quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Próxima tentativa

Não sei se da última vez o aviso da próxima tentativa avisava que tentaria em sete do nove, às duas e um da madrugada. A verdade é que a tentativa aconteceu nesse momento e o têpêá cuspiu o papelinho, o qual avisa por sua vez que a próxima tentativa é a cinco do dez, à uma e cinquenta e dois da madrugada.
Estas tentativas são uma espécie de telefonemas a amigos que se visita de longe a longe, ou a tios muito velhinhos, tipo assim:
Olá, então tudo bem, ainda mexes, certo?
Mas em modo máquina. Pouco importa, somos todos humanos, as máquinas foram inventadas e construídas por humanos.

Post amarelado

Agora ando numa de apontar as coisinhas em papéis virgens. Rasgo-os na mesma, ora essa, desvirgino-os, ah ah, para rabiscar mesmo assim. Para vez primeira ainda consigo oito partes de papel, daí o inho do papelinho. São folhas dum papel grosso e amarelado, não doente, que é lá isso, que no cabeçalho apresenta o logótipo do estaminé do meu colega. E agora pergunta o poupado leitor:
- Eh pá, ó Gina, essa papelada não é mal empregue para ser convertida em papelinhos?
Que eu lhe respondo:
- Eh pá, não é nada, ora essa! Aliás: qualquer papel se sente honrado de ser convertido em papelinhos! Ademais hoje em dia o digital/virtual impera!
Isto do digital/virtual parece que nos livrou dum certo tipo de tarefas, mas vai que não senhores, outras tomaram o seu lugar. A gente escreve mensagens à mesma, não é. É. Eu podia ser até bem poupadinha, só naquela de fazer fosquinhas a quem for efetivamente poupadinho/a e tal, e usar tanto a frente como o verso das folhas amareladas. Mas não.
As folhas já não interessam para nada ao meu colega, eis o porquê do uso que lhes estou a dar.

Lugar (que também pode ser) da musa

Estou tão, estou tão. Li. Não mergulhei no livro, nadei levemente por sobre ele, quase que só me pus a boiar durante esses dez minutos. Ou quinze. Gosto do livro. Sério. Pois, já sei, imagine-se se não gostasse. Conta a história duma escritora que parte em busca da verdadeira história duma das criadas da escritora Virginia Woolf, isto com base no seu diário, fazendo uma pesquisa imensa, tanto que retira partes do diário da criada, bem como do da própria escritora, sendo quase tudo ficção, presumo. Quando digo quase, digo-o porque os excertos do diário da escritora parecem-me realmente retirados dos seus registos. Para ter a certeza, aí seria eu a pesquisadora. Estou sempre tão. Ca porra pá. A companhia demora. Li. Sou tão triste, aí é que está, sou.

Quarto azul

Olhem, não sabem nem julgam, mas olhem: o quarto azul está quase pronto. É verdade que já se me acabaram as férias/folgas de agosto, dias em que trabalhei exaustivamente, não só no quarto azul, como na limpeza profunda da minha cozinha, e andei de roda dos vídeos e tal, e agora o quarto está quasequasequase pronto. Vou desviar um dos roupeiros para fazer o tal triângulo, para que lá caiba o tal camiseiro. Depois é só dispor a secretária e a máquina de costura à beira da larga janela, por modo de haver prazerosos banhos de luz. Mesmo assim ainda fico com uma parede livre. Hum. O quarto é azul, mesmo azul, num tom vibrante. Eu, que vendo tintas, sei que um catálogo de cores é coisa enganadora por demais. A cor enganou-me, julguei-a mais esbatida do que afinal é, mas não me enganou bem enganada, que eu gosto muito daquele azul, portanto: menos mal. Ah, é verdade, depois vou ter de passar para os roupeiros roupa aos montes, montes de pertences, caixas e caixinhas disso assim. Já agora fica registado neste post que vou ter dois roupeiros sem portas. Não é o máximo? Sim, tudo o que está lá dentro vai apanhar montes e montes de pó, mas eu não me importo, é que dois monstros escuros, de portas fechadas, trariam tristeza à divisão, se ademais a tinta é azul mais para o escuro do que para o claro, creio que ficaria uma divisão sombria. Não quero. Sempre quis ter um quarto de vestir onde pudesse aceder a todas as roupas facilmente. Está então quase, não é. É. E aquele chão, o que vai ser difícil de lavar...? Bom, uma parte já eu raspei, nas tais férias/folgas, mas ainda falta um bom pedaço, é que a gente pondo jornais a proteger, realmente protege muito, mas não totalmente. Ao trabalho, então, já no próximo sábado de manhã, depois das compras. Hum, espera lá, se calhar não. Hum. Falta dar a segunda demão na porta e não posso ser eu a dá-la. É que a primeira fui eu que a dei e só fiz asneira, segundo o especialista calquei muito o rolo, o que fez com que pedacinhos de espuma se soltassem do rolo e ficassem por cima da porta e por baixo da tinta. O horror. Depois, para mais graça dar, ah ah, pois, o rolo não se fixava, julgando eu, claro está, que sim, mas não, e vai que numa ou noutra altura o rolo saltava e o ferro deslizava pela porta, fazendo-lhe um sulco. O horror, já disse.

Dias dum Ginásio

Já regressei, já regressei, já regressei.
É verdade que geralmente registo muitas das particularidades da minha vida, é verdade também que geralmente sou grafómana, é verdade, ainda, que tenho andado pouco grafómana, mas, ainda assim, não me lembro se registei o facto de ter regressado, finalmente, ao Ginásio, o que ocorreu há cinco dias. Pois que foi muito bom. Ontem levantei-me antes do sol, sendo que não muito depois disso palmilhei quilómetros entre os dois pontos, aí já o sol pairava no horizonte. E que cor-de-laranja que ele estava. E que grande. É que a gente não vê os contornos do sol, senão quando nasce ou se põe, e isto se não houver obstáculos a tapar a maravilha. Guardo desde ontem a imagem do sol por trás dos mastros, que não são obstáculos, que é lá isso, pois o sol deixou-se ver por entre.

Lanchinho

O lanchinho d' há bocado foi uma nectarina, já tocada, minada, penetrada, pelo bicho da fruta. Pronto, é assim, a gente corta o pedaço mau apodrecido da fruta e come o que resta, que é bem bom. Mas isto é a gente, que agentes não sei como atuarão frente a uma adversidade deste calibre.

Dos vídeos

Olhem, é assim, já tenho uma conta verificada, isto no canal do Youtube, coisa que afinal era tão fácil de fazer e tanto jeito me dá. Agora:

»»»posso aplicar em cada vídeo a miniatura que quiser, não a que o mister Youtube capta do próprio vídeo a seu bel-prazer, o que nem sempre abona a meu favor, uma vez que às vezes fico para ali com umas caras assustadoras e muimuimui repelentes;
»»»posso publicar vídeos mais longos, sendo que nesta fase, o Youtube já não mede os minutos, que eram 15, mas os megas (ou gigas, sei lá), que são 128
»»»posso usar outras músicas e não mais serei molestada aquando dalgum som musical de fundo nos vídeos que carregar

A parte chata deste último item é que na verdade para pouco me serve poder usar outras músicas, uma vez que o poderia fazer, sim senhores, mas tendo um editor de vídeos à parte do Youtube, só que não, oh que chatice, é que o mister em questão fornece aquelas músicas e só aquelas músicas. Um dia terei um editor de vídeos diferente, que há esperança no porvir, mas, sendo assim, lá continuo eu a usar os sons deste mister pela via de sempre e acabou a conversa.

Porque é que não tenho tido planos para o fim-de-semana?

Nas duas semanas passadas não houve planos para o fim-de-semana no blogue, geralmente apresentados à sexta-feira, porque havia os bolos que eu tinha feito nas quintas-feiras, aquando daqueles dias especiais que apelido de férias/folga. Filmei a feitura dos dois bolos, eis os vídeos :








Primeiro

Bom dia. São dez e zero. Sempre quis, sempre quis, sempre quis – um zero num destes posts 'Primeiro'. Quem sabe não seja esta, afinal, uma vez primeira, mas, se bem me lembro: não é.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

Mensagem da (por ora) pouco grafómana

...

o mundo de lá fora
o mundo por dentro
recortes, vá

Lugar (que também pode ser) da musa

Cinco, os dias que há que não visito o lugar (que também pode ser) da musa. Sinto menos saudades do que devia, sinto a inquietação do costume e um impulso menor, portanto estou a esforçar-me para escrever coisas, tanto disto aqui como de mim. Estou demasiado inquieta para não escrever, no entanto. E no entanto estou demasiado inquieta para escrever. Não li o livro do momento. Mas que grande admiração há nesta última questiúncula, não é. É. As pessoas estão todas morenas, só por dizer que há exceções, claro está. Exetuando portanto as exceções: as pessoas estão todas morenas.

Aos poucos vou

Aos poucos vou eliminando as ideias para vídeos, restam quatro: 1meias, 2ginástica, 3canto, 4cão. O mais certo é ser esta a ordem, por uma questão de facilidade e avanço, ou seja: 1 está a meio da execução, 2 é agarrar na vontade e estender-me no chão, 3 é ter a cantiga no pêcê, 4 é mudar o sofá e chamar o cão.

Primeiro

Bom dia. São onze e cinquenta e seis. O blogue anda à deriva porque, claro está, eu ando à deriva porque, escuro está, não sei. Falta o impulso, não o tema, a ideia, ou a construção do texto cá por dentro, não, é o impulso que me está a faltar. Está calor, aliás: está tanto e tanto calor, e já que a culpa é sempre do tempo... pumba e coiso. Olha, deixo mas é vídeo, este conta com partezinhas inéditas, são-no todas, menos a primeira, onde aparece a pedra da crua vermelha, lá longe, tanto no tempo como no terreno.


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Quarto

Quarto quatro. 4, ah ah. Quarto de século, 25, a idade que a rica filha completa hoje. Sim, eu tenho uma filha com 25 anos. Um quarto de século, como ela própria diz, como eu própria disse há 23 anos, imitando, neste caso eu, a expressão que ouvira a alguém muito próximo uns 6 anos antes. A rica filha merecia um post diferente deste para registar o seu aniversário, mas olha, pumba e coiso. Ah, espera lá, vou mas é buscar uma questão das dela, uma assim como que adulta, como fiz com o post do rico filho, aquando do seu aniversário. Copio então uma questão - sei lá se muito adulta da rica filha, se muito idosa de mim - ó:


«Eu que não chore no lugar da musa, antes guarde as lágrimas, por exemplo, para a senhora do Banco, que é pessoa capaz de as notar e nada dizer. Eu que deixe as tais cadeiras transparentes, que por o serem deixam passar assuntos. Há uma filha sexagenária e uma mãe octogenária que comem cada uma seu cone de gelado. A filha faz papel de mãe. É assim a vida, ao fim dumas décadas os papéis invertem-se. Afirmação corriqueira, já sei, mas.
Às vezes vislumbro o meu futuro enquanto mãe duma filha, já noto a rica filha no papel de minha mãe e noto, também, que me revejo nela e não é só fisicamente, não, há tiques e expressões que me foi buscar. Não mos tirou. Não me imitou. Nada disso. Foi-mos buscar.
«Pronto, já lavei a tromba» anuncia ela, no fim de lavar a cara com esmero, e acrescenta «como diz a minha mãe». Eu sou assim: uma besta. A rica filha (ainda) não.»

1632

Faltam-me tantas etiquetas no blogue, tantas, tantas. Por exemplo:

blogue;
blogosfera;
redigir;

É que redigir não é escrever. Ou seja, quando ponho a etiqueta 'Escrever' num texto como o anterior, o mesmo em nada se refere ao ato de escrever, mas sim à preparação, a uma envolvência, a uma ideia. Mas vou pôr a etiqueta 'Escrever' neste post, ai vou, vou. E também pus no anterior. Assim como já pus em trezentos e cinquenta e sete outros textos, sendo que este é o post mil seiscentos e trinta e dois.

Terceiro

Enganei-me a digitar o título do post anterior, pus letras maiúsculas onde não deviam ser assim tão grandes, então vai que me lembrei de começar a intitular em letra maiúscula. Este post, por exemplo, ficaria: TERCEIRO, não seria o máximo?



















NÃO.

Segundo

O fim-de-semana foi muito bom, obrigadinha. Fiz lasanha duas vezes e tudo, numa: de cogumelos, noutra: de atum. Pode fazer-se lasanha daquilo que a gente quiser, até se pode fazer só com milho ou só com abóbora, muito embora não presuma que nesses casos se encontre uma boa lasanha ao depois de gratinar. Hum... não. Também fiz coisas com farinha, ovos, açúcar e manteiga. Há duas semanas que não debito os planos doces a fazer no fim-de-semana e isso deve-se ao facto de terem ocorrido vários dias de férias/folga, o que fez com que o dia da doçaria caseira fosse a quarta-feira ou a quinta-feira. É. É, não é. É. É, é.

Primeiro

Bom dia. São nove e dezoito. Em casa, eu, quem mais?, de férias/folga.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

1628



A Carminho tinha nas mangas uma faixa da mesma cor que o meu verniz. Na maca, o rolo de papel protetor de senhoras a serem depiladas tinha a cor verde-água. Verde Água era aquele blogue. No último setembro houve coisas assim:
Confissão
Está bem, sim senhores, vamos lá:
Eu, bloguer me confesso, este espaço virtual é todo ele escrito pelo alter-ego, aquele gajo que não se contenta, que quer mais e mais e mais. Eu, a mulher, pouco crio aqui, vencida que sou pelo dito.
Percebeste?!
É realmente difícil perceber se é a vida que toma contornos despropositados ou sou eu que ando à deriva. Sem propósitos, portanto.
A boa notícia será porventura esta: não é absolutamente necessário perceber nada do que se passa na minha cabeça.
Arrumações
Tenho um amigo. Não chamo amigo a qualquer um, se calhar este até nem sabe que o é tanto assim, mas considero-o meu amigo porque já deu mostras disso algumas vezes.
Um dia passou na rua e olhando de relance para dentro da loja viu-me de costas debruçada sobre o balcão e olhando sem pestanejar numa determinada direção. Entrou e diz-me que havia resolvido parar para me dizer que eu parecia o Gabriel Pensador.
O que eu mirava com tanto afinco era a prateleira das ceras. Os novos fascos não iam caber no sítio do costume, o que significava que ia ter de fazer uma série de mudanças. Então fiz menção de lhe explicar o motivo. Ele, apesar de ser meu amigo, não lhe apetecia ouvir-me. Fez-me sabê-lo mas lá se deteve um poucochinho de tempo e eu desbobinei.
Agora pouco mais resta para escrever. Só falta dizer que compreendo que nem sempre nos apeteça ouvir problemas que parecem tão minúsculos quando colocados diante dos nossos. E acrescento, já agora, que dói um bocadinho menos perceber a sinceridade das pessoas. Comigo é assim.
Maçã ferrosa
Uma cliente do meu colega comprou-lhe cavilhas para espetar numa maçã, diz que é bom para criar ferro, faz bem à saúde, à anemia mais concretamente.
Vai daí, pergunto eu, do meu pedestal:
- Então e depois a mulher come a maçã ou chupa o prego?
Aflição
Escrever é aflitivo.
Hoje despi o casaco mas as pulseiras ficaram presas nas dobras das mangas.
É uma aflição escrever (agora está a ser) porque eu queria escrever comicamente para a gente se rir, descrevendo a verdadeira saga que é as mangas dum casaco ficarem presas em meia dúzia de pulseiras, ficar ali com as mãos escondidas, como que enclausuradas num pedaço de malha fina que por as pulseiras terem ficado lá enroladas não me consigo libertar, sendo que as mãos são o principal instrumento para a libertação... E não consigo ter piada absolutamente nenhuma. Bolas.
Substâncias
Estou convencida que o trazodone me faz falar. É como um dreno, aquilo. Tenho impurezas e a substância fá-las sair. Sai tudo o que não presta, frustração e raiva. Falo, digo parvoíces, algumas frases saem em rajada. Pode ser que faça bem este não-acumular de coisinhas.
A cafeína é outra. Mas essa é mais tipo mola impulsionadora, põe-me a rir (leia-se cacarejar) e faz-me saber que a vida é bela. Podia dizer que me faz ver a beleza da vida. Mas não. Faz-me saber. É diferente. Como se a cabeça se me abrisse para receber essa informação. A vida é sempre bela, eu é que não sei isso em todos os momentos.
Estou asténica e enérgica. Não em simultâneo, claro está, mas saltito entre um e outro estado há horas. Até estou um tudo-nada tonta.
Hum...
Esteve aqui um senhor bem-parecido e aprumadinho. Pediu-me um serviço e eu fiz. Ficou satisfeito, pagou e saiu.
Este post fica só assim para o leitor imaginar o que lhe aprouver. Ainda estou na onda de mistério (ver post anterior).
Não é uma maravilha esta interação entre nós? Eu dou o lamiré e o leitor desenvolve com a sua própria criatividade...
Conversa
Ela podia ter-me perguntado quais são os meus sonhos ou o que domino melhor. Só para a gente passar o tempo entretidas. Mas não. Podia ter perguntado eu, sei disso. Só por dizer que agora ando a ver se aprendo a não fazer perguntas.
Rebaldaria
Há sempre uma maneira de ridicularizar tudo e mais alguma coisa. Diz que as lojas de venda de ouro em segunda mão promovem o roubo. Usando a mesma bitola, a Feira da Ladra promove o roubo e a venda clandestina. Transforma os vendedores/compradores em cooperantes de graves crimes, é o que é. Mas é também a Feria da Ladra, esse nicho de sensações permissivamente ilícitas.
Comunicado
Quando começo a escrever o abstrato, ou por outra, o que ninguém quer saber:
«São 23:26, acabei agora mesmo de lavar duas frigideiras muito engorduradas e tenho as mãos a escaldar porque a água estava demasiado quente.»
É porque o que anda cá dentro dói que se farta mas não pode ser escrito sob pena de tomar uma forma física qualquer que me chicoteie ainda mais.
Eu sei que é assim, mas o leitor é capaz de não ter este conhecimento. Por isso o comunicado presente.



Hoje estou mais nostálgica do que grafómana.