quinta-feira, 16 de junho de 2016

Dos doces da outra gente

Na última viagem que fiz fiquei maluca com duas iguairas doces que comi em dois lugares diferentes.
O primeiro deles foi-me servido ao pequeno-almoço, no lugar onde fiquei hospedada. Era uma tarte ou coisa assim, bom, na verdade eram duas, uma recheada de doce de morango, outra de doce de pêssego. O poder de sedução fixou-se na base da tarte e não nos doces, que não sei se eram caseiros, agora a massa daquela tarte, ó 'migos, que coisa mais boa. Olhem: era muito estaladiça, muito amanteigada e moderadamente doce, cada trincadela foi um deleite. O senhor de lá cortou-a em quadradinhos e deixou-a para ali à mercê dos gulosos. Eu. Ah ah. Gulosa, eu, tão gulosa. Ah ah. Comi alguns desses quadradinhos e confesso que não comi muitos mais porque fiquei com vergonha de ser notada pelos demais presentes.
O segundo foi um pudim à Vila de Rei que me foi servido no restaurante onde restaurei o estômago. Ó pá, mas que delícia que aquilo é. Muito docinho, muito bem-feitinho, o caramelo no ponto, a cozedura idem, as bordas onduladas e caramelizadas, quase tostadas, mas não, nada disso, a pessoa soube muito bem quando retirar o pudim do forno, bem como quando e como desenfomá-lo. O interior era duma suavidade tal que se me derreteu dentro da boca. Olhem: é bom de verdade e não sei o que dizer mais.
Senti-me bem por finalmente encontrar doces melhores que os meus. Sério. É que é assim: quando a gente faz as coisas, particularmente as comidas, é-se mais exigente com os sabores e percebe-se à primeira dentada se o cozinheiro/pasteleiro saltou algum passo importante. Sempre tive mais tendência para fazer bons doces e ótimos bolos do que pratos salgados, de maneiras que de há uns anos para cá desenvolvi muito os meus costumes e, com o facto de assistir com alguma regularidade a programas de culinária, aprendi muito. Muito mesmo. Vai daí, estou feita uma mulher desenvolta na sua cozinha feita de açúcares de todas as cores e farinhas deste e daquele cereal, tantas vezes a braços com o desenvolvimento exagerado dos glútens, as pesagens certas e as alterações a fazer aquando da substituição dalgum ingrediente por um outro mais apetecido. O menos bom que isto pode ter, é que dificilmente encontro doces tão bons como os meus. Sério. Não é mania. Bom, se calhar é, mas isto é sentido: é raríssimo encontrar quem me satisfaça, tornei-me realmente exigente, e encontrar estes dois doces foi uma lição bem-vinda que aqui me curvo, imbuída duma solenidade do tipo reverencial.

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