domingo, 31 de janeiro de 2021

Finalzinho

No fim do jantar comi uma laranja, que me soube bem. Bem, mas bem. Diz que a laranja à noite mata, de maneiras que amanhã não actualizarei o blogue. Ou então, esperem lá, pode ser que este saber-bem se ponha a fazer de salvador e.

Finalzinho

De igual a todos os anos, de falado no blogue todíssimos os anos:
o Janeiro está no fim e tem mais uma hora de luz;
a árvore amarela está nua, escura e mirrada;
o poeta está no pedestal há tantos anos como os que farei daqui por seis meses;
a penugem das árvores da avenida adensou;
não me ralava nada que os dias de Verão tivessem o mesmo tempo de luz que têm estes de Inverno

Sim. Sim, a tudo sim.

E sim, as árvores do jardim já contêm florzinhas brancas com laivos avermelhados. E sim, é Janeiro ainda. E sim, foi esperar demasiado que a foto deixasse ver a maior de todas. Eu tirar uma foto, tirei, mas quais florzinhas tal e tal, qual quê. Não muitas, pelo menos. Quem sabe hoje, uma vez que a foto tem três dias, já se vejam por lá mais umas quantas. O que tenho a fazer é, portanto, ir lá certificar-me logo que puder. Coloquei rodelas para realçar as florzinhas. Contei quatro. Contei quatro, mas aqui, no conforto da imagem aumentada, lá nem me lembrei de contá-las.

Dia de (disseram na Radio)

Era dia de telefonar a alguém a quem não se telefone há muito tempo. Lembrei-me da minha ti Bia. Não há quem tenha ascendência aos Sules deste país e não tenha pelo menos uma ti Bia. Digo pelo menos uma porque quando era criança até tinha duas, o diferencial era a ti Bia do forno. Delas, uma era tia da outra. Ou seja: do mesmo modo que a minha ti Bia era minha tia, assim tinha uma tia que era a sua ti Bia. Já sei, está confuso. Ou seja: a minha ti Bia é irmã da minha mãe, a ti Bia do forno era irmã da minha avó materna. De maneiras que pronto, a minha ti Bia do forno era minha tia, mas em segundo grau. Já se percebeu, tenho essa esperança.
A minha ti Bia é a! ti Bia. Era quem nos dava guarida aquando das visitas ao Sul. Uma vez comentei que na sua casa não se podia comer mais nada senão cozido de grão ou sopas de tomate. Vai daí, na refeição seguinte, apresentou-me batatas fritas com ovo estrelado, isto porque antes eu lhe havia dito que nunca tinha comido disso lá. Soube-me bem e aprendi a lição. Gostava particularmente de a ver costurar. Uma vez, já jovenzinha, observei-a a costurar, cortando o tecido que apoiava nos joelhos. Contei-lhe aquela piada de 'fazer as coisas em cima dos joelhos'. Riu-se e anuiu. Achava o máximo que conseguisse saber onde cortar o tecido, principalmente porque nessa altura eu já andava na costura e portanto já tinha umas luzes acerca do assunto.
A ti Bia do forno tinha uma mercearia e dedicava-se também ao comércio de pão. Lembro que nesse forno também se fazia popias, só não lembro se outro tipo de bolos, mas lá que se faziam as popias que nunca esquecerei, faziam. Nunca mais encontrei popias de sabor igual. Às vezes há coisas que se vive na infância e parecem ter uma conotação inventiva - aquele sabor era extraordinário porque as papilas eram jovens, o tempo era outro, o lugar idem. Quiçá seja antes isso. Por falar em infância, eu adorava brincar com a enormíssima taça de bater a massa. Tinha uma pá gigantesca e a minha brincadeira era girar a taça. Ouvia logo o ralhete da minha mãe, claro, mas era irresistível girá-la e até apoiar-me naquilo para inventar um carrossel. Acho que, ainda hoje, pudesse eu rever a taça e. Sim, sim. E não, ainda não liguei à minha ti Bia.

este post já vem daqui

vermelhos, verde e demais coisinhazinhas


 


Olá, bem vindos aqui. A primeira foto deste post é uma papoila que encontrei ontem no caminho. Está o vermelho da papoila em cima do vermelho da caixa dos óculos porque entretanto não encontrei melhor poiso, quiçá por já ser noite. Mas achei bem na mesma, digo eu que o vermelho esteja por cima do vermelho. A segunda foto é uma selfie que tirei para me certificar até onde me chegava o pescoço. É que tinha ido cortar o cabelo e instruí a cabeleireira que não o fizesse em poucochinho. E ela cumpriu. Isto já ocorreu há uns dez dias, ou coisa assim, não estávamos ainda com o confinamento implementado, tanto que me joguei logo a marcar o corte, que já andava bem precisada disso, não fosse acontecer como do primeiro confinamento, que ninguém esperava aquilo e eu, oh pobre de mim, opróbrio até (que querem, fez-me lembrar), de melenas ainda mais mal amanhadas que o costume passei eu esse tempo. Entretanto, desde o dia da foto até hoje, o cabelo já cresceu, se me vissem agora nem me iam reconhecer. Sério.

sábado, 30 de janeiro de 2021

Dia de (disseram na Radio)

Há meses que, do tempo que dedico ao blogue, não retiro uma porção para escrever acerca do 'Dia de (disseram na Radio)'. Se por isto, se por aquilo, pouco importa esclarecer, o que acontece é que é facto. Mas esta semana ouvi três 'dias de' que sinto como imperdíveis e neste post apresento um.
Era dia do vinho do Porto. Há muitos anos li um livro – 'Ervamoira', Suzanne Chantal – que conta a história de uma família cujo negócio era uma vinha e vinhos daí advindos. Apreciei tanto este livro que, em cada vez que ouço falar do vinho do Porto, não especialmente pelo lado bebível da questão, mas por um qualquer lado histórico, recordo-o sempre. Sempre. Quem me conhece do blogue (e até da vida) sabe da minha dificuldade em ler atentamente e, ou, prazerosamente. Mas olhem que não fui sempre assim, esta questão da (des)leitura apareceu-me por conta da grafomania. E agora o lado bebível da questão – sim, gosto de vinho do Porto. E também gosto muito de livros. É um universo do caraças. Todas as bibliotecas são um universo, mesmo contendo uma meia dúzia de livros. Às vezes, quando entro em casa dos clientes, miro as prateleiras, de longe ou de perto, dependendo da confiança que há. Umas contêm livros bonitos, limpos, alinhados. Esses universos estão como que por desbravar, vá, parece que ninguém mexe ali com regularidade. Outras têm tudo ao molho, pouco importa a quem ali mora se os livros estão do maior para o mais pequeno ou pelo contrário, a uns sai-lhes a lombada mais do que a outros, são umas prateleiras mexidas. Depois há os de mais ou menos, as prateleiras mostram-me que há mexedelas, há olás, há zunzuns. Há de tudo um pouco, claro, afinal o que são universos senão algo onde caiba 'de tudo um pouco', né?

Decalque

Arrependi-me de não colocar a ideia primária que me ocorreu quando vi a folha no chão (ver post anterior) e é por isso que este mesmo post existe. Decalque. A primeira palavra que me surgiu aquando do especial avistamento foi decalque, mas aboli a ideia de a juntar ao texto, pareceu-me não combinar com a visão. Isto porque eu estava a ver a prensa como vinda da folha e não é daí que ela vem, é do alcatrão. O alcatrão é que decalcou a folha. Era só inverter as forças, afinal.

Não tardará

No chão estava uma folha, enorme e castanha mas nem somente, também furada pelo relevo do alcatrão.
olha a chuva, olha o pisar
olha a chuva, olha o pisar
Incessante, e foi no que deu. Não tarda nada, nada restará.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Post com título

Se pusesse no lbogue... ai perdão, blogue todas as ideias que me abordam ia faltar-me tempo para o resto. Mas lamento que não as retenha todas.

Na dúvida, admitir a primeira hipótese que surja. Confiar no supetão é quasi sempre o melhor caminho,parece a mim.

Não
Sim
A dúvida por entre fez alguém duvidar
Nim
São
Nim, olha, tu tens graça
São, nada disso, chispa mas é daqui.

a ver se te dizem como é porque tu não sabes

dois pontos

arsenal de guerra:
cabeçadas, joelhadas, cotoveladas, bofetadas
e, a destoar, o que não rima com 'adas': murros, pontapés
e, descobri entretanto, nada rima com violência

dois pontos

relacionamento:
choque, fricção

Durezas

Descreio que a curiosidade se dê apenas com esta que vos escreve, afinal o que me acontece é comummente banal, pode é acontecer eu inventar que abrilhanto as coisas que me acontecem até me parecerem coisinhazinhas. Mas vá, vou-me ao que me trouxe. Ultimamente tudo o que é cosmético está em duras consistências, ele é champô, ele é gel de banho, ele é creme de mãos, ele é, até, pasta de dentes. É aqui que mora a novidade na minha vida, nunca tal tinha visto acontecer. A pasta de dentes que anda a uso cá em casa é uma toda apaneleirada. Sério. Alude àquelas coisas do não-faz-mal-à-saúde, é natural e (mais...?) saudável e tudo e tudo, a embalagem é em cartão, como as demais, as de sempre, mas pardo, que assim sempre vai parecer uma coisa de baixo preço, como se o fabricante buscasse reduzir preços no que é de deitar fora, não no produto.

Comprinha

Comprei uvas pretas, que julgo sem grainhas, mas, se as tiver, não faz mal, é descaroçá-las. É para juntar a pêras que comprei há semanas e figos que congelei há meses e demandar-me um grande, enormíssimo mesmo, crumble. 

a menina fez uma cópia

porque ouvi a senhora dizer que a erva-gateira relaxava os gatos e querendo registar o dito no blogue, pesquisei, retirando o texto abaixo daqui:


«Raro é o gato que não adora o cheiro da erva-gateira. Botanicamente falando, esta erva pertence à família das Lamiaceae. O nome da planta deve-se à enorme atração que provoca sobre os gatos sexualmente maduros. A resposta de cada animal varia de acordo com fatores genéticos e é fortemente acentuada em cerca de 50% dos gatos. Não apenas os gatos de apartamento se sentem atraídos. As ratazanas, pelo contrário, afastam-se do cheiro.»

Receitas

As receitas a experimentar são agora bastantes. A vontade de as fazer é pouca e, o tempo passando, mais revistas chegam e engordo o rol. O molho é tão grosso que tive que ir buscar uma mola mais larga. É um problema, esta minha vida, é verdade, é. Eis o ajuntamento às receitas que já constavam:

Bolo de Abóbora e Nozes
é bem capaz de ser um bolo com vários processos, um deles aborrecido, o de cozer a abóbora, mas um dia faço um bolo com este legume
Pãezinhos Recheados com Queijo e Alecrim
parece-me tão bem e tão bom...
Estrelas de Cúrcuma, Tomilho, Queijo da Ilha e Frutos Secos
vale pela diferença, se alguma vez eu me tinha lembrado de cúrcuma em bolachas, eu cá não!
Licor de Café
simplesmente para que na minha adega conste licor de café, isto porque, inspecionando a receita, verifiquei que se assemelha ao licor de whiskey
Brigadeiros de Ovo e Amêndoa
hum, só hum... e nem só um, homessa!

Não sendo estas receitas tão do aconchego quanto isso, a verdade é que constavam na Revista Lusitana que me chegou por alturas do Natal.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

terça-feira, 26 de janeiro de 2021