sábado, 14 de dezembro de 2019

Paneleirice

Não vou dizer
'tenho mais uma paneleirice no telefone!!!'
porque com esta já ele vinha, eu é que não tinha ainda dado por ela. Trata-se de poder falar com Mr. Google - digito mensagens em forma de ordens e recebo mensagens em forma de obediência.
Ó pá é tóin xiru!
Doravante, quando quiser organizar a minha agenda de modo a tê-la no telefone, já sei como é.
E sim, este post é deveras e assaz e muitíssimo e bastante e verdadeiramente interessante;
e é absolutamente e consideravelmente capaz e curioso;
e dá mesmo e mesmo e mesmo que pensar,
melhorando, aliás e capazmente, o mundo de qualquer ser humano.



Post com buéda linques, quiçá venha a ter buéda laiques

Uma manhã dessas aí acordei ao som da canção Kiss From A Rose do Seal e que era uma das canções favoritas do rico filho. No tempo em que o ia buscar à Escola ele pedia que pusesse este CD. Há dias revelei-lhe este acordar e ele disse logo: 'ganda som! ainda gosto'. Depois, na Radio, seguiram-se duas canções - a triste e a das pessoas que não são bonitas.

Recordação seguinte

Bom. Então. Abaixo está uma Gina de 1992, que é uma do tempo em havia rica filha mas não havia rico filho, e já fazia caras malucas para quem lhe apontava a lente. Noto também a ausência daquele dentinho torto, que na altura ainda não havia entortado por conta da não existência de dentes do siso. Eu não era mais feliz neste tempo, era, isso sim, menos rica, tanto por não ter ainda concebido (com ajuda, calma, bem sei que os filhos não são só das mães) o rico filho como por haver tantas coisas que ainda desconhecia, e era mais jovem e mais guedelhuda, lá isso era. 


Uma vez fui a Londres

Uma vez fui a Londres, concretamente: 2005, e lembro-me pouco desses dias, que foram quatro ou cinco, tenho fotos de uma máquina digital das muito básicas (2005 malta, que querem?) mas não consigo abrir o disco externo para ir lá buscar uma para anexar ao post. Lembro o Parque de Saint James, verde verdinho verdinho, o frio imenso, o quase nevar, o nevar mesmo, o Harrod's e as roupas caras e os remembers (é os souvenirs à inglesa), os autocarros, o problema que era olhar para o lado contrário antes de atravessar estradas, os indianos nas lojas (sim, lá também os há), o café não prestar, o tumulto da metrópole, o Metro, caramba, o Metro, que estreiteza, daí lhe chamarem tube, os restaurantes portugueses, os pounds, um pound isto, dois ou três pounds aquilo, os bairros mais sossegados, o Tames, o Big Ben, o soldado à porta já não sei de quê, o Museu de cera, caramba, Beyoncé, és mesmo tu? hum, és assim tão pequerrucho Tom Cruise? e tu Hugh Grant, afinal és feio?! what?!, de tirar uma foto agarrada à 'mão' do George Clooney, e sei lá que mais and so on, and so on. However… Lembro-me even better de um pensamento incredible and dizzy, que foi ter indagado para comigo mesma acerca da imensa honra que terá quem lave as cuecas da rainha. Não é rainha, é Rainha.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Baú riscado

Dois pontos

O sim como a melhor posição: estar certa é como não estar errada.

Cortinado

Regressei ao escrutínio do cortinado mais famoso do meu blogue - aproveitei-me dele, foi mais isso, sou mas é uma usurpadora, afinal as coisas estão à mercê, né? - e notei que os pássaros, para além de serem o negativo uns dos outros, são também mutuamente contrários, tal como, por exemplo, as mãos esquerda e direita. Só não fixei se estão de costas voltadas, ou mirando-se. Se mirando-se, posso inventar que o fazem amorosamente... Mas esse escrutínio fica para uma próxima vez.

As senhoras do meu mundo

As senhoras do meu mundo andam mancomunadas: se num dia uma das senhoras me ofereceu um café, que logo aceitei, oh alegria!, no outro, a senhora deixou a caixa das cápsulas aberta - gesto frontal - e a tampa da máquina deslizada - gesto subtil - não bebi, sem companhia, sem o incentivo: 'beba um cafézinho!', não consigo.

Lisboa, Lisboa

Na rua da Escola Politécnica há um edifício que em um pilar diz 'força moral' e no outro diz 'o trabalho'. É uma afronta. Duas estações de Metro depois, a dada altura enveredei pela rua dos cinquenta e dois jacarandás, que é também bonita no crepúsculo, ou lá como se chama esta luz assim.

Lisboa, Lisboa

Olá, o meu nome é Gina e estou a comer uma maçã, sentada num banco da avenida da Liberdade. Sinto até o trepidar do Metro, que me alcança sem toque nenhum, parece aquela coisa do é - e - não - é. Ai.


Comprinhas

Olha eu na loja de roupas, vasculhando expositores:
hum... to simple, not fashion
hum... to large, not good
hum... to colorful, not my thing
hum... to shine, (definitely!) not for me

Tenho, por ora, camisolas básicas que chegue e, doravante, comprarei apenas as que, provando no corpo e mirando no espelho, me transcenderem, daí andar loja afora falando comigo. Sim, sim, oh sim! - ai a porra das vírgulas.

Comprinhas

Comprei o! corante amarelo.
Comprei o! creme de rosto.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Dos sonhos

Cá para mim os sonhos descem - digo os de dormir - pá, se me vejo deitada...

Post em bom

Bati com o dedo na mesa. Vai daí estou viva. Vai daí mexi-me. Vai daí é bom.

Indo vou

Fazer coisas para não pensar em (outras) coisas
Pensar coisas para fazer (essas) coisas

(arbitrário, não obstante)

Fontes

Tenho três fontes de lágrimas: os olhos, o coração e a cabeça. Pode também acontecer que, chorando com o coração, a boca se lhe junte.

Já fui e já vim

Já vi a manhã quando de noite, já fui
Já vi a manhã quando de dia, já vim

quarta-feira, 11 de dezembro de 2019

Drama bom

Continuo a viver aquele drama bom, o das magras, quando nas compras de vestuário - há lojas que não me servem porque os xisésses são demasiado grandes para mim. Porra, como a minha vida mudou...

Post with wire

O fio do aspirador, de tantas voltas lhe dar, fez-me um coração. Ali, no chão, o amor. No futuro em que o mais comum dos aspiradores seja wireless, já isto não ocorrerá.

Desbloqueador

Não há nada que mais me desbloqueie do que a oferta de um café. Porque aceito sempre. Porque tanto sou tímida, como destemida. Porque sou ambi-coisas, é o que é.

Lisboa, Lisboa

How bout a round of applause?
A standin' ovation*

Eram dois relógios. Descobri depois que, por não estarem certos um com o outro, lhes ouvia as badaladas e a melodia com um minuto ou dois de intervalo. Portanto, nada de me apoquentar com o tempo a passar rápido rápido rápido.


*Rihanna, Take e Bow

Para recordar:
Escolhi este título porque sempre pensei que a Rihanna cantava 'clock'  e não 'aplause' e, quando da descoberta da existência de dois relógios, como me lembrei deste verso, fica na mesma.
A foto abaixo é também para recordar, foi tirada há uma data de dias, na zona de Rio Maior.




terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O Natal em montão

A cliente tem em sua casa um montão de presépios e enfeites de Natal. Ocupou a grande mesa de sala, as prateleiras dos móveis, os aparadores, as mesinhas. Por muito dispersa que esteja a bonecada natalícia, que está, parece um lugar coeso. Não sei, parece, pronto – o blogue é o único ponto do mundo onde posso não saber coisas.

Quero ser

Quero ser piloto de automóveis. Pilota - não quero saber se lembra pila, afinal piloto também a lembra. Mas de grandes máquinas, claro. Sabem como é, altas cilindradas, carroçarias levezinhas, aerodinamismo, expoentes ao máximo dos seus expoentes, que é o mais dos maises. Bólides. Isso. E com máquina de café. E acesso ao blogue, já agora, não fosse eu querer actualizá-lo. Papel e caneta. Pronto, esse tipo de ocisas... ai perdão, coisas.

7171

interesse →← curso; rota; caminho ←→ interesse

Considerações

Fui dar aquela voltinha, a de sempre, não que me apetecesse por demais, mas porque vi o sol e me pareceu tão quente que resolvi certificar-me. Estava, mas à ida, que na vinda já o calor abalara.

Dou dois meses, ou menos, para aparecerem florzinhas brancas com laivos cor-de-rosa em certas árvores do jardim.

Numa loja de roupas, ouvi uma senhora dizer para a mãe:
A mammy não vestia aquilo! Um casaco com aquele pêlo? A mammy não vestia!

Traz

A moleza traz a calma e a calma traz a tristeza.

Dias de um Ginásio

Era suposto eu ter o iémecê de uma atleta, mas isso era se eu fosse outro*. É que deu um número reduzidíssimo, o senhor professor ficou até maluco. É surreal, dizia ele, mesmo para mim, que trabalho com isto, acho incrível, e tal e tal. Ora bem, depois percebeu-se a causa da drástica redução: o senhor professor, aquando da introdução dos meus dados na tal balança xispêtêó, pôs-me como male, not female, e bem sabemos que, de um modo geral, os homens são menos 'gordos' do que as mulheres, daí eu estar tãããããão 'magra'. - *Sim, outro, percebe-se agora, né? - Continuo, portanto, gorda pra caraças.

Diário das expressões

Lisboa, 29 de novembro de 20419... ai perdão, 2019 (e não deixa de ser giro alvitrar que daqui por dezoito mil e quatrocentos anos não há blogues...)
Bom, vamos lá a explicar o meu colega.
Então...
O meu colega é uma pessoa que trabalha comigo e por isso é que o trato assim no blogue.
É.
É, mas não é só.
O meu colega é o Luís, aquele que às vezes aparece aqui como Luís. Esse mesmo.
E que é o meu mardio... ai perdão, marido.
Eia pá, até parece um poema.
Comecei por lhe chamar assim porque, para já, fica giro, para depois, marco diferença entre o ser colega e o ser marido. Digamos que o relacionava muito melhor com as questões do estaminé se o tratasse por colega do que se ele fosse o Luís.
Como se pode ver no primeiro post que dele falei, há muitos anos que o trato assim. Hum, acho até que merece uma etiqueta... Em janeiro trato disso.
Lisboa, 10 de dezembro de 2019 (eia pá, há tanto tempo que não avançava com isto...)
O motivo de eu chamar colega ao Luís em alguns posts é porque fica muito mais giro eu dizer que tenho um colega, acresce que somos efectivamente colegas e devo dizer que nunca fomos tão colegas como agora, que trabalhamos no mesmo estaminé e dantes havia dois, eu em um, ele em outro, mas trabalhávamos tão em conjunto como actualmente. É claro que o meu colega, o Luís, sabe que tenho o blogue, que gosto pra caraças de escrever e que não passo sem isto de mostrar ao mundo as coisas que considero serem de mostrar.


Este post é continuação daqui.

Grandes cromos (leia-se selos)

Está na hora, visto ser Natal, de o supermercado fazer aquelas promoções de selos que se ganham mediante um valor em compras e se colarem numa caderneta e ao fim e ao cabo adquirir bichos feios mas que não assustam ninguém. Eu não os quero e o motivo é que não os quero. Sim, desenvolvo. É que a iniciativa não é daquelas de a gente adquirir as cenas sem ter que gastar dinheiro, arranje a gente os selos que arranjar, os bicharocos jamais me calharão à borla. Acresce que não os acho assim tão giros... É uma piadinha, ah ah.
Mudando tipo assim mais ou menos de assunto, daí o parágrafo:
Todas as vezes que tenho ido às compras no supermercaod... ai perdão, supermercado e a senhora da caixa me pergunta se estou a fazer a coleção, digo que não mas, ela querendo, pode dá-los ao próximo lciente... ai perdão, cliente. Mas ela que não, que não podem dá-los, eu é que tnehoq ue... ai perdão tenho que os dar, em, por minha vez, querendo, mas como não me apetece ficar especada, desisto logo ali.

isto é uma pessoa a aparecer

Manhã

No canto superior direito, o ecrã do telefone mostra-me uma nuvenzinha com três risquinhos abaixo dela, na horizontal, o que significa nevoeiro. É uma informação desactualizada e que não combina com a imagem abaixo, primeiro: a nuvenzinha apareceu às seis e cinquenta, hora em que liguei as netes, e agora são dez e picos; segundo: as netes foram buscar o estado meteorológico em Loures, e a foto foi tirada em Lisboa.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Papelada

A rica filha conta ao mano acerca do desenrolar do seu Sims, que teve dois pares de gémeos e que os cães lhe tinham morrido. O rico filho responde à mana um condescendente, porém atencioso, 'acontece'. Aquando do preenchimento da papelada, noto que o 9 do rico filho é começado pela bola e só depois é que lhe acrescenta a perninha, mas isto com levantar da caneta por entre e a perninha desenhada de baixo para cima. Noto, ainda, que o nome dos meus pais constará no meu CC enquanto eu viver e percebo que, por algo ascendente - ou descendente, sei lá - o meu nome constará nos CCs dos ricos filhos. Noto, e é só mais uma notazinha, que actualmente os impressos já contam com linhas bem grandinhas, onde cabem nomes tão extensos como o meu.

Olás aos que ficam defronte

Olá terceira árvore que encontra ao lado esquerdo quem desce a rua mais bonita de Lisboa
Olá primeiro banco que encontra quem desce a rua mais bonita de Lisboa

Empilhamento

Estive de roda de uma actividade extremamente criativa - retirar as fitas das caixas de cartão, abri-las e empilhá-las ao alto dentro de uma outra, que não abrira. É um armazenamento, isto que fiz. É para um armazenamento, isto que fiz.

Mola com massa

As molas das portas dos prédios, chegando a velhas, babam-se. Mas é uma baba escura, que cheira a pó e a lubrificante. É uma massa, vá.

Mas que grande encomenda!

Chegou a minha Árvore de Natal! Já está aqui! No estaminé! E eu a pensar que ia ainda levar um ror de tempo! Mas não! Já cá chegou! Ao estaminé!
Já cheeeeeega!
Agora é descobrir como levá-la para casa, uma vez que, para ir na mota, é cá uma encomenda!

domingo, 8 de dezembro de 2019

Cor-de-rosa

Não sabia como vos mostrar que continuo numa de restos de coleção no armário, moram ainda por lá umas quantas roupas largueironas e tal, de maneiras que é o que é e é o que se vê - elástico a sobrar. Elástico a sobrar?! Então: nó nisso. Ficou tão melhor.


Testa

Testa que não é de ferro, esta minha, porque voltei a bater com a mona em algo rijo e a fazer sangue. Pronto, 2019 vai fica conhecido como o ano de bater com a cabeça. Mas desta vez nada foi de tãããããão estranho assim, afinal que estranheza há em baixar a cabeça ao pé de um cortinado que escondia a quina do móvel? Estranheza nenhuma, pois claro. De resto está tudo bem comigo, obrigadinha.

ouvido na tv:

tu as une cigarette?

je peux faire du golf?

c' est bizarre comme coïncidence, non?

il est mort à cause de moi

c' est lui, je te dis, je le connais

c' est ma mère sans sa perruque

à route, belle troupe!

désolé pour le poudre...

café?! porquoi non du thé?

je n' aime pas les animaux morts

ah

bom bom é guardar os talheres ainda quentinhos da lavagem

Gina, numa relação com o supermercado.

Ai ó pá sei lá eu se o carro vai pegar... Pegou. Às vezes, aquando do frio e de vários dias sem o motor trabalhar, lá se lembra o dito de me dizer 'hoje não'. Mas hoje sim. Lindo menino. Mas o melhor é ficar um poucochinho a aquecer.

A grande novidade, à entrada do supermercado, é que as luzinhas das escadas rolantes estão apagadas, mas os fins – ou princípios – ostentam fitas e bolas. De Natal. É do Natal que estou a falar agora. Há também lojas decoradas com a bonecada de Natal. Do Natal. Ai.

Não sei como é com a outra gente mas a mim acontece já ter uma catrefada de coisas no carrinho e nada do que lá está constar na lista de faltas. Aliás, até me lembrar desta questiúncula ainda nem sequer tinha olhado para a lista que tão aprimoradamente construí. Aprimoradamente... Não, não está bem, se há coisa que não há no fazer desta lista é primor.

Comprei frango, para comer carne. Carne de frango ainda desce, agora de porco: nem cheirá-la, de vaca: nem pensar nela, pronto, como frango, vá.

Toda a gente sabe que o segredo para conseguirmos as embalagens mais jovens é retirar as mais à mão e trazer as menos ao pé. Isto confiando no esmero de quem arruma as prateleiras, claro. Trouxe a embalagem de cogumelos parisienses que estavam o mais longe do longe.

De repente vi-me defronte de uma senhora debruçada sobre algo e notei-lhe a costura de trás das calças a esgaçar. De nada, ora essa.
De repente uma senhora comentou comigo que andava à procura do 'homem', que o tinha perdido, que ele é baixinho mas gordinho e que, portanto, há razões para se ver bem. De nada, ora essa.

Na caixa calhou-me a senhora mais simpática de todas – Julia Roberts nem vê-la, há-de estar de folga ou assim – passa as compras por géneros e, ou, temperaturas e, ou, humidades. Trata-me até por amor. Desvendou-me as ideias que tem para a Consoada. Alvitro que se terá lembrado disso por ter visto as asinhas de frango no tapete. Afirmo, agora afirmo, que nessa noite especial esta senhora idealiza apresentar aos seus familiares um lombo de porco feito à moda de Wellington, com massa folhada. Afirmo também que ela me perguntou se eu sabia se era bom e eu que sim! muito bom! fiz o ano passado! e só lhe digo! que maravilha! Quero dizer, foi mais ou menos assim, à parte o entusiasmo que coloquei exageradamente no que estou a escrever, não me pus para ali aos berros e a saltar, acresce que não fui que eu fiz a chicha à Wellington, foi o Luís. Mas essa chicha é montes de boa. Façam. E nem dá assim tanto trabalho, principalmente se optarem por comprar a massa folhada.

Sabem o que é que faço sempre - mas sempre – ao chegar ao carro? É abrir a porta do condutor e voltar a fechá-la, dar-lhe a volta, abrir-lhe então a porta do pendura e depositar aí as compras. Sim, as compras viajam até casa bem junto desta que escreve. Sim, abro primeiro a porta do condutor porque, em passando trinta segundos, ou lá que é, o burro volta a fechar-se, e eu levo um ror de tempo a dar-lhe a volta, jamais daria tempo, né? Já a porta da mala, de perra que está, diz-me sempre: Ó Gina não m' abras, não m' abras! Mas eu abro. Pus lá o frascão de amaciador para roupa.

No silêncio do interior do burro, ao depois de estacioná-lo, que mais vos queria dizer?
Que não me apetece subir aquela escadaria com um sacalhão em cada mão, cheios, pesados.
Que não me apetece arrumar as compras.

No silêncio da rua em descanso, já carregada com os sacalhões, uma vizinha avistou-me antes de eu a avistar a ela e ouvi-a dizer:
'Ah muito bem muito bem, assim cedinho é que é. Eu já vou apanhar muita gente!'
Quem sabe esta vizinha durma, não melhor do que eu, mas, o que não dorme, isto se não dormir, durma já sobre a manhã. Sim, está confuso, eu sei, eu sou confusa, 'migos, como não escrever confusamente coisas confusas?

isto é uma pessoa a desaparecer

Sonho

Sonhei com muitas pessoas e todas falavam comigo e nenhuma se calava para dar lugar a outra. E eram todas assim. E eram muitas. Tenho para mim que este sonho desceu por conta de ontem ter andado a brincar com os filtros do Snapchat e ter acontecido a imagem que se vê abaixo. Ou então desceu porque desceu, afinal os sonhos descem porque descem, as pessoas falam porque falam, e com isto não quero dizer que falam por falar. Hum, ok, vá, em certas alturas as pessoas falam porque têm que falar, quando não, ficam caladas e isso não lhes é bom. Mas também é verdade que as pessoas falam porque falam, sem que lhes seja particularmente bom, é mais por terem aparelho vocal do que por outra coisa. Nasce-se com isso, pronto.
Notazinha de suma importância: quadrupliquei a imagem na esperança de ficar equilibrada com o texto, só que não ficou.




Pequeno-almoço

Já provei o bolo de pêra, o tal acerca do qual ontem falei duas vezes, uma; duas. É bom, mas é mais bom pela cobertura do que pelo resto, o resto ficou amaçarocado, parece uma esponja que ficou muito tempo ao sol - e agora nem está sol nem nada. Fiz sumo de laranja. Bebi algum. Fiz café. Bebi um. Preciso de outro. Bebê-lo-ei. Ah, e o bolo não constará no meu dossiê especial.

sábado, 7 de dezembro de 2019

A primeira da estação

Tenho uma frieira. Encontra-se na falangeta do dedo indicador da mão direita e aparece pelo exterior toda assim a modos que feliz. Eu é que não, por a ter. Vai ser feliz pó caraças, 'miga, vai lá.

É(s)

É ninguém que
tá aqui
É alguém que
nã és ti



É(s)

De tão bom ser escrever:
É tão bom que descambo toda eu
É não deixar que seja mau

Comidinhas

Ainda as comidinhas, as mesmas.
O bolo de pêra era para ser com pistácios a encimar a cobertura, que é de queijo mascarpone e açúcar em pó. Não comprei os pistácios porque só os vejo à venda com sal. Podia colocá-los um pedaço de tempo em água para que dessalgassem mas não encontro vontade para isso, auguro pistácios salgados na mesma, e moles. Vou então colocar amêndoas laminadas e torradas, que as torro eu, e à cobertura acrescento raspas de limão, só naquela e tal. E não, ainda não provei, o bolo está ainda morno e este tipo de cobertura não quer nada com quenturas, mesmo que em poucochinho sejam.
O pão também não o fiz conforme a receita, joguei para a massa um punhado de sementes de abóbora, outro de girassol e outro de sésamo, estas estavam de resto, vou ter que adicionar à lista de supermercado, que ainda não actualizei.
Vou fazer mais comidinhas, assim haja gente cá em casa para as comer.

Comidinhas

Fiz um bolo de pêra e pão de linhaça. O bolo ainda não provei, estou à espera que arrefeça para fazer a cobertura e então é que. O pão é estranho. Estas coisas (supostamente) saudáveis apresentam quase sempre um cunho de coisa estranha e incapaz de saciar, mas saciar a mente. O pão não é mau mas também não se me luze o olho só de pensar em mais uma fatia. A bem dizer o modo como o comi nada tem de (supostamente) saudável, pus-lhe uma camada de manteiga para aí com meio centímetro de espessura.

Os verdes

O Luís perguntou-me se já pensei nas 'saladinhas' que vou preparar para incluir no menu da Noite da Consoada. Agora sou toda eu muito esquisitinha e mais não sei o quê, portanto tenho que ouvir estas ironias. Mas ó: não sou vegetariana, o que sou é avessa à carne de porco cozinhada (mas a curada ainda entra gostosamente, presunto, por exemplo, venha ele!) e recentemente descobri que nem vaca entra cá de gosto. De resto está tudo bem comigo, obrigadinha.

Verde que era vermelho (alaranjado, mais isso)

Já sei o que é aquilo do verde saído do alaranjado que há no meu caderno de linhas, e devo dizer que o alaranjado é a fazer as linhas verticais que marginam as páginas. Aconteceu então, que pelas chuvas do outro dia essas linhas desbotoaram em verde, pensando eu que deviam desbotoar mas era em vermelho ou coisa assim. E quando disse 'já sei' lá em cima, não é que saiba, é que presumo, uma vez que se me chegou um lembrete: há corantes que derivam de tons improváveis, portanto pode muito bem ser que uma cor que seja alaranjada, quando diluída, lhe saía a humidade me verde, isto porque verde tem que ver com amarelo (ai... até parece que estou a falar da árvore amarela), juntando azul, e laranja tem que ver com amarelo, juntando vermelho. E eu acho que este post está uma merda, mas colorida.

A mulher dos passos

Ora bem, desde que tenho este telefone, portanto: é desde maio, não contava os passos dados ao longo do dia, sendo apenas notificada quando chegava aos dez mil. Isto acontecia assim porque eu tinha preguiça de importar as informações que estavam como que escondidas devido à mudança de aparelho, era preciso clicar aqui e ali para pôr essas informações à luz e eu andava na sorna. Isto até há dias, quando, finalmente, oh glória terrestre!, me decidi a. E agora já posso brincar aos passos que a mulher dá, pois, como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, nos posts onde abordo este tema é comum o título ser 'A mulher dos passos', que sou eu, pois claro. E hoje já dei 1226 passos, vai agora o dia para aí a dois quartos e mais metade de um quarto… Digamos que são três e tal da tarde, pronto. Pá, hoje é sábado, aos sábados a mulher não anda assim tanto, e bem sei que para enaltecer esta actividade o que eu tinha a fazer era pôr esta questão num dia de segunda a sexta, o que não está a acontecer,
não
sei
se
tinham
dado
por
isso…
Hoje é sábado.

Cópias e assim, vamos lá a ver se dá

Bem, só vos digo: se o que estou a escrever precisamente neste momento se transferir para texto a partir de uma foto que vou tirar a este documentozinho... Fico feliz. Em dado momento desta semana voltei a aperceber-me que através do telefone posso copiar um texto que esteja inserido numa imagem e colá-lo num documento que seja de texto. Pois bem...
Deu, iei! Que maravilha, iei! Este parágrafo está a ser construído no telefone. Já escolhi o nome da etiqueta a chamar a todos os posts que construir desta maneira - 'Indirectamente...' , porque preciso do telefone para tal, mas não directamente. Sim, no blogue há uma etiqueta chamada 'Diretamente...' E sim, a dita não tem 'c' porque na altura de criar eu usava o Acordo Ortográfico.
Pois agora só vos digo que não estou no computador do estaminé, não estou no telefone, estou no computador de casa, e disposta a prolongar esta tão interessante temática. Chegada a este imenso ecrã, percebi que as palavras estavam cá todas mas havia quebras de linha onde não as quero, portanto: não deixa de ser uma opção a considerar e, não sendo perfeita, julgo agora que não a vou usar tantas vezes quanto isso. Depois há outra coisa: então e se o texto for daqueles enormes, se ademais era justamente nesses que estava a pensar usar este método? Já pensaram, escrevo aos bués no computador do estaminé, fotografo, seleciono o texto da fotografia, passo para o blogue, elimino as quebras de linha e publico. Pá, se der trabalho, dá, afinal eu gosto é de escrever e nem é comum deixar-me vencer pelo trabalho que dá manter o blogue, pelo que fica a meu cargo em exclusivo, pelo que não passa para vós, pelas questiúnculas dos bastidores. Mas é que nada disso. O que acontece é que, gostando de escrever como gosto, aparecem posts

precisamente


como



este.


Mais rascunhos

Bem sei que esta ideia já consta no blogue, mas quero expô-la isoladamente:

Agora faço também áudios, portanto tenho outra lista de rascunhos a despachar. É.

Este bolo é




Este bolo é de coco, amêndoa e chocolate branco e foi o doce de sábado passado. É maravilhoso, sim senhoras e senhores, e é óptimo para aproveitar claras, que leva logo seis. Eia. Este post existe principalmente por conta de uma grande porcaria: encontrei um pêlo da minha cadela na cobertura, assim bem enterrado naquela miscelânea branca e gostosa. Não o comi, como presumo que presumam, retirei-o, simplesmente, aproveitando o resto. Oh pá é tãããããão bom! Tenho tido preguiça de fazer o texto e pô-lo tanto no blogue como no meu dossiê especial. Um dia, um dia. Quiçá. Nem vou jogar a foto no lixo para ir servindo de alembradura. Entretanto posso deixar registado o sítio de onde retirei esta receita tãããããão boa, não vá alguém querer saber como é que é para contar como é que foi, foi aqui.

Saquinhos

O peitoral da minha cadela tem dois saquinhos atados. São saquinhos daqueles que fazem a gente parecer pessoas muito civilizadas, se os enchemos com o cocó do nosso bicho-cão, indo depois colocar no lixo. Mas já me estou a desviar do objectivo deste post. Eu quero vir dizer que esses saquinhos, por serem atados na correia do peitoral, ficam a parecer lacinhos, e a minha cadela fica toda pimpona.

(hum-hum, é verdade, é)

I went to the doctor and guess what he told me? guess what he told me?
He said girl you better try to have fun no matter what you do

Sinéad O'Connor, 'Nothing Compares To You'

demasia

olho, e luze-me o olho

Não posso fazer

Não posso fazer a Árvore de Natal porque está encomendada. Ontem de tarde chegou a notícia via netes que estava na caixa para seguir viagem. De maneiras que, quer me apeteça, quer não, não posso fazê-la. E hoje é sábado e amanhã é domingo, portanto é capaz de a viagem seguir só segunda-feira. Pá, bom fim de semana então para ti, ó Árvore.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Selado por ares

Sealed Air é o que vem impresso numa correnteza de sacos que vêm preenchendo a mercadoria. Estes sacos, por não terem escape para o ar que permanece dentro de sis (é o plural de si) parecem tufados, ou mangas de balão, que agora deram para lhes chamar 'mangas bufantes'. Pá, pronot... ai perdão, pronto, então, mesmo que bufantes, é usar, né?

Enfeites de Natal

Lembro-me de o ano passado andar numa loja escolhendo enfeites para... Precisamente enfeitar o estaminé. Pá, é redundância mas deixo-a estar. Lembro também que no pico mais alto da minha lista de critérios estava: 'os dizeres têm que ser em português', qual méri críssemasse; qual juáiô nóél, quais quê. Não. É que eu gosto de Línguas, olarila, e não é pouco, mas a mais das mais é a Portuguesa, de maneiras que comprei um que diz simplesmente Feliz Natal. Tudo bem que posso já o ano passado ter feito post acerca, né?, mas fica outro. Noutro ano, que é este. Entretanto deixo foto do tal quadro que também já tem aparecido no lbogue... ai perdão, blogue.





Tem um guê mesmo giro, pois tem? Lembro-me que no ano passado escrevi também acerca dessa gireza.

Entrega imediata e uma janelinha aberta

Há algum tempo que não ia ao escritório do senhor doutro... ai perdão, doutor entregar uma factura. Tarefa concluída, adeus e bom fim de semana à secretária (de carne e osso), rever o trinco antiquíssimo (trinco lira, a designação ô puã), ter montes de cuidado para não usar a corrente como puxador. Mas antes... ah, antes foi olhar o jardim da janelinha, que estava aberta, e que está no meio dos dois lanços de escada. Da parte de dentro esta janelinha tem um gradeamento que permite ver o jardim, mas não abre de par em par. Por vezes acontece que está aberta, sim senhoras e senhores, mas encostada, e assim até parece que tem o fecho corrido. Mas nesse caso é abri-la até poder ver. Óbvio. Quando não, mesmo podendo eu abrir-lhe o fecho, não o faço porque não acho correcto, não moro ali e ademais um qualquer dia vindouro hei-de encontrar quem já o tenha aberto e volta tudo ao mesmo, espreito e vejo o jardim, desço o segundo lanço de escadas, tenho cuidado com de não puxar a corrente do trinco lira, saio e vejo uma avenida lisboeta, que é uma das mais brancas que conheço.

Olás

Olá árvore amarela, da parte da manhã
Olá árvore amarela, da parte da tarde

Gesto bom

O senhor do Banco, aquele que parece que está aborrecido, e às tantas está, reteve a porta, a usar de cordialidade e cavalheirismo ao modo profissional, porque eu era (e sou) uma cliente que ia entrar. Pá, isto não é só a gente ter vidas aborrecidas, né, uai note fazer um gesto em bom?

Soa a sirene

Bom que a sirene não soa devido a algum dos meus em aflição
Mau que a sirene sim soa devido a algum dos teus em aflição

Simultâneo

De manhã estive de roda do chá e das torradas e do perfil do Instagram. O chá teve inerente a escolha de quais folhas e o mergulhá-las e o coá-las e o sumo de limão acrescentado ao depois de na caneca. Às torradas coube inerências como escolher o tamanho das fatias e vigiar para não queimarem e passar a manteiga. Três questões em simultâneo. Três questões, não tudo em simultâneo, que isso seria impossível.

dois pontos

tentar:
não
tentar é abstracto e é não fazer, portanto:
tentar é falhar

A semana

Tem sido uma semana do caneco. Vá lá vá lá que distrair até rima com abstrair e são coisas desejadas. Distrair – notem bem: neste caso - é mudar de actividade. Abstrair é não sei o quê. Au eva, pode ser, por exemplo, lembrei-me eu no outro dia - oh! epifania! - como faço com os noticiários, quero eu dizer que ouço, mas, e, como não me atrai, não ouço. Atrair também termina em 'ir'. Retrair. Hum.

_________________________________________________________
distrair:
fazer desviar a atenção de
abstrair:
separar mentalmente uma parte de um todo para a considerar independente
atrair:
chamar a si
retrair:
impedir a saída ou a manifestação de

fonte: priberam

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Lisboa, Lisboa

A cliente de uma das noites desta semana contou que em Londres as pessoas são cumpridoras ao ponto de caminharem com as regras do trânsito, mesmo que num parque ajardinado - quando indo num sentido, tomam um dos lados, quando vindo no outro, tomam o lado oposto e assim já ninguém anda desgovernado nem há encontrões daqui e dali.
Imaginei um lugar assim e achei-o agradável, afinal toda a gente anseia por segurança e conforto e uma organização, seja de que tipo for, é um descanso, não há desvios ou imprevistos, eia pá – pensava eu - que bom seria viver numa cidade certinha, tudo calibradinho ao ponto de raramente haver incidentes e tal e tal. Claro que isto só habitou em mim um poucochinho de tempo, logo considerei que a desorganização e o tumulto das cidades (no meu caso, Lisboa) me faria uma falta enorme - mas eu lá sou capaz de sossegar? Sou uma pessoa um bocado ambi-coisas, gosto de tudo e não há porra nenhuma que me agarre por muito tempo. Ou então sou é maluca e pronto, mas isso já se sabia.

Lisboa, Lisboa

Na avenida da República, num dos eixos centrais, há bolas enormes, iluminadas. E sim, este é mais um post de luzinhas de Natal. Uma das bolas, já há dias tinha notado, está amachucada, podendo assim dar-se ao luxo de ser diferente, coxa e, sob certo prisma, vistosa, pois que afinal a mais nenhuma achei a tal da graça, que é minha.

Lisboa, Lisboa

Na General Roçadas, as luzinhas de Natal são estrelas cadentes, que atravessam a avenida. Achei também muita graça, uma das minhas graças (alusão ao post anterior), que o rabinho saísse na horizontal. Hum, tenho para mim que um rabinho destes, que afinal é um rasto, e rasto de luz, alguma inclinação terá. Teria, quero eu dizer.

Lanchinho

O lanchinho foi trinta e cinco cêntimos inteirinhos em dióspiro de roer. Os outros números são noventa e cinco cêntimos em cada quilo e trezentos e sessenta e cinco gramas. Todos estes números incluem as cascas, claro, pois quando, e se, retiradas, não sei que números daria. À porta da mercearia estava uma senhora.... Quero dizer, estava quase uma senhora, que o braço direito dela encontrava-se fora para que o cigarro aceso não transgredisse as regras. Pedi-lhe licença e ela deu-ma, "ai desculpe" e mais não sei o quê, toda sorrisos. Encontrei-lhe a comum graça, e foi minha, esta graça. Estas graças são sempre minhas, é o que é.

fios com batentes




são fios que servem para segurar as etiquetas que dizem os preços aos clientes
já a mim e ao meu colega dizem também os códigos
o batente é para que daí os fios não saiam e há um em cada extremidade
o fio dá a volta em algum ponto do artigo
enfia-se os batentes no orifício da etiqueta
e por aí permancem até serem vendidos
vieram do velho estaminé e são da minha idade
ou da tua
ou da minha e da tua
as duas juntas
sei lá

Lisboa, Lisboa

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

A prisão do trevo é diferente

Quando guardo folhas ou pétalas deixo-as |secar|morrer| sem a compressão das folhas do caderno. É essa a diferença. Digo isto porque o trevo foi aprisionado ainda em vida, por duas películas colantes e aquele senhor nem sequer o estendeu por completo, o pobre morreu com vincos. Foi como ter a câmara de gás por condenação mas antes partir-lhe os ossos e, para mais, sem culpa. Para mais e por demais.

Tenho o texto acima em rascunho há meses, retendo-o sei lá por quê. Ou sei. É – ou foi – porque num repente me encontrei com a mentira, mas de uma tal maneira que não encontrei desculpa → Eu esmago folhas e pétalas nos meus cadernos. Há anos. É certo que lhes posso assegurar uma honra do caneco, qual é a folha ou pétala que não quer sufocar entre os meus escritos?! Nem uma! Mas é assim a vida de uma pobre escrevente, vai-se a ver e tudo o que escreve, inclusive o que é, se vira do avesso. No entre dos tantos, o mesmíssimo senhor que ofertou o tal trevo sufocado ao meu colega, chegou-me aqui há dias com um para mim. Sério. Oh. E morto nas mesmíssimas condições. Vou jogar ambos no lixo. |...| Já joguei.

Frase

"Esta máquina eu muito trabalhar" disse o cliente em resposta a questões acerca de uma aparafusadora que o meu colega lhe estava a mostrar. Melhor definir: sim, o cliente é imigrante.

Cortina de folhas amarelas

Esta cortina surgiu-me no dia do passeio com muitas árvores que julgo serem da mesma espécie que a árvore amarela. Havia então essas árvores, muitas, e folhas amarelas, muitas mais, preenchendo quase totalmente a calçada e, enquanto andava, num repente, vi cair uma cortina de folhas amarelas, como se estivesse alguém a corrê-la. Foi um momento muito bonito, e isto à parte de eu gostar muito de folhas. De árvore, é de notar.

7117

Capicua em lembrete:
«Levar jornal para casa da senhora»
Não é para ler
Calma
É para lavar os vidros

O quadro de outros anos

Aquele quadro que o anterior dono do estaminé pintou já está a uso deste Natal, e diz assim:
Desejamos
a todos os clientes e
amigos desta casa
Festas Felizes
Foi escrito numa fonte a lembrar o antigo, provavelmente porque é um espécime antigo, de um antigamente em que provavelmente não havia tantas fontes como agora. É antigo, é sim senhoras e senhores, mas, e, é muito bonito. Eu cá acho, mas eu já se sabe que não sou lá muito esquisita.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Segunda-feira à Terça-feira

Intromissão admissível:
Este post devia ter sido escrito e publicado ontem, que é de ontem, segunda-feira, mas jogo-me hoje, terça-feira, a isso.

Fui fazer recados em modo estaminé e esqueci-me do bloquinho rudimentar. Então vai que me lembrei de falar para o telefone, gravando num áudio o que apontaria em papelinhos. Ora bem, ter áudios como se de rascunhos se tratasse (digo isto porque esta não é vez primeira, já por aí existem alguns posts que foram, antes de mais, um áudio) faz com que tenha (ainda!) mais coisinhazinhas para inchar o blogue. Ele é o bloquinho rudimentar, ele é o meu caderno de linhas, ele é o ficheiro no computador, ele é o bloco de notas do telefone e ele é, pois com certeza, o blogue. Acrescentei, portanto, os áudios. E agora perguntam vocês:
Ó Gina, ias fazendo aquela figura estranha, o telefone na horizontal, apontando o microfone para a boca?
Que eu respondo:
Ia. Não é uma das corriqueirices de agora? É. Não passou já a normalidade? Passou. Pode até fazer de conta que estou a falar com alguém, e na verdade estou – comigo.

Indo em missão de depositária, chegada ao Banco vi o fato de senhor que estava a atender e pareceu-me ser de cotim, e cotim, segundo o que recordo dos comentários que ouvia da minha mãe, é um tecido de uma cor azul, que não é azul escuro nem turqueza, é um azul forte, encorpado, aquele azul que usualmente se designa por azulão, e o tecido é de qualidade reduzida, como sendo a sopa dos pobres, ou tipo um sucedâneo, vá. Portanto, longe de mim estar a desfazer na escolha de vestuário do dito senhor, a verdade é que, fazendo-me lembrar o que faz, não abona o seu gosto, não.
Entretanto, para desanuviar a má imagem que possa estar a criar deste senhor, que ressalvo: é simpatiquíssimo, fui pesquisar o cotim, e percebi que é um tipo de tecido muito usado em fardas. Portanto não será de má qualidade, presumo, e assim continuo em suposições, mas antes algo do género 'forte e feio'. Ah, e pode existir noutras cores, qual azulão, qual quê.

A praça mai linda de Lisboa está em obras que, presumo e continuo portanto a presumir, seja para deitar vias cicláveis. Isto quer dizer, também, que as faixas de rodagem passaram de duas para uma e o alcatrão foi removido de alguns pontos e, assim, ai tão bom, vírgulas, vírgulas, o que é que se passa comigo? hoje estou a gostar das vírgulas!, posso calcar a grossa areia que ainda está húmida das chuvas últimas, e gosto muito. Tive, também, um prazer muito grande em descobrir onde é o provisório caminho para os peões. Sei lá, às vezes gosto de desafios. Estes levantamentos vão ser benéficos para acabar com uns certos buracos que o alcatrão tinha e que, aquando das chuvas, certos pneus caíam lá dentro e salpicavam pessoas que, assim, passavam a desgraçadamente molhadas. Claro que com a carrada de anos de prática que tenho em me desviar da rota dos salpicos, poucas vezes fui uma dessas desgraçadas e molhadas pessoas.

Parei junto da árvore amarela e seu cotovelo peculiar, que na verdade são dois, bonitos, mas um é mais convencido e realmente convence-me que é mais. Sendo este mais o que for, sei lá eu, é mais, pronto.
Aquelas folhas castanhas que no outro dia publiquei no blogue, indagando se seriam do ano passado ou, quiçá, de outra mais atrás, desarreigaram-se dos ramos, sumiram, não estão lá. Mesmo.

Já quando ia para cima tinha visto um órgão deitado na relva de um dos canteiros da avenida. É um aparelho pequeno, com ar de obsoleto, tanto que para ali está, né? Mas, ainda assim, as pessoas passam e miram, como eu. Duas senhoras que conheço bem, são porteiras, cada uma de sua porta, estavam deveras interessadas no objecto para ali jogado. Uma apoiava o pé nas teclas, a ver se saía som, mas não saía, e a outra apurava o ouvido, meio que encurvada, a ver se saía som, mas não saía. E não saíu.

Cheguei ao descampado, que é um lugar onde há muita gente. Muitas pessoas. Muita gente. Pessoas. Folhas. Bocados de plástico (vulgo lixo). Há também autocarros. Muitos. Por um terminal rodoviário ser.

«Com licença, ai desculpe lá 'migo, eu pôr-me à sua frente»
Um rapaz estava a tirar uma sefie, actividade ultra exposta, contudo ultra devota - digo: do ego - e eu a passar à frente da sua lente. Ai. Ainda lhe aparece esta carufa nos arquivos.

Perguntei-me se jogaria o áudio no lixo. Um áudio, no meu caso, é assim: começo a falar meio que titubeante mas, se o discurso se me estende, ganho à-vontade e a coisa fica espontânea e até feliz.

Quando a tarefa barra passeio estava no fim, passei ao lado da porta do velho estaminé (que por ora não se abre muitas vezes e mantém ainda jornais nos vidros) e lembrei-me que dantes eu chamava a esta rua 'a rua mais feia de Lisboa'. Mas notem bem: esta rua já não é feia, é bonita.

Este é o último item e não constava no áudio já tão visado ao longo do post. Ontem ventou muito em Lisboa e eu notei as lojas da avenida cheias de folhas, precisamente à conta do vento desgovernado que estava. Mas isso foi coisa que não aconteceu só na avenida, o estaminé desta que escreve também se encheu. E encherá o resto do mês, não duvido. O vento era tanto que à saída o meu colega aconselhou-me a levar dentro de um dos bolsos aquele bloco de ferro que a gente usa como batente para as chaves, não vá eu levantar voo, de levezinha que estou e mais não sei o quê. Vou pesar o bloco. Já pesei, pesa dois mil e quinhentos gramas. Sempre era uma ajuda. Digo era porque não fui atrás do conselho dele.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Num dado momento

Num dado momento da construção do post anterior, levantei a cabeça do telefone e olhei à volta. Vi papéis rascunhados que desagrupei do bloquinho rudimentar e que fiz deslizar, um a um, para cima do teclado do computador (e é lá que ainda estão, gosto de vê-los todos ao mesmo tempo, é que assim posso escolher o assunto que me apetece desenvolver). O ficheiro de escrita que uso no computador está aberto, portanto vi também coisas que escrevi no ecrã. E estava a escrever o post anterior no telefone, que obviamente fui eu que escrevi. E estou a escrever este. É raríssimo não sentir um enorme prazer em escrever, vivo rodeada de letras, de palavras, de associações. Ou sou alcançada por essas presenças, ou sou eu que as invento, nunca percebi. Dantes chamava-lhes pipocas a estalar na minha cabeça e acho que posso continuar a chamar.

Natal no estaminé

Andei a pôr alguns enfeites nas montras e no interior do estaminé. Escolhi pôr a fita amarela a emoldurar o mostrador da balança mas, depois, o que me pareceu foi uma loura de cabelo fino. Então desisti e escolhi enrolá-la no pé, ou tronco ou lá que é, e assim parece uma pessoa de cachecol. Também amarelo. Fica giro.
Liguei a minúscula Árvore de Natal, que apoiei numa das máquinas de copiar chaves. Fica mesmo bem. Essa Árvore tem umas luzinhas já incorporadas, que não piscam, na base tem um Pai Natal com uma prenda na mão e um menino e uma menina por ali. O menino sobe ao escadote, na disposição de terminar de enfeitar a Árvore. A menina está de joelhos, com ar de quem ajuda alegremente. Rodei a Árvore para não deixar a menina de rabiosque virado para os clientes que entrarem no estaminé. O Pai Natal e os meninos não parecem interagir - aquele está sorrateiro e estes unidos pelo propósito de compor a Árvore, não parecendo dar pela presença de outro alguém. Pelo menos é o que retiro, já se sabe que eu e os objectos falamos imenso mas as falas saem todas da minha cabeça, portanto: eu é que dirijo esta orquestra.

Bichos-gato. Nunca vo-los mostrei tão sem filtro como neste post. Contrariamente, eu, estou filtrada que só visto. Ou não visto, é mais isso.




À esquerda 🤛 o Kit. À direita ➡ a Kat.

o céu está pleno

domingo, 1 de dezembro de 2019

um tudo-nada

escrevo como se tudo! fosse muito importante
falo como se nada! fosse assim tão importante

«queria saber se a maneira como descomprimo é peculiar, ou então não, mas não encontrei como encetar o assunto sem parecer, não maluca, que maluca é outra coisa, mas pateta»

Memória

A memória olfactiva é do caraças. Visitando um lugar regularmente e um outro a seguir, o cheiro do primeiro lugar fará lembrar o segundo. Isto sem levar em conta o tamanho do intervalo por sobre a sequência. É como, quando numa escala musical, sinto que a seguir ao mi vem o fá e a seguir é o sol e depois é o lá que vem lá. Si. Dó. Dó, ré. Pronto, assim fica a escala completa. É ainda de notar que o cheiro do segundo lugar não lembra o do primeiro, embora a escala musical volte costas, e assim lá se vai a comparação tão bonita que arranjei...

que

sei
que somos o inimigo mais bom que temos

Queres...?

Não queres nada, o que tu queres é observar atentamente o cimo do abacateiro, que tem a forma do mapa de França.

Não queres nada, o que tu queres é arrumar as compras, revendo tudo quanto decidiste trazer, lembrando tudo quanto decidiste que farias de comidinhas e assim.

Não queres nada, o que tu queres é pôr a máquina a lavar, onde vais pôr o tapete da casa-de-banho, que está imundo.

Não queres nada, o que tu queres é selar os lombinhos de porco. E não os comer. Porque te enjoam.

Não queres nada, o que tu queres é beber um café duplo, que vai bater tão fundo na tua cabeça. (a cabeça tem fundo?! neste post tem)

Vir morar para aqui foi um marco
#ópátóinnxiru

Adoro letras, ok, vá, tudo bem, escrever é eu e é para mim e é comigo, mas também é verdade que gosto aos bués de números e descobrir-lhes coisas.
A rica filha tem 28 anos, que era a idade que eu tinha quando viemos morar para aqui. Subtraio 5 anos, que era a idade dela, aos 28 e resulta em 23, que era a minha idade quando ela nasceu.
O rico filho tem 25 anos, au eva, quando atingir os 28, subtraio os 2 que ele tinha quando viemos morar para aqui e obtenho 26, que era a minha idade quando ele nasceu.
#ópátóinxiru
Sim, é xiru, mas não bate a descoberta que fiz aqui há tempos:


Chegámos ao ano em que tudo se compõe:
a rica filha tem a idade (26) que eu tinha quando nasceu o rico filho
o rico filho tem a idade (23) que eu tinha quando nasceu a rica filha
eu tenho a idade (49) das suas idades somadas
2017, que ano incrível!, e isto não mais acontecerá nas nossas vidas!!!
#ópátóinxiru
|9 outubro 2017|

Rapa-taças

O rapa-taças que tem a carinha alegre rapou o creme de natas, ovos, açúcar, amido de milho e casquinha de limão
O rapa-taças com a carinha triste rapou a mistura de leite de vaca, leite de coco e extracto de baunilha


Homessa, é de nada, então que é lá isso

Há vida depois da morte

Hum-hum, e eu bem digo que as pessoas não morrem de todo. Sério, entrei aqui e vi a minha sogra porque este era (ou, neste caso, é) um dos seus lugares.


Dias de um Ginásio

De maneiras que o que sou, na verdade, é descomposta no arrumar. Pronto, usei a 'descomposta' precisamente por nada ter que ver com o 'arrumar' e assim o descompor completamente. Mas talvez me chegue o 'desviada', vá, desviada do 'organizada-ser'. Se não, vejamos:
Chego ao Ginásio já meio equipada, chegou o friozinho (está mas é um frio da porra!) e há que levar o casaco de rua em cima do pêlo.
Certo.
Viajo de mota, portanto é pôr o triplo e enchumaçado casaco (casacão, mais isso) em cima do casaco. É, ainda, enfiar as estranguladoras proteções no pescoço, as calças montes de quentes, o capacete a pressionar ossos e as luvas grotescas. Sim, por esta ordem, e sim, inchei os itens com adjectivos, é bom que se perceba que vou tão grande que pareço uma saca de batatas mal-amanhada, assim como é bom que o último item seja as luvas, se com elas postas qualquer enfiar de coisa ou fechar de fecho se torna difícil, direi mesmo penoso.
Certo.
Espeto com tudo nas bagageiras que a mota tem, exceptuando o casacão e o casaco e obviamente o resto da roupinha que levo.
Certo.
Chegada ao destino, faço a comum entrada no Ginásio, falando a quem é de me falar.
Olá Gina.
Olá Patrícia.
Tudo bem?
Pois. Cá estou eu a modos que pronta para.
Ah, eu fico aqui.
Ok, então a gente já se vê.
Até já.
Certo. Mesmo muito certo.
Abordo o balneário sem palavras, que vão comer tripas, nunca ninguém responde.
Certo.
Pouso todos os meus pertences no banco corrido, abro o cacifro e procedo à arrumação. Antes de mais o casacão, logo seguido da mala, depois o saco das bolinhas (é assim que trato o depósito de gel e champô, principalmente por ser um saco e ser às bolinhas... original, bem sei).
Certo.
Até aqui tudo tipo assim para o normal, mas o que já arrumei não deixa mais espaço e a partir daqui vou ter que encafuar o que não quero deixar de fora. E encafuo, sem freio, sem pudor. Ele é mochila, ele é sapatos, ele é a toalha de banho e ele é as roupas que entretanto dispensei, por serem da rua e não do Ginásio.
Certo. Principalmente a ausência de freio e pudor.
Um dia destes notei que uma mulher da minha faixa etária me mirava com atenção, embora não estivesse especada. Aliás: sorria condescendentemente Senti-me uma miúda de uns catorze anos, rebelde e fixe. E pensei: ena, vale mesmo a pena não ser nada de especial.

Ouvido na tv:

C'est ma faute tout ça.

Sonho

Sonhei que uma rapariga de rabo de cavalo e pescoço fino me dizia que nunca poderia mudar de personalidade, ia sempre ser teimosa.

eu

decalque lourense

fico sempre com a ideia que sou um bocado mexida na cama

Loures, 1 de dezembro de 2019

Afinal, lembrei-me eu hoje ao acordar, aquilo das aranhas e das bruxas e das abóboras foi em outubro! E eu já em dezembro, cada vez menos jovem, cada vez menos pronta. Mas, seja lá como for, todos os meses são das pessoas. Bom dia.

o céu está espreitador