quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

A prisão do trevo é diferente

Quando guardo folhas ou pétalas deixo-as |secar|morrer| sem a compressão das folhas do caderno. É essa a diferença. Digo isto porque o trevo foi aprisionado ainda em vida, por duas películas colantes e aquele senhor nem sequer o estendeu por completo, o pobre morreu com vincos. Foi como ter a câmara de gás por condenação mas antes partir-lhe os ossos e, para mais, sem culpa. Para mais e por demais.

Tenho o texto acima em rascunho há meses, retendo-o sei lá por quê. Ou sei. É – ou foi – porque num repente me encontrei com a mentira, mas de uma tal maneira que não encontrei desculpa → Eu esmago folhas e pétalas nos meus cadernos. Há anos. É certo que lhes posso assegurar uma honra do caneco, qual é a folha ou pétala que não quer sufocar entre os meus escritos?! Nem uma! Mas é assim a vida de uma pobre escrevente, vai-se a ver e tudo o que escreve, inclusive o que é, se vira do avesso. No entre dos tantos, o mesmíssimo senhor que ofertou o tal trevo sufocado ao meu colega, chegou-me aqui há dias com um para mim. Sério. Oh. E morto nas mesmíssimas condições. Vou jogar ambos no lixo. |...| Já joguei.

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