quinta-feira, 27 de julho de 2017

Era uma vez uma sorveteira...

Lisboa, 20 de julho de 2017
O que é que eu vou fazer este fim-de-semana?
Um gelado, claro. Um ginado com a minha mágina de ginados.
É que me deram uma máquina de fazer gelados, que trabalha e tudo, já testei e, não trabalhando, imagine-se, vá, que a máquina não arrancava, era eu ir ver as instruções que ficava felicíssima por perceber que um dos item-aviso em caso de a máquina não arrancar é a gente, e passo a citar o livrinho: verificar se a ficha está ligada na tomada da parede.
Creio que me vou estrear com ginado stracciatella, a pedido da rica filha. Entretanto posso optar por outro, mais simples, quiçá devesse começar com o básico italital, mas logo vejo. Mais logo. Entretanto acabei de malembrar que tenho de colocar o pesado interior no congelador, sem tocar em nada nem ninguém, no congelador por – pasme-se! - dezoito a vinte e quatro horas seguidas. E, mesmo tendo o máximo de tempo decorrido, caso se ouça ainda algum líquido ao depois de chocalhar o dito interior, é voltar a pô-lo dentro do congelador. Fica já assente que lhe vou chamar cilindro, porque é o que aquilo é, porque é a forma que aquilo tem.
Lisboa, 25 de julho de 2017
Eh pá, ó Gina, sempre fizeste o ginado?
Sim.
Só por dizer que o fiz no domingo e não no sábado. É que me esqueci de colocar o cilindro - entretanto constatei ter a forma de uma mó, portanto é mas é mó e pronto - no congelador a tempo de no sábado a gente se poder lamber, de maneiras que guardei para domingo e a gente lambeu-se. Ó pá é tão bom, fica tão mas tão bom, com a textura e a temperatura certas.
Para começar apoiei-me no livro da Rita Nascimento - A Vida Secreta dos Gelados Caseiros - que vem com uma catrefada de receitas de gelados e meios de preparação. Digo meios porque fazer gelado não implica necessariamente a utilização de uma sorveteira, a gente pode desenrascar-se com um garfo ou uma batedeira doméstica, retirando o preparado do congelador a cada duas horas e, com um garfo, revolver e raspar as laterais ou, com uma batedeira, bater sem esquecer as laterais, pois é por aí que o congelamento começa. Estes passos servem para destruir os cristais de gelo e incorporar algum ar no gelado, conseguindo assim uma textura semelhante a um gelado capaz. Ora acontece que uma sorveteira consegue um gelado mais capaz.
É.
Mais textura.
Mais cremosidade.
Mais sabor.
Lisboa, 26 de julho de 2017
Vamos continuar com a história dos ginados?
'Bora.
A minha sorveteira é eficiente pra caraças e chegou à minha casa através de um processo mirabolante, um acaso feliz.
A minha sorveteira tem:
a mó que congela o preparado
o recipiente que o recebe
a vara que o baratina
a tampa com o motor para o baratinar e a abertura para o receber
É a solução que existe na mó que congela. É o recipiente que acolhe. É a vara que texturiza.
Fiquei encantada com o resultado do primeiro gelado que fiz com a sorveteira, e aqui convém acrescentar que usei a mesma receita de quando não a tinha, logo aí pude fazer uma comparação, pois sem sorveteira, mesmo desfazendo os cristais de gelo e mais não sei o quê, o resultado pouco se assemelha ao que obtive com a dita. Portanto, olhem, ainda bem que consegui uma.
Lisboa, 27 de julho de 2017
Continuo hoje esta espécie de diário de obra acerca da sorveteira.
Acabei por não fazer o gelado de stracciatella por falta de tempo. Isto, a primeira vez dos meus ginados. A rica filha não se importou, claro que não, afinal havia gelado na mesma.
Isto de ter uma sorveteira e prazer em sorvetar, inventando ginados, pois que é pleno. Sei lá, dá-me vontade de experimentar todas as receitas do livro da Rita Nascimento e, por conta disso, acabo por ter eu a minhas ideias, as quais asseguro que quero pôr em prática. Vejam lá que no livro vêm folhas de linhas, mas vazias, para a gente apontar as nossas invenções.
E pronto, creio que está tudo dito, sei que este post é demasiado longo, que dificilmente será lido integralmente, mas olhem, paciência, quis apresentar este assunto em modo diário. Sabem que, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, sou uma blogger sem par, portanto não me dá jeito nenhum escrever posts sempresempresempre pequerruchos ou longuíssimos. E, para expressar esta última ideia - que na verdade nada tem que ver com o resto do post, mas olhem, e depois, né? - dediquei-me aos extremos, que ali pelo meio há posts grandes, grandinhos, médios, pequenos, enfim, uma canseira. Eu cá, ou bem que escrevo do tamanho que me apetecer, ou então é-me custoso.

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