sábado, 6 de abril de 2019

O dedo

O sol não iluminava nem aquecia ainda o caixilho de alumínio, portanto não me aqueceu o dedo, nem o apoiei lá tampouco, embora o vento estivesse a favor. Daqui por dez, vinte, trinta anos lembrarei claramente o que significa o 'vento a favor', o resto importa pouco já hoje.

Guardanapos


Sempre não olvidei os guardanapos, só me decidi por outros, de outra cor, brancos.

comidinhas


comidinhas experimentadas:
tarte de chocolate e avelãs
brownie de chocolate
arroz de cogumelos e legumes
comidinhas executadas:
lombo de porco assado
batata-doce assada
pão brioche

Tromba


Bem digo eu que o passar do tempo nos faz parecidas às nossas mães. Tenho uma filha – adulta - que, quanto mais tempo passa, mais se parece comigo. Mais e mais. E mais e mais.
- Mãe, 'bora pôr a máscara* na tromba?


*facial

É em barriga


Bitmoji de Gina está com dor. E é em barriga.




Chama-se a isto 'fazer a cabeça'

Lençolinho

Ao longo dos anos tenho dado cabo de toda uma catrefada de jogos de lençóis. De uns fiz recipientes de espuma, vulgo almofada, de outros, mais concretamente dos que iam ficando sem par, fiz toalhas de mesa e, de uns outros, fi-los parecerem quais jogos de lençóis aprumados e irmanados, lindos e fofos (só que não, mas vá) e, alfim, de outros uns, por tão coçados estarem, fiz coberturas de móveis, por modo a protegê-los de pingos de tinta aquando da pintura das paredes. Ora acontece que, num repente, me lembrei dos lençóis nupciais. É. Desde aí, poucas vezes os tenho usado, mas tenho, e houve um dia que decidi guardá-los, por serem especiais. Até agora. Pois é e digo eu: mas afinal do que estou à espera? Sério, de repente pumba e coiso, eis que se me deu o baque → espero o quê para usar as coisas, seja lá o que for? Estavam tão amarelados, os pobres, oh. Havia-lhes passado o ferro de engomar por cima, numa de portar-bem, de fazer-como-deve-ser. Um dia, há muitos anos, a minha mãe instruiu-me: Gina, não se passa a ferro a roupa que se vai guardar no malão. Desde aí, não é que tenha feito caso do ensinamento, o que aconteceu foi que deixei de passar roupa a ferro, e esse jogo de lençóis é do tempo em que ainda. Ora então vamos lá a ver: os lençóis deste post são macios e muito confortáveis, e eu que já nem malembrava disso.

Posta-restante:
A minha mãe diz lençolinho quando é de cama de bebé. Quando quis intitular este post foi do que me lembrei.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Refeição


Tomei uma refeição na casa de uns amigos
O amigo perguntou-me de onde são os meus pais
A amiga serviu de sobremesa um arroz-doce bem melhor do que o meu
Vida boa pode ser, por exemplo:

Alguém se interessar pela minha ascendência e proveniência
Comer um doce que não seja eu a fazer e/mas, principalmente, melhor

Lembrete

Tenho, no estaminé, apenas um guardanapo vermelho, tenho portanto o stock em baixo, desesperado por companhia e monte. Este post é um lembrete, sobretudo na questão da cor dos guardanapos a trazer, que hão-de ser verdes, ou eu não me consiga lembrar deste lembrete durante o fim-de-semana.

brevemente

o contrário é o possível do impossível do contrário

(brevemente não descortinarei este caso, ok, tudo bem, mas é que me saiu a frase há pouco e achei-a tão gira que vim a correr registá-la)

Detergentes

A senhora não me dá descanso. Ainda bem não terminei o detergente para o chão, que dá para aí para mais umas três ou quatro vezes, e já tenho um frasco inteirinho para usar quando. Oh. E isto já para não falar do limpa-gorduras... Que também já consta no armário uma embalagem por encetar.

Encomenda com pós


Está aqui uma encomenda pó seu colega - anuncia o entregador.
Então está bem, se é pó meu colega, está bem – adere a recebedora.

Doces ou isso

Não estou certa de ter registado no blogue (nem vou pesquisar) que houve aí um dia em que ofereci uma tira de uma mistura de cereais e frutos secos (receita minha, é ver abaixo, querendo) a uma cliente que vinha alterada por circunstâncias da sua vida, acabando por descarregar em cima de mim. Contudo, como é uma pessoa conscienciosa, reflectiu, recompôs-se e desculpou-se, acrescentando que além das circunstâncias do seu momento, ainda não tinha almoçado e, também por isso, estava numa consumição e sem tempo para comer. Foi aí que decidi oferecer-lhe a barra. Dias mais tarde ela voltou e eu, que entretanto tinha imprimido a receita, já com o intuito de lha dar, dei-lha. Ficou agradada e disse que havia de fazer a minha receita, sim senhora. E fez. E mandou fotos através do WhatsApp. Há poucos dias, e tendo já passado meses por sobre o que descrevi acima, apareceu aqui com uma caixinha recheada de quadradinhos, cuja composição era a minha receita. Ela tinha experimentado fazê-la com arandos e nozes e olhem estava bem bom, bem bom mesmo, hei-de fazer assim.
Com este post não pretendo glorificar as minhas ações na vida e posturas ao balcão do meu estaminé, deixo a glória com as selfies que às vezes ponho aqui:





Gostei genuinamente de ser como fui e fazer como fiz e esta combinação fez-me feliz. Até ficámos quase amigas. Ou mesmo amigas, vá. Bem sei que não é preciso as pessoas serem constantes ao ponto de não se perderem de vista, eu é que me custa horrores encontrar amigos, mas às vezes lá calha. Para este post ficar completo já só falta a receita. É ver abaixo.


Lanchinhos energéticos

250 gramas de tâmaras / alperces secos / figos secos
150 gramas de frutos oleaginosos (qualquer um, pode até misturar várias qualidades)
2 colheres de sopa de flocos de aveia
1 colher de sopa de cacau (no caso das tâmaras e dos figos)
1 colher de chá de canela (no caso das tâmaras e dos figos secos)
2 colheres de sopa de geleia de arroz (no caso dos alperces)(pode ser substituído por mel, mas convém reduzir a quantidade para metade)

Coloco tudo no processador, aciono o botão e deixo processar até formar uma bola, o que leva quatro ou cinco minutos. O formato bola alcança-se quando tudo está moído e unido. Retiro então a bola de dentro do copo e deito numa forma. Calco, tapo e ponho no frigorífico umas horas. Quando acho que está pronto a comer corto em barritas ou em porções do tamanho do apetite.

Ressalva 1: a forma pode ser uma qualquer, só não é boa ideia ser muito grande, quando não as barritas ficam demasiado finas – tenho usado uma caixinha de plástico com 15X20 cm, mais coisa menos coisa.
Ressalva 2: é boa ideia deixar umas horas no frigorífico, umas oito a dez, assim os sabores estarão libertos e mesclados au point.

Arranja mas é uns óculos novos, digo-me eu, já ao início.

#antes
#depois


Ainda ninguém me disse:
Ah, Gina, tens uns óculos novos! E são tão giros! E ficam-te tão bem!
Excepção feita à rica filha que, quando lhos mostrei, quase se indignou, mas em bom:
Uau! Mãe, com esses até podes andar na rua!
O «até podes» resulta de algum asco que a rica filha sempre teve aos anteriores, por serem de um modelo largamente usado por um certo estereótipo. Eram baixinhos e vermelhos, davam nas vistas pra caraças. Ao escolher estes, fiz questão de me inclinar para um modelo completamente diferente, as lentes são altas e arredondadas e a armação é fina, de um padrão que, presumo eu, se chama tartaruga e tem uns laivos de um subtil azul. Ora ocorre que os lugares da armação onde pousou a tartaruga e o azul são aleatórios, e foi acontecer que por cima do olho esquerdo se veja muito azul e do direito seja toda eu modo tartaruga. Quando os vi pela primeira vez pensei:
Oh que pena, a coisa ficou mal distribuída.
Tive vontade de manifestar o meu lamento ao senhor oculista, só que não. Entretanto, e, mais do que positiva, sou criativa, logo magiquei motivo para os meus óculos serem assim como que coxos em padrão, e é então assim:
há pessoas que têm olhos de cores diferentes
pois os meus óculos são uma espécie disso
Se o motivo não é conforme com nenhuma das plausibilidades desta vida, paciência.
Ainda a novidade, mas com outra gente.
Um dia lembrei-me de perguntar ao Ângelo:
Olha lá, já reparaste que tenho uns óculos novos?
E ele:
Eh pá, não. Esses são outros?
E eu:
São. Hum, vou ali buscar os velhos, ponho-os na cara e quando tu me vires, notas a diferença vais dizer ah-Ah!
E fui e pu-los e mostrei-lhe. E ele:
ah-Ah!

O mundo está cheio de regras, e algumas são prescindíveis.

Um dia, quando entrei no consultório, o senhor doutor cumprimentou-me assim:
Gina!
Quais boas-tardes ou bons-dias, quais quê. E eu, como sou de olás, vá de olalá-lo, prescindindo, portanto e também eu, dos costumes. Ah, e para quem não sabe, o meu nome é Gina. Prazer.



figuras que já fiz 
no consultório do senhor doutor 
e a que posso chamar, 
sim senhoras e senhores, 
de evolução


ONI, Objecto Não Identificado

quinta-feira, 4 de abril de 2019

13 ou 14

Em tempos há muito idos eu registava com frequência as horas e os graus que o placar da praça mai linda de Lisboa mostrava, e isto tanto quando ia para lá como quando vinha para cá. Um dia de Inverno notei que os números oscilavam entre o 13 e o 14, uma vez que as horas, para lá, eram sempre 13 e qualquer coisa e, para cá, 14 e tal, já os graus, daí não se moviam havia muitos e muitos dias, ou eram 13 ou eram 14. Fiz então um post com esta temática interessantíssima, revelando-me aborrecida com o impasse (não deixo link porque é do blogue anterior, ao qual bloqueei o acesso) e, ontem, vendo que o placar me mostrava que estavam 14 graus em Lisboa, e naquele lugar, lembrei-me disto e acrescento que as horas agora costumam ser outras, tanto pode ser mais cedo como mais tarde das 13 ou 14 horas de cada dia da semana.

Cortinado

Que há dois tipos de cornucópias... Hum, sei o que registei mas ao momento não me lembro como são as 'outras' cornucópias. O que vale é que posso certificar-me, e já não tarda.

A árvore amarela

Na passada segunda-feira, dia 1 de Abril, notei que...
… finalmente!... tcharam!...
A árvore amarela mostrou-me as suas folhinhas verdinhas e jovenzinhas e tenrinhas. Tirei uma foto para vos mostrar mas, aquando desse dia, e mesmo a foto tendo sido captada com o telemóvel, que é parco para panorâmicas ou grandes distâncias, tem, ademais, o condão de no-las mostrar em pequerrucho. Ora então decidi enviar-me a foto por mail e, com tempo, ver no computador e assim me certificar de que realmente se viam as folhinhas por mim tão aguardadas.
Bom.
Então.
Não se vêem assim lá muito bem as ditas, mas o momento da descoberta, sendo tão especial, é-o sempre, o que até se pode tornar monótono, mas não, portanto mostro na mesma. De maneiras que olhem, nesse dia era assim que estavam as folhinhas novas da árvore amarela:



#semfiltro