sábado, 3 de fevereiro de 2018

Arroios

Boa tarde. São catorze e vinte e seis. É bem diferente percorrer Arroios ao meio-dia de um sábado, quando comparo, por exemplo, com uma quarta-feira às cinco da tarde. As pessoas com quem me cruzei estão de fim-de-semana, senti-lhes uma energia positiva. Se fosse uma dessas quartas-feiras, as pessoas estavam cabisbaixas pelo cansaço e apressadas pelo que ainda vão ter que fazer antes de se atirarem para aos lençóis. Nunca entendi muito bem esta coisa de sentir uma azáfama diferente por ser fim-de-semana, nunca a senti assim tão diferente, fui sempre ocupando os dias e as horas desses dias ditos de descanso, com azáfama. Não a mesma, é certo, mas é azáfama. A bem dizer nunca se descansa. O descanso é assim um pouco, talvez, como a felicidade, é coisa de vai e vem, não permanecendo mais do que o tempo em que nem damos por ele, pois quando se dá por ele - e aqui unicamente por mim falo – logo os deveres tomam a primazia. Custa tanto saber viver. Marió diz que eu tenho que querer aprender a viver e que tenho que crer que posso aprender a viver. Tantos ques. É difícil, principalmente – e lá estou eu a falar unicamente por mim – porque sou tomada por uma solidão enorme, é tudo eu e para mim e por mim e comigo. Mas como é que mantenho – ou tenho! - os amigos prontos a ouvir-me e a acompanhar-me se no fundo as coisas se passam somente dentro de mim? Se eu não gostar disto ou daquilo de alguém, é questão de mudar a minha! postura, não esperando que eles mudem. Vou mas é trabalhar mais um bocadinho e já cá venho. Olá. São agora outras horas e outros minutos. Já arrumei umas coisinhas, escrevi umas coisinhas em caixinhas, desencantei coisinhas e deslindei coisinhas. Já chega. Há pouco, naquele passeio pelas artérias de Arroios, na Pascoal de Melo, notei, pela primeira vez, vejam lá, que Fernando Pessoa viveu uns meses de mil novecentos e catorze num daqueles prédios. Fiquei logo a pensar 'olha, um dia vão gravar placas com as minhas moradas e fixá-las à porta correspondente, é certo'. Já me lembrei de listar o rol de tarefas que tenho por fazer aqui no estaminé, mas, como sabem, e se não sabem, não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, o tempo despendido para tal coisa fará encolher o tempo de que disponho para escrever outro tipo de coisas, não menos importantes, que é lá isso, mas mais dignas de registo, de presença na posteridade. Comprei duas forminhas para queques. É. No dito passeio. Pois. Já ontem comprei outras duas de outro tamanho para somar às que já tenho lá em casa. Conto que estas sejam ligeiramente mais pequenas e, se forem, logo vou completando o rol. Gosto de ter tipo assim uma dúzia e meia. Mais logo vou fazer tarte de maçã. Tenho gelado, que fiz eu, no congelador desde quarta-feira. Giro, giro, é eu ter começado este post com a quarta-feira.

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