segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Travessia

Durante a travessia da ponte, achei curioso que um dos tubos que pertence à balaustrada, neste caso o de cima, se mantivesse em cima do pedaço de terra lá ao fundo mais fundo a que a vista chegava. Da terra, quero eu dizer aquilo a que muitos chamam de horizonte e que eu também devia chamar, mas assim não ia dar para perceber e assim já se percebeu. Apesar da deslocação, o tubo, tão de mim próximo, tapava o horizonte. Outra preciosidade foi o Tejo em verde-água. Pode ser do sol estar onde estava, pode ser da luz estar da intensidade que estava, pode ser da maré estar onde estava. Mas estava em tom verde-água a água do Tejo.

Cheira(va)

De manhã cheirava a flores e ervas outonais.
De tarde cheira a não sei o quê.

não! pui ós pigos

Ora bem, ontem, concretamente: no post anterior, pus-me no blogue a anunciar que que 'não! fui ós pigos' - leia-se 'não! fui aos figos' - e hoje acrescento que hoje - que é feriado - também não vou porque creio fimrmemente que será, ou seria, desperdício de tempo. O frio tem sido muito, o sol tem sido pouco, a chuva tem estado presente, do Outubro estão cinco dias passados, da última vez já os figos estavam murchos e deslavados, e até escassearam, de maneiras que pronto, creio também firmemente que para o ano mais figos haverá. E tão bons como sempre.

domingo, 4 de outubro de 2020

não! pui ós pigos

Alentejo, Alentejo


Na foto de cima não é o 'meu' Alentejo, o dos idos anos setenta.
De sobremesa podia ser sericaia, migas doces, sopa dourada...
Só que não. Pavlova. Isso. E havia sericaia, havia.
Na foto de baixo é o Alentejo que conheço desde esses anos.
E dei somente um passinho para o lado e dois ou três para a frente.

depois fui à praia dos cinco reis

já é de dia

sempre a mesma janela || sempre o mesmo cansaço
sempre a mesma tristeza || sempre a mesma dor
dia igual || dia irrepetível
portanto __ e afinal__ dia diferente


 

sábado, 3 de outubro de 2020

Receitas (para que vos quero?)

Já recebi a revista do costume, a tal trimestral. Estranho que não venha com receitas de Natal, mas é bom que esteja cá tal como está, é só uma estranheza de nada, coisa pouca. 
Desenvolvo alguns pontos.
Há uma receita de bolachas de aveia. Achei graça à frase de incentivo: «vai experimentar?» Mas não vou, que tenho lá em casa a receita de umas bem boas. A ver se as repito. Talvez no sábado trate disso. Mas até tenho pena de não experimentar, sabem? São feitas de farinha de aveia. Que giro. Pus-me logo a imaginar mudar aquilo tudo e triturar eu a aveia. Ficariam com mais textura, presumo.
Há uma receita de sopa de cebola gratinada. Há anos que quero fazer uma sopa dessas. Tenho dado tanta atenção que até sem ler sei que leva (obviamente cebola) pão, bacon e queijo.
Há uma receita de focaccia. Apetece-me fazer esse pão. Sei que é molinho, quando ainda em massa. Muito azeite. Por isso fica macio. Azeitonas. Como que a temperar, vá.
Há uma receita de tacos. Caraças, pá! Sempre é fácil fazer os meus próprios tacos! Há que fazê-los! Há que fazê-los! É só fazer como que uma massa para rissóis, mas com farinha de milho, deixar arrefecer, estender e cozer na frigideira. Pronto, este é um daqueles casos em que a frigideira coze. Cose. Ah ah. Não, é coze.
Há uma receita de waffles em modo salgado. Parece-me uma boa alternativa aos... Aos quê? Aos tacos, por exemplo. Ou mesmo às pizzas.
Há uma catrefada de receitas de bolos, porém, nada de especial. Bolo de maçã, bolo de laranja, bolo de marmelada, bolo de amêndoa e, pasmei, bolo de abóbora. Não, não é a primeira vez que dou com uma receita de bolo de abóbora, mas, que me lembre, nunca me tinha encantado. Este, vou experimentar.
Há uma receita de torta de arroz com recheio de café. Ora bem, considerações acerca da ideia (de planear) fazer esta torta: 
o arroz está ali por conta de ser uma massa que, de farinha, leva a de arroz
o recheio será outro qualquer que não o de café

E pronto, gostei muito deste bocadinho, até uma próxima vez. Não, que é lá isso, falta dizer que, da última vez que construí um post deste género, fi-lo há muito tempo (clicar aqui), contudo, não experimentei ainda todas essas receitas.

Dias de um Ginásio

Em tempos idos esta canção (vídeo abaixo) soava com frequência nas aulas de alongamentos. Nesse tempo as aulas eram dadas na sala que depois foi das bicicletas estáticas e que agora é não sei de quê. A ver se me inteiro disso em breve. Serve de distração. Serve de complemento a este post. Serve para aumentar o número de posts. Em tempos, desta feita uns tempos mais próximos a este, fiz duas ou três aulas nessas bicicletas. Não gostei, daí tão poucas. E nem se pode dizer que não tenha feito o suficiente, que não foi largar à primeira experimentadela. Pois não, 'experimentadela' não consta nos dicionários. Mas olhem lá a canção. Isto por ora, porque há mais coisas escritas abaixo do vídeo.





Numa dessas aulas das bicicletas, desequilibrei-me e resvalei, fazendo uma enorme nódoa negra na perna, que me durou semanas. Sei que o professor viu o resvalamento, mas não se mostrou interessado. Obviamente não seria preciso descer da sua bicicleta, parando o trânsito da aula só porque uma senhora resvalara, oh pobrezita. Não. O que desaprovei, e desaprovo, é que nem sequer tenha levantado o polegar, gesticulando a pergunta: 'está bem?', que eu imitaria o gesto para responder: 'estou.' Mas não. De momento é como lembro este episódio. Sei que o registei no blogue e vou pesquisá-lo. Sempre quero ver se tenho a memória certa.

Já encontrei, não está longe do que escrevi acima. Transcrevo:

Ontem fui fazer cycling, de maneiras que saí de lá roída naquela partezinha do corpo que assenta no assento. O assento é fino e rijo e a partezinha não tem tanta chicha como parece, afinal quando esta que escreve se senta a chicha afasta-se do osso, de maneiras que. Falta de hábito, bem sei. Assim como é falta de hábito pensar que o téni se vai encontrar com a proteção da corrente e me fazer resvalar da bicicleta. Pois foi o que aconteceu, não é que tenha caído no meio do chão, não, mas fiquei apoiada na bicla de uma maneira nada correta e dolorosa. Tenho três nódoas negras para contar melhor esta história. E agora querendes saber se alguém me socorreu? Pois.Não.Senhores. Mas tudo bem, até porque tenho idade e força para me safar e levantar-me sozinha, mas senti falta de um certo apego que vejo noutras aulas, noutros/as professores/as, é que nem um olhar de interesse vi, e neste caso estou a falar exclusivamente do professor. Saí aos trinta e cinco minutos de aula. Nada teve que ver com o que contei, mas com o facto de me apetecer muito fazer a aula do costume, que é stretching. E assim fiz - fui. Claro que ter visto alguns colegas de bicla abandonar a aula pesou na minha decisão. E foi o melhor, se há modalidade de que gosto é stretching, enquanto que de cycling, ó pá, pronto, gosto tipo assim mais ou menos. O bom daquilo é a queima de calorias num curto espaço de tempo e o desinchar de pernas que acontece e perdura, o que me apraz e não é pouco. Bom, não sei se é para continuar com isto, até porque a aula começa cedo o suficiente para me tornar ansiosa com o pouco tempo que tenho para chegar a horas, o que aliado ao facto de não morrer de amores por biclas imóveis, pronto, ó pá, coiso.
|26 Maio 2018|
originalmente publicado aqui

sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Post sem medida

«O tamanho do parafuso não interessa, tem é que caber lá.»
Ora bem, ao que parece temos aqui uma incoerência com o tamanho de um problema sem solução. Quando me chega algo dentro deste género, e garanto que as vezes não são poucas, resolvo desinteressando-me convictamente da primeira parte da exposição do cliente e, com afinco, agarro-me à segunda.

Post com pormenores

Não tenho mais nada que fazer, daí atentar em pormenores e, por ter pouco conteúdo na cabeça, é-me fácil fixar uns quantos desses. Não noto todos, tampouco fixo todos aqueles que noto, ora essa.

A folha do tempo

O calendário da cliente mostrou-se-me na folha de Março/Abril de 2015. Nem bem nem mal, é cinco anos e meio que daqui dista. Já bem, mas mesmo bem, é uma boa mão-cheia de molas de madeira estarem mergulhadas num alguidarinho. Decerto é para que inchem e não se lhes salte a mola. De metal. Que giro, acabo de descobrir que nomeamos as molas para prender a roupa como sendo de madeira ou de plástico, mas, a mola propriamente dita nem se dá por ela.

Criatividade

pa pari pa pa! pa pi! pa pa! hum hum!

É assim o novo cantarolar do Zé. Sempre criativo, este cavalheiro.

quando esta que vos escreve tapa com os dedos
precisamente aquilo que vos quer mostrar


 

Destino

Como não colocar no blogue um papelinho dos da rica filha onde ela dava destino a um certo conteúdo? Não ia dar, qual quê.

Lista telefóncia... ai perdão, telefónica

Temos aqui três caligrafias.
Pelo desfoque, ilegíveis, é certo, mas pá, é uma lista telefónica, vai daí, né...?
O foco é uma velha e obsoleta lista telefónica que pertencia ao velho estaminé.

Pevides

Eis Outubro chamando o Verão
- Verão! Verão! -
Não mais virá. Este ano, não.

banco branco
branco banco
(trava-línguas)


 

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Água

Perguntei ao bicho-gato se queria água, já que se debruçava sobre o balde – Tu queres água, Kit? Esqueces-te que tens um bebedouro? Divide-lo com a tua mana, mas pronto, tem-lo. Durante as incumbências quase mandei ao chão o tampo da mesa - que é de vidro -, um quadro e um espelho – emoldurados - e um candeeiro de mesinha-de-cabeceira. Isto são coisas que estão encostadas a uma parede, ou seja, eu dando cabo da compostura do vidro da mesa, dava-se ali um dominó com estilhaços. É comum as pessoas desajeitadas terem piada. Fiquem-se com esta, vá.

Línguas

Recentemente chegado ao rectângulo que é este nosso país, o cliente vinha de telefone na mão, a postos para ir questionando Mr. Google na sua língua materna e esperando que este lho traduzisse por escrito, e em português, por modo a que eu lesse e, tendo dúvidas, que as tive, avançasse na minha língua materna e, o tal do Mr. Google, por sua vez, as traduzisse em russo para o meu cliente, e vai que, oh porra, Mr. Google não nos servia convenientemente, arranjando outras questões ao meu cliente, que era russo. Estivemos nisto dentre cinco a dez minutos, e o pior de tudo é que o trabalho foi inglório.

Vozes

«Dá-me um mosquetão daqueles mêmo fixes qué pó gajo não perder as chaves!» - Pediu a cliente ao meu colega. Achei, como acho há tempo, que ela tem a voz do Cocas mas em feminino e sexual, opinião que transmiti ao meu colega logo que ela abalou do estaminé. O meu colega só me respondeu -«Pronto! Já estragaste a minha infância!» Portanto: talvez a gente comparando a Miss Piggy... Hum? Afinal sempre é uma voz efeminada. Duas vozes efeminadas. Três vozes efeminadas, isto contando com a minha. A daqui, do blogue.