Tenho feito barritas de frutos secos de duas qualidades, uma cuja base é de tâmaras, outra feita com alperces. Tanto num como noutro caso, coloco:
250 gramas de tâmaras/alperces secos, figos secos (estes ainda não experimentei mas não duvido que saia bem)
150 gramas de frutos oleaginosos (qualquer um, pode até misturar várias qualidades)
2 colheres de sopa de flocos de aveia
1 colher de sopa de cacau (no caso das tâmaras, com os figos ainda não experimentei mas não tardará)
1 colher de chá de canela (no caso das tâmaras, com os figos secos ainda não experimentei mas não tardará)
2 colheres de sopa de geleia de arroz (no caso dos alperces e pode ser substituído por mel, mas convém reduzir a quantidade para metade)
Coloco tudo no processador, aciono o botão e deixo processar até vir a mulher da fava rica. Ná... É até formar uma bola, o que leva quatro ou cinco minutos. O formato bola alcança-se quando tudo está efectivamente moído e unido. Retiro então a bola de dentro do copo e deito numa forma. Calco, tapo e ponho no frigorífico umas horas. Quando acho que está pronto a comer corto em barritas ou em porções do tamanho do apetite. E como, pois claro.
Ressalva 1: a forma pode ter qualquer formato, só não é boa ideia ser muito grande, quando não as barritas ficam demasiado finas – tenho usado uma caixinha de plástico com 15X20 cm, mais coisa menos coisa.
Ressalva 2: é mesmo uma boa ideia deixar umas horas no frigorífico, tipo assim umas oito a dez, os sabores estarão libertos e mesclados au point.
Tenho tido o hábito de trazer então estes preparados para o estaminé. Há dias esteve aqui uma cliente que estava atrasada para uma situação qualquer da sua vida e se encontrava numa agitação tal que ainda não tinha almoçado. Depois de a atender perguntei-lhe se gostava de frutos secos, ao que respondeu que sim. Vim cá dentro e cortei uma barrita do preparado de tâmaras, que coloquei num guardanapo. Apareci-lhe com aquilo na mão, oferecendo. Ela aceitou e agradeceu, cheia de sorrisos. Em conclusão, ou resposta, se calhar é mais isso, à saída disse:
«Sei. Porque tenho memória, sei»
Que é a frase que escrevi no estaminé.
Ulha! Mais uma pessoa que notou! Ah! Acrescentou ainda que aquela frase lhe parecia ter uma boa história por trás. E eu que não, não tinha, foi somente um pensamento que tive e que registei.
Num outro dia foi um cliente a quem o meu colega ofereceu um pedacinho do doce que tem alperces. Eu estava meio escondida e ia ouvindo o cliente que não e que não e o meu colega a insistir. E o cliente a fazer-se esquisito e o meu colega mas prove, mas prove. O homem aceitou. Depois de provar apresentou-nos o seu veredicto:
Eh pá, falta-lhe é açúcar! Isto assim é uma dieta do caralho! Foda-se!
Mas tudo na maior descontração e enorme alegria de viver, pois claro.
Entretanto recordo os leitores que era como se eu não estivesse ali, era uma cena entre machos, e acrescento que não me sinto ofendida com as caralhadas que as pessoas dizem, principalmente se tão espontâneas, como estas, e se não me forem dirigidas, como é o caso.
Calhou a mistura oferecida ser a que leva alperces e que é quase nada doce. Pobre homem, só vos digo. Calhasse-lhe o docinho das tâmaras e gemeria de prazer.
Quem parece gostar também destas barritas é o Zé. Sério. E muito. Até apaga o cigarro para. O Zé é um homem de quem eu já tenho falado no blogue, gosta de visitar o estaminé, conversa com o meu colega, comigo também mas menos, mas raramente entra cá dentro. É comum fumar enquanto as conversas se dão. Por isso é que eu digo: o homem apagou o cigarro para comer, portanto...
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