terça-feira, 30 de agosto de 2016

Quarto(s)

Vamos chamar àquele quarto o quarto dos fundos, o quarto dos arrumos, o quarto azul. Há uns bons meses fiz um post onde anunciava as transformações que ocorreriam naquela divisão, uma vez que o rico filho iria sair de casa. A ideia primeira era um roupeiro na parede do lado esquerdo de quem entra, um roupeiro na parede de cá de quem entra, dispostos de modo a que ficasse um entremeio onde poria o camiseiro, assim a fazer triângulo. Estou com a sensação de que no outro post me expliquei melhor, mas adiante. Ora acontece que na parede esquerda estão duas tomadas que às tantas farão falta, mas acontece também que na parede direita estão outras duas e que a bem dizer a gente ali não vai precisar de mais do que duas tomadas, portanto: pumba e coiso, tapa-se as tomadas esquerdas com o roupeiro e acabou a conversa. Neste momento está um roupeiro quase por dentro do outro, mal consigo chegar ao fundo do que está metido adentro, de maneiras que a ideia do triângulo é capaz de ser bem melhor, fica giro, diferente e coiso. Da tal vez do post com meses, registei também que poria a máquina de costura e o computador lado a lado, frente à janela, devido à luz benfazeja do espírito e dos olhos e, aqui realmente não sei se registei que essa disposição me daria disposição para parar a cosedura e o escrever, por poder olhar lá para fora tão facilmente, se bem que se vê essencialmente prédios e janelas e, sendo essa a parte mole e insípida da questão, é bem verdade que também se vai ver árvores, céu, nuvens, chuva e vento, sol e sombra, passarada. E pessoas. Pequeninas. Bom, talvez nem tão pequeninas assim, moro num terceiro andar, mas sei que vou parar muitas vezes e ficar a olhar lá para fora. Aqui no estaminé, paro o escrever amiúde e fico a olhar lá para fora: carros, prédios, janelas... e pessoas. Uma vez, há muitos anos, pus-me frente ao pêcê do estaminé e ia descrevendo sucintamente toda e qualquer pessoa que passasse lá fora, umas conhecia pessoalmente, outras não, foi um exercício mental do caraças. Passados dias, ou semanas, repeti o exercício.

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