portanto: trata também dos pés das pessoas, e vai que assim não houve a possibilidade dum raio me rachar os cornos, que era o que eu queria tanto e tanto, desejo imenso tinha eu, oh céus, era de lá que vinha, dos céus, mas pronto. É que sem eu andar por aí, à chuva e assim, nem a possibilidade havia. Pois. Deve doer sim senhores, eu cá acho que sim, portanto: decerto doerá, mas também cá acho que deverá ser duma rapidez e eficiência que vai lá, vai, portanto: irá lá, irá. Pode ser que esta tarde ocorram todos estes desabamentos, que eu daqui a nada irei para o intervalo grande dos meus costumes e andarei por aí. Ai andarei, andarei.

Dia de (disseram na Radio)

Dia Mundial da Água. E eu posso falar de torneiras. Posso falar de torneiras? Posso. E como posso falar de torneiras e desde já me estou a repetir pra caraças, vou dizer que já registei este dia algures num ano atrás, não sei bem qual, mas julgo que já tinha mais de quarenta anos e que já podia falar de torneiras, portanto: repito, repito e repito que repito. Logo à noite, se houver tempo e paciência para mim, quero dizer: em mim, a ver se procuro a foto com que registei este dia. Aquilo é coisa para estar tão longe quanto dois blogues atrás, vejam lá. Mas as torneiras. Sabiam que os autoclismos também encerram torneiras em si mesmos? Pois é. E que as pipas de vinho também? Não é o máximo? E que podem ser de madeira? E que outras há que são de plástico, tipo aquelas dos pipaletes, de água, calma lá, não de vinho, agora não, essas torneiras são de plástico. Por exemplo: a gente vai ao senhor doutor e sempre que a gente lá vai encontra um pipalete de água, a gente pode saciar sedes e o caneco com um copinho e não com um caneco. Não é nada um pipalete, ora essa, é um garrafão, bem sei, e invertido, com a mona para baixo. Mas as torneiras. Há torneiras de contador, portanto: de passagem, de jardim, portanto: de rega, neste caso com ponta e sem ela, de serviço, de máquina de lavar, tanto simples quanto duplas, as simples com rosca na ponta, as duplas com rosca no primeiro buraco. De casa-de-banho, ora então porque não falar das torneiras da casa-de-banho? Há, no mínimo, ena pá, vírgulas, quatro tipos de torneira. Querendo até pode haver cinco, é questão de a pessoa possuir uma casa-de-banho e montar lá um polibã e uma banheira, creio que é coisa para baratinar o pobre, sim senhores, mas para ostentação do rico. E isso da ostentação calha também, por vezes, olha eu a portar-me tão bem com as vírgulas, aos pobres, mas num outro dia trato disso, e isto não é prometido. Mas as torneiras de casa-de-banho. Então temos:
a misturadora de banheira, caracterizada por duas saídas: jato e chuveiro
a misturadora de polibã, de onde sai água por um só orifício: o chuveiro
a misturadora de lavatório, caracterizada por coisa nenhuma de especial, por ora
a misturadora de bidé, caracterizada por conter uma ponta direcionável ao órgão sexual ou ânus
a torneira de segurança, caracterizada por não conter bica nem ponta e mostrar apenas o manípulo
Depois há mais coisinhas, oh se há. As misturadoras chamam-se assim por conta de misturarem as águas, quente e fria, e podem ser dum só comando, ou então não. As misturadoras de lavatório e bidé podem não ser misturadoras e sim torneiras simples, tipo assim como se usava antigamente, sabem, e nesse caso as de lavatório chama-se-lhes torneiras de coluna e às de bidé... também. E qual ponta direcionável, qual quê, as simplezinhas não dão hipótese nenhuma a prazeres sexuais.
Gostaram? Querem mais? Vamos às torneiras de cozinha? Vamos? Não vamos nada. Ah ah. Vamos, vamos, que eu sou grafómana.
As torneiras de cozinha podem ser de banca ou à parede, misturadoras ou solitárias. Nas misturadoras, a bica pode alterar entre baixa, baixa-invertida, alta e média-alta. A ideia é não salpicar nada, mas se salpicar, pronto, ok, paciência, e, sendo o caso, vírgulas e mais vírgulas, o melhor é arranjar um atomizador para encurtar o fluxo. Um atomizador é algo maleável, vai daí a malta pode torcê-lo quando quer pôr, por exemplo, vírgulas, oh deleite dos bons, um balde ali debaixo quando vai lavar o chão. E eu cá acho que a malta que tem uma misturadora com a bica invertida vai ter de se safar a encher baldes na casa-de-banho. Acho. Acho mais ainda: acho que vai ter de ser debaixo do chuveiro da banheira ou então do polibã.

Primeiro

Bom dia. São nove e quarenta e nove. Mais um dia que começo a escrever antes daz des... ai espera lá que não é assim, está bem, está, não está nada, ai credo e oh céus tanta vírgula, olha outra, mau maria, olha mais, das dez e pumba e coiso.

segunda-feira, 21 de março de 2016

...

Querer dormir – sem conseguir - é quando os olhos olham para o escuro de fora e não se detêm no escuro de dentro.

As horas que são

São dezasseis e cinquenta e cinco. De manhã esteve um sol imenso e à hora do intervalo grande o céu foi-se pondo escuro e depois choveu. Choveu água e gelo. Dizem, isso do gelo, dizem. Trovejou imenso, também, mas nem era preciso dizer, que eu ouvi muito bem, era cada ribombar, cada pedregulho aos encontrões! Quero dizer: as nuvens não são pedregulhos, eu sei disso, está bem. Está. E também sei que o gelo, quando chove, se chama granizo. Sei ainda que não é granito, está bem. Está. Falta-me falar dos relâmpagos, já cá faltavam esses também. Pois é: vi relâmpagos refletidos nas fachadas dos prédios. Eu não andava no meio da rua à hora do intervalo grande, que foi quando ocorreram todas estas intempéries que tenho vindo a relatar.

Negativo

Eu digo que não. E tu?!

Popularidade

Justin Bieber, o artista que ninguém gosta de ouvir mas toda a gente conhece e lhe sabe umas coisas.

Dia de (disseram na Radio)

Hoje é dia Mundial da Fotografia. É também dia de mais uma catrefada de coisas mas fico-me pela fotografia, está bem. Está. Apresento então duas fotos, uma é d' hoje, a outra é d' anteontem.
A primeira é para dizer às pessoas que há sempre um 'mas' nas nossas vidas.
Com a segunda quero dizer que já mirei a torre e principalmente o adorno metálico (tão lisboeta...) que lhe assenta bem no bico um sem-número de vezes, mas raramente sob esta perspetiva.


Primeiro

Bom dia. São nove e trinta e sete. Se são as horas que são é porque finalmente encontrei disponibilidade para começar a escrever antes das dez. Bom presságio.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Árvores

Na avenida estão menos duas árvores. Eu cá acho falta ali dum pedacinho verde e castanho, ou dois, mas admito que pode ser impressão minha. Da ponta da avenida até à cafetaria contei seis árvores. Nunca as tinha contado senão hoje e julgo que dantes havia mais duas, uma frente ao vinte e quatro, outra ao vinte e seis. É que estão lá os recortes a fazer canteiros. Tudo bem que não há vestígios de raízes de árvores nenhumas, só as folhas compridas dos lírios preenchem todo o espaço dos canteiros. Acho que são lírios, agora não há lá lírios por isso não sei, quando eles rebentarem saberei. Um dia desses conto quantas árvores estão do outro lado da avenida, por ora isso é uma coisa que também não sei.
As árvores ao pé do poeta já apresentam uma espécie de penugem verde, não tarda deixarei de o avistar, a não ser que atravesse a praça e me ponha a olhar de perto. O pedestal é que se vê todas as vezes em que estou sentada no banco hater, mas eu gosto mais de ver a cara do poeta. Tudo bem que as pessoas são também pedestais, mormente as pessoas que já morreram há muitos anos e deixaram um legado literário tão grande que têm uma estátua em seu louvor, mas é que as pessoas são a cara, a expressão. Agora me lembro: as vivas é que são a expressão e também os gestos, às mortas resta-lhes o pedestal. Algumas, claro.
Na rua mais bonita de Lisboa já todas as árvores têm folhinhas, inclusive as que na semana passada ainda não. A árvore arredondada é a mais vestida de todas. Hoje passei-lhe à volta, não me pus lá debaixo. Não me dá medo nenhum, é tão jovem e inocente. Ainda.
A árvore amarela está nua. Os nódulos estão mesmo a dar em folhas, isto deve acontecer numa data em que esteja sol o dia inteiro. Ou no dia a seguir a isso. Ou dois.

Impulsão ou recorrência, algo assim

Tenho duzentos e não sei quantos vídeos publicados no meu canal e uns vinte e tal não listados. Os publicados são, quantos deles (oh céus, quantos deles...), uma junção de três ou quatro, se bem que também possam ser somente dois mas já tenho casos em que são seis ou oito. Nos vídeos dá-se uma questiúncula que se dá também nos textos e até nas fotos, sou profícua, vá, ou então, numa esfera menos poética e (tão) mais pobre, sou mas é uma viciada do camandro e tudo me espevita e me atormenta ao ponto de ter de registar quanto tiver tempo. Tudo. E tenha lá o formato que tiver. E quando a confusão que está na minha cabeça é muito grande ou muito rodopiante, prefiro escrever por conta da ilusão que (ainda) mantenho de que isso me acalma e organiza. Com os vídeos descobri que sei falar mas que não sei falar, é cada calinada... Mas adiante. Sério. Quero lá saber. Com as fotos descobri que o primeiro clique dum qualquer motivo que queira captar é o melhor. Com a escrita aprendi que sou o que eu quiser.

Fotocopiadora

Para copiar documentos em frente-e-verso, para não errar e me trocar toda eu e mais os lados das folhas, o que tenho de fazer é o seguinte:
tirar a frente,
não começar pelo verso, não, a frente, a frente, a frente,
copiar,
levantar a tampa,
voltar a folha-copiada,
retirar a folha-cópia da ranhura,
abrir o tabuleiro,
colocar a folha-cópia por cima das folhas virgens de modo a que as letras estejam voltadas para cima e o topo esteja junto da minha barriga,
copiar.
Depois já se sabe: consigo assim um trabalho muito perfeitinho.

Ovos

Eu agora sou uma fofa e afofo bolos e outras iguarias com ovos que vêm diretamente do produtor. Sério. Chegam aqui aos sábados, nem todos, numa caixa própria para ovos. Dois euros a dúzia. São caros, mas bons. Aliás: muito bons. A gema é cor-de-laranja, o que torna aquilo onde se metem muito amarelinho. Bolos, cremes ou omoletes. Gosto muito desta possibilidade. Mesmo quando a casca dos ovos vem assim como que com restos, sabem? Restos de caca de galinha, pronto, e vem também com uns raminhos secos e muito, muito fininhos e penas montes e montes de levezinhas e coiso.

Dia de (disseram na Radio)

Hoje é dia do sono. Ah ah. Acordar é uma coisa, levantar é outra. Acordar, acordo para aí às seis, ou seja: um bocado antes de me levantar. O meu despertador tem uns números enormes, isto para além de luminosos, claro, o que me faz abalar o sono do adormecimento e também aquele do meio da noite, assim sobre a madrugada, vá, levando-me a acordar amiúde. Vai daí, aqui há tempo, tive uma ideia fantástica: baixar o despertador por modo a não lhe ver as horas. Pronto, ok, vá, assim não conheço as horas a que acordo, mas imagino que seja aí pelas cinco e meia, seis, uma vez que na altura do meu antigo despertador, era essa a minha hora de acordar. Geralmente volto a adormecer. Pois. Mal seria, não é. É. Muitas vezes é por volta dessa hora que ouço o cantar do passarinho. Sério, há por ali assim um pássaro qualquer que se lembra de entoar a sua melodia pela madrugada, falei inclusive dele algumas vezes no blogue. Outros dias ouço chuva ou vento e há uns dias em que não ouço nada, como hoje. Às dez para as sete o despertador desperta-me. Pode estar a dar uma canção qualquer ou pode estar a dar publicidade ou pode estar a locutora ou o locutor a falar, dizendo coisas do dia que mal começou para a maioria das pessoas. A minha hora de levantar anda aí pelas sete, sete e dez. Levanto-me e faço o pequeno-almoço e como e arranjo-me e saio de casa para trabalhar. É assim de segunda da sexta e agora também é assim ao sábado. Hoje o pequeno-almoço foi sumo de laranja e pão fresco com manteiga. Pus-lhe também por cima uma fatia frango fumado.

Primeiro

Bom dia. São dez e cinquenta e sete. Isto de eu notar o começo de cada um dos meus dias de escrita deve ajudar bastante o leitor. Eu cá, se lesse um blogue assim, ia sentir-me orientada, pensava logo: ah pois, olha que bem, grande ideia, assim a gente sabe sempre quando começa o dia desta bloguer, olha, ó Gina: és a maior.

quinta-feira, 17 de março de 2016

Praça

Começo pelo fim. Ah, o banco hater vazio, que bom. A caixinha de cartão que ontem amachuquei com a ponta do chapéu-de-chuva permanece no chão, provando a ausência de ventos fortes nas últimas vinte e quatro horas. Desenrolo o cachecol e sinto o sol no pescoço. Começo a ficar cheia de calor. Tiro o casaco? Não tiro o casaco? Não tiro. Descalço-me. Pouso os pés vestidos de meias azuis-claras, feias que eu sei lá, nos sapatos, amachucando-os. Todos os dias amachuco alguma coisa, vai-se a ver é isso. Agora vou daqui mas não sei se suba a avenida mais quente de Lisboa ou se me meta pela que tanto refresca no verão e tanto arrefece no inverno. Gostava que se percebesse a diferença entre refrescar e arrefecer sem ter que me alongar em explicações. Eu adoro explicar coisinhas mas por ora não me apetece. Que sono. Que poesia. Estou toda trocada porque fiz o percurso ao contrário do meu costume. É para fazer trabalhar a cabeça. Não é nada. Era para ver a árvore amarela, procurar folhinhas muito verdinhas despontando de seus ramos, quiçá falar um pouco dela e tal. Mas não. Então e a poesia...?

Lugar da musa

Já foi o melhor café de Lisboa, já sim senhores, bâte nó ténimore. Notei que o moço retirava pó de café do manípulo, oh céus! Enchi-me de coragem, enxotei a porra do recadinho da minha cabeça e aconselhei-o a deixar estar o pó dentro do manípulo, ora essa, é que assim o café ficava sem gosto e eu não gosto de café sem gosto...! Mas ele não fez caso, sorriu timidamente, apenas. O café do lugar da musa já não é o melhor café de Lisboa, nó ténimore, nó ténimore, ouú nouú, ouú nouú.

Cliente

É uma senhora assim toda muito despachada e também como que muito esperta e ninguém a atraiçoa porque ela dá logo por isso e nunca comete erros de espécie nenhuma e mais não sei o quê. Logo que entrou disse-me assim:
Ah, deixe-se estar que não quero nada de si, só quero que me ouça!
Ao que não pude deixar de responder:
Então sendo assim já quer alguma coisa de mim, quer a minha atenção.
É claro que este tipo de coisas acontece a toda e qualquer pessoa que trabalhe no ramo do comércio, não é. É. Eu até nem tenho uma tendência natural para atrair pessoas despachadas e espertas, não é. É. Isto porque de repente pareço lenta e parva, não é. É. E isto porque as pessoas despachadas e espertas se julgam vencedoras logo à partida, se a peleja se faz com uma pessoa lenta e parva, não é. É. Só por dizer que as pessoas lentas e parvas não são lentas nem parvas, não é. É.

Tristeza

Tenho de deixar a tristeza bater no fundo, não a impedir de me governar, a ver se a venço pelo cansaço e ela me larga da mão. Tenho de lhe irresistir, de a deixar estar, ainda que a luta me traga raiva, que me é necessária, ou então bem-vinda, sei lá, para ultrapassar estes estados depressivos, mas não, pois está-lhe agregada uma culpa que me enterra. E isto de bater no fundo tem uma enorme vantagem, a de ser impossível descer mais, portanto: o caminho é subir. Hoje subi uns quantos degraus e já respiro melhor.

Fotos & Imagens

Por causa dos vídeos, quando lhes quero acrescentar fotos ou imagens, aquelas e estas têm de estar carregadas no blogue.
Ora o que é que acontece?
Acontece que no outro dia fiz dois vídeos e para os aprimorar e os tornar dignos dum prémio qualquer de cinema, de antemão tirei umas fotos e fiz uns desenhos que digitalizei e carreguei tudo no blogue, deixando esse post em rascunho porque me deu pena mandá-lo fora e mais não sei o quê. Tontice, mas pronto.
E agora o que é que acontece?
Acontece que não me esqueci de usar as fotos num dos vídeos mas esqueci-me completamente de usar as imagens no outro, acabando por lhe colocar umas frases alusivas ao tema que expunha, mas não que as frases tenham que ver com os esquecidos desenhos, foi do que me lembrei e pronto.
E agora o que é que acontece a seguir?
Acontece que tenho o vídeo pronto a comer... ai perdão, a ver e os vídeozinhos originais numa qualquer atmosfera espacial, quer isto dizer que já não os agarro em lado nenhum porque os mandei para um qualquer espaço e portanto jamais poderei começar de novo e introduzir as imagens que tão carinhosamente (não estou a ironizar o meu sentimento) preparei.
E agora o que é que por último vai acontecer?
Vai acontecer que vou mas é pôr aqui os vídeos, a foto e as imagens e acabou a conversa.








Gosto com ô

Perdi um bocado o gosto pela fotografia, quiçá devido aos vídeos que faço. Não é que veja menos cliques quando ando por aí, tiro é menos vezes a máquina fotográfica de dentro da mala. Dá-me preguiça, vá.

Massagem

Isso da massagem é passar os dedos e as palmas das mãos pelo corpo doutrem. Ou do próprio, o que contém um certo quinhão de masturbação, mas eu não venho falar disso, agora não. Ora quando a relação mete duas pessoas, para uma coisa em bom acontecer, as energias têm de fundir. E isso não aconteceu na última massagem que fiz. Por exemplo: durante a massagem tive frio porque está frio e eu sou muito friorenta, tive frio, pronto, tive frio, mas sou também mulher para me aguentar, para sofrer sem queixas, o que não está longe duma certa passividade, tudo bem, mas como sou assim pumba e coiso. No fim de tudo, eu já arranjada e saída do gabinete, a massagista perguntou-me se tinha tido frio. Fiz um aceno de cabeça meio tímido e ela respondeu-me, não deselegantemente, mas quase, porque se indignou de eu me não ter queixado, indignação essa que foi assim um tudo-nada em demasia. E por agora era isto.

Disseram na Radio

Disseram na Radio Comercial mas não é o 'Dia de', é outra coisa: o Chef José Avilez revelou que a crocância é uma sensação bastante aprazível por conta de se acrescentar mais um sentido ao ato de comer, o ouvir, uma vez que quando a gente come algo crocante o som é assim como que cheio, ecoando dentro da cabeça. Daí o acrescentamento dum prazer ao ato de comer.
Comer é foder. Ah... Maria Alice, onde andas tu...?

Cliente

Um vaso para plantas em vez dum bacio, era o que o cliente queria. É estranho, bem sei, mas embora lá então. Eh pá, é assim: o cliente considerou que num vaso a boca é mais larga, vai daí, como a mulher é anafada, eis que, quem sabe e tal a senhora se aliviaria mais descansadamente. Claro que demovi o senhor dos seus intentos, fazendo-o ver que um vaso é um objeto cónico, a senhora iria desequilibrar-se... E derrames de excrementos não são uma coisa fixe para se ver e limpar. Eu, a (falsamente) persuasiva, ou ele próprio, que por ser tão poupadinho desistiu da ideia. Mas é isso. Um 'isso' muito estranho.

Plano

Tenho um plano para o fim-de-semana: visitar o baú dos tecidos, é que o calor está aí e eu sei que tenho para lá montes e montes de tecidos, já sem contar com aqueles que me deu a dona Adelina no outro dia, agora imagine-se contando com esses. Ena tantos.

Pequeno-almoço

Ultimamente, lá em casa andamos numa de multi-vitaminas logo pela manhã, intervalando assim a toma de chá. Chá disto e mais daquilo, chá de jasmim, chá de tília, chá de lúcia-lima, chá preto. Os chás são todos como deve ser, quero com isto dizer que não tomo chás de pacotinho, está bem. Está. O acompanhamento é que não varia: pão com manteiga. Pão fresco e fofo e frio, ou então faço torradas, que como se sabe saem quentinhas, isto quando o pão não é muito novo, quando é velho, ou mesmo muito velho. Logo que não esteja verde, está tudo bem, não está. Está. O multi-vitaminas consiste em maçã cenoura e laranja. Umas vezes só maçã e laranja, outras vezes só cenoura e laranja, outras vezes maçã, cenoura e laranja e outras vezes ainda só laranja. Este texto está um bocado complicado, não está. Está. Hoje foi chá de jasmim e torradas com manteiga, torradas porque o pão era muito velho mas ainda não estava verde. De nada, ora essa.

Sol

Ontem pus-me para aqui a prever o estado do tempo, prognosticando chuva por conta das ferroadas que sentia no dedo mindinho do meu pé direito, mas sem que as ditas constassem no texto, e afinal está um dia lindo que eu sei lá. Sol, temperatura alta e coisas do tipo arrima-ao-bom-tempo. Não tarda é verão, mas antes ainda vem de lá a primavera.

Primeiro

Bom dia. São dez e trinta e dois.

quarta-feira, 16 de março de 2016

Previsão

Amanhã vai chover.

Cliente

Pareceu-me um pretexto, os pratinhos para pôr debaixo dos vasinhos, tipo assim para entrar e falar. Mas não comigo, uma vez que falou somente o necessário e não se demorou nada.

Foco

Motivo

Decorei uma embalagem pequerrucha de desinfectante para mãos. É querida, a embalagem, por ser pequerrucha. Não só por isso, afinal, mas também porque não diz coisas. Não diz nem se lhas pode ler, que lhe arranquei o rótulo. Então decorei-a, naquela de me fazer companhia e tal. Dum lado pedacinhos de fita de cetim bórdou, doutro pedaços maiorzinhos de fita de embrulho cinza-claro. Faço estas coisas para me acompanhar de algo que fale tanto como um objeto, mas também, e principalmente, para me esquecer que estou viva.

Vigor

A tua essência vigorará independentemente de qualquer fator exterior.

Pessoas

Gosto genuinamente dalgumas pessoas. Assim como não gosto. Há também as que não me emocionam, levando-me a crer que são um bocado passivas, quando afinal a passiva sou eu. Ou será que não gosto de ninguém...? Tenho o condão de parecer que não gosto das pessoas, isso dever-se-á ao facto de efetivamente não gostar de ninguém...? Não, não pode ser, eu gosto dalgumas pessoas, não sou hipócrita ao ponto de fingir que gosto, muito embora finja que. Que. Que não gosto...?

Dor

Um homem anunciou que tinha ido à consulta da dor e que se havia queixado do cansaço e da moleza. Revi nas suas queixas as minhas dores, só por dizer que não me queixo, é que nem tampouco à senhora doutora do centro de saúde, não me sei dar essa importância. Tenho consciência da dificuldade em engolir há uns dias. Não estou com a garganta inflamada, não é dor daí, é a musculatura do pescoço que não opera como é suposto. Nervos, atrofiamento, sintomas no corpo quando o mal é na cabeça. Queixo-me no blogue... Oh, vai-se a ver e não, que é lá isso. Bom, ao menos tenho um blogue, quero dizer: agora tenho um blogue onde posso falar quando estou a escrevê-lo.

Coisas

Ando há que tempos a dizer coisas. Agarrando em coisas e a falá-las. Por falá-las entenda-se descrevê-las vocalmente, presencialmente. Depois de mandar as coisas para o ar e se tornarem uma espécie de éter e portanto como que se evaporar delas a forma e o cheiro, junto todas até perfazerem o número quinze. De minutos, este número, e também podem ser doze ou somente dez, é conforme. Depois não faço nada. Quero dizer: de raspão acho que não faço nada mas na verdade fico à espera. De coisas.

Lanchinho da manhã

Estive a comer morangos. Não os lavei para não os humedecer e vai que os meti na boca cheios de imundície somente visível num microscópio. Os morangos fazem-me espirrar. Não é logo que os como, é para aí uma hora depois. É assim tipo uma reação lenta, vá. Primeiro as substâncias entram no corpo, depois o sistema continua a decompor e mete-se a separar e arrumar tudo, é num desses lugares de arrumação que chega a reação.

Pronto-a-vestir

Tenho de estar uns dias sem visitar a loja de roupas, quando não, assim que me avistam, pensam 'lá vem esta vasculhar e deixar tudo no provador'. A afirmação anterior é claramente uma preocupação desnecessária e um julgamento prévio: não de mim sobre os outros, não dos outros sobre mim, mas de mim eu julgando o que julgo que os outros julgam.

Tendência

Tenho uma tendência geral para agrupar pessoas, bastando que se assemelhem em altura, largura, cabelos e idade, resultando em gente igual a alguém que conheço. Mas não era ele.

Primeiro

Bom dia. São dez e quarenta e oito.

terça-feira, 15 de março de 2016

Indignação

Hum, uma mulher ali... Que é lá isso? Ó 'miga, é assim: o problema não é você estar sentada no banco hater nem estar a fumar, o problema é você estar sentada no banco hater e a fumar. Não sei se percebeu a diferença.

Lugar da musa

Agora vê-se por lá uns quadros com gajas boas, com chicha e isso assim. Gajas mesmo boas, portanto. Há até um quadro onde aparece um cavalo que se fosse gaja era também podre da boa.

Estátua & Árvore

Uma das estátuas da praça de Londres mostra uma máscara de Carnaval. Uma das árvores da praça de Londres mostra um pedaço de fita de Natal. Notei-as há meses, e foi isto depois do Natal e antes do Carnaval.
E que dia é hoje?
Hoje é terça-feira, quinze de março, o septuagésimo quinto dia de dois mil e dezasseis, acontecendo por ora a décima primeira semana do ano já referido. De nada, ora essa.

Corte

Estavam uns homens a cortar as árvores da avenida com uma motoserra. Mau maria, então ainda o ano passado desbastaram as pobres à brava, o que me rendeu um rol de posts. Ai que estranho, não é. É. Eu que até nem sou nada de fazer posts pra caraças com uma merdinha qualquer, não é. É. Mas é, é isso, não é. É. Os homens andavam lá e mais não sei o quê, não é. Oh, vocês sabem lá, não é. É. E sendo assim não dá para serem vocês a responder que é, não é. É.

Almoço

Feijoada à transmontana. O que tem a mais da feijoada do Luís é os legumes e as chichas, de diferente tem um feijão de menor qualidade e um apuro de pouco tempo. Mas é boa. É comida de pobre. Sabem, aquela ideia de enfarta-brutos? Pronto, é isso, a malta fica satisfeita e só pensa em comer umas quatro horas depois.

As horas que são

Meio-dia e dezasseis. Hoje vou ver a árvore amarela. Tenho saudades. Por vezes sinto-me tola com isto da árvore amarela, sei lá, é uma infantilidade, ou então uma irracionalidade. Agora lembrei-me da rica filha, ela recusa-se a ter infantilidades, chamando-lhes irracionalidades. É uma ideia lógica, afinal as crianças são seres irracionais que andam aprender a ser racionais. E ela aprendeu. Bom, mas a árvore amarela, eis que a verei não tarda, sendo que há quatro dias que não a observo demoradamente. Olarila. Que saudades, pois, ora essa. E tenho-me lembrado amiúde da dita porque nos últimos dias a temperatura aumentou e, como estamos em março, pode ser que já lhe tenham rebentado as folhinhas.

Posta-restante, surgida às quinze e tal: ainda não rebentaram as folhinhas verdinhas na árvore amarela.

As horas que são

Meio-dia. Chove em Lisboa há horas. Cheguei ao estaminé um bocado molhada mas apenas por fora e portanto não desconfortavelmente húmida na pele.
Já fiz uns quantos vídeos e não tenho lá muitas coisas que queira escrever, daí os posts curtos que apresentei até agora, muito embora não deixe de estar a escrever longos textos cá por dentro.
A chuva não me traz inspiração nem me acaba com ela, hoje não. Às vezes dá-me cá um abalo escrevedor, isto da chuva e do cinzento que a acompanha, mas hoje não. Folgo que assim seja, pois quando não seria uma prova de que a minha critividade se reduzia a um só estado do tempo.

Encriptação

Os círculos junto dos paralelipípedos, até um dia com oportunidade para apartá-los.

Dúvida

Espevita, a dúvida. Que era feito da gente sem o pensamento duvidoso? Ovelhinhas e ser ovelhinha não é ser gente.

Repetição

As críticas construtivas são uma merda e portanto nada desejadas ou tampouco benfazejas.

Primeiro

Bom dia. São dez e quarenta e nove.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Pronto!

Que tal intitular os posts com uma palavrita e pronto? Então pronto.

Interesso-lhe

Ligou de França para saber de mim. Note bem: de mim. Não era para saber do marido nem dos filhos, do pai ou da mãe, tampouco do bicho-cão. Era para saber de mim. Eu. Interessava-lhe saber como me estou a aguentar, uma vez que me encontro a comandar o estaminé bai mai selfe. Fiquei agradada com o interesse e fiz-lho saber, que eu cá acho que as coisas boas é que são para se dizer, principalmente essas.

Sonolência

Cada vez que venho aqui sinto-me deslocada do lugar e das gentes. Não sou capaz de me fundir mas ao mesmo tempo para aqui ando, invisível. Nem sempre o burburinho me apavora mas alturas há em que luto constantemente contra o pavor. Não me conheço, não me distingo.
É sintoma de depressão, isso de se ter muito frio. Não sei se estou deprimida no sentido patológico, se apenas extremamente triste e exausta. E sono, oh se tenho sono. E eu que não durmo. Quero dizer: dormir, durmo, mas mal, sem descanso. Escrevo estas linhas sustentando o peso do sono. Quando acordar daqui, não vou achar jeito nenhum a isto.

Circulação

A circulação tem-se feito ao contrário nesta rua. Faz cá uma confusão...
A propósito de carros: o meu carro ainda não tem a bomba certa para a gente engatar as mudanças. Que cena, até parece um carro especial ou caraças.
A propósito de especialidade: o meu carro será carro de quê? De puto racê ou de gaja com a mania das grandezas? Mas de gaja sem dinheiro, claro, e vai daí a gaja cinge-se a um carrito que anda pra caraças, pois sim, mas levezinho e extremamente económico.

História

Na história deste blogue não existia ainda um dia em que não lhe tivesse acrescentado nada. Um dia sem pôr as ideias a arejar. Um dia sem letras. Um dia sem transformar a vida. Um dia sem tampouco arranjar um registo fotográfico. Foi ontem, treze de março de dois mil e dezasseis. Histórico, esse dia. A ver se doravante o comemoro.

Desvio

Pronto, já dei atenção à outra gente, agora vou escavar um bocado.

Clientes

Uns mandam-me à merda em russo, ou noutra língua qualquer, sei lá, outros são duma amabilidade incrível:
'Ah, ora essa, obrigado pela sua paciência.'
A minha paciência, oh céus, era a agradecer a minha paciência. Paciência tenho eu de ter, tão mais, para ouvir mandarem-me à merda em russo, ou outra língua qualquer, sei lá, e manter-me serena.

Ligou uma senhora que aquando da introdução ao diálogo me mandou esta pergunta:
Olhe, eu estou a falar duma drogaria?
Devia ser antes 'ouça', não é. É. Mas a piada não está aí, a piada está na resposta pronta - e se eu a tinha pronta... - que contive na minha cabeça, a qual seria, obviamente, esta:
Não, minha senhora, eu é que estou!
Mas não. Oh céus, não fui capaz, reprimi a tal da espontaneiade.

Vem com uma garrafinha de refrigerante daqueles que incha que se farta se ingerido à farta. Ou mesmo que poucochinho, incha e pronto. A garrafinha verde, os restos de cola devido ao rótulo que foi retirado, o papelinho lá colado que diz, em podendo ler-se, diluente. Tudo isso, o que vejo. A garrafinha verde é para comprar um bocadinhho de diluente e portanto vem vazia. Avulso. Ah ah. Há décadas que não se vende produtos químicos avulso. Não vou entrar em pormenores de logística, mas é proibido vender, e comprar, avulso há montes de tempo. Mas a piada está no seguinte: o cliente queria o diluente para retirar restos de cola dum lugar qualquer lá em casa... E vinha com uma garrafinha onde abundavam restos de cola.

Trazia uma bicha de chuveiro para amostra. Tudo bem, ora essa, então pois, assim é que é. Mas é que lá dentro vinha também uma folha de alface muito murchinha e toda estropiada. Com o 'mostre lá a ver se a bicha dá' ficaram uns bocadinhos verde-murcho em cima do balcão, os quais não me serviram se não para registar uma ideia.

Falar da massagem

Falar da massagem, antes de mais coisas que tenho também de falar. Pois que foi munto xirú. O espaço estava todo ele na penumbra, creio que para dar um ar entre o romântico e o misterioso e quiçá também na onda do hipnótico. Hum, ou espiritual, se calhar é mais isso. Logo ao início foi-me oferecido um chá de tília e achei um piadão à apresentação do mesmo, uma vez que a inflexão de voz que a massagista fez aquando das palavras 'chá' e 'lúcia-lima' levou-me a crer que esperava um 'não'. Mas não. Ah ah. É que o chá não é tão apreciado assim pelas gentes, bem sei. Eu gosto, mas não gosto desde sempre, em jovem, por exemplo, não suportava o chá. Depois a transação avançou. Fiquei conhecedora duma série de coisas. As dores que tenho sentido devem-se a tensões, que o meu sistema central, aquele que me (nos) governa, o nervoso, está doente. Dos nervos. Mas pronto, gostei muito da massagem, muito embora me tenham amassado, e o termo é esse, amassado, os ombros. Gostei muito, sim, porém, ai tanta vírgula, não gostei lá muito do relacionamento interpessoal. Eh pá, eu sou bestial a perceber as pessoas, eu tinha dito aqui no blogue que não havia achado lá muita piada ao telefonema...

Dia de (disseram na Radio)

Antes de mais: digito rAdio sempre que quero digitar Radio. Ah ah. Pressa em demasia, creio.
Hoje é dia da Matilde. Olá, tia Matilde. Assenta tijolo há q' anos, essa tia Matilde, mas nunca a esquecerei por ser o que era, o que ia de desempoeirada a surda.
Hoje é dia da batata frita ondulada. Hum, ok, vá, grande diferença existe entre as onduladas e as que o não são, não é. É. Fritarão mais rapidamente? As ondas influenciarão sabor? Sei lá, não é. É. Mas lá que são mais bonitas é um facto, não é. É.

Eh pá, então

Eh pá, então e o plano doce para o fim-de-semana? Tenho de o divulgar! Pois que fiz um doce de comer à colher, usando para isso as claras e a massa vienense que tinha no congelador e a lata de leite condensado cozido. As claras, bati-as em castelo e juntei-as ao leite condensado, depois... aliás: antes, tinha posto a cozer a massa, assim sem ter muito trabalho, foi estender e nada de cortes, qual quê, e depois de cozida esmigalhei para aí metade e espetei com as migalhas na mistura de claras e leite condensado. Ficou bom, mas não muito muito muito bom, mas, como creio ser consabido, sou um bocado esquisita com as minhas iguarias. Se forem as da outra gente ainda vai que não vai, pois geralmente não tenho coragem para dizer ah e tal não gosto lá muito e coiso. Não. Ainda assim, umas horas depois, mais concretamente no dia seguinte, as migalhas haviam absorvido um pouco mais do doce, o que melhorou consideravelmente o sabor daquela mixórdia. E pronto, foi assim que acabei com dois itens que aguardavam destino. Feliz, já agora.