quarta-feira, 19 de setembro de 2018

O gorro feliz

Tenho outras nuances e perspectivas da mesma era d' o gorro feliz. Como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, a minha máquina fotográfica montes de espectacular tem um filtro cheio de graça, que se foca e/ou mantém numa ou noutra cor, resultando numas fotos especiais. No dia do 'gorro feliz' usei esse filtro em todas as cores que a máquina dispõe e ainda me pus a usar o temporizador que tem opção de dez fotos por vez, conseguindo assim tantas mas tantas fotos que na hora de escolher me fiquei por uma só, mais para não cansar a vista de quem cá vem do que por outra coisa qualquer. Entretanto passou para aí uma vintena de dias e, estando cansada de ver as ditas fotos nos meus arquivos, com a agravante de quanto mais tempo passar menos graça lhes vou achando, e porque não quero eliminá-las nem arquivá-las senão no blogue, eis que ficam aqui, hoje e agora, com o aviso prévio de que são bués, contudo: aligeirei a coisa, botando algumas em pequerrucho para fazer tipo assim uma espécie de padrão.


a sala a entrar na rua e a rua a entrar na sala

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Tarecos

Olhem, gosto da vossa loja porque tem um sem-número de cores, feitios, tamanhos, texturas e afins. Gosto de misturar tudo na minha cabeça, por exemplo: copos do mesmo feitio mas uns com melancias e outros com pêssegos, podem conjugar com os pratinhos das cores dessas frutas, fundos, que não são de sopa nem de sobremesa, mais parecem feitos a pensar nas papinhas de bebé. Depois há os jarros com ananases a condizer com os copos aos ananases mais pequenos, e que também os há nas canecas e nas garrafinhas de transportar. Enfim, divirto-me imenso a inventar estas escolhas, e a melhor parte é que é de borla.

«Enquanto escrevia isto um homem sentou-se no banco da avenida, o mesmo onde eu estava. Era pedinte, pensei que vinha interromper as minhas anotações patéticas, mas não, limitou-se à queixa em modo audível de si para si, o que, no fundo, era o máximo que eu conseguiria aguentar.»

Avermelhou

Acho que na altura falei dele no blogue, de um senhor que se apresentou num aprumo levado ao exagero, a camisa justa e sem quaisquer rugas, os punhos com botões de atravessar, o laço justo, as calças vincadas, o chapéu imaculado, a barba aparada ao milímetro, o cabelo sem fio algum fora do seu lugar. Ainda me lembro dele, e é por causa do vermelho de que me falou. Disse, e foi em tom de recomendação, que não sai de casa sem um pedaço de vermelho, porque o rejuvenesce e anima. Já não recordo o que escolheu nesse dia para avermelhar, mas avermelhara. Às vezes lembro-me dele e não é pelo ridículo - para alguns não duvido que uma figura daquelas os leve a desdenhar – mas porque a essência do que me disse se chama ‚estar feliz comigo‘.

Comprinhas

Comprei
Uma peça de roupa cuja etiqueta diz ser três a quatro xis éles, cobrindo assim o meu escultural corpo
Comprei
Uma lata de comida (na verdade não fui eu que comprei mas faz de conta) para a cadela que tem carne de porco e maçã
Comprei
Duas formas para gelados (na verdade já comprei há montes de tempo, só que fica bem neste post, é para enchê-lo), uma um ananás e outra uma fatia de melancia. Fazem uns gelados lindos e apelativos, porém: enormes.

Lápide

Na minha lápide pode vir a figurar «Gina, a mulher que tinha um blogue», fica já aqui o desejo e tudo. A primeira impressão vai para aí porque o blogue é a parte poética da minha vida e acresce que encontro muita poesia na morte, isto por via de isso de morrer ser um mistério para quem está vivo. Logo depois, e por mor de melhorar as parvoíces que este post já contém, vem o legado feito de sangue, chicha e ossos, os filhos, portanto também podia constar «Gina, a mãe de seus ricos filhos», mas pronto, fica ao critério de quem.
A expressão «ricos filhos» é dos tempos memoriais - isto porque me lembro e se me lembro é porque tenho memória e blás - é anterior ao blogue, ainda eu não tinha esta doença de escrever e já me punha a brincar com as expressões de rico filho para aqui e rica filha para ali e vice-versa.

Inveja inconsequente e merecedora de post

Aquando das incursões netes afora, redes sociais e o camandro, tenho por comum ver pessoas responderem a perguntas que lhes fazem. Ora eu invejo isto. Sério. Muito embora saiba que fazerem-me perguntas é aborrecido, principalmente se o mais das vezes, nestas lides de que falo, as perguntas repetem-se. Eu, no mais das vezes em que escrevo no blogue, evito perguntar seja lá o que for directamente aos leitores, não por receio de aborrecer mas porque é raro virem de lá respostas e ópois fica a pessoa para aqui à espera e coiso. Enquetes é coisa que não vai bem comigo. Uma variante das perguntas ao ídolo é as perguntas do ídolo aos seguidores, quando aquele quer, por exemplo, que estes lhes dêem ideias. Invertem-se os papéis, pois é. Quero dizer, mais ou menos, o ídolo é sempre o ídolo e os seguidores são os que vão atrás da conversa. Estou a desviar-me, inicialmente a intenção não era de todo ridicularizar pessoas, questões e circunstâncias. Bom. Quando alguém muito visto e apreciado nas netes, vá lá assim, suavezinho e tal, precisa de saber coisas como 'que casa de fados visitar esta noite?' recorre aos seguidores, pois que são mais que muitos e dentre esses decerto algum terá uma resposta adequada e cativante. Rastrear o jorro de ideias é que é capaz de ser chato... hum.

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Dias de um Ginásio

É neste estado que encontro o meu cacifo quando estou naqueles dias de apontar coisinhazinhas pelo meio dos treinos.





E ópois também temos a coisa em claro clarinho bem clarinho.


Mapas

A propósito dos mapas de que falei no outro dia lembrei-me que há muito muito tempo andei a ver a rua mais bonita de Lisboa e a árvore amarela através do satélite que Mr. Google oferece e me deu uma vontade enorme de publicar uma foto mas desisti para não quebrar o encantamento, é sempre boa ideia manter um certo tom misterioso nestas lides da blogosfera, muito embora neste post esteja a mostrar tudo à descarada. No meu caso é (ou era, sei lá) neste género de coisas que mantenho segredinhos, toda a gente sabe que o meu nome é Gina, que moro em Loures quase paredes-meias com, que trabalho num balcão de Lisboa que fica muito perto de. Toda a gente sabe. Bom, continuando, hoje deixo um screenshot (ó pá toin xiru! o que o móves chama a estes cliques!) acabando por completo com a magia de ser «a árvore amarela» e «a rua mais bonita de Lisboa», as que a Gina descreve, sem medir as vezes, no seu blogue, para passar a ser uma árvore que amarelece por alturas de setembro e, a rua, é uma com árvores de um lado e de outro. É só isso, afinal. A árvore amarela dantes tinha um banco por baixo dela, onde pousava o velho da bóina. Agora tem um mais ao lado mas a gente sentando-se fica de costas para a árvore e é uma chatice, que graça é que tem, né? As árvores são vinte e seis, treze de um lado e treze do outro, não sei se recordam, é que há tanto tempo que não me interessava por estes números... Também há bancos. E postes de iluminação. Os bancos é para conseguir descanso aos passantes. Os postes com luz é para eu olhar para eles. E agora há screenshot, o tal, este:





o círculo a amarelo mais não é do que a árvore amarela a pique
e
com o risco cor-de-laranja mostro um pedaço do percurso habitual

Do fim-de-semana

Este fim-de-semana também me portei extremamente bem ao nível do fogão. No supermercado havia metades de galinha em promoção e na hora pensei logo num caldo de galinha, que fiz mal cheguei a casa. Daí aproveitaria a chicha da galinha, logo veria para quê, bem como o caldo. Comprei também bifes de peru porque já tinha a ideia de fazer salsichas. Sim! Salsichas! Abaixo as salchichas! Bom. É uma receita da Cátia Goarmon (Os Segredos da Tia Cátia, canal 24 Kitchen) que, logo que vi, quis experimentar. Creio já ser conhecido o meu gosto por fazer as coisas de raiz, e salsichas de lata, ou mesmo frescas, é coisa que não como, de umas não gosto do aspecto, de outras não gosto assim lá muito do sabor, de maneiras que dispenso. E fiz as salsichas, assim:
Pus meio quilo de carne no processador e processei, acrescentei cem gramas de gelo, que são aproximadamente oito cubos, e processei, juntei meio pimento vermelho assado, meio decilitro de óleo de coco, uma cebola, um alho e, de pimentão, cominhos, sal e pimenta, pus a olhómetro (como diz a Cátia), sei lá eu a quantidade que pus!, e processei até ficar uma papa (não, não é bonito de se ver), que pus dentro de um saco de pasteleiro. Dispus película aderente em cima da bancada e pressionei o saco de modo a desenhar uma salsicha em cima da película. Enrolei a papa sobre si mesma, enrolei as extremidades como quem embrulha um rebuçado e dei um nó em cada uma. Levei ao frigorífico uma porrada de horas. A Cátia recomenda doze mas eu não cheguei a tanto, ficando-me pelas nove. Pus um tacho ao lume com bastante água, quando ferveu desliguei o lume e introduzi as salsichas cuidadosamente. Receava que a película derretesse. Ah...... Não fui ao calhas, nada disso, enquanto a galinha fervia fiz um teste e a película aguentou-se. A Cátia tinha recomendado a gente adquirir uma película que na embalagem dissesse que resiste ao calor mas, enquanto às compras, não encontrei nenhuma embalagem que dissesse tais coisas, nem mesmo naquelas marcas todas boas e coiso, de maneiras que arrisquei usar a minha marca baratuxa e petisquei. As salsichas estão dentro da água muito quente durante meia dúzia de minutos. Obviamente que, sendo muitas, tem de se fazer o processo em mais do que uma vez, mas a gente vendo que a água arrefeceu muito, liga o lume (sem salsichas lá dentro!!!) até ferver, desliga e mete o resto. Resta agora desembrulhar as salsichas, o que consiste em cortar um nó de uma das extremidades e pressionar a outra, fazendo deslizar a chicha. Depois foi fritar em azeite. Achei espantoso ter conseguido fazer salsichas. E estavam boas. É certo que podiam ter um nadinha mais de sal, mas estavam boas. Há foto:




Entretanto, de bolo, fiz um de uvas. Joguei-me à receita 4x4 (medidas iguais de farinha, açúcar, manteiga e ovos) mas achei boa ideia juntar ainda um iogurte, o que conferiria humidade ao bolo, e conferiu. Estava, e está, que ainda dura, bom mas nada de extraordinário.
O caldo que aparece escrito logo às primeiras frases deste post, pus uma boa parte na sopa, que foi de couve pak-choy, vulgo couve chinesa. Ontem encontrei esta imagem no Pinterest:






… Que achei linda e de acordo com o momento. Com a galinha fiz uma tarte cuja base tinha cebolinho a esverdeá-la. Ultimamente ando nisto de esverdear as bases de tartes salgadas, no outro dia fiz uma com manjericão que ficou uma maravilha (ideia da Cátia Goarmon, que é uma senhora cheia de ideias). E também há foto da tarte:





E agora vou-me mas é embora. Mas volto já a seguir.


Lanchinho




Agora, nas caixas da frutaria do nepalês, muitas das nectarinas são às bolinhas.

Azeitona



Esta foto anda-me aqui há precisamente um mês. Eu estava de abalada para as férias de ir para fora e, por qualquer motivo que já não recordo, cliquei. Vê-se até um pedaço de porta. Já o título, pois que se me chegou à conta da menina do olho, que ficou preta à conta do filtro a preto e branco. Bem sei que também há azeitonas castanhas, mas pronto.

domingo, 16 de setembro de 2018

Cinco amêndoas

Já comi as amêndoas que sua majestade me ofereceu no outro dia. Quando introduzidas na água quente a fim de serem peladas, duas flutuaram e as restantes não. Não, não sei o que significa, é apenas um facto. Outro facto é que há uma semana queria pôr no blogue um pedaço de uma qualquer coisa que eu tenha escrito e que, pesquisando, fosse ter a algo escrito e esquecido. Para republicar era importante não me lembrar do que escrevera. Mas, mesmo com esse requisito, não encontrei nada que me satisfizesse, tudo o que encontrava se revelava oco. Esquecido, porém: oco. Então agarrei num livro de que gosto particularmente - O Dicionário dos Sabores, Niki Segnit - abri ao calhas e calhou esta página, que fotografei:





... e que entretanto juntei ao assunto 'cinco amêndoas que sua majestade me ofereceu'.

Beringela

A senhora do supermercado (fica sempre bem, né?, isto da 'senhora'), não crendo haver coerência por entre o legume que estava dento do saco e a sua lista de nomes barra preços barra códigos, retirou-o de dentro do saco e concluiu:
- Ah, é uma beringela. É um bocado esquisita...







Hoje estou um bocado negativa

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Novos trabalhos

Os ricos filhos têm novos trabalhos. O rico filho está ao balcão de uma loja que faz chaves e comandos e trata de calçado. A rica filha está num call center a resolver questões de redes telefónicas e afins. Estão portanto em continuação naquilo de serem maltratados por clientes. Se bem que a rica filha esteja a sê-lo, notem bem, em inglês. É.

Cinco amêndoas

Sua majestade mandou-me estender a mão, ao que obedeci, e vi caírem cinco amêndoas na palma da minha mão. Agradeci e guardei-as. Amanhã escaldo-as, pelo-as e como-as. Amanhã, hoje não quero cá orgias por entre as bactérias da gente os dois.

Amanhã é sábado

Amanhã tenho que comprar desodorizante para ele e para ela. O Luís anda a cheirar a perfume velho e a rica filha não anda a dar conta do seu caso porque os seus desodorizantes acabaram.
É um problema, pá, isto é um problema (diz o amigo das motas).
E comigo está tudo bem, obrigadinha.

Amanhã vou fazer clafouti de uvas ou então bolo de uvas coberto com fondant ou então bolachas de manteiga decoradas com fondant ou então torta recheada com fondant ou então um bolo 4x4 recheado de creme de pasteleiro e coberto com fondant ou então sei lá.

Lacagem

Foi particularmente difícil retirar os óculos de dentro da mala para vir escrever este post, isto por não querer de todo estragar a lacagem que a Carminho acabou de me fazer nas unhas das mãos. Entretanto percebi que teclar este post foi também difícil, com o desejo pelo mesmo; o de não estragar o mesmo.
Ó Gina, tu não te estragues, mulher!
Ná...

Massachicha

Ó pá foi toin xiru! Laurent começou por achar-me com um ar triste, de fim de férias?, alvitrou. Respondi que sim, era isso, lembrando que na última vez tínhamos estado a falar acerca das nossas férias, àquela hora ele ainda não tinha sequer retirado a mala de viagem do seu lugar e partiria na madrugada seguinte para Paris, eu iria para onde fui, também daí a nada, ver o Mediterrâneo (ver, passear à beira, meter-me adentro, esbracejar italital), dizendo ele que trocaria de bom grado o seu local de férias pelo meu. Respondi-lhe que, pensando bem, trocaria eu também com ele. Mas não trocámos. Quando me ri por algo que já não malembra o quê, ele disse que a minha gargalhada lhe fazia lembrar alguém, que era igualzinha. Reclamei: ora essa, não me diga que não sou única, como assim uma gargalhada igual à minha? Apressou-se a dizer que sim, sou única mas é que há ali um toquezinho que lhe faz lembrar alguém. Achei-lhe um piadão. Assim como acho um piadão a tanta gente, tanto pela sua unicidade como por me fazerem lembrar alguém. Há anos aprendi que somos diferentes somente à superfície, que escavando vai tudo dar no mesmo, quais diferenças, quais quê!

Almoço

Em certa altura diz-me o meu colega assim:
- Olha, aquele ali é caixa no Banco. É motard, o gajo.
E eu acrescento:
- E também é um ganda cromo!
Condensando: não sabia que o homem é motard mas já lhe conhecia a cromice.
Estendendo: é pessoa para estar a atender os clientes e ao mesmo tempo comentar os próprios gestos quase inaudivelmente, é óbvio que não quer conversas

sons de saída
as pessoas falam sozinhas porque lhes incomoda os sons, passando a desejar um som que saia de si

Panquecas

Bem que ando a ver se dou com a minha receita. De todas as vezes que fiz, fiz sempre ao pequeno-almoço, a cabeça tonta e a barriga cheia de fome. Que jejum mais doloroso, este de fazer o próprio pequeno-almoço, quando é um tiquinho mais demorado. Ah. Bom. Ainda não dei com a eureka. Sei lá eu fazer panquecas daquelas altas e fofas. Quero dizer, altas até que ficam, agora fofas é que são elas. Falta dizer que é receita inventada, preparada como acho que é. Se são fofas, é pouca farinha e não poupar em ovos. Se são altas, é não ter medo de acrescentar fermento. Mas ainda não me satisfazem. Em textura, não.

Espremedor de citrinos

Morreu. Falo do meu espremedor de citrinos. Tudo que morre - e que seja electrodoméstico -, morre quando a gente vai usar, pois que se me morreu o dito mesmo quando ia toda lampeira tratar de fazer suminho de laranja. É um problema, pá, isto é um problema (diz o amigo das motas). Foi realmente um problema quando montei o meu outro espremedor - o que vem agregado à minha batedeira montes de espectacular e que ainda não usara por não ser preciso -, que lá montar, montei-o eu, mas pressionei o topo como fazia com o anterior e aquela porra não girava nem fazia coisa nenhuma. Claro que não girava!, era acionar o botão que faz todas as engrenagens funcionar, qual pressionar, qual quê. Pronto, quer isto dizer que já não tenho o velho espremedor, que contava com mais de vinte anos. Já fez a sua parte. Vai em paz e feliz, 'migo.

Salada

Era para ser verde, a salada, pois se comprei maçã granny smith, alface e alho francês. Em casa havia ainda: pepino, abacate, salsa e coentros.

O filme

Tenho andado para falar do filme que vi quando estava de férias e é agora que vou falar. Queria registar que terminei de o ver, sim senhoras e senhores (e uso parêntesis para relembrar os leitores deste post que o filme se chama Henry e June) mas com mais um intervalo ou dois, pois como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, sou demasiado inquieta para ficar mais de meia hora a ver tv (é que nem prás netes, quanto mais). A história foi-se desenrolando e subiu ao #intensóscandalôsósexual. Comigo está tudo bem, 'tá?, não me importo que haja filmes assim, deu até para perceber que nos anos 30 (ou para aí quê?, o século inteiro, no mínimo) a malta das artes se amandava de cabeça pra Paris devido à liberdade e a ausência de culpas, tudo se misturava, se via ou fazia. É uma coisa muito presente no artista, isto da liberdade e da desculpabilização. Mas afinal que mal é que tem?, perguntam-se. Nenhum!, respondem-se. Pronto, faltava este último resumo e agora já não falta.

4968

4968, é este o número de posts que o blogue alcança. Sendo o ano, que nada tem a ver com blogues, mas e depois, né?, farei 3000 anos.

《o nariz e os olhos azularam, as pestanas cresceram mais que muito e apareceram orelhas às florzinhas que já vinham azuis》







ou: cheguei aos 50 e fui pôr pestanas, que farei aos 3000?

Repetir

Tem vinte e oito anos e já sabe que quando for velho se vai marimbar para aquilo que pensarão de si. Repetiu a ideia pelo menos quatro vezes, não usando palavras diferentes. Tem vinte e oito anos e não sabe que já se repete como os velhos. Mas, como tem vinte e oito anos e ainda se incomoda com o que os outros pensam de si, não lhe fiz saber esta minha conclusão.

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

O tempo das coisas

Sua majestade foi ao IPMA fazer uma coisa e veio de lá maluco com a maquinaria, diz que nem sabe como é que alguém tem cabeça para fixar aquelas coisas. Diz que viu uma coisa grande, abriu muito os braços e olhou para cima para fazer de, e foi a custo que percebi que a coisa era um mapa do mundo que 'tinha até uma coisa a girar aos pé dos Estados Unidos'. Fiquei curiosíssima acerca desta última coisa, mas, atendendo à parca coleção de palavras de sua majestade, não perguntei nadinha e vim fazer este post. Que nada diz, bem sei, mas é assim que passo o meu tempo, a escrever o nada.

Estou renovada

Não registei ainda que já recebi a minha (re)nova(da) Carta de Condução. Andei a fazer um joguinho, o de ver as diferenças. Tanto tenho mais vinte anos como menos meia dúzia de quilos. Na foto antiga pareço a minha mãe mas na actual, não. Tenho também a Carta B1, a qual explica a possibilidade de conduzir uma carripana daquelas mais ou menos grandes, questão que já vem da Carta antiga, só por dizer que não estava explicado. De resto, o selo d' água diminuiu e mudou de lugar, não deixando, porém, de pertencer à República Portuguesa, o emissor deste tipo de documentação dantes era DGV e agora é IMT e a minha assinatura de hoje em dia é bem mais desleixada.

Palhinhas ao mar

Depois de eu ter comprado um pacote de palhinhas de plástico percebi aquilo da pegada não sei quê e do lixo no mar mais o plástico que a gente come na chicha do peixinho. Entretanto vi sei lá onde que num ponto do Globo se fabrica arroz de plástico mas também não sei explicar por mor de quê, mas não duvido que enriquece rapidamente quem chefia uma linha de montagem desta natureza, claro. Entretanto as palhinhas têm desaparecido do boião onde as espetei, mas pouco.
É um problema, pá, isto é um problema, lembra o amigo das motas, e lembra muito bem.
Sou de reciclar, sim senhoras e senhores, mas mais papel e vidro do que outros recicláveis. E isto há anos. Muitos. Mais de vinte. Começou por me fazer impressão o vidro não se aproveitar, já que é tão lavável e aproveitável, depois veio o papel, por tão fácil e asseado ser, é ir guardando papelada num saco e depois despejar no caixote azul. Agora o plástico... Hum, preciso ser mais disciplinada para que o (meu) mundo coma menos plástico. O plástico é chato de reciclar, são embalagens que estão obviamente sujas do que continham, o que azeda ou oxida e rapidamente produz odores desagradáveis e longe do asseio.
Aqui no estaminé sou também de reciclar. Vidro, aqui não há, mas vou amontoando papel até ter vontade de o jogar na catacumba de todos nós. Tenho cartão e tudo, para lhe aceder a meu bel-prazer. Do lixo do estaminé consigo extrair plástico, mas é coisa que não fazia e fica aqui registado que é precisamente neste dia (12/09/2018) que me amando para estas lides benfazejas. Aqui o plástico não vem com matéria orgânica, portanto não vem de lá cheiro nenhum, se os dias de permanência no estaminé forem poucos. Aliás, posso já adiantar que tenho ali um sacão com saquinhos, tudo de plástico.
Relativamente à freguesia e, de um modo geral, como acho que está aberto à poupança de saquinhos e mais não sei o quê, devo dizer que as pessoas estão sensibilizadas e muito inclinadas a isso. Eu própria, enquanto cliente, para lá me inclino também, na frutaria do nepalês, por exemplo, ponho várias espécies de frutas ou legumes no mesmo saco.
Mas as minhas palhinhas às listinhas... Ó pá... Confesso que já as teria gasto se os copões que uso quando bebo sumo de laranja não viessem já com elas espetadas nas tampas.

Comprinhas

Comprei
mais café moído, sendo esta a vez do de S. Tomé. É assim como que fumado, e sei disto porque, por sugestão do Luís, mordi e saboreei um grão. A senhora lembrou que é uma boa ideia passarmos a beber somente os cafés robustos, sem misturas, uma vez que da última vez achámos a mistura que levei não pujante o suficiente, qual safanão nas entranhas, qual quê. Quero dizer: é bom, é, aliás, muito bom, mas a gente quer mais.
Comprei
avelãs torradas. Pasmei com o preço. Sério, para aí menos vinte e cinco por cento do local onde habitualmente me avio delas. A avelã é um fruto seco e é um fruto seco do caraças. É tão bom! Já vêm torradas, peladas, são sequinhas, gostosas. Hum.
Comprei
maçã glaceada e temperada com canela. Fui a primeira cliente e o produto era tão novo na loja que ainda nem dera tempo de a senhora criar código. Adorei ser assim tão importante. E antes provei um pedacinho de maçã, a convite da senhora. É  montes de espectacular.
Comprei
amoras desidratadas, cuja embalagem traz uma receita, muito simplezinha, de sumo de amora. Acho que vou fazer. Mas também acho que vou comê-las assim. E também acho que vou pô-las num bolo de limão.

Almoço

Foi bifana no pão, hoje, e foi num lugarzinho de comer bifanas no pão montes de conhecido. O meu colega mandou-me avançar, eu que me pusesse lá ao fundo, que ele fazia o pedido.
Gostei da sopa, que era de feijão segundo informação da senhora que serve, mas o dito escasseava, enquanto a massa cotovelinho abundava, portanto: eu cá acho que comi sopa de massa cotovelinho. Mas gostei, como já referi. É um caldo quase salgado com coisas jogadas lá para dentro.
Gostei da bifana, que abunda, é mais carne do que pão e o molho que lhe vem agarrado é salgado. É para puxar a bebida, eu compreendo, mas como não bebo – se, porventura água, pouquíssima será - às principais refeições, custa a deslizar. Mas gostei, como já referi.
O meu lugar ao fundo era ao lado da máquina de fatiar fiambre e do frigorífico envidraçado, que tinha lá dentro latas de refrigerantes e carne crua. Um pano cobria a máquina. Tinha dizeres. Provérbios. Fixei somente um: «não há mal que sempre dure nem bem que nunca se acabe». É a tal porra, como saberíamos de um se não soubéssemos do outro, né?

Chegança

Já chegou a revista Lusitana deste trimestre. É uma revista que é revistinha, por conter pouca coisa noticiosa em receitas. Ademais, os vales de desconto são iguais aos anteriores. Tem contudo uma coisinha boa, a de lançar novos produtos com regularidade. Desta vez anuncia que vamos ter no mercado moluscos, bacalhau e petinga enlatados, cubos de caldo e topping de chocolate branco e de maracujá. Espera lá... Topping de maracujá?! Ai. Acontece ainda uma coisinha com estes produtos-novidade, é que o supermercado onde me abasteço não os comercializa, por mais que os procure não os vejo nas prateleiras. Já ouvi dizer que os há num supermercado com um nome diferente. Hum, ok, vá, então e vontade de lá ir? Não há. Entretanto notei que a lista de toppings é grande, enumero-as por conta de não ter mais nada que fazer. Há então topings de:
banana (hum, deixa estar)
chocolte branco (não vale a pena, eu derreto)
chocolate belga (idem ao de cima)
caramelo toffee (mais ou menos idem aos dois acima, já que o toffee não é tão fácil assim de conseguir)
framboesa (pá... pronto, sim, venha)
maracujá (sim! sim! sim! muitos sins!)
morango (um sim indubitável)
café (náááá...)
avelã (… estou amorfo, é que pode ser muitaa bom, mas também pode ser o! horror)

Setembro

O Setembro é tip' assim o desmame do Verão. Depois chega o Outubro lembrador de Outono em duas frentes, o arrefecimento e o 'out', que até podia ser vai-te out daqui ó calor mas não é, e em vindo o Novembro podemos esperar que o Martinho substitua o Pedro, que, coitado, também precisa de férias, naquilo de mandar no estado do tempo, pois vem aí o Verão outra vez, vulgo Verão de São Martinho.

Cobardia

Sou uma cobarde do caraças. Devia dizer ao homem o que vou agora pôr no blogue:
Ó vizinho, olhe lá, eu não o vi, quando sacudi a toalha à janela do meu quarto azul. Sério. Na altura do lançamento o senhor estava tapado pela esquina do prédio ao lado. De modo que, creia, por favor, que não tive intenção alguma de o sujar com os restos do meu pequeno-almoço. Contudo percebo que não foi bonito eu não me desculpar perante os seus protestos, mas ponto, venha ler este post.

ó pá toin xiru!

Primeiro

Bom dia. São sete e um. Já acordei as moscas da cozinha e pus a  água ao lume para o chá.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Último

Deixo para último o sonho, mas hoje é propositado, afinal a vida na blogosfera rege-se sobretudo por apetites. Sonhei que recebera uma enorme quantidade de comentários no lbogue... ai perdão, blogue, isto pode ter que ver com o facto de ontem, precisamente ontem, não ter recebido mail nenhum, o que estranhei, e só não houve post a referir este assunto porque masqueceu. Abaixo fica foto de boa noite. Boa noite.


Dias de um Ginásio

Na aula de Pilates, o cantor famoso ficou mesmo ao meu lado. Notem bem: ele é que ficou ao meu lado. Lá porque é famoso não quer dizer que.

Lanchinho

Comi uma banana com pedigree 'Rosy', que é coisa que ando a fazer há qu' anos. Procurei link com registo deste começo mas ocorre que o registo que há de rosy's é por conta da existência de uma mola de roupa e está no blogue anterior, querendo isto dizer que não há link porque o blogue está escondido.

Do fim-de-semana, ainda

Então não é que masqueceu de relatar a fantástica aventura das panquecas de batata-doce?! É que foi por mor delas que me portei particularmente bem, por alturas do fim-de-semana passado, reflexão que já ontem fiz e conclusão que já ontem tirei. Estendo, então e agora, a interessante temática:
No dia de anos da rica filha aproveitei a fornada do bolo de aniversário para cozer quatro batatas-doces envoltas em folha de alumínio, com a intenção de fazer bolo do caco, mas depois faltou-me o tempo e guardei as ditas no frigorífico, que é abrigo destas faltas de tempo. Isto foi coisa acontecida a uma quarta-feira e, chegado o sábado, pus-me então a fazer os bolos do caco, apoiando-me no saber da Filipa Gomes em seu programa 'Cozinha com Twist' (não sei qual é o episódio mas sei que passa no canal 24 Kitchen), mas o puré de batata veio a revelar-se demasiado, pois batata e meia chegou para os bolos, que fiz, sim senhoras e senhores, mas não se me revelou fácil o assar na frigideira, ficavam crus no meio, problema que resolvi cortando-os e assando a parte crua. Esta demanda resultou então nuns bolos do caco finos mas todavia saborosos. Eles quentes mais manteiga a derreter-se, caramba, que céu vivi(emos). E agora falta dizer ao mundo que as restantes duas batatas e meia usei para fazer panquecas, que acabou por ser uma coisa que inventei com o que tinha. Coloquei tudo no processador, as batatas, um resto de arroz, dois ovos e temperos, dos quais constou sal, mistura de especiarias a lembrar o caril e salsa. Saiu uma mistura homogénea mas densa. Experimentei fritar assim, mas não deu, faltava corpo à massa, o que lamentei, queria uma coisa leve, na verdade o que eu queria mesmo era crepes, que caracteristicamente são finos. Mas lá me rendi, acrescentando farinha, e eis que resultou nuns disformes pedaços de massa frita. Ficaram feias e grossas (mas de bom sabor) pra caraças, qual crepes, qual quê, mas pouco me importou isso e, provando esse pouco, tirei uma foto e publiquei no Instagram, que legendei assim:
Era para serem panquecas de batata-doce super saborosas e super lindas mas ficam-se pelo bom sabor.
E a foto é esta:




Do descanso

Tenho um saco que é uma lancheira super moderna, seu tecido é escuro, maleável, algo extensível, maciozinho, com pegas confortáveis, fácil de fechar, enfim, tudo de bom. E serve para levar os detergentes com que me lavo no Ginásio, dentre esses, o champô. Ora eu precisava de descansar, não só a cabeça, como o corpo. Pronto, estava a sentir-me extremamente bem, que querem?, não me posso queixar, as pessoas não deixam, é logo tudo a dizer que eu não posso porque tenho tudo e mais não sei o quê, é logo tudo com a lenga-lenga dos que estão muuuuuuuuito pior do que eu e o camandro, de maneiras que fica assente: eu precisava de descansar toda a extensão física da minha existência porque me estava a sentir mesmo bem. Vai daí, eu refastelada, tomada pelo ócio, ficava-me a cabeça (extremamente bem feita e capaz) como que a querer lembrar-se de sofrer e não podia ser, como já expliquei, de maneiras que fui buscar, alegremente, o saco que é lancheira mas que faz de transportadora de detergentes com que me lavo no Ginásio para fazer as vezes de uma almofada, que ao depois se revelou atenuante dos dói-dóis que não posso ter. Falta só uma coisinhazinha, é que o saco estava no estaminé à espera de ser chegada a hora de ser usado no Ginásio. Pois. Não, esperem, falta outra coisinhazinha: o saco tinha outros detergentes, só por dizer que o champô é o que melhor combina com cabeça. E era isto, pois sim, mas, com tudo e por tanto com tão pouco, vai-se a ver e era só! isto. De nada, ora essa.

perspectiva:
colher-medida;
mulher-medida




(à falta de não serem notados os dentes amarelos, pus tudo em amarelo mas, querendo saber outra realidade dos meus dias, a colherinha é daquele cor-de-rosa dos bebés)

ó pá toin xiru!

Primeiro

Bom dia. São dez e quarenta e um e, aquando da segunda dose de cafeína, eram estas:





Sim, já tenho a máquina de café no estaminé, encastrada no meio de nada de jeito. Se eu deixar, parece um amorfo, mas não deixo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

A mulher dos passos foi às compras

Ainda cá venho, 'migos, ai desculpem lá a insistência. Já tenho pote para o café e café moído na hora, amanhã já vou estrear a máquina nova. Cheira bem que se farta, o café. Trouxe cento e cinquenta gramas de café do Uganda para cinquenta da Nicarágua, isto mediante conselho da senhora que me atendeu e que se baseou no meu gosto. O pote não tem nada que saber ou que ver, é um pote hermético e pronto. Ah, não é nada pronto, tem uma parte preta e rugosa, que se presta a escrever com giz o seu conteúdo. Aí, talvez eu escreva simplesmente café ou então me use da parvoíce do costume e escreva mas é uma porra qualquer, não longe do café, mas uma porra. E agora vamos ao que mais interessa, os passos que dei por entre estas tão prazenteiras compras.
Do estaminé à loja de café dei
312
Da loja de café à loja de louças dei
237
Da loja de louças ao estaminé dei
624

Sonho

Olha, ficou o sonho para o fim, eu que costumo tratar destas coisas pela manhã, hoje foi ficando. Sonhei com a mulher do blogue, que ela estava sentada num café, ouvindo atentamente a senhora que lá trabalhava, contida e calada. Parecia eu. Não era, de aspecto não era, mas parecia. E era, afinal eu também sou uma mulher do blogue. E se amanhã é outro dia, isso é que não sabemos.

Descanso

Precisava de descansar a cabeça e descansei-a em cima do champô. Amanhã há desenvolvimento, fica prometido. Mas isto seu malembrar, claro.

Mapas

Andei a usar-me de Mr. Google para passear através de satélite, que é uma ocupação tão lúdica quanto, por exemplo, calcorrear ruas, por se aprender na mesma. Fui ter à Noruega, que agora já sei ser um país gigantesco, com muitas reentrâncias de mar para terra (ou o contrário, claro, depende da perspectiva), concluí que é portanto um país muito molhado. Assusta um bocado ver imagens de satélite porque estão a pique, de maneiras que, a distância ficando para aí a meio quilómetro do chão, me faz sofrer um bocado de sofrimento bom, aquele, o que arrepia e reanima, ficando eu cheia de ginete pela vida. É.

Do velho estaminé (pá, que querem?, tivesse eu mudado de rua e, aí sim, não mais teria parte com este velho... que há-de ficar novo)

Há pouco, quando passei pelo velho estaminé, estava lá dentro o homem das obras, quieto, coçando a cabeça. Pensaria onde se jogar primeiro? Deu-me vontade de lhe perguntar, é simpático, mas não perguntei. É tão simpático que no outro dia esteve cá o rico filho e a rica nora e a gente pediu-lhe se podíamos mostrar-lhe como está agora o lugar escondido, ao que anuiu prontamente. Parecia uma romaria por ali abaixo, o cuidado habitual no pisar dos decrépitos degraus, não pelos avisos mas porque os conheço ainda tão bem, e eis que se me chega a entrada em tão alvo lugar. Sério. Alvíssimo! Ah... até casa-de-banho tem, e eu que nem a vi, tão doida estava com a mudança. O lugar escondido agora tem divisórias, o que dantes não tinha, e furaram-lhe o tecto para ser construída uma escadaria que dará acesso directo ao estaminé, evitando assim sair à rua para descer ao lugar – que eu chamo ainda de – escondido. Será que algum vou deixar estas expressões, falo de 'velho estaminé' e de 'lugar escondido'? Sinceramente, mas mesmo muito sinceramente, não.
Mas de volta à figura do homem das obras. Às vezes, eu, fazia aquela figura mais ou menos no ponto onde estava o homem, era quando tinha coisas a preparar e que necessitavam de reflexão. Tipo o que pôr nas montras. Tipo o que mandar vir de novidades. Tipo o que mudar de lugar nas prateleiras. Ao momento o velho estaminé está sem chão e parcialmente sem paredes. Há canos de alimentação de águas onde não havia. Contudo, a velha porta de ferro ainda se mantém, aquela que fechava a casa-forte, que se chama(va) assim por ser um abrigo para as bilhas e cartuchos de gás, que eram largas dezenas. Este cordão umbilical nunca vai cair, 'migos, não o digo por via da porta enferrujada e desalinhada se manter por lá, mas porque, como está no título, eu passo ao lado do velho estaminé de segunda a sexta.

Fim-de-semana

Este fim-de-semana portei-me extremamente bem ao nível do fogão.
Ao almoço de sábado tive lá um amigo das motas, um que ainda não tinha provado os meus dotes e a ver íamos se. E eis que. Fiz asinhas de frango fritas e couscous com legumes. As asinhas eu queria que fossem very hot mas ficaram comme si comme ça, já o couscous estava giríssimo de tanta cor, couve-roxa, pimento vermelho, salsa – que é verde – e pepino. Pronto, este último tem uma cor que se dilui no couscous, mas.
Ao jantar não fiz porra nenhuma, a gente que comesse a sopa de quarta-feira, que era de cogumelos, coisa rara nas minhas sopas, e a gente comeu.
De sobremesa tinha feito tarte de natas mas à hora da visita não estava duro o suficiente. Que pena, o amigo das motas ia ficar radiante e açucarado, mas valeu-nos o resto dos gelados que já vinham do fim-de-semana passado. E sim, o amigo das motas não ter provado a minha tarte de natas, que é espectacular em absoluto, não fez de mim ter um comportamento pior junto do fogão, pois que a dita não é feita lá.
O almoço de domingo foi igual ao almoço de sábado, mantendo-me eu, assim, arredada do fogão, se ademais fiz uma salada de tomate e abacate para acabar de encher as panças e é bem sabido que saladas destas não carecem de lume.
De sobremesa, comemos então a tal tarte, que estava divinal.
Ao jantar fiz uma salada de couve-roxa, pimento vermelho, pepino, cebola e coentros. Que também, vejam só, não necessitou de fogão para ser montada. Mas necessitou a sopa que fiz a pensar no resto da semana, que levou um montão de coisas – montão de montada, ah ah – dentre elas, ervilhas e, se falo delas, é porque também é raro colocá-las nas minhas sopas.
De resto, e por entre estes acontecimentos de fogão, ou então não, comprámos uma máquina de café, daquelas de fazer bicas com café moído. A outra, a de cápsulas, virá parar ao estaminé, para passarmos a ter café à mão por aqui também. Portanto, já sabem, quando quiserem vir visitar-me, terei café para oferecer.

Estava vento, estava

O estaminé tinha beatas e penas de pombo cá dentro. Eu a reflectir que o visinho... ai perdão, vizinho temia demasiado, assim tipo gaja, 'tão a ver?, ai qu' órror este vento! Mas não. Alvitra agora a gaja que escreve neste blogue que o vizinho ouviu o vento durante a noite, que era tanto que não o deixou dormir, e de manhã mais não fez do que precaver-se, estendendo a toalha pela metade e prendendo-a com seis molas. É, a vida é um bocado complicada de deslindar. E não tarda entram as folhas mortas. À porta fechada, é assim que entram todos e pela força do vento, não sei se deu para perceber.

Toalha

Um homem estende uma toalha de banho pelo meio com seis molas. Espera vento forte.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

A mulher dos passos


Eram 17:58 e estávamos assim:





Aprendi como se faz uma captura de ecrã, de maneiras que é o que temos acima. Cortei o que julguei que não interessa mostrar e pus o filtro a negativo porque é noite. Boa noite.

Dias de um Ginásio

Regressei ao Ginásio durante esta semana. No primeiro desses dias, uma nova professora, daquelas de andar na sala, não vá ser preciso perguntar coisinhas que na verdade não se quer saber italital, veio ter comigo para se apresentar e oferecer-me o seu préstimo. Quando o fez, disse: 'se precisar...', pondo a mão no peito respeitosamente, inclinando a cabeça servilmente, '… Márcia' E vai que percebi 'mace-a', o que estranhei e deixei a estranheza dentro de mim. Ficou aos saltos cá dentro, essa estranheza, que fui misturando com uma tola insistência em deslindar o caso... até que malembrei: 'ah espera lá que o nome dela é Márcia!, ah!' Tola, a insistência, pois sim, e fértil.

Para quê escrever tanto?
Deixo pergunta como se alguém soubesse por que raio escrevo coisas...

Latim

Não fui ver o latim mas passei por lá e vi um jovem a tirar uma fotografia. Não consegui certificar-me se o clique era para o latim, para a fonte, ou para ambos, mas, como posso imaginar, imagino que era para o latim.

O que realmente importa

---a festa correu bem, não estava demasiado ansiosa
---viajei quatrocentos quilómetros (ida-e-volta), duzentos dos quais sozinha, e conduzindo
---mantive-me calma quando deixei queimar os bolinhos e também quando percebi que o arroz não chegaria à larga para tanta gente e, ainda, quando se revelou difícil acomodar as pessoas
---interagi com naturalidade durante toda a tarde
---tive acessos de tristeza fora da razão
---nos dias seguintes, lá porque resisti à ansiedade e outras coisinhas, não resvalei mediante o alívio, ao estilo: ufa! agora já posso
---mantenho um ideal de tragédia e uma tristeza infundada

Telemóvel

Quando o meu móves passou a ser meu vinha com uma pega montes de espectacular (é como a máquina fotográfica e a batedeira) que é para a gente pegar enquanto usa.
Que espectacular, não é? É que uma pega, qualquer que seja, raramente é para a gente pegar enquanto usa, não é? Pois. É portanto daí que vem a espectacularidade.
Bom, este post existe para dizer ao mundo que a pega espectacular do meu móves se partiu e que eu, naquela de esconder, também do mundo, a parte onde estava colada, lhe colei vários stikers daqueles que vêm no caderno que a rica filha me ofertou pelo aniversário, que tem uma folhinha dedicada a um esquema letra-desenho, o que significa que a linha de cima é o meu nome. Olá, o meu nome é Gina. Deixo fotos, na primeira, captada no dia da minha festa, vigora ainda a dita pega, linda que só, anelar e isso, e na segunda ostento então os ditos desenhos. É para que saibam. Pá, dá-me jeito falar através do blogue.


Do bolo de aniversário da rica filha





Deu-me para decorá-lo como se vê. É bolo de cenoura* com cobertura de chocolate. A receita para o bolo está lá em baixo, a seguir ao *, e a cobertura foi uma lata de leite condensado com duas colheres de sopa bem cheias de cacau em pó (chocolate em pó também resolve mas fica mais enjoativo), leva-se ao lume até pegar no fundo do tacho. Digo pegar mas digo poucochinho, que se a gente se deixar estar atinge-se o ponto de brigadeiro e não é o que se pretende, por via de ser mais difícil escorrer bolo abaixo e ao comer pega-se aos dentes, que é coisa boa em se tratando de uma bolinha mas em fatia de bolo nem por isso. Depois, a decoração, calhou de ser como se vê e foi realmente espontânea. Andava no supermercado à procura das velas e dei de caras com fondant em branco e também em promoção, ulha!, pensei eu, vou fazer números! Toca de trazer e fazer. Estão toscos, claro, fui eu que fiz, não sou profissional, mas isso nada importa e é muito a sério que digo que prefiro o toscamente nestas circunstâncias. E pronto, era isto. Agora vem aí o asterisco e a receita que originalmente contém uma outra cobertura que não é nada má, não senhoras e senhores.



*Bolo de Cenoura com Cobertura Especial

Ingredientes para o bolo
2 chávenas de chá de farinha sem fermento
2 colheres de chá de bicarbonato de sódio
1 colher de canela em pó
1 chávena de chá de açúcar branco
1 chávena de chá de açúcar amarelo
4 ovos
1,5 chávena de chá de óleo
400 gramas de cenoura ralada
Ingredientes para a cobertura especial
2 colheres de sopa de manteiga
3 colheres de sopa de mel
1 colher de sopa de sementes de abóbora
1 colher de sopa de sementes de sésamo
1 colher de sopa de sementes de papoila
3 colheres de sopa de flocos de arroz (ou aveia)
2 colheres de sopa de amêndoa lascada
Preparação
Untar e enfarinhar uma forma redonda sem buraco. Forrar o fundo da forma com papel vegetal.
Ralar a cenoura.
Ligar o forno nos 160º e colocar o tabuleiro ao meio.
Peneirar para uma tigela grande a farinha, o bicarbonato de sódio e a canela. Juntar os açúcares. Misturar.
Noutra tigela colocar os ovos inteiros e o óleo. Misturar.
Fazer um buraco na tigela que tem os ingredientes secos e deitar aí os ingredientes molhados. Misturar.
Juntar a cenoura ralada e mexer.
Deitar na forma e levar ao forno por cerca de 40 minutos.
Entretanto tratar da cobertura.
Levar ao lume todos os ingredientes da cobertura e deixar ferver por cerca de 10 minutos.
Colocar um tapete de silicone num tabuleiro e deitar a mistura para descansar.
Quando faltarem cerca de 10 minutos para o bolo terminar o tempo de cozedura introduzir a cobertura especial no forno para secar um pouco.
Retirar tudo do forno, desenformar o bolo e cobri-lo com a cobertura especial.

Nota:
Receita inspirada no programa 'Prato do Dia', do canal 24 Kitchen, apresentado por Filipa Gomes.

Gelados

E eis que mais três gelados (receitas retiradas do livro 'A Vida Secreta dos Gelados Caseiros, Rita Nascimento) se agregam ao rol ainda curto dos que são feitos por mim e mais minha sorveteira . Só não vou buscar o leite à teta da vaca nem me ponho a desnatá-lo ou desidratá-lo, tampouco sei como conseguir o açúcar com pectina e, os ovos, retiro-os às caixas de meias dúzias da prateleira do supermercado há mais tempo do que queria, que o meu, outrora, fornecedor dos mesmos deixou-se disso de fornecer, obrigando-me a ser uma pessoa comum.
Um dos gelados de que venho falar é de coco, de maneiras que também não ando de nariz no ar a colher cocos nem a ralá-los e a aparar-lhes o leite. Começamos, nós, as Ginas por este.
Gelado de coco:
Achei que a quantidade de açúcar é a mais. Ainda me passou pela cabeça se o leite e o coco que usei têm açúcar mas entretanto as embalagens já lá iam. É bom, ainda assim. É a repetir, mas pouco. E sempre posso abolir o coco ralado, tanto de vez, como coá-lo. Na receita, aliás, fala de coar o coco em caso de não se apreciar a textura.
Gelado de framboesas:
No livro a receita fala de morangos, não de framboesas, mas era o que havia em casa, e em forma de puré e enlatadas. Ficou muito bom mas não duvido que com fruta fresca, melhora. Aqui já o açúcar se equilibrou, afinal o ácido das frutas vermelhas... né?
Gelado de noz:
Com este passou-se uma cena espectacular! Havia nozes na despensa há mais tempo do que é para estar. As nozes, mesmo estando dentro de um pacote por abrir, oxidam rapidamente e era o que estava a acontecer àquelas, e pus-me em cima de Mr. Google a ver se havia solução para o amargo delas, que entretanto já havia aberto o pacote e trincado uma e percebido que amargava. Descobri pois que acabar com isso é questão de se mergulharem as ditas em salmoura durante umas horas e depois secá-las em forno baixinho mais ou menos uns dez minutos. O site não referia quantidades, de maneiras que enchi um alguidarinho com água e mandei lá para dentro um punhado de sal grosso. Quando as horas, sei lá quantas, passaram e os minutos de inserção no forno também, as nozes estavam bem melhores. E fiz o gelado. Não posso dizer 'ah e coiso, olhem que aquilo da salmoura é mesmo assim e tal', afinal procedi à minha maneira, não fazendo caso de tempos ou medidas, portanto o amargo nas nozes estava ainda presente, mas atenuara, e lá que o gelado estava uma maravilha, estava.

A fazer antes de morrer
(sim, antes de morrer, sou uma besta, deixem-me)

Visitar Antuérpia
Há tempos vi um programa de tv – Paul Hollywood, City Bakes, T2 Ep4, 24 Kitchen – divulgando uns folhados de salsicha – supostamente - mais que muito bons e batatas fritas especialmente bem fritas, isto em termos de crocância e secura, o que, pelo que percebi, foi nesse lugar que foram criadas. E eu lá irei. Não estou certa quando mas certa estou que irei.

Fila de gente

Uma fila no Metro dá que pensar a uma pessoa, particularmente se essa pessoa tiver que fazer parte dela, o que me levou a perceber que há – pelo menos duas - coisas fixes nessas circunstâncias:

---nem toda e qualquer cabeça que faz parte daquele aglomerado significa uma ida à gigantesca máquina de tirar bilhetes, pode haver acompanhantes e assim uma só vez tira no mínimo dois
---nem toda e qualquer pessoa que compõe a fila onde estou está para aceder à máquina, podem ser pessoas a ver se chegam primeiro que o/a acompanhante, tipo assim: quem chegar depois sai da fila e junta-se a quem chegou primeiro

E assim pode – quiçá, 'migos, quiçá – chegar a sua vez mais rapidamente do que julga. Vá, não esteja assim, a vida é bonita. E tem blogues.

Creme feito de nhanha

Ainda pensei em dar um pulinho à loja de cremes e coisas dessas para comprar o creme de olhos, que me falta me faz e me hei-de me comprar. Mas não. Há tempos aproveitei-me de uma promoçãozinha para comprar o creme das bochechas e fui atendida por uma moçoila que não só mo vendeu, e o mais adequado ao tom das minhas bochechas, como me aconselhou e ensinou a fazer uma máscara facial caseira. Os ingredientes são borras de café, iogurte natural e leite em pó. As porções não tenho presentes ao momento ou tampouco na altura em que fui atrás do conselho da moça me ficou, mas foi mais ou menos isto o que fiz:
Para já,
despejei para um guardanapo um poucochinho de café moído que vinha no cimo da mousse de chocolate do meu colega. É que ele gosta de pedir esse miminho em cada mousse que pede e pede-as de quando em quando.
Para seguir,
iogurte e leite em pó são coisas de ter sempre em casa.
Para depois,
misturei para aí uma colher de sopa de cada ingrediente, o que resultou numa papa nada apelativa de comer, e espalhei na cara sem demoras, não fosse desistir.
Para concluir é o que está de resto,
espalhei a nhanha na cara, evitando o que é óbvio de evitar – mas é todavia boa ideia afixar: olhos, nariz e boca - e pus-me à espera que passassem os presumíveis dez minutos. Digo presumíveis porque essa era outra informação que eu não tinha retido, mas fui pelo comum e óbvio, de maneiras que gastei dez minutos da minha vida a fazer esta figura:





Tenho uma outra figura, nada menos glamourosa:





Passados alguns minutos, comecei a sentir a pele a secar e a escurecer, isto por conta do café, o que acabou por me desconfortar, principalmente o escuro da pele. Ai caraças que vou ficar preta, pensava eu. Mas não. Qual quê. 'Acordei' com uma pele resplandecente. Sério. Recomendo. Só quero acrescentar que, e agora retomamos o conselho da moça, a máscara em questão é para se fazer à noite e dormir com ela na cara, só que eu, na altura deste namoro - a moça era simpática, gosto sempre de fazer este tipo de registo -, nem me passou pela cabeça quão inviável e impraticável é dormir com uma mistela na cara – então como é quando a gente se vira, pá? Lá se vai a alvura da fronha, né? Pois é. Lá se vai a nhanha da cara, né? Pois é. Resolvi então fazer como já descrevi.
E eu que vinha falar de quão precisada estou de um creme de olhos...

Manhã

Há dias que passeio a cadela mais cedo.
Um dia desses era tão cedo que vi chegar o pãozinho fresco que horas depois satisfaria as barriguinhas dos meninos da Escola.
Num outro era ainda noite. Não havendo postes de luz, melhor seria levar lanterna.
Hoje o dia clareava, mas para cinzento. Estava tanto frio. Oh. Vem aí o Outono, 'migos, já cheira e tudo.

Tudo arrumadinho e limpinho

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

Bidé

A Fátima dos sutiãs chamou-me de longe, lá da soleira da porta do estaminé dela – ó 'mor! Era comigo, era. 'Mor. Ah...... (as reticências são a dobrar porque o espanto é muito) Queria saber se tenho uma cena daquelas de pôr na sanita para fazer as vezes do bidé. Não tenho. Ai, chamei Fátima dos sutiãs e juntei o desejo de um bidé, o que alude a genitais. Ai, sempre posso não publicar este post ou então não chamar Fátima dos sutiãs à Fátima que, ainda por cima, é de sutiãs. Neste post, claro. Ó 'mor!, de chamamento... Tão alfacinha. O meu nome é Gina, já agora. É que assim ficamos quites, a Fátima e eu.

Deixa-te ir até meio

Se te encontrares com uma tentação, o melhor é ceder, mas até meio. Fazes assim: estendes a mão/dizes que sim, apanhas/beijas/mordes, arrependes-te e deixas cair e afastas-te convencida que és a melhor pessoa do mundo. Aprendeste hoje que, não cedendo mesmo nada, te cresce uma ansiedade, e cresce até rebentares e que, cedendo um poucochinho, percebes coisas dentro de ti e mandas fora porque deixou de te interessar, vindo a ficar deveras satisfeita contigo. Oh, ego!

Beleza interior

Eu, vivalma

Os meus trabalhos são de estar sozinha
Os meus passatempos são de estar sozinha

O que acontece

O que acontece quando não se sabe viver, é matar-se. Se não de uma vez, então aos poucos.

Está-se em modo almoço não tarda

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Ó Gina, tu leste?

Li. Até entonteci de felicidade. À hora do lachinho da manhã, aquele das uvas, li meio conto do livro de estar no estaminé – Assobiar em público, Jacinto Lucas Pires; e o conto: Dlim dlão – toda muito compenetrada e não sei quê, e, na pausa de pós almoço, dei conta do restante com uma atenção que há anos não tinha. Julgo que este despertar se deveu ao tema do conto, é uma cena descrita sem mimimis, um bocado crua, tipo assim de linhas direitas, vá, passada num café. Olhem, já sei como explicar, é uma cena contada como se vista com um só olho, que há tempo vi um vídeo explicando que a gente vendo com um só olho, que é, por exemplo, como vêem as máquinas fotográficas, as pessoas ficam desengraçadas, salobras, e há qualquer coisa (vou ter que rever o vídeo para explicar isto melhor) no par de olhos humanos que consegue simetria, e simetria é beleza, muito embora ninguém queira saber disso para nada, ai o belo é a diferença, ai eu sou como sou, ai que graça teria dois lados de uma cara iguais iguais iguais e blás e mais blás, sendo que no vídeo foi também exposto ser comum gostarmos do reflexo que vemos no espelho e não gostarmos de uma foto que tenhamos tirado com a mesma expressão, pontos de luz, sombreados e demais ideias. Ora é mais ou menos isto, a cena é crua e algo rude – descrita com um só olho - mas eu, com o apoio das minhas experiências em cafés (não sei se se recordam, mas vá: vulgarmente chamo-lhes de 'lugar da musa') – usei os olhos de imaginar e - identifiquei-me com a cena. Não é que pareça que tenha sido eu a escrever o conto, calma lá, não é nada disso, é que me revejo e a interpretação é minha, que essa ninguém ma tira, era o que faltava. Ai porra que não se percebe nada. Bom. Até amanha.

A fazer antes de morrer
(sim, antes de morrer, sou uma besta, deixem-me)

Ir a Paris
Paris é uma cidade linda e imensa. Quando lá estive, além de ter sido há muitos anos (2004), ocorreu um incidente: perderam-se as fotos. De maneiras que não me lembro de quase nada e, ademais, não vi tudo o que queria.

Heranças virtuais

Às vezes* penso no que farão os meus descendentes com estes escritos todos (claro que penso! oh se penso!). Não raras vezes, em algumas *dessas primeiras, julgo que, não querendo eu que tudo se perca, devia fazer uma escolha dos textos mais sofridos, alegres e em que mais me comprazo quando releio, compilando-os. Mas, a bem da verdade, essa é uma escolha que não pode ser feita por mim, cada um dos meus vinte e tal mil textos é um filho, como desistir de um em prol de outro?, mesmo os menos favorecidos com sofrimento e alegria? Hum, não vai dar.
Comecei este post porque me surgiu uma frase muito linda. Linda. Que não consta. O pensamento é abstracto, eu é que teimo em continuar a escrevê-lo. Como se. Bah.

Sonho

Sonhei que enviara uma carta a uma amiga pela via tradicional – e antiga e antiquada –, onde pusera um penso higiénico sujo de sangue menstrual. A resposta não demorou tempo nenhum, no dia seguinte recebi uma carta – pela mesmíssima via – com o meu penso e um outro, dela, sujíssimo. De resto, tenho memória de haver conversa manuscrita entre a gente as duas, mas nada em concreto, vai daí nos quedamos, menstruadas, neste post. Não escondo que desejo um significado, em bonito e bom, para este sonho, mas tê-lo, de acordo e de exaltante para com a minha pessoa, é que são elas.

Primeiro

Bom dia. São onze e dezanove. Tenho o teclado com pingos da água com que lavei as uvas do meu lanchinho. Que desperdício, aquela, não estas. Perigoso também, mas. Comprei as uvas agorinha. O nepalês da frutaria estava a ser alvo de atenção por parte de um cliente todo brincalhão. Dizia que ele havia de estar a terminar o filme, à conta do penteado que apresenta há uns dias - um totó no alto da cabeça. Perguntei-lhe se agora era actor. Não ligou, o brincalhão falava mais e mais alto do que eu. Tanto que o nepalês soltou as guedelhas, ficando com uma cabeçorra de tal porte que a senhora do restaurante exclamou: Oh! Se tu aparecesses num filme com esse cabelo fugia tudo!

Ah1, tinha saudades de começar o meu dia de brincar aos blogues com esta coisa do 'Primeiro' e 'São' tantas horas e uns quantos minutos.
Ah2, as uvas eram boas – tão boas -, obrigadinha. A fazer: clafouti de uvas, que os clafoutis querem-se com fruta da época.

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

O sol em setembro

Deixo foto que ontem esqueci nas malhas do dia. Ocorre que, quero eu dizer da foto, a flor fui eu que pintei, já a ferrugem, o que a pintou foi o estendal que lá roçou em tempos, mediante chuvas gradas e/ou de pouca monta. E vai que molha e vai que seca e vai que molha e molha sem secar e seca depois. Ao metal, o que se chama à ferrugem com que pintou a minha varanda, é deterioração. Que é palavra boa que se farta para trava-línguas. Farta, farta. E trava.
Quero ainda dizer coisas do sol. O sol que se lá vê é o sol de setembro, que é especial por haver um não-sei-quê nesta altura do ano, fazedor, com um sei-lá-quê, de sombra na minha varanda. Ai porra que não se percebe nada. Bom. Em setembro o sol bate na minha varanda, ao menos um poucochinho, de raspão, momentaneamente, o que não se vê em mais altura nenhuma do ano e, por raro ser, é belo. Era isto.




A árvore amarela

A árvore amarela já tem laivos dessa cor. Setembro, né? É. É setembro, é. Ah, não vá isto não se perceber: os laivos amarelecidos estão presentes nas folhas.

A gente querendo

A gente querendo elogios é subir a avenida que logo vêm as senhoras da sina adjectivando sem razão ou amanhã. Há bocado fui simpática, linda, bonita e jóia. Sozinha, a jóia não é adjectivo, mas, vindo a circunstância por junto, a coisa chega lá.

Lá em cima

Quando fui para cima as horas eram 10:22 e os graus não soube. Quando vim de cima os graus eram 21 e as horas não soube.

sábado, 1 de setembro de 2018

Batons

A rica filha diz:
«Tenho mais batons do que dias tem o mês mais comprido.»
Perguntei-lhe quantos eram, diz que não sabe e acrescenta:
«Nunca mais preciso de comprar batons!»


nota ulterior:
são 33, os batons

Sonho

Não sonhei com porra nenhuma e curtia ter sonhado para ser outras vidas na minha cabeça. Este post é um não-post, pois que vem do sonho que não tive e do desejo de sonhar, e é um não-post por conta de o jogar para a etiqueta que coloquei no blogue: 'sonhar é fácil', que é título super original em se tratando de sonhos.