segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Dia de (disseram na Radio)


Hoje é dia de uma data de coisas, ouvi eu na Radio, mas fixei sobretudo a sopa caseira. A última que fiz foi com couve portuguesa a fazer de entulho. O puré contém cebola, alho, alho-francês, batata-doce, curgete, cenoura. Não é das melhores sopas que já fiz, mas. Fosse eu consistente nisto de fazer sopas e. No outro dia comprei dois pernis de porco frescos. Chegando a casa pu-los ao lume com água a temperos para lhe dar um entalão e ao depois continuar a receita de forno. Guardei a água da cozedura e fiz bem, deu cá uma sopinha mais saborosa... Ainda lá tenho caldo para uma outra sopa, mas ontem aconteceu que masqueceu de o pôr a descongelar.
Disto dos dias serem lembradores de coisas várias, são-no também de nomes e no outro dia calhou de ser o da Edite. Lembrei logo de uma figura da minha infância. Era uma conhecida da minha mãe que a tinha ajudado numa certa demanda e entretanto passou a frequentar a nossa casa. Lembro-me dela, é certo, mas mal, recordo que era uma senhora calada, sorria levemente e assentia com um subtil movimento de cabeça qando alguém dizia coisas, mesmo eu. Lá está, mal me lembro, mas lembro as suas roupas esvoaçantes, só que não retive pormenor nenhum de maneira a conseguir passar uma imagem fiel. Recordo é de a minha mãe fazer reparo no que mulher trazia vestido, mostrando um espanto rente ao horror, como se ela fosse um modelo longe de ser copiado por alguém decente. Em certa altura da sua vida a dona Edite pôs-se a vender uma marca de cosméticos e afins.  Não sei qual a marca (seria a Avon?!, é que estávamos nos anos '70...), sei é que a minha mãe lhe comprou algumas coisas e eu lembro particularmente de uma, um gel para retirar impurezas da pele do corpo. Quem sabe seria um esfoliante dos seventies, né? Aquilo era uma substância pastosa que se esfregava no corpo ainda seco e, por ação do esfreganço, a sujidade acabava por se colar ao gel que entretanto, também por ação do esfreganço, mudava a sua forma pastosa para uns rolinhos ressecados e escurecidos. Imagino que isto vos seja difícil de imaginar... Bom, na verdade poucas foram as vezes que vi a minha mãe usar o tal gel. O frasco era alto, verde escuro, o gel idem para a cor, julgo que tinha pintinhas, mas esses pormenores podem ser sugeridos pelos tempos actuais e não pelo passado.

2 comentários:

  1. Presumo que a Dona Edite já não esteja entre nós, os vivos. Fico sempre um bocadinho pensativa, na verdade não é pensativa, que o espanto não pensa, quando diante de alguém, eu tantas vezes, que assim se queda lembrando de gente que já não mora. Alguma coisa em mim insiste em perguntar "onde" está a pessoa que SEI ter existido, ao mesmo tempo que de mim se ri a convicção de que não ESTÁ em lugar algum, simplesmente morreu, acabou, desapareceu, sumiu. Ora todos sabemos que o sumiço é magia, e se é magia não se explica. Acho que é isto, como assistente de um truque de magia, sabendo que a magia é truque, porém.

    (talvez seja escusado dizer-te que não creio em deuses, céus e infernos, sequer na suposta imortalidade granjeada na História. não há imortalidade nenhuma, AQUELA PESSOA sumiu)

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    1. Era uma senhora mais velha que a minha mãe, e se a minha mãe já vai nos oitenta e muitos...

      (eu cá, nessas coisas, sou tolinha, não acredito, acreditando)

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