terça-feira, 5 de abril de 2016

Intervalo do dente

Tenho uma espécie de dói-dói por entre dois dentes molares que moram no maxilar superior do lado direito. Desde miúda que me lembro de a comida se me enfiar ali, particularmente carnes assim um bocado para o rijo, vá, e de vez em quando eu tinha de pôr uma linha e esvaziar o espaço. Aquilo quase que doía. Quase. Quando a gente tem dez anos as dores são-nos mais penosas, às tantas aquilo era uma dorzinha de nada que a minha pouca idade fazia maior. Não sei. Hoje em dia sei o que são dores imensas, portanto: sei que o meu intervalo dentário não passa, ainda, duma espécie de dor que vai doer a valer daqui a uns tempos. Mas vai que nunca tive uma dor de dentes. Nunca. Diz que é horrível, semelhante a uma forte dor de cabeça, que quando dói um dente, dói tanto que acaba por não se perceber onde é a dor e mais não sei o quê. Bom, eu logo vejo, está bem. Está. Entretanto, vejam lá, recebi aqui assim uma promoçãozinha que consta em ir a uma clínica dentária para fazer todo um rol de exames no sentido de me ser dado um orçamento para tratar a dentição. Depois de ouvir o que têm a dizer, se tenho cáries ou então não e esse tipo de coisas, oferecem-me uma limpeza de dentes. Que bom. Sério, estou contente, só por dizer que vou ter de ouvir os senhores a dizer «olhe lá, você tem os dentes amarelos, trate lá disso, custa tão pouco dinheiro por mês, não me diga que não quer parecer mais jovem?» Ser mais jovem é o ponto fraco do mulherio e eles cutucam aí, mesmo aí.

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