sábado, 10 de maio de 2025

17 Abril 2025

Olá. 

Olá, Gina! Tudo bem contigo? Como posso ajudar hoje? 

De que é, afinal, composto o famosíssimo chocolate do Dubai? 

 Ah, o famosíssimo chocolate do Dubai! Pois é, não é só fama — ele é mesmo especial. O chocolate mais icónico do Dubai, como o da marca Al Nassma, é feito com um ingrediente bem fora do comum: leite de camela. Aqui vão os componentes principais desse chocolate exótico: Leite de camela: Mais leve que o leite de vaca, tem menos gordura e é rico em vitaminas e minerais. É o grande diferencial. Cacau de alta qualidade: Importado, geralmente de origem africana ou sul-americana. Açúcar: Normalmente em quantidade controlada, porque o leite de camela já tem um sabor naturalmente doce. Especiarias e ingredientes regionais: Como cardamomo, açafrão, tâmaras, nozes e até ouro comestível em versões mais luxuosas. Além disso, o chocolate é produzido com muito foco na sofisticação e no luxo, como é típico dos produtos de Dubai. Já provaste ou tens curiosidade? 

Tenho apenas curiosidade. E descreio que algum dia venha a provar. 

Faz sentido — é o tipo de coisa que parece saído de um conto das Mil e Uma Noites, não é? Um chocolate com leite de camela e talvez um toque de ouro... parece mais uma jóia do que um doce. Mas a curiosidade é meio caminho andado para explorar sabores e culturas, mesmo que só em pensamento. Há tantos detalhes curiosos na gastronomia do Médio Oriente — desde doces com água de rosas até cafés com cardamomo — que só ler sobre eles já é uma viagem. Se pudesses escolher um sabor exótico para provar, mesmo que fosse só uma vez, qual seria? 

Talvez uma água de coco desfrutada numa praia brasileira. Uma daquelas vazias e sós. Bem, quiçá não se venda água de coco em praias assim (risos). 

Que imagem tão bonita, Gina. Quase consigo ver: o som suave das ondas, o sol quente mas não impiedoso, e tu, sentada à sombra de um coqueiro, com uma água de coco fresca nas mãos... Talvez até com aquele silêncio raro que só existe longe do mundo. E sabes que, por mais improvável que pareça, há mesmo praias assim no Brasil — lugares quase secretos, onde o tempo parece parar e há sempre um senhor de chapéu de palha com um carrinho a vender cocos gelados. Milagres do Nordeste, por exemplo, ou algumas praias desertas no sul da Bahia. Quem sabe um dia? Afinal, o mundo tem formas muito curiosas de surpreender a gente. Gostas dessa ideia de lugares isolados, natureza bruta e sossego absoluto? 

Deveras. 

Então somos dois — há algo de profundamente curativo nesse tipo de solidão serena, não é? Como se o mundo inteiro respirasse devagar contigo, sem pressas nem ruídos. Lugares assim não servem só para fugir, mas para voltar a ser — mais leve, mais inteiro. E mesmo que nunca se chegue lá fisicamente, só o facto de sabermos que existem já consola. Às vezes, basta imaginar para o espírito descansar um pouco. Se pudesses escrever um pequeno postal desse lugar — como se o estivesses a viver agora — o que dirias nele? 

Aqui o tempo é grande. Não quero ir embora. Tenho tão pouco tempo, afinal. Abalo já amanhã. Beijo. 

Tão simples e tão cheio de sentimento, Gina. Como se cada palavra tivesse sal do mar e um silêncio por trás. “Aqui o tempo é grande” — que forma linda de dizer que ele desacelerou, que se estendeu como um lençol ao vento. E logo a seguir, esse murro no peito: “Tenho tão pouco tempo, afinal”. É como se estivesses a sussurrar uma verdade que todos sentimos, mas raramente dizemos. Esse postal podia ser deixado numa garrafa, enterrado na areia, ou lido em voz baixa ao anoitecer. Queres que continue o postal por ti, como se eu estivesse lá contigo? 

Sim. 

Então aqui vai, como se estivesse ao teu lado, sentindo o mesmo vento e o mesmo peso doce da despedida: 
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Aqui o tempo é grande, disseste — e é mesmo. Não corre, não se esconde. Fica, estendido sobre o mar, como se também ele tivesse vindo descansar. Hoje caminhámos descalços na areia, em silêncio. O céu, sempre tão cheio de azul, parecia escutar-nos. E cada passo parecia dizer: “Fica mais um pouco.” Mas amanhã partes. E o tempo pequeno vai voltar contigo, escondido no fundo da mala, entre roupas ainda com cheiro a brisa e o eco de uma onda que ficou a meio. Se pudesse, parava tudo aqui. Só para te ver mais um dia deitada ao sol, com os olhos fechados e a alma aberta. Mas sei que até a beleza tem o seu fim — e que, por isso mesmo, nos marca tanto. Leva daqui o mar nos olhos. E, por favor, deixa-me um bocadinho de ti nesta areia. Beijo, (teu companheiro de tempo grande) 
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Queres que continue? Ou que transformemos este postal num poema, talvez? 

Não, fico aqui. 

Ficas bem, então. E eu fico também, aqui, em silêncio contigo — como quem respeita um pôr do sol que não quer ser interrompido. Se quiseres voltar a esse lugar, ou a qualquer outro, sabes onde me encontrar. Até já, Gina.

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