sábado, 21 de novembro de 2020

A caneta e.

sobravam-me cinco minutos
e resolvi-me a subir a rua para ir à papelaria do primo
e fui atendida pela prima, o que não tem sido comum
e por isso é que ela não me reconheceu logo
e desviei a porra da máscara
e ela riu
e fez 'oh'

Fui comprar uma caneta da gama das anteriores (hiperligação) mas de uma outra cor. Já nessa altura fiquei com vontade de ter uma de cor aceitável porque, mesmo que raro, por vezes escrevo aceitavelmente, tipo quando assino papelada ou coisa assim (ora, julgavam o quê?). O pote estava na montra e apercebi-me que a prima, pequenina pequenina, dificilmente lhe chegaria, então: estiquei-me eu. Experimentei a caneta somente quando cheguei a casa e levou um ror de tempo para a tinta lhe descer. Quando desceu registei 'lai lai lai', e isto sou eu a cantar de aliviada, de irónica, de contente. Há porém um descontentamento: a mola é parva, umas vezes o bico retrai, outras não, o que só me molesta porque as minhas canetas andam dentro da mala nos rebolões do costume e se alguma tiver o bico de fora vai pintar-me o interior e eu, pá, não quero. Medida a tomar: comprar um estojo. A papelaria dos primos tem.

panorama: pandemia

Actualmente, uma fungadela ruidosa está ao nível de uma bufa. Entenda-se que em constrangimento, não em decibéis.

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Sonho

Sonhei que alguém me dizia que sou inexpressiva e estou sempre ausente. É na mesma ser e estar.

terça-feira, 17 de novembro de 2020

as horas que são

dezassete e trinta e dois no relógio da torre
vinte e cinquenta e nove no digital à disposição
(e o momento, o mesmo)

Lisboa, Lisboa

Vinda da Passos Manuel viro na António Pedro para lhe percorrer um poucochinho - contudo até ao fim - atravesso a António Pereira Carrilho e adentro a Quirino da Fonseca. Em alguma destas ruas, é certo que um homem saiu de um prédio e parou para decidir para que lado viraria. Percebi a indecisão pelo rápido virar de cabeça, e demorou tanto tempo que não estou sabedora qual foi o lado escolhido.

Lisboa, 17 de Novembro de 2020

Céu azul e outonal é como está o desta tarde.

semelhanças

^^^^^à semelhança de outros anos, a árvore amarela tem duas folhinhas castanhas que presumo serem de outros anos, o que é também à semelhança de outros anos
^^^^^e pensava eu que, não tendo qualquer folha ou folhinha - opostamente, incrivelmente, curiosamente – qualquer uma das vinte e seis árvores da rua mais bonita de Lisboa tem vestido muitas folhas, umas mais que outras, óbvio, mas, é outrossim óbvio que pode isso dever-se à diferença por entre espécies
^^^^^as meninas-estátua continuam sem mãos, ainda ninguém lhas atarraxou, soubesse eu e far-lhes-ia essa melhoria
^^^^^o banco hater lá está, desacompanhado, há tempo e tempo que lá não me sento, e é isto por conta do semáforo ali próximo estar desafinado, então: escolho outro caminho e já só me lembro dele, sequer o avisto
^^^^^já o poeta, avisto-o melhor agora porque folhas se foram às árvores que o circundam
^^^^^a árvore meio-folhada mantém o mesmo número de folhas, presumo, hei-de observar o chão ao redor para me certificar que não se descabela no Outono, no Inverno, na Primavera, no Verão, no ano transacto, no ano corrente, no ano vindouro – encontro-a sempre igual, dizem-me os meus olhos
^^^^^as três estátuas que estão de costas umas para as outras, notei as mãos de uma delas, a cabeça na direção de um arbusto, que a coroava, e isto tudo de frente para mim

das folhas das árvores

as folhas das árvores da avenida, pois que todos os anos é igual
cor cor cor cor cor
verde, amarelo, laranja, dourado, castanho
no outro dia tirei uma foto, aproveitando uma perspectiva onde se juntavam muitas dessas cores, mas não ficou nada bem, joguei no lixo

Consulta

Na sala de espera, li blogues; rabisquei no bloquinho rudimentar; tratei de categorizar as folhas das árvores, registando no caderno onde encontrei quais - duas delas são da minha amiga árvore amarela – consultei o Pinterest; olhei para o Instagram e editei umas fotos. Depois, durante a consulta, na hora de revelar o meu peso corporal – mediante solicitação do senhor doutor, claro - respondi orgulhosa e categoricamente: cento e treze. Considerei boa ideia acrescentar um quilo aos que realmente tenho, podia o senhor doutor ser daqueles que não diminui o peso da roupa ao que a balança diz. Resultado: ele apontou o número que eu disse e nem me mandou subir para a balança. Fiquei siderada. No fim não me aguentei: - O senhor não me mandou subir para a balança! Ao que ele respondeu: - Mas a senhora acabou de me dizer que pesa cento e treze quilos, acha que eu não ia acreditar?

E pronto, fui à consulta de Medicina de Trabalho, o que não ocorria na minha vida vai para quatro anos. Esta não foi, portanto, vez primeira, dantes ia mandada de outro patrão, só por dizer que continuo a trabalhar num balcão e de volta do mesmo tipo de artigos, o que é curioso que farta. Mas o mais curioso foi ele ter-me perguntado se no meu local de trabalho era bem tratada. Achei muito bem, fiquei contente. Mesmo. Não ironizo, é bom que se vá dando atenção à mente das pessoas, sei como é trabalhar num lugar que dá conta da mente e, por isso, dar conta do corpo.

Táxi!

O meu colega viu-se obrigado a chamar um táxi por conta de um trabalho urgente. O táxi não foi necessário por o trabalho ser urgente mas a obrigação desse chamamento foi causa da ausência da mota, essa ferramenta, a mais-valia + + + na vida deste cavalheiro. Entrou no veículo e ouvi-o dizer: - «Ora boa tarde, amigo.» E blás, sei lá que mais disse ele. Ou por outra, sei, disse um endereço que no blogue se vai chamar destino.

Elevador

O meu bloquinho rudimentar passou o fim-de-semana no estaminé porque me esqueci de o levar comigo para casa. Não lhe senti a falta porque não precisei dele e, precisando, a questão seria elevada a saudade.

Dióspiros & Marmelos

dióspiros
Já experimentei aquela receita de dióspiros assados. Melhor fora ter-me lembrado da possibilidade de os dióspiros não estarem suficiente maduros. Não estavam. Isso conferiu o desagradável sabor acre que já em cru, não duvido, mantinham. Paciência. Não haverá próxima vez.
marmelos
A vizinha Gislena ofereceu marmelos, com eles fiz marmelada no fim-de-semana e trouxe-lhe um frasco. Ela ficou agradada e, em forma de reposição da oferta, apareceu no estaminé com um frasco de pedaços de pêssego que foi ela que acomodou e fez passar pelo processo de conservação. Trouxe também mais marmelos, estes mui belos – lisos, cheirosos, amarelos.
O Gualter foi também agraciado com a marmelada que fiz e idem para a rica filha. E só não o foi também o rico filho porque é iguaria que dispensa.

muitos anos

há muitos anos que a minha casa não tem jeito nenhum
trabalhei muitos anos num estaminé que não tinha jeito nenhum
esforço-me, e não é pouco, para que o meu estaminé tenha jeito algum – mas – e não tem

é ver com outros olhos:
para começar: tenho casa
para continuar: obtive rendimento
para seguir: tenho um estaminé... tenho o! estaminé

Ouvidos no estaminé

A aparelhagem de som estava no modo CD e quando cliquei no botão as rodinhas da leitura de som puseram-se em marcha. Cantou Eric Clapton, «look into my father's eyes». Lembrar-me do meu pai era inevitável - há algum tempo que lhe ouço a voz e lhe não vejo os olhos.

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Lisboa, Lisboa

Anoitece. A Árvore de Natal da Praça do Comércio está quase pronta, não tarda vou poder admirar-lhe as luzinhas e o colorido todo. Dizem que aquilo é só um cone feito de ferro e eu, pá, já se sabe que me embeiço por coisa nenhuma, né?

Lisboa, Lisboa

Entardece. Há música e pessoas na esplanada do quiosque barra cafetaria que está junto ao muro de pedra.

Lisboa, Lisboa

ferrageira que se preze espalha parafusos por onde quer que

Lisboa, Lisboa

Um homem lixava o gradeamento da universidade e um outro soprava o chão para juntar as folhas de Outono. Máquinas - Um homem usava uma lixadora e o outro um compressor.

sombras e pernas e luz

agora já não me é dado ver as sombras das pernas da minha cadela na parede logo que acordo, tanto porque mudei de quarto e a perspectiva é outra, como porque a luz da manhã já não aparece tão cedo
ainda assim, através do espelho, vejo luz por entre pernas, as minhas, quando caminho para a cozinha
isso não mudou

domingo, 15 de novembro de 2020

Nós por cá todos bem, obrigadinha.

No activo

Por vezes o meu telefone avisa-me que tem a 'prevenção de toques activada'. Se bem me lembro fui eu que optei por dizer 'sim' a essa função, presumi que ia ser necessária, mas sem concretizar ideia nenhuma. E, no entre destes tantos, percebi que foi efectivamente necessária porque se activou quando lhe toquei e não queria nada tocar-lhe, queria deixá-lo sossegado, apagado, calado, frio, escuro. É para isso que serve a prevenção, então, ah.

Desde Lisboa

Nunca vi a senhora tão interessada no meu discurso como daquela vez em que lhe expliquei como chegar ao mundo das tábuas bonitas. Portanto, a senhora dirige-se aos Olivais, passa Cabo Ruivo, não adentra a Ponte Vasco da Gama, que não é a catedral da compra que nós queremos, pâ pâ pâ, note que está no IC17, pâ pâ pâ, chegue ao Túnel do Grilo, pâ pâ pâ, desce, seguindo as instruções deveras boas que o conselho lhe adianta e, não duvide, eu não duvido, que localizará facilmente o mundo das tábuas bonitas.

pâ, id est: segue

Lisboa, Lisboa

Há dias, enquanto subia a avenida da ladeira cor-de-rosa assaz espezinhada lembrei-me da meia dúzia de vezes que usei as escadas devido ao lixo e entulho que ia conseguindo. Na última dessas vezes - incrivelmente; curiosamente – esqueci-me que moro no terceiro andar e subi até ao quarto. Quando abri a porta que separa as escadas do átrio, apesar de tão iguais – quem sabe daí ter subido mais um andar – percebi que não me 'pertencia'. Não sei se devido ao cheiro do ar, se por as manchas na parede serem outras, noutro ponto, doutra cor. Entretanto cheguei a outro fim--desemana... ai perdão, fim-de-semana e as vivências não estão a diferir lá muito, não. Quero dizer: no particular de levar muito entulho para o lixo, não estão.

«Não é tão bom a gente ver as mesmas coisas mas não ver o mesmo nas coisas?»

o que está no título fui eu que escrevi, em resposta a um comentário, há quase três anos - 30Nov2017 [aqui]

nota tão breve quanto importante:
este é o post 9000

Gina, numa relação com o supermercado.

Luzes de Natal na passadeira rolante, iei! Árvore de Natal iluminada, iei! Brilho, iei! Em suma: Natal, iei!

Esqueci-me de pôr a máscara. Sério, ó Gina, nem é nada ocstume, ai perdão, costume, pois não? Ia já bem dentro do Centro Comercial quando dei pela falta da máscara porque vi a funcionária da limpeza mascarada, que foi, notem bem, a primeira pessoa que avistei depois de entrar no espaço.

Doravante, em prol do menor risco de contágio, o supermercado abre meia hora mais cedo. Para mim é bom que se farta, para ti, soubesse eu e punha aqui. Outra medida que agrego a este item e que aprovo até dizer chega é as caixas estarem todas a funcionar. Isso sim, faz com que as pessoas não se amontoem. Muy bien, cariño mio, hasta luego.

Novo item. Cá por coisas, mas para falar do mesmo, o horário. É que até as lojas do Centro Comercial estavam de portas escancaradas, os interiores iluminados, o pessoal lá dentro preparado para o governo. Notem que, aqui, o governo não é o Governo. Obrigadinha.

O rol de compras contém pensos higiénicos e já a lista de faltas os exibia. Tudo isto me fez sentir uma pessoa muito bonita por dentro.

A abóbora, escolhi a mais gorda. Parece saudades, esta escolha. Hum.

Imaginem lá como são os lenços de assoar... São com motivos natalícios, claro! Iguais aos do ano passado, se bem me lembro. 'Merry Cristmas!'; 'Ho! Ho! Ho!', azevinho, pinheirinhos, bolas, pinhas às risquinhas e arabescos. Tudo, mas tudo, em verde e, ou, em vermelho. É Natal, afinal.

Pareceu-me que a senhora da caixa cantou em surdina o tempo todo – mmmmmm, mas não consegui ter essa certeza. Numa próxima vez pergunto-lhe.

Éramos seis

Um dia destes vim a saber que os ricos filhos, em certa hora do dia, e já avançada, até aí ambos haviam comido duas sandes. Quem fez o anúncio – pomposamente, pois claro – foi a rica filha. É bem capaz de, por junto, ela ter exposto o motivo da parca alimentação até então, mas não fixei, mas olhem que fixei o motivo do rico filho: foi para não mais desarrumar e sujar a cozinha. Enfim, por mais que se ensine as criancinhas, que se consiga que cheguem a homens e mulheres com os valores ajustados, a verdade é que nada bate o 'estar por dentro', o 'viver a coisa'. É. É, é.

Lisboa, Lisboa

Durante a infância e adolescência o rico filho teve uma ligação tão forte com o futebol que, se vejo algures uma bola, imediatamente relaciono a imagem com ele. Esta bola, fui dar com ela na rua Aquiles Monteverde.

Lisboa, Lisboa


É a Avenida da Liberdade. Sempre bontia... ai perdão, bonita, né? Por entre fotos, no blogue: o texto, na vida: comer uma maçã. Em tempos vivi uma semelhança, só não sei em que modos preparei o blogue, tampouco lembro se cá pus alguma coisa que se lhe referisse.
~~~Vou pesquisar.
~~~~Encontrei.
~~~~~É registo de Dezembro do ano passado e pode ler-se se se (três ses, ó pá tóin xiru!) clicar aqui. De resto, desta vez senti também a trepidação do Metro nos pés. Olarila. Ah, as fotos é a apresentação das duas perspectivas, se em uma apontei para os Restauradores, na outra apontei para a Rotunda do Marquês de Pombal. Porém e todavia: não se lhes vê nem um só pedaço.

sábado, 14 de novembro de 2020

Muitas vezes

Se dantes eu via o carrinho pecanininho circulando pela cidade a toda a hora, agora vejo o carro inglês.

Uma vez

Uma vez, num cabeleireiro, encontrava-me tão sedenta que pedi um copo de água a quem me estava a atender e que, percebi depois, era a manda-chuva do pedaço porque se apressou a incumbir uma das funcionárias na demanda de um copo de água. A escolhida mostrou má vontade e protestou que tinha que descer lá abaixo. Virei-me para a manda-chuva e expliquei que podia ir lá eu, ora essa. Ela travou-me com um 'não' e virou-se para a funcionária, repondo peremptoriamente a ordem: 'Vais lá abaixo e trazes um copo de água para esta senhora.' Na sequência senti-me no meio de alguns opostos, de serviçal a senhoril, da ralé à nobreza, de pedinte repelente a merecedora de deferência.

Nós por cá todos bem, obrigadinha.



Ando às malucas com lugares vazios, isto naquela de ver se os preencho e, de momento, tenho a escrivaninha dentro de um roupeiro, um pequeno móvel que pertence à rica filha dentro de um outro, roupas nas gavetas, no varão, sapatos e botas e chinelos e ténis nos compartimentos, toalhas em rolo em cima do tla... ai perdão, tal pequeno móvel. Pá, sempre quis que as minhas tolhas (de banho e companhia) estivessem enroladas e empilhadas. Não sei que forma é que aquilo tem (para além de rolo, claro), gostava de fazer a coisa poética – ah, as minhas toalhas são como um crepe! (falta-lhes é o recheio e ainda bem) Bom. Então. Abaixo e acima temos fotos mas qual mostrar o descrito neste post qual quê. Nada. Mas é que nada, mesmo. Se a de cima tem coisas, a de baixo pois que não.


quinta-feira, 12 de novembro de 2020

é noite

agora que anoitece quando ainda estou no estaminé, há facilidade em se ver de fora para dentro e as pessoas vão poder ver-me a escrever, o que se assemelha àquilo que há tempos pus no blogue
id est - as pessoas que passam na rua vão poder ver-me escrever o que vocês vão ler, eles: sem que me leiam, vocês: sem que me vejam

Pois.

O aldrabagate tem duas partes. Uma contém em si duas peças, que numa extremidade tem um gancho e na outra uma argola. Nessa argola está preso um piton. A segunda parte de que falo é outro piton. Uns sem o outro vence-se bem mas havendo unanimidade das partes, estas conseguem uma segurança aldrabada. Já o nome o diz. Pois.

Caixa de correio

Na rua mais bonita de Lisboa, a caixa do correio já não está na casa azul. Presumo já ter registado algures neste blogue espectacular a ausência da dita caixa, a qual deu o mote para o post onde digo que 'Quanto mais se vive mais marcado se está. Mas nem por isso mais marcante'. Eu sei, eu sei, é também uma ideia espectacular, é juntá-la ao blogue e rebento com esta merda toda. Falta só dizer que o botão de campainha é o mesmo, creme, em plástico. Dir-vos-ia a série a que pertence mas é anterior à minha profusa sapiência acerca deste corredor de artigos.

Que aborrecida

Atenciosa. Atenta. Não é a mesma coisa. A atenciosa exprime-se. A atenta é muda. Contudo, as expressões da atenciosa nascem da atenta. Ninguém aguenta tanta atenção. É.

folhas

faço coleção de folhas, no fundo é isso
apanhei umas quantas
umas porque são bonitas, outras, se são feias, então passam a bonitas e, ainda, umas outras que são o que são em cores – amarelo, cor-de-laranja, vermelho e bordeaux
há até uma avenida lisboeta com muitas árvores e é cada uma de sua cor, gosto sempre de ver essa correnteza em cada Outono
não fora o Outono o que é, de importância, obviamente por mim falo, e a maiúscula destoava, assim: não

Novidade

Nem queriam saber o que é agora o meu bloquinho rudimentar! É aquele aglomerado – se bem me lembro foi assim que lhe chamei [não, não foi, foi amarfanhado, é ver aqui] – de folhas de linhas com furos porque são apropriadas para um dossiê A5, e foi precisamente os furos que usei para introduzir uma fita acetinada e amarela, dar-lhe voltas e mais voltas, umas bonitas e outras um bocado parvas, sim, mas capazes, e guardei este tosco caderno. Entretanto, por ter mudado os meus já preenchidos cadernos – os meus diários, pronto – de lugar, descobri este aglomerado e decidi que doravante vou usá-lo então como bloquinho. para tal tenho é que rasgar as folhas ao meio na sua horizontalidade, o que não é difícil.

imagem

a foto abaixo resume o texto que publiquei há dias
pode uma imagem dispensar mil palavras, dizem
fica assente que descrevi esta imagem sem considerar que a fotografaria
fotografá-la foi portanto uma pós-decisão


nota: espelhei a imagem, na ideia de tirar realidade ao lugar, como se ter imagem e texto de um só assunto não pudesse ser, por mim, feito

bye bye ó caderno que já por si diz bye bye

Já estreei o novo caderno, aquele que comprei lá na papelaria do primo (e também já chegou a agenda). Do anterior, o findo, achei por bem esmifrar-lhe as folhas. Foi até uma questão ecológica - Assim esmifro a matéria. Gasto. Uso. - pensei eu. Mas só pensei, que me fartei foi do fim, deixando folhas em branco, e muitas. Faço isto em cada mudança de caderno, é um facto.
A foto acima é do novo caderno. Acerca do anterior, podeis apreciar um retrato se clicardes aqui. E, ainda desse falo, há cento e trinta posts neste blogue que, antes de mais, foi lá que os registei. Sei este número porque costumo pôr um vê alto e de cor apelativa em cada coisinhazinha que de lá copio, só não tenho é comparação por entre os copiados e os que não, e, se não tenho, é porque considero um melhor emprego do tempo a escrever outras coisas, mais coisas, em dias vindouros.
Abaixo deixo uma foto que é como que contrária à de cima, tem o foco em outro lado, mostrando os desenhos que vêm nos pacotes de lenços. Desta vez não vou descrever os desenhos, mostro-os em imagem e acabou a conversa.

Coisas

Ando de roda de coisas que não lembram a ninguém. Guardado em dois frascos, encontrei, não o despropositado, porém, o inesperado:
^^três espelhinhos pertencentes a conjuntos de viagem – bolsa, pente e, lá está, espelho
^^um laço feito em baquelite e pintado a dourado
^^uma pulseira de plástico em espiral
^^seis pedaços de lacre, uns mais pequenos que outros que, obviamente, são maiores do que esses, mas é cada um com o seu tamanho e todos pertenciam a uma barra inteira que viajou do velho estaminé para estoutro e deve ter sido quebra resultante da viagem, o mais giro é que um dos pedaços diz 'commercial', tal e qual, com deois émes
^^um caroço (que presumo ser) de nêspera (e que presumo ter sido uma generosa oferta do Antunes, afinal é seu costume apanhá-las lá no pátio do lugar escondido e vir ofertá-las)
^^uma amostra de fio (se calhar em algodão e decerto em) branco
^^uma fita bordeaux que vinha na embalagem de bolso que comprei na pastelaria Philip's Biscuits
^^um rolo de cabelo mais velho do que eu, mais torto do que eu, tão enferrujado como eu
^^uma rolha de cortiça maior do que as de garrafão e que está muito mas mesmo muito envelhecida ^^uma partezinha em plástico que caiu de um gancho de cabelo
^^uma partezinha em plástico que caiu de um elástico de cabelo
^^três partezinhas em metal que vinham num cinto
^^uma bola de plástico furada como se em polos, era de um colar, daí os furos
^^uma porção de prego líquido seco em forma de cone porque o aplicador é um bico
^^uma ficha tripla castanha, no estaminé a gente chama-lhes de 'simplezinhas'
Não me aguentei sem captar o caroço (que presumo ser) de nêspera, mesmo destruído, afinal todas as coisas apresentadas por escrito estão velhas, gastas, feias, mas, com tudo e por tanto, o caroço é um organismo, daí ser especial o suficiente para conter registo fotográfico.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Lisboa, 10Nov2020

A árvore amarela está nua, há nela zero folhas, não mais dando, portanto, azo a erro. A não ser que não tenha dedicado tooooooda a minha atenção aos ramos. Se assim for, então venho cá rectificar isto tudo.

Lisboa, Lisboa

A Praça de Espanha está bonita, tem muito verde. Principalmente no chão. Ponho a bem-aventurança nas biclas, eu.

é uma limpeza

Sabem aquele gesto das maquilhadoras (vê-se muito no Youtube) de sacudirem o excesso de maquilhagem que subiu para o pincel? Então pronto, faço igual, isto em pincel, que a maquilhagem que sacudo é mas é as limalhas que as máquinas atiram para cima do balcão. Depois ficou limpinho, há foto da limpeza e tudo. Mas é bom que se suje sem demora, lá isso é.


 

fita métrica

Não há como jogar esta fita métrica:


… No lixo sem fazer um registozinho no blogue, ora essa. Trata-se de um bem que durante décadas regeu medidas no velho estaminé, mesmo que, em certa altura e de tanto uso, tanto tira-mete, tanto vaivém, os primeiros dez centímetros foram com o caraças:


É caso para dizer que foram números apagados pela regência do destino – dependia, e não era pouco, dos artigos solicitados pelos clientes, pela passagem do tempo – afinal é existência que tudo apaga. Ah, e para medir, era com o dez a fazer as vezes do zero, até dava para exercitar a cabeça, lá isso dava.

quero ser diferente

Num feed de rede social, um de venda de roupas, notei que uma fotografia juntava pessoas que aparentavam o peso certo ou então não, pessoas com deficiência e, ainda, de etnias várias. Presumo que queiram mostrar que eram, ou são, em suma, pela igualdade. Não tenho nada contra estas misturas, ora essa, até me alegrei de as ver, só que as imagens puseram-me a pensar que notar as diferenças não é o melhor caminho para sermos iguais... Enfim, encontrei um paradoxo. Hum, então até já.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Um (1) cliente

Por mor da pandemia e inerentes medidas de segurança, o espaço do estaminé reservado à clientela permite a permanência de um só cliente por vez. Ainda assim, se noto que há mais do que uma pessoa aguardando na rua, desloco-me ao limiar da porta e atendo daí o cliente que segue, ocorrendo este trâmite especial e extraordinário se o meu colega estiver a atender o cliente que se encontra cá dentro. O giro disto tudo é, principalmente, a minha movimentação. Vou até ao cliente, ouço ao que vem, respondo, entro e retiro da prateleira, levo, ouço o que lhe aprouver dizer, respondo. Se o cliente se desinteressar do(s) artigo(s) acaba aqui a nossa história, se pelo contrário, então trago o numerário, ouço os dados e faço o registo, levo o troco e a factura e é 'adeus, até uma próxima'. Mas, havendo o caso de o cliente preferir pagamento através da maquinaria wireless ao dispor de toda a gente, então ó 'migo, vai ter que aguardar que o cliente que lhe precedeu abandone o recinto. Fica engraçado aos bués chamar recinto ao espacinho que, por ora temos para a clientela.

asteriscos em modo subtil

Naquele fornecedor que tem um balcão igual ao meu hei-de ser ainda durante alguns anos a cara da Horex*, mormente porque, aquando do *velho estaminé, partilhava fornecedores com o meu colega. Portanto, na normalidade da minha vida comercial, da parte desses mesmos fornecedores, actualmente ainda persiste uma certa dúvida: a menina vem de onde...?

asteriscos

entalei a flor* no gatinho*
murcha está a flor e contente o gatinho
*flor...
*gatinho...

domingo, 8 de novembro de 2020

para recordar o sofá azul ad infinitum


 

Flores

Até parece que na foto não há flores, mas há-as. Em assunto de flores, já agora, cabe dizer que num dos passeios com a cadela e em outro dia, me cheirou fortemente a flores. Olhei em volta e vi toda uma colina (mas em pequerrucho, era uma inclinação, vá) atapetada de folhas castanhas. Não querendo acreditar que folhas secas cheirassem tão bem, reportei o sublime odor para os canteiros que ali habitam há qu' anos. O passeio deu-se, a chegada a casa deu-se, e o cheirinho bom mantinha-se... Porque era do meu cabelo que partia. Pá, às vezes uma pessoa lava-se e.



Consultório

«Grafico de puntos acupunturales estandarizados de China», li eu por três vezes, por em três posters estar como título. Ou tema, vá. O consultório é todo ele poliglota, isso já eu havia percebido, só não tinha ainda registado no blogue. Temos portanto Espanha, China, Inglaterra e Não Sei Que Mais mas vou pôr Portugal. Numa próxima ocnsulta... ai perdão, consulta certificar-me-ei se os posters contêm coisas escritas na língua de Camões e da Gina. Atente-se na diferença entre as preposições, por favor. Grata.

Sonho

Sonhei que pessoas minhas conhecidas liam o meu lbogue... ai perdão, blogue. Muitas, muitas pessoas, inclusive aquele cliente do estendal de tecto.

Mais receitas

Tenho mais receitas a experimentar, vindas na revista do supermercado. Trata-se de:

tarte de lima e coco
bolo de framboesas
bolo de dióspiros
dióspiros no forno

Qualquer uma destas quatro é interessante para experimentar. A tarte é feita com leite condensado de coco. O bolo de framboesas, de açúcar, é usado o em pó. O bolo de dióspiros, presumo que já tenha ouvido falar e até me parece que o cheguei a experimentar, assim como me parece que o que experimentei foi o de manga, do qual nenhum dos comensais gostou, por isso olhem, vou experimentar este, ai vou. Os dióspiros no forno, esses é que não experimentei, tampouco algum dia engendrei tal coisa. Entretanto, na revista, vinha também um caril de grão e recortei a receita para agrupar a estas, mas era mais naquela de lembrete do que para seguir uma receita. A ver se um dia desses faço caril de grão. Eh pá, se calhar já fiz...
Tem muitos anos, isto de rasgar as páginas das revistas almejando experimentar as receitas que me parecem de valor. Já tenho desistido de algumas. Umas desvalorizam porque são receitas apropriadas para o Verão, outras porque, precisamente, o Verão chegou e já não apetece, e assim vão passando os anos, eu a rasgar revistas, a idealizar bons repastos, contudo desistindo de umas ideias, todavia angariando outras.

sábado, 7 de novembro de 2020

sorrisos que parecem penas

Por que razão rio? Porque o sorriso vai buscar mais sorrisos, que, preenchedores e não mudos, explodem como sons felizes. Em suma: uma gargalhada não cabe nos lábios. Ou não se lhes atém, vá.


o bolo é de curgete e chocolate e creio firmemente que é mister ocupar-me com coisas que goste de fazer mas faço-as sem vontade
num repente ponho-me louca e desato aos gritos
diz que os ataques de pânico não duram mais do que sete minutos mas nunca contabilizei nenhum dos meus
e o que vale é que vocês gostam de mim na mesma


dois pontos

pragmatismo estanque:
há poucas pessoas na rua porque estão muitas em casa

dois pontos

aos amigos:
oferece-se bolos? (estão enfartados)
oferece-se livros? (não apurei o gosto literário)
conversa-se? (não quero conversar)

dois pontos

menstruação:
elemento regedor
toque de marcha

As pessoas da minha infância estão tão envelhecidas como eu, acrescendo que, a pessoa da papelaria, continua séria e, pior, é que agora já não desenruga.

quando a palmeira não tapa o cipreste

não é preciso, ora essa, mas agradeço na mesma


  • retirar as roupas da cómoda e depositá-las no móvel embutido no roupeiro
  • lavar a janela, o estore e o chão – assaz e esmeradamente
  • esvaziar e limpar o outro móvel, levá-lo... aliás: arrastá-lo até à varanda e recolocar o conteúdo
  • terminar de enfeitar a Árvore de Natal
 

por conta de listar e apresentar estas tarefas estou mesmo a ver que depois de lido este post vou ter visitas por mor de serem mas é ajudantes desta que vos escreve, mas que, porém, antes de mais, foram leitores/as

considerei uma boa ideia que uma caneta de cor normal fizesse companhia às que já comigo caminham, não propriamente ao lado, mas dentro da mala – é que às tantas ia eu querer escrever, precisamente, numa cor normal, e não teria como


a foto nada tem que ver com o extenso título deste post, trata-se, apenas, de um caderninho que encontrei e no qual tinha apontado o que apontei, fazendo o registo de uma experimentação

Chocolate


A vida vai-nos correndo bem, a mim e aos bichos-gato, havendo – todavia - notas a registar. Relembro - somente, antecipadamente – que casa da senhora foi remodelada.
Nas primeiras vezes amandei gandas coquinadas numa esquina de armário de cozinha, isto porque a torneira está no mesmo lugar mas os armários são mais profundos. Portanto, enquanto não me habituei a estas novas medidas, foi pumba e pumba e pumba. Três vezes. A primeira foi um aviso do mundo, a do meio foi a mais dolorosa, a terceira foi a mais estúpida, porque à terceira eu já era para saber desviar a porra da cabeça da esquina do armário.
Bom.
Então.
Kat, Miss Slim, com a dita remodelação ficou desterrada. Pobrezita. Kat é uma gata tímida e desconfiada, dantes o cimo do armário era o seu spot predilecto, dali observava e dava o seu parecer acerca do meu trabalho, e eu, à laia de pessoa extremamente comunicativa, ia conversando com ela. Mas agora o cimo do armário encosta-se ao tecto, o que faz com que não exista cimo nenhum. Então, o spot que Kat escolheu foi uma entrada do móvel onde estão os fios e a box e, como é bem funda, afunda-se tanto que não lhe chego. Mas, a propósito de chegar, quando o aspirador chega à sala, a bicha sai rasteirinha e mete-se dentro da máquina de lavar, de lá já não saindo.
Kit, Mr. Kit, pois que para ali anda, comendo pano sempre que lhe aparece à frente. Sim, ele não só rói todo e qualquer trapo que encontre, como o ingere, aqui há tempo esteve deveras doente à conta disso. O que fazemos é não lhos deixar à mão. Ou à pata. Melhor: à boca.
Nota de fim de post:
A foto acima acompanha este post porque, como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, chocolate tem que ver com nomes como Kit e Kat. Contudo, o chocolate retratado é uma simples barra de um vulgar chocolate para uso culinário. Simples e vulgar, sim, mas bom que se farta. Procurem por um chocolate para culinária mas que é de leite. É novidade no mercado. Experimentem.

Laranjas

Ontem à noite fomos apanhar laranjas daquela árvore do jardim que acompanha, por assim dizer, a entrada para a antiga escola. São ácidas, já eu disse em outros posts. Gosto de laranjas ácidas, já eu disse em outros posts. Na colheita, o único critério que usei foi a distância entre as laranjas e o meu braço, acabando por colher algumas que, percebia depois, estavam um tanto ou quanto verdes. Mas era só na cor, são boas na mesma, gosto de laranjas ácidas. Sei-o porque esta manhã o pequeno-almoço foi agraciado com o sumo, das laranjas colhidas ontem à noite, que são ácidas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Lisboa, 06Nov2020

A árvore amarela tem trinta folhinhas, salvo o erro, e salvo-o porque é inócuo e estéril.

Por que razão rio?

Porque o sorriso vai buscar mais sorrisos, que, preenchedores e não mudos, explodem como sons felizes. Em suma: uma gargalhada não cabe nos lábios. Ou não se lhes atém, vá.

Cinco

Sim, às cinco da tarde - ou noite ou lá que é isto - há muita gente ao redor da estátua que sorri, dos comboios e da avenida. Tão atenta estava a este 'redor' que me esqueci de fabricar o sorriso da estátua.

Gina, a estafeta

Entrei no escritório do senhor doutor para dar despacho à tarefa de que me incumbira o meu colega e revi a parede com as colunas desenhadas na parede do corredor. São umas colunas que estão ali para dar graça e iludir o aprofundar do espaço que, pequeno, parece que engrandece. O blogue está pejado de referências a este escritório e, até, à secretária, que, alto lá, mesmo havendo as metálicas, é de osso. O blogue contém também, e muito, referências a uma certa janelinha que está quase smepre... ai perdão, sempre aberta e que espreito por lá e que vejo o jardim. Pois bem, ó:

 

 

nota: com a ajuda do meu telefone, 'pintei' este retrato a lápis de cor

Post protector

Para tratar de uma certa papelada, o meu colega foi a uma reunião que havia sido agendada por mor da actual questão pandémica. No email vinha expresso que tivesse em conta o uso da proteção adequada e pâ pâ pâ. E vai que o meu colega, esse poço de previdências, achou que devia levar também um preservativo.

Lisboa, Lisboa

ir' ai éme, disse ise mi!
Está alguém de roda da caixa do correio em muitas das vezes em que entro neste prédio.
ir' ai éme, disse ise mi!
Há muitas, muitas semanas que o recorte da Popota se mantém naquele terraço. Ainda nem sequer se ouvia falar do, sei lá!, estranho Natal 2020. Não, atípico, para que, em espécie, condiga com o ano.

voltar a
encontrar em

bicho-cão voltou a lar de sempre
e encontra quarto de rica filha estupidamente vazio
e encontra roupeiro de rica filha ocupado com roupas de mãe e toalhas
e encontra, ou por outra, não encontra sua cama nem seus cobertorinhos, tampouco própria de rica filha
e encontra sala sem sofá azul e com sofá castanho, sendo este mais alto, mais confortável, porém! mais escorregadio, mais frio, e menos bonito que aquele
e encontra taças de comida e água meio metro a lado direito, contudo taças são de sempre, ração sai de mesmo saco e água de mesma torneira
lembrete: mesmo assim bicho-cão é feliz porque aprenderá alterações e tomá-las-á como suas, tão certo como pessoa que escreve este blogue estar a escrever em este momento



Rafeiros

O lugar da musa continua a ter uns queques que considero muita rafeiros, ainda que, oh-oh, desde que o bicho-cão coabita com esta que vos escreve, a palavra rafeiro perdeu o sentido pejorativo, porquanto a gente sabe lá da raça dela!

terça-feira, 3 de novembro de 2020

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Gin'A'nime

Dos vídeos, que não meus

No salão onde a Carminho processa tratamentos de beleza estava uma youtuber assaz conhecida. Trabalhando. É. Essa malta não pára, 'migos, eles não param. Esta cirandava pelo espaço, focando cenários, com os quais mais tarde comporia um vídeo, tenho a certeza, que seria massivamente visionado, tenho a certeza. Quando chegou a hora da manicura, pediu para posar a máquina de filmar e tenho como certo que a escolha do modo caiu sobre o time laps, as massas não veriam um vídeo onde limas desbastam e alicates cortam no normal ritmo da vida. Foi agradável presenciar como funciona os bastidores de uma pessoa em particular, quando esses bastidores não estão a ser captados. Ou seja: o que não falta no Youtube é vídeos sobre o modo como os youtubers preparam as suas publicações, mas eu, desta vez, vi o que não estará em vídeo nenhum. Pensei em me meter com ela e dizer-lhe estas coisas, mas a conversa com a manicura estava tão somente delas que desisti.

Novembro 2020

É oficial, a rica filha já não mora cá em casa. Porém, a escova de dentes ainda ali permanece. Há também livros e peluches e, de roupas, algumas. Noto a casa cheia de ar e quando fui ao supermercado já não comprei cereais nem mirtilos. Nem leite especial. O bicho-cão, a minha cadela, a Olívia, também não se encontra neste lar, que o que fazemos agora é guarda partilhada, uma vez que a cadela é tão da rica filha como nossa. Mais do que triste, estou vazia, mas já ando num corrupio, mudando umas coisitas de lugar e a cama dela já está longe da vista. O quarto tem eco. Aliás, se quando estou próxima ao quarto digo qualquer coisa, logo o eco se ouve, nem é preciso estar lá dentro. Portanto: se no quarto, então há muuuuuuito eco - eco!-eco!-eco!

Parede

Numa das paredes, num azul forte, está pintado um campo. Acho graça que, na base, o desenho termina a direito, sem curvas, portanto, o pintor/artista usou de fita autocolante para não borrar a pintura – aqui é que o dito popular fica bem. Tem duas árvores sem folhas (que giro, bem mais fácil de pintar quando nuas, olha a trabalheira de pintar folhas e folhinhas, né?), uma maior que a outra, um caminho com duas curvas e um casarão. Aliás, um grande casarão, tem duas portas, duas janelas e, na lateral, ou seja, em outra parede, um portão para o gado. Há também, e a propósito de gado, um boi (ou vaca, ah ah) que, assim de repente são mas é dois (ou duas...), um(a) atrás do(a) outro(a). Olhei melhor. São ovelhas. Há pedregulhos aqui e ali, uma sebe e alguns juncos. O nome do restaurante tem o 'Campo' em branco e 'do Caroço' em azul, aposto (apôsto, pois) em cima (adoro redundâncias) do branco e, este branco, é a vegetação que faz de base ao desenho na parede. Falta dizer que no cimo do desenho os remates são como calha, presumo que para dar a pala de cimos de vegetação, digo eu aquela situação do acaso, vá, ali mais acima, ali mais abaixo, uma vez que as plantas são umas de uma altura e outras de outra, grossas e finas, mais, ou então menos, raminhos despontando do mesmo pé.

Grafomania

Diz que tudo o que ressurge na mente como proposta para registo escrito é a validação para que conste nos canhenhos de quem pensou. Compreendo que me convém desdramatizar, uma vez que jamais conseguirei escrever o mundo inteiro, mas olhem que fico triste aos bués se não mais agarro o pensamento que surgiu em modo abstrato e que já aí considero ajustado à publicação no blogue, afinal sou grafómana. Portanto: assuntos que pipoquem repetidamente imagine-se lá a importância que têm... Muita, óbvio!

Sem vírgulas

Estou cansada do quão e como causo impacto pelo tipo e quantidade de comida que ponho no prato.

Almejante

Almejo pesar tanto de quilos como tenho de anos vividos. É questão de deixar passar uns três ou quatro e lá chegarei.

Fui eu que escrevi. E sim, parece-se comigo, ainda estou lá, embora tenha passado, no mínimo, uma década. Mas como já não me lembrava de tal, não sinto como sendo meu, e a verdade é que não é, é antes vosso, só que fui eu que escrevi, agora é essa a imagem de marca.

Imagem de marca

Ela escreve a vermelho
Cenas de sexo e afins
Despudorada
Mulher
Diz que sim
Diz que não
Adianta-te
Deixa-te disso
Gosto de ti assim
Não faças dessa maneira
O pior de tudo
(Escrever)
É a insatisfação

Novidades

E vá novidades na minha vida! Desta feita são três formas (^) com formas (´) diferentes → uma em coração, uma em redondo e outra em quadrado. E são daquelas de fundo amovível. Vem é com uns conselhos todos apaneleirados, lavar e secar antes de usar (bem, este não é apaneleirado, vá), untar com banha e levar ao forno dez ou quinze minutos (mas este é). Saltei esse passo, não por ter problemas com paneleirices, antes por preguiça. Entretanto já estreei o coração. Só que já foi há tempo suficiente para não me lembrar que bolo ou doce pus lá dentro. E não, dessa vez não 'coube' lá nenhuma laranja, que esse evento é de ontem e foi vez primeira.

domingo, 1 de novembro de 2020

A laranja

Assei uma laranja. É verdade que ando a fazer coisas estranhas, mas porra, encontrar uma laranja dentro do bolo, que só posso ter sido eu a a pôr lá dentro... é qualquer coisa de. À escala, aquilo de ter deixado a porta da bagageira do carro escancarada, é microscópico. Nessa vez veio o meu vizinho de baixo avisar: «ó Gina, olha que» e tal e tal. Ah. Pois. Fui logo tratar do caso e vi (ou lembrei, vá) que o resto das compras deixadas para a segunda viagem estavam à mercê de larápios & outros, que não apareceram ou então não gostam de coisas oferecidas de má vontade. Bom, com tudo e não o bastante, o que vale é que vocês gostam de mim na mesma.


 

enquanto uma gaivota manifestava apreço ou descontentamento


 

Olá Novembro

Estamos em Novembro, portanto os rascunhos que tenho são todos de Outubro. Se por um lado me dá prazer publicar tudo o que escrevo naquele dia precisamente nesse dia, por outro não o quero fazer, ainda que os posts estejam prontíssimos para viajar até à blogosfera. Quando não os mando de viagem, tanto pode ser pelo apego que ainda lhes tenho, como para destacar o que já publiquei. É sempre uma coisa egoísta.