domingo, 31 de março de 2019

Estou mais gorda







Amanhã faço dieta
Amanhã faço dieta
Hoje é que não me apetece
Para mim fazer dieta
É uma treta, é uma seca
É pior do que parece
Amanhã faço dieta
Morra a massa, fora o pão
Viva a água, abaixo o vinho
Amanhã faço dieta
Hoje ainda é que não
Porque me sinto fraquinho
Pequeno almoço quer-se bem ajuizado
Leite magro desnatado e uma tosta muito fina
Com um chá verde tipo meio medicinal
Com uma fatia frugal de uma fruta pequenina
Mas na altura de atacar a refeição
Surge uma indisposição, instala-se uma tremura
Já que um bolo está mesmo ali à mão
Devora-se um pedação que o açúcar é que cura
REFRÃO
Para o almoço aconselha-se a salada
Ligeiramente temperada com 3 pingos de limão
E uma coxa de galinha sem gordura
Velha seca triste dura
Como uma migalha de pão
Mas na altura de atacar a iguaria
Toca na telefonia um cantor napolitano
Em sua honra, põe-se a cozer uma massa
Devora-se numa taça com um queijo italiano
REFRÃO
Chega o jantar a decisão está tomada
Uma sopa deslavada feita de água mineral
Com meia couve, um puré requintado
Um tomate enlatado, de uma marca nacional
Mas num repente, vem-nos à mente a lembrança
Que dormir-se com a pança vazia é perigoso
Come-se um bife, frita-se uma batata
Embrulha-se tudo em nata porque fica mais guloso
REFRÃO


Herman José, daqui

sábado, 30 de março de 2019

Verdadeiramente genuíno


Verdadeiramente genuíno tem demasia. Se genuíno, por quê verdadeiramente?


A little sympathy I hope you can show me







título: daqui


E vá de supermercado

Na prateleira dos ovos, vi que os havia em branco. De casca branca. Tão bonitos. Se são melhores pouco me importa, embora me importe se forem piores. Mas presumo que não. A etiqueta impressa é em cor-de-rosa e um deles apresenta umas manchinhas de um subtil amarelo. Calhando algum que partiu nas viagens e borrou aquele com a sua gema e entretanto secou. Mas também pouco importa. Ou nada. O que eu sei é que tenho na despensa ovos de casca branca, até parece que estou num programa de culinária lá dos esteites.

Eu e as


Eu e as minhas olheiras do tamanho do mundo damos os bons-dias a todos quanto. 

Ontem publiquei muitos posts, mas não de rajada como é costume, já que vou escrevendo durante o dia e à noite é que despejo no blogue, mas ontem não, foi seguindo um post com uma ou duas horas de intervalo ou coisa assim, e considero que fiz uma companhia do caraças a todos quanto. Por isso, como este é um primeiro post e há várias horas que não publico, digam-me:


sexta-feira, 29 de março de 2019

A grossura

O caderno onde rabisco está quase no fim da sua vida. E está grosso. Gostava que fosse pela grossura das minhas palavras, por gostar de canetas que deixem um traço grosso e, se grosso, então, quiçá, alto também. Mas no fundo sei que não é de nada disto que trata a grossura em que está o meu caderno, é porque tem uso, cada folha foi virada e revirada, deixaram portanto de estar comprimidas, foi incutido ar por entre cada uma. É isso. É só isso, quero eu dizer.

Cortinado

Estive de roda de mais um escrutínio do padrão do cortinado. Descobri umas cornucópias enormes e outras do mesmo tamanho mas com arabescos diferentes. Em umas há meios-círculos apoiados no rebordo mais largo, há uma bolinha mesmo no centro e são para aí umas cinco ou seis, em outras não fixei, ficando, então e quiçá, para uma próxima oportunidade. Em certa altura o tecido acaba, cortando duas ou três cornucópias dessas. Como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, uma cornucópia é caracterizada por ter uma das extremidades arredondada, que vai afunilando e termina em bico. Então, o facto de o tecido acabar mais ou menos a meio de duas ou três, fá-las parecer, cada uma, uma baleia à vista num mar imenso. Uma, uma, ou duas ou três.

Antes que

Nota:
Ó dona Antónia, olhe que este vidro aqui está partido.
Orientação:
Então não o lave, não vá cortar-se ou coisa no género.

Queria, não, quero. A pedir, nunca em poucochinho.



(é pedir em muito, então)


Tentativas

Texturas


Uma Gina

Uma Gina de onze ou doze anos ia no carro dos tios visitar uns primos que se sabia ali – digo Vila Franca de Xira – e resolveu, durante a viagem, enquanto tios e pais conversavam, enfiar o fio que trazia ao pescoço na boca. Ora aconteceu-lhe o que não pensou: o fecho abriu e fechou, entalando-lhe o lábio por dentro. Depois foi uma aflição até conseguir abrir o fecho e aliviar-se. E tudo sozinha. É que se fosse queixar-se havia ralhete e ela, tão jovem ainda, sabia que não queria nada disso na sua vida.

Tinha a mania de enfiar coisas na boca, desde flores a dedos e a canetas e a bicos de lápis.

Boca





Tenho que ir ver esta boca, é que nem com beijinho me safo.


O BOM

Encostei o mindinho, frio, ao caixilho de alumínio, quente, e foi BOM. O vento a favor e tudo.

Sonho


De noite passei pelas florinhas brancas.
Sonhei que ele me dizia 'olha tão bem que cheiram' e eu guardei-as dentro do saco.
De manhã passei pelas florinhas brancas.

E vá café


E vá café.
Três, por ora.






Au eva, nenhum bebido com estes preparos que Mirror de Gina vos mostra, bâte ise óquei éniuei. Mirror de Gina é muito engraçada, Gina quer ser.

Os meus são em verde


Pequeno-almoço

O pequeno-almoço foi sumo de laranja e pão de sementes. Se tenho feito torradas as sementes estalavam ao calor, que eu bem sei.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Línguas


Sinto-me entontecida, se tenho a cabeça baixa muito tempo, disse a dona Marta. Disse.
Ó dona Marta, olhe que isso é por conta da gravidade, não da cabeça, pensei eu. Pensei.

Tendo a considerar que é mais difícil alguém entender a minha língua do que eu a dos outros. Pode ser porque me encolho, pois pode, mas também pode ser porque (a maior parte d) os outros não se me abrem. Nesta jogada, é na segunda hipótese que gasto todas as minhas fichas.

Eu que me ouça, então

O cliente desejava um insecticida. Depois de me ouvir dizer que o que lhe indicava -
'É fantástico.'
Ainda me ouvi acrescentar -
'Para si, não para os bichinhos.'

Nervoso grandinho


Logo ao início das consultas, bem que o senhor doutor me fez saber:
Quero que se sinta à vontade para me dizer o que quiser.
Só que a vez em que Gina não esteja como se vê em seu Mirror ainda não ocorreu. Ainda, repito.


á-Á!


á-Á!, queria eu dizer quando visse as folhinhas novas da árvore amarela. Só que não.

Avenida

Fui dar um giro e entrei pela Avenida de Paris, que notei diferente em sentidos, pois agora, quando se vem da rua Presidente Wilson, o trânsito divide-se em dois sentidos. Achei graça à diferença pelo inesperado e porque fica mesmo giro. Pronto, está bem que aquilo tudo é à conta de melhorar a circulação das bicicletas e mais não sei o quê, mas vá. Vão. Vamos. Quero dizer: eu, a pé.

Dias de um Ginásio

A sala de Pilates cheirava a perfume. Tomei consciência do cheiro para aí ao quarto de hora de aula. Fiquei indecisa por entre duas situações.
Sim, eu penso muito enquanto treino, mesmo que o treino seja uma aula de grupo, mesmo que me encontre sob comando doutrem. Sim. Sim sim sim. Sim, gravo frases e temas na minha cabeça, que dilato logo que posso por modo a pôr no lbogue... ai perdão, blogue.
Será que o perfume já lá estava e é portanto um difusor que difunde uma aroma artificial e só dei por ele, o aroma, depois de um quarto de hora de permanência na sala?
Será que o perfume emanava do corpo de alguém que, ao início, ainda estava frio, mas, com o constante mexer foi aquecendo e, vai daí, o aroma, que não deixa, neste particular, de ser artificial, se propagou mediante o calor conseguido com o mexer do corpo?

Tangerinas

Numa outra noite fomos, eu e o meu colega, à mesma cliente que nos convenceu a comer uma tigela de sopa. Aí houve então convencimento por parte da cliente a mamar três tangerinas cada um. 
Que eram mesmo boas. 
Que uma amiga as tinha a estragar lá no pomar. 
Que colhera uma data delas. 
Que lhas ofereceu. 
Que lá em casa mais ninguém pega naquilo que não ela. 
Que comêssemos. 
Eu cá não me fiz tão esquisita como da vez da sopa, o meu colega idem. Eu não cheguei jantada a casa, embora na hora de ter a pança cheia de tangerinas me parecesse que sim. Já do meu colega desconheço como lhe aconteceu o serão.

Lisboa, Lisboa

terça-feira, 26 de março de 2019

5/7

A semana tem sete dias e em cinco deles estive com o Tó Zé. Não houve portanto intermitência mas consistência nessas cinco partes de sete. Ou talvez tenha havido intermitência sim, afinal nenhum Tó Zé era o mesmo do dia anterior ou do seguinte. Não, não houve, intermitência não é nada disto, intermitência seria eu estar com o mesmo Tó Zé em dias alternados. Sim, a vida está cheia de cenas fixes para eu escrever, lá isso é verdade.

Post com título

O telemóvel da pessoa que tem a mão que embala a cadeirinha está a tocar. Baixinho. Não sei se devo incomodá-los. Todos. Os três. Olhe, o seu telemóvel está a tocar. Incomodo a mãe, o bebé e a pessoa do lado de lá da linha. Mas, se sim, dos três, qual interceptar?

O bebé já dorme, porém, inquieto. É favor não incomodar, é o que os seus sobressaltos me dizem. É incrível como as situações me dizem mais coisas do que as pessoas.

Há um penteado africano a ser feito. Olha, ó Gina, isto é um penteado, diz-me a situação que observo.

Uma cliente chega três minutos atrasada para a manicure. Desculpa-se. A manicura alivia a cliente, diz que três minutos não é nada, enquanto se afasta para guardar qualquer coisa lá dentro, numa salinha de arrumos, escondida, antes de se dedicar totalmente à cliente. Não esconde, porém, o bambolear das ancas ou o que diz. E esta é mais uma situação que me diz uma situação.

Dias de umas calças num Ginásio

Não deixa de ser giro o clima que a minha entrada no balneário faz sentir entre as gentes. É vê-las todas malucas pelo interesse desmesurado na indumentária mais fofa que trago, aquelas calças esponjosas de que já falei aqui. Quando abro o fecho e as empurro para baixo, deixo ver um outro par de calças, mais fino, igualmente preto, e elas a entontecer com o retrato cénico que é um emagrecimento verdadeiramente rápido. E duradouro. No casaco enchumaçado pousa também o vivo interesse, é certo, porém arredado da maluqueira, que aí já o retrato não se presta a cinema. «Oh, afinal é só um casaco de motard cheio de alturas, nada mais banal, agora aquelas calças... Ah!» Pensam elas, mas calam, vai daí ponho no blogue, porquanto é lugar onde posso, justamente, pôr o que eu quiser.

Sonho

Sonhei que me tinha aparecido uma borbulha enorme na perna. Era uma rodela transparente, na verdade um lago, onde se via inclusive peixinhos pretos de barbatanas e bigodes brancos. É bem capaz de haver peixes assim, mas o que eu acho é que fui buscar o aspecto da minha cadela, a Olívia, o bicho-cão. Bom, andemos. Entretanto espremi a borbulha e os peixinhos foram à sua vida, mesmo que dentro de um espaço com oxigénio. Depois foi acontecendo conclusões para aquela situação:
eu havia ido à praia;
um peixe entrara para dentro da minha barriga;
pusera ovos;
peixinhos haviam nascido (obviamente dentro da minha barriga)
A decisão seguinte era rumar ao hospital. Foi então que o senhor doutor retirou um peixe enorme de dentro de mim - com as mesmas cores dos peixinhos que já se haviam instalado no esquecimento do sonho – e que se nos apresentou ratado e gelatinoso.


Pronto, é sonho, que querem?

segunda-feira, 25 de março de 2019

Parto e à parte

Não posso afirmar que a árvore amarela tenha as suas folhinhas da época 2019 à vista, o que lamento. Não posso afirmar, não por as não ter visto, mas porque o que vi me fez pensar que, aquando de um parto, a cabeça do bebé estando fora e o corpo ainda dentro, não se diz ter efectivamente nascido, né? Então pronto, é algo desse tipo, lá que as folhinhas se deixam ver, deixam, mas apresentam-se-me de um verde mais escuro do que o por mim esperado, pois sei que serão clarinhas e, pelo que presumo, assim me parecem porque cada nódulozinho contém em si muitas e muitas folhinhas comprimidas que estão apenas a deixar ver as cabecinhas, afinal ainda não nasceram nem nada disso. 
À parte esta questiúncula do verde mais verde da minha vida, hoje foi dia para mostrar a pele dos braços ao mundo. Está calor. Muito. Pena é o placar da praça mais linda de Lisboa estar apagado - e há semanas que o está -, quando não, apareceriam os números a dizer os graus. Devem estar uns vinte e oito, vá. Ainda assim, todas as árvores que vivem aí continuam nuas. Umas outras, mais longe, do outro lado da estrada, não tapam ainda o poeta. E lá estive eu, sentada no banco hater, a dar conta disto tudo, para vos dar conta disto tudo e também para escrever isto tudo duas vezes, uma em papelinhos e em resumo, outra no blogue, estendendo até que me vá embora. Boa noite.

Bonecada de Gina




Descobri mais uma aplicação onde me posso retratar fielmente. Bom, mais ou menos, vá, esta boneca não é tanto a minha cara, só por dizer que tem uma particularidade montes de interessante: as legendas, quando as há, são em português; é certo que nem sempre o género se me aplica, que sou mulher e há coisas que se me chegam no masculino, mas é ok na mesma.
Acima temos então Bitmoji de Gina olhando para Mirror de Gina. Não é que uma esteja zangada por a outra não lhe ser bem vinda, está é um pouco apreensiva e muito expectante.

domingo, 24 de março de 2019

Ainda há moscas no chão


Matei dezenas de moscas no meu quarto azul. Era vê-las caídas no caixilho da janela. Havia-as também no chão, mas poucas. Por ter usado insecticida em dose cavalar, o chão ficou húmido e peganhento. Humedeci-o, por minha vez, mas com água e detergente. Lavei-o, em suma, não sei se tinha dado para perceber. Depois secou. Tudo. Fiz um funeral às moscas e tal. Era pegá-las pelas patinhas inertes e deixá-las cair do terceiro andar. Não lhes deve ter doído nada. Quer então isto dizer que ainda há moscas no chão. Este post vai-se chamar 'Ainda há moscas no chão', decidi agora. Antes tinha sido 'Moscas' e 'Moscas no chão'.

sábado, 23 de março de 2019

quinta-feira, 21 de março de 2019

Eis Gina armada ao pingarelho






(e ainda por cima mostrando uma foto que é mais do mesmo)



Mas pronto, a Primavera está aí há quase vinte e quatro horas, a foto foi tirada no Inverno, quando este já tinha muitos e muitos dias, andava-me a ideia em rascunho há quase tantos quantos esses, de maneiras que. Ah, hoje é o primeiro dia inteiro de Primavera, pois que a dita chegou-se-nos ontem pelas vinte e uma e não sei quê de minutos. Boa noite.




terça-feira, 19 de março de 2019

Árvores

Volto a dizer que a árvore amarela ainda não tem folhinhas, muito verdinhas, muito tenrinhas, muito pequenininhas e, por isso, muito espetadinhas. Ainda há pouco lá estive, a fazer a figura do costume, mas nada.
Volto a dizer que a árvore amarela não é minha, é, isso sim, uma árvore que observo com mais interesse do que qualquer uma das outras.
A árvore arredondada deixará de o ser. Mesmo. Ao presente já dá para imaginar como estará para aí em Junho. Nada frondosa. Alta, esguia. Jamais voltarei a sentir aquele misto de medo e prazer de passar debaixo dela, a folhagem ficará muito acima da minha cabeça. Quero dizer... jamais, jamais, não, que tudo cresce, e às vezes é para os lados.

On ira où tu voudras, quand tu voudras

Há dois ou três dias lembrei-me num repente do verso que aparece no título deste post e que pertence a uma canção de Joe Dassin. Senti-me iluminada, digo no sentido de ter sido preenchida por uma luz, a das palavras que não fui eu que pensei e expus. Ou seja, eu não me ilumino porra nenhuma com aquilo que escrevo, antes sinto uma ânsia enorme, uma compulsão quase, quase quase quase, doentia para registar tudo, e nunca, repito: nunca me sentindo satisfeita. Então, foi com prazer que abracei o verso, que, ademais, tinha surgido sei lá por que motivo, nem isso interessa. E não é meu. Foi tão bom, foi como um descanso inesperado.
Bom.
Então.
Hoje de manhã ouvi na Radio um anúncio onde se ouve um trecho da dita canção. Usam a parte em que o coro feminino cantarola lá lá lá, que alteraram para blá blá blá. É sério que eu ainda não tinha ouvido este anúncio. Mesmo. Embora esta seja uma daquelas ocasiões em que penso que pouco importa se havia ouvido ou então não, se estou a inventar ou então não, se estou baralhada ou então não. Mal algum virá ao mundo, se sim ou então não, quando afirmo do alegre repente que foi ter-me lembrado do verso de uma canção velhinha e que não se ouve lá muitas vezes.

Conceito

Cá no meu conceito, escrever é pensar.

Forma familiar

Estou sempre presente
Ouvindo o que não gosto
Sendo o que não quero

Do bolo

Um fim-de-semana desses aí que já passaram quis fazer um dos bolos mais maravilhosos que conheço, que é o Bolo Bakewell. A massa é essa maravilha de que falo porque é composta por amêndoa moída. Generosamente. A ideia propõe um sabor rico e uma textura húmida, e a amêndoa concretiza-a, portanto: lá vem deleite. Ademais, é um bolo composto por framboesas frescas. Ah... Eu já disse que este bolo é uma maravilha, não disse? Pois. Nesse dia, cá por coisas, havia resolvido trocar as framboesas por morangos mas, chegada a casa com os ditos no saco das compras, notei que de amêndoa teria para aí metade do que a receita pede. Hum, ok, vá, havia nozes e pus nozes, que moí. Não vou dizer que é a mesma coisa, a noz é um fruto mais acre, mais oleoso, mais profundo, e conferiu tudo isso ao meu bolo. Inicialmente eu só pretendia mudar o fruto mas aconteceu o imprevisto da amêndoa, o que me levou a fazer um bolo já um bom bocado afastado do Bolo Bakewell. Agora perguntará a estimada audiência:
Ó Gina, então e o bolo afinal estava bom ou não?
Que eu respondo:
Claro que sim! Magnífico! Ora essa!

Segunda-feira

Hoje não é segunda-feira, bem sei, mas é desse dia que venho falar. À segunda de manhã é tempo de pôr a sopa no frigorífico. Vai daí, lembrei-me, isto ontem, e hoje venho pôr no blogue que:
Há uns meses vi um programa de culinária da Martha Stewart onde ela ensinava a fazer caldos disto e daquilo e, chegada a certa altura da fervura, o caldo começava a formar uma espuma que ela recomendou retirar por se tratar de impurezas que a temperatura agrupa e faz subir à superfície. Proceder deste modo faz com que a probabilidade de o caldo sair perfeito e mantenha a frescura seja mais elevada. Ora o que é que, com base nisto, eu pensei? Quando acabo de triturar a sopa aparece uma espuma que, durante anos e anos, julguei tratar-se da espiral e daí não me movi. Mas, ao visionar este programa, pensei: espera lá, se calhar, às tantas, a espuma se deva, também, quiçá,
às impurezas presentes no caldo que ferveu um montão de tempo!
Desde aí, trituração efectuada, agarro numa colher e toca de retirar a espuma toda que se lembra de aparecer à superfície. Não estando certa de a sopa me durar mais tempo à conta deste passo, a verdade é que fico a sentir-me assim como que limpinha.

Dia de (não era preciso dizerem na Radio)

Hoje é Dia do Pai. Há alguns anos que o meu pai me liga todas as terças-feiras de manhã. Hoje calhou, então, de ser os Dias.

Lisboa, Lisboa

Pequeno-almoço


Permanece um mistério o facto de a primeira panqueca ficar estia e emborrachada, e as seguintes não. Já o que não se me apresenta misterioso é o facto de quatro laranjas darem sumo para duas pessoas e cinco para três. Chama-se a isto repartição de finanças, o que toda a gente sabe o que é, principalmente se for considerado que não há maiúsculas.

Uma Gina irreal observa o dia






Bom dia!

segunda-feira, 18 de março de 2019

Metades





Não tendo nada a ver senão pelas 'metades', o certo é que quando avistei esta metade me senti dentro da história da sereia que é escolhida - a fingir disputa, já se sabe - pela metade, nunca, porém, sendo escolhida uma, pois se da parte de baixo, a peixa, se diz que serve para nadar e oh que fixe (é para rimar com peixe) seria, já da parte de cima, a mulher, diz-se que só serve para conversar, oh que grande seca (é para rimar com água, mas destoando, o que também é giro). Da indecisão, conclui-se que não há uma decisão que preencha os requisitos mínimos.
E se avistei uma coisa e senti outras, ainda por cima disparatadas, então o melhor é registar estas coisinhazinhas. Eu sei, eu sei, este blogue é lindo.

Bitmoji de Gina espreita o dia





Bom dia!


sexta-feira, 15 de março de 2019

Ora essa, qual quê, o que interessa é a gente estar vivos



Diz o rótulo

Diz o rótulo que é um conhaque feito para uma campanha napoleónica. Gargalo lacrado, que já se deslacrou, e uma espécie de areia colada em toda a garrafa. 1945 escrito a tinta vermelha, possivelmente pelo cliente, e cadáver - sim, sou uma besta -, que no-la ofereceu e tenha querido registar o ano da aquisição. Entretanto, a rolha desfeita, partículas boiando no líquido, pôs-se o que sobra num frasco que veio do supermercado com azeitonas, quero eu dizer que foi essa a sua primeira vida. Talvez ajude dizer que a tampa do frasco é de um vibrante amarelo, nem tudo deve ser cadavérico nesta vida.

Espelho


O espelho da casa-de-banho está pejado de restos de comida. Ponho-me ali próxima, a passar o fio dentário, e depois saltam-me coisas da boca. Posto isto, tanto posso ser tão porca como julgo, como quanto vão dizer.

Passiva?


Recebedora. E, se recebedora, então, passiva não.

Vida animal


Karen, olha aqui a Gina: não me apetece fazer isto sabes?, na verdade não me apetece fazer nada. Nem isto, nem bolos. Talvez só escrever. Te.

Os anos que tem

O meu telemóvel resvalou e aterrou com um baque. Ou dois. Bem, se calhar três. O certo é que a rica filha se encolheu toda, em sofrimento, como se de um pobre bicho se tratasse. Anunciou logo a sua muita idade – fez três anos em sete de março último. Para este post ficar mais compadrio, relembro que o bicho em questão foi herança que recebi da rica filha, daí este seu desvelo.

Iam-me dando

Já não sou o tipo de pessoa que aceita os livros todos. Recentemente tive oportunidade de me jogar ao espólio de uma conhecida de uma cliente e também ao de uma vizinha que vai mudar de casa. Não me apeteceu ir lá vasculhar, depois escolher, ensacar, carregar e arrumar. É que, parecendo que não, dá uma trabalheira do caraças. À parte aquela minha questão de ler por imposição de mim mesma, a verdade é que em tempos idos jamais negaria uma oferta deste género, tenho cá em casa dezenas de livros que me foram oferecidos dentro deste tipo de circunstância. Mas mudei ou coisa assim, sei lá. Não quero, obrigadinha.

convidei-te pra jantar
adoraste ver a minha coleção


Sempre achei um desplante o José Cid (título) não referir o teor da sua coleção. E não, do teor do jantar não me importa.

Orientem-se

Vinham de lá umas orientais todas desorientadas, contava-me o Ângelo. Interrompi o discurso para questionar como podem as orientais ficarem desorientadas. O Ângelo riu com gosto - Ah ah ah, essa é boa, essa é boa! Ó Gina, eu é que bebi e tu é que estás espirituosa?

O mundo está cheio de mulheres bonitas

O mundo está cheio de mulheres bonitas

Vídeo




é de notar que:
este vídeo tem três anos
é do início do blogue
a ideia, ao prepará-lo, era colocar alegrete no cabeçalho do blogue
não efectivei a ideia porque não curti o efectivo
este vídeo tem três anos
não estou certa de já o ter publicado
não estou certa de entretanto ter preparado outro(s) efectivo(s) para alegrar o blogue
tendo, é certo que não efectivei essa(s) ideia(s) por o cabeçalho continua branco
este vídeo tem três anos




quinta-feira, 14 de março de 2019

Menopausa

(ui! a quantidade de poisos que este post vai ter! menopausa no título?! caramba! é arrimar, 'migos, é arrimar!)

Ó Gina, estás preparada para a menopausa?
Não. Sinto é uma urgência (daquelas com ruído e aflição agonizantes) em me preparar para um não-sei-quê, que pode ser comparável, por exemplo, ao casamento ou à maternidade. A gente sabe lá o que vem aí, né? Pronto, é isso.

Consultório


Olha eu para o senhor doutor:
posso malevantar?
Olha o senhor doutor para mim:
pode levantar-se.

Aquele boneco que está na sala de espera tem os pés desproporcionados em relação ao resto do corpo. Presumo que seja para caberem as anotações referentes às linhitas que ligam isto àquilo, numerando-as ou coisa assim, sei lá, mas sei que é giro.
Podia dar-me na tola observar outro tipo de coisas, coisas fofas e interessantes, bem sei.
O cortinado também tem a sua graça. Há um pássaro em contornos por todo ele... não é nada, há partes preenchidas por cor, as que não são mantêm a cor do fundo do tecido, isso faz com que uns pássaros sejam o negativo de outros. Onde é branco, é preto, e o contrário. No outro dia estive um bocado deitada de barriga para cima e foi então que vi isto. Só não os contei mas não faz mal.
Eu sei que podia escrever de um outro tipo de coisas.

O bolo

No fim-de-semana passado fiz um bolo de limão e alecrim, isto na enga em que ando agora, a de refazer, um a um, os bolos do meu dossiê especial. Na sexta-feira tinha posto no blogue quão indecisa estava, oh céus!, que bolo fazer?, apresentando inclusive as ideias, só por dizer que a preferência caiu sobre um bolo que não constava na lista. Pois. É meu costume descomandar as próprias ideias. São ânsias que tenho ou então é outra merda qualquer. Trouxe o bolo para o estaminé. A vizinha Gislena comeu e disse, uma vez mais, que estou no lugar errado, que no meio de parafusos e porcas não é de todo o meu lugar.
Não contrariei.
Não sei se ela está certa.
Se eu é que estou.
Nunca estive no local certo, tampouco concebo essa ideia de lugar ou tema certos para mim.
Sei lá.
Gosto de tudo.
Não gosto de nada.
Ela lá foi desenrolando elogios acerca do bolo e da minha capacidade para os fazer bons. Desenrolou também directrizes para eu tomar, abrir um negócio, vender fatias de bolo, eu que fizesse um blogue, que sou uma mulher dos blogues, contara-lhe o meu colega.
Alto!
Estão a ver quando digo que não publicito o blogue? Que raramente ganhei essa coragem? Então pronto, é isto, não fui eu que lhe contei que tenho um blogue.

A foto





Acima é uma das fotos que estavam num cartão esquecido numa gaveta de casa. Eram muitas e sei que publiquei uma no blogue, muito embora não me ocorra qual o assunto em que me apoiei. Sei lá. Foi para aí qualquer coisa e uma coisa qualquer, o que é, indubitavelmente, o que está acontecer com este post, já que o concreto reside no filtozinho que lhe pus por cima, na enga de melhorar este momento, e que se chama Fairy, que fui rapinar ao LunaPic e que, sendo assim, faz a imagem ser deste ano, que foi este ano que a editei assim. De nada, ora essa.

Dia de (disseram na Radio)

Dentre outras coisas, hoje é dia do PI. E é escolhido este dia por ser mês 3, dia 14, uma vez que o PI é coisa para ser sempre chegada ao 3,14. Lembro-me de, numa qualquer aula de Matemática, a professora (eu já não tenho 11 anos, já não digo stora) ter dito que aquela conta, feita daquela maneira, daria sempre, sempre sempre sempre, 3,14. Só por dizer que, e porque não tenho 11 anos, não sei explicar e amiudar esta coisa, que já não malembra. Ficamos todos assim, então. Seja lá como for o que pretendo com este post é registar o facto de alguém se lembrar de lembrar o PI só por ser catorze do três.





aqui está uma explicação
não sei se é a melhor
se é a mais completa
foi a primeira que encontrei

Pontos de interrogação






Intitular este post de 'pontos de interrogação' fez e faz todo o sentido.


Mudar de sentido

Há nove anos que a piada «ah não ligues, ela/e hoje ainda não tomou os comprimidos» tem para mim um outro sentido. Um mais sentido, e com sentido.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Numerologia

Há tempo dei com aquelas contas que se fazem para se saber qual o número que nos rege ou pertence. Digo rege porque afinal parece que se a gente for este ou aquele, somos comandados de certa maneira, e pertence digo porque é o nosso número, ó pá não no-lo tirem. Pronto, coisas assim. Lamento não me lembrar qual é o meu mas aposto que me calhou o 2. O 2 é um número pouco valoroso, arrima ao 1, que, sendo menos valoroso, é indubitável que ficar no 1º lugar seja lá daquilo que for é do mais qualificável que há, e, embora o 1 seja em poucochinho, é o 1º a aparecer. Por último há ainda aquela porra que se diz que, em podium, o pior lugar é o 2º. Lembro-me de na altura ter ficado com a ideia de que, a quem calhe o número 11 ou 22, se pode considerar uma daquelas pessoas especiais, com uma personalidade marcada, marcante, porfiadora ao ponto de ser capaz de mudar o mundo. Ei, Martinho Lutero, 11 ou 22, 'migo? E tu, ó Bonaparte...? Hitler, cucu!




Bem sei que podia pesquisar nas netes e tornar-me conhecedora do número da minha vida, mas não quero, acho muito mais giro admitir que sou o 2, que adornei cá à minha maneira com as questões que referi. Posso melhorá-lo ainda mais, registando que o acho muito eu também no sentido de, no fim das contas, não existirmos.

Sonho

Sonhei com a página do meu caderno, uma que deixei por preencher por ao momento me ter dado na mona listar, actualizando, as faltas de supermercado, mas conter, também na mona, questões que se prendiam com o que estava a escrever. Quer então isto tudo dizer que deixei espaço para terminar o assunto e assim acontece que o caderno me apresenta uma lacuna, o que me desagrada, pois, como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, tenho por missão rabiscar em tudo e tudo. É puramente, ou toscamente, quero lá saber, uma questão de vida. Como posso portanto ter deixado aquela folha em branco? Oh! Creio firmemente que esta questiúncula se encontrava ontem à noite no meu subconsciente, daí sonhar com o horror que é uma folha virgem por permeio de outras desbravadas. O sonho consistiu em ter visto algures um arbusto de belas flores, mas com pétalas enormes, alongadas, de um branco impuro, acetinadas, de espessura forte. Quando avistei o arbusto comentei com quem estava comigo 'oh que lindo!' e idealizei de imediato que arrancaria uma das pétalas e a colocaria na dita página. Entretanto, na vida real, passei pelo arbusto - que vive no muro de pedra e que já se alindou todo com o sol que tem feito – e arranquei-lhe uma das folhas mais grandes para entalar no caderno e assim o encher. É tão linda como as pétalas que no sonho agigantei, mas de outro formato e cor. Só talvez se assemelhe em tamanho, descobri que mal cabe sem se ver pontinhas espreitando. Daqui a dias terá encolhido, que eu bem sei, acontece a todos os que envelhecem.

Pessoas no Banco

O senhor que estava a ser atendido parecia mesmo o senhor doutor oculista. Apurei o faro e concluí que só mesmo a fisionomia se aparentava, que no cheiro não. O senhor doutor oculista cheira sempre, sempre sempre sempre, extremamente bem.
A senhora do Banco, a mais carismática, foi quem me atendeu. Tratou-me extremamente bem. É costume ela tratar-me bem, sim senhoras e senhores, mas extremamente é só para certas ocasiões, ainda não deslindei quais merecem este trato inflacionado (é pra rimar com Banco), só estou desconfiada de um motivo, o qual permanecerá secreto para vocês.
Entretanto aproveito para registar ainda, e uma vez que estou no tema 'Banco', que voltei a desesperar em filas de Banco e em consultas ao perfil do Instagram. Não é um agravamento, mas um regresso. Compreendam que o agravamento de um estado é uma questão pobre e tola, e um regresso é algo cheio de poesia, de saudade, de acolhimento.

Vida animal

Karen, olha, a Gina tem uma borbulha no queixo, está carente, portanto deixa lá ela fazer-te um festinha, vá.

Karen é a gata que por vezes ponho no blogue e que é assustadiça e fugidia. O olhar denuncia susto e temor, raramente passando daí. Ela olhar para mim, olha, e não se desvia, embora lhe note o temor que já referi, e lá que me enfrenta, enfrenta. Por vezes semicerra os olhos, o que me leva a crer que tolera a minha presença no seu território e/ou fica à vontade. Só que ainda não ocorreu a festinha no lombo ou na cabecinha de Karen. Da primeira vez que tentei fiquei receosa, sei lá se o bicho se me amanda pra cima movida pelo temor que lhe vejo no olhar. Da segunda, e última, também não cheguei à coragem, e pelo mesmo motivo. A ver vou se à terceira é de vez. Diz o dito que sim, mas vá. A senhora diz para eu tentar, sem medos, que até hoje ninguém se lhe chegou tanto ao pelo como eu, e que, consumado o acto, serei a primeira pessoa a.

Roupa preta

Quando acontece vir de casa com a parte de cima em cor preta, é certo que quando chego ao estaminé fico toda vestida de preto, uma vez que a parte de baixo é quase sempre em cor preta. Em dias assim é comum virem de lá as perguntinhas: está de luto? morreu-lhe o periquito?, sendo a segunda um desanuviar da possível resposta afirmativa à primeira. Contudo, da última vez em que esta mesmíssima cor me aconteceu em todo o corpo, trazia por baixo da camisola preta, uma vermelha, sendo portanto visível pequenos frisos ao redor do pescoço e dos punhos, que, embora vivos, creio poderem escapar ao comum olhar das gentes. Não estou enlutada, que felicidade, pensava eu. É que nem o lencinho de assoar pressagiava o estado, que, vermelho, também o era.

Morreu

#semfiltro

As horas que são

São catorze e quarenta e três. Há formigas na calçada da rua mais bonita de Lisboa.

As sentadas

Estavam quatro mulheres sentadas no banco hater. Não é o tempo de idolatria, bem sei, mas fez-me impressão na mesma.

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Este post trata de cores secas. Na praça mai linda de Lisboa vi uma fileira feita por:
semáforo
tronco
poeta
folhas
Esta última, em cor, achei seca porque a distância a esbateu.

Cliente

Ontem à noite, eu e o meu colega comemos cada um sua tigela de sopa. A cliente insistiu de tal maneira que sucumbimos. Eu cheguei a casa já tratada de jantar, o meu colega não sei.

Este post é





Este post é só para vos mostrar que os meus óculos, se com filtro a negativo, ficam verdes. Anoto, ainda, que, sem filtro, os meus óculos são vermelhos.

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Vento

Hoje nem era o escape da mota a fazer mexer o arbusto. Era o vento. Ou eram ambos, vá.

Bitmoji de Gina aplaude Gina