segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Intervalo pequeno

Ao subir a avenida vi uma menina encostar-se a um poste, tossindo aflitivamente. Fumava, quiçá o seu primeiro cigarro, e engasgou-se. Com ela estavam outras meninas, duas, que riam nervosamente e como que vigiavam a que se engasgara.
«Tu estás bem? Vê lá se estás bem.»
Tive montes de vontade de ensinar aquela menina. Não a fumar mas a não se deixar cair no vício. Não a condenar o ato mas a viver. Porque o vício mata. Qualquer um. Vício. Se aquela menina se deixar viciar, neste caso, pela nicotina, a tontura perde-se, daqui a dias fumará sem prazer, apenas por conta de matar um vício que a matará sem que ela dê por isso. Eu cá acho. A primeira passa do cigarro é a melhor, não é. É. As primeiras vezes são deleitosas que se farta, não é. É. Se houver um espaço de tempo entre prazeres é como alcançar primeiras vezes. Creio firmemente que se pode viver um sem-número de primeiras vezes ao longo da vida. É só não perder essa tontura, menina, no seu caso é só isso.

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