terça-feira, 9 de maio de 2017

Ó Gina, escreve!



Antes de mais, foto assim mais para o largueirão e baixinho:





Missiva dirigida a nenhures, contudo ao seio de alguém, não obstante para ninguém:

É por conta da despedida que ando a recolher pequenos objetos e a colá-los no perfil da secretária. Já tentei tirar fotografias ao éle invertido, ou então a figura é mas é um tê pela metade, e isto não é mais nada do que eu a chegar às letras forçadamente, já que a figura em questão é um mero perfil de móvel que em certa altura faz um ângulo, qual éle, qual tê, qual quê. Apesar de habitualmente não ser esquisita com a qualidade das fotos que tiro e/ou que apresento no lbogue... ai perdão, blogue, não considerei nenhum dos cliques suficiente, portanto: não. Olhem, esforço-me à brava para descrever os objetozinhos e pronto.
Tenho:
1 estrela plástica que tem um sorriso desenhado
(já em tempos fotografei e apresentei no blogue)
1 rosa de metal dourado, barato, conseguida exclusivamente por meio de contornos
(pronto, deixaram pingar metal fundido e desse desenho saiu dali uma rosa)
1 brinco a fazer as vezes de uma pérola
(é tão redonda que só pode mesmo estar a fazer as vezes de algo que a Natureza levou um ror de tempo a formar)
1 brinco esférico, brilhante, que brilha mediante partículas azuis
(safira...? és tu, 'miga?)
1 pingente onde figuram três bolas imperfeitas
(e que não foi a Natureza que formou)
ligados por arames bonitos e as seguram por modo a perfazerem uma corrente
(mas só possuo três bolinhas, é uma partezinha que se soltou de um todo)
1 lágrima a lembrar uma qualquer pedra preciosa lapidada
(nem me atrevo a dizer que parece um diamante, só por dizer que já disse)
1 pindureza atafulhada de missangas azul-cobalto
(sim, uma fêmea da espécie humana consegue um nome pomposo para qualquer cor)
são vários fios que se unem e são abraçados por um canudinho sulcado em motivos tribais
1 pedacinho de papel que pertenceu a uma fatura de compras de fruta, onde se lia o peso e o tipo de fruta que eu comprara à data
(hoje, já sem escritos alguns, que, como se sabe, a tinta da impressão não se aguenta tempo nenhum por sobre o papel térmico)
1 parte de brinco compridíssimo, composto por uma folha
(sei lá eu a imitar que espécie de planta)
e umas quatro ou cinco correntinhas de malha vulgar
1 medalha circular, perfeitinha, recartilhada, com centro evidente
(por estar demarcado, bradando: ei!, aqui é o epicentro!)
1 cogumelo que veio do estaminé do meu colega
(andava por lá e eu trouxe-o, nofundonofundonofundo é só isso)
1 estrela cor-de-rosa que estava colada numa das paredes do quarto da rica filha
(acompanhando mais umas quantas estrelas, iguais em cor e textura, mas de diferentes tamanhos, todavia esta foi rebolando de lá para cá, daqui para acolá e achei que trazê-la seria uma viagem do caraças para nós, e foi)
tem brilhantes refletores de luz no escuro
(basicamente apoderavam-se da luz enquanto a havia e depois ostentavam-na orgulhosamente quando o escuro se instalava, muito embora o escuro mesmomesmomesmo escuro não lhes fosse indispensável, pois assim que a luz solar diminuía um tudo-nada que fosse, já elas refletiam a luz que haviam roubado ao sol)

Sonho
Sonhei que fazia vídeos frente a pessoas que andavam ocupadas com as suas vidinhas, nem foi preciso sairem todos para me pôr a falar, falei e pronto. Foi tanto assim que no meio do discurso, escorreito que só visto e ouvido (foi mesmo um sonho), me pus a dizer que estava tão descontraída que nem despira o pijama e tampouco vestira o sutiã. Foi nesse momento que acordei e percebi as pessoas que por ali andavam nas suas vidinhas, isto no sonho, e vai que não adiantei mais nada. No sonho, claro.

Desenho-cão
O meu colega quer contar-me novidades acerca do desenho-cão.
E se já vi aquele ali assim, e se já vi o outro acolá.
E eu que sim, e eu que sim.
O desenho-cão tem por vezes em si somente os contornos. Presumo que seja dos primórdios do artista desenhador de cãos. Há, por exemplo, dois desenhos-cão desses em contornos na rua Escola do Exército, em Lisboa. Vão lá ver, em querendo.

Farmácia
Mostrei a guia de tratamento à doutora Maria dos Prazeres. Seguidamente mostrei o receituário à doutora Conceição, mas quiçá se chame Assunção ou Purificação, que sempre lembra melhores dias, chamar-se Dores é que não, que é lá isso, que essa é já de si lamentosa.
Lamento-me:
O meu receituário é daqueles à velhinha, com embalagens suplementares por modo a ir aviando conforme for escoando e me faça carente. Quando o receituário expirar as embalagens em si, deslocar-me-ei novamente ao consultório e aviso que já não tenho comigo as drogas a que me habituei. Então, acontecerá a doutora ser extremamente solidária para com a minha habitual habituação e passar-me-á um receituário igualzinho ao primeiro. Repete-se até quando? Sei lá, 'migos!, e eu sei lá, pá!

Lista de ocmpras... ai perdão, compras
Há então que ocmprar... ai perdão, comprar um descaroçador de cerejas e azeitonas e um raspador de citrinos.
O descaroçador quero tê-lo desde janeiro, que foi a altura em que apareceram os morangos e eu lembrei logo as cerejas, dias depois vi um programa televisivo onde era feito um cheesecake com calda de cerejas do Fundão e eu: olá!, tenho que fazer isto! Contudo é mais rápido, fácil e cómodo existir um descaroçador na minha gaveta de utensílios. E eu quero um. E agora é maio e as cerejas andam aí. E depois será junho e as cerejas por aí vão andar, nas bancas das lojas e das de beira de estrada. É um utensílio que, em a gente querendo, desce para 'desutensílio' pelo enorme espaço de tempo que acontece(rá) por entre usos, mas, como também descaroça azeitonas... olha, coiso.
E eu lá me vou pôr a descaroçar azeitonas?!
Hum...
Mas vou-me pôr a descaroçar cerejas, ai vou,vou.
O raspador de citrinos é um daqueles que consegue cortar a casca dos ditos em tirinhas de tantos centímetros quantos me permita o jeitinho para manusear aquilo. Consigo para aí uns dois centímetros, eu e o meu jeitinho.
Então e eu quero um raspador desses porquê?
Porque descobri que posso fazer essência de qualquer citrino.
Então e não poderia simplesmente arranjar toda eu muito jeitinho e cortar a casca finamente sem apanhar a parte branca da fruta (é que amarga que se farta, 'migos...)?
Poderia. Podia. Posso. Mas não quero, ou quereria em algum dia.

Toucinho
Ai ó 'mor, 'tou tão gorda!
Oh!, um dia desses mostro-te o que é uma gorda!

Sofá preto, ou então negro
Dantes, neste lugar, os sofás não existiam, eram umas cadeiras rijas e cor-de-laranja, fabricadas em material plastificado. Depois, sei lá porquê, quiçá velhice das ditas, quiçá dificuldade de quem manda nestas coisas em encará-las de frente, pois que as levaram daqui e deixaram ficar uns sofás individuais, de costas curtas, ovais em si, de pele sintética, em preto. Estou sentada num desses ao momento. Mas chamo-lhes 'sofás negros' desde os primórdios da sua residência se ter fixado aqui, que no lugar da musa (o do antigamente da minha vida) já eram mantidos uns sofás pretos, a jogar com uma mesinha-de-apoio, em linhas retas qualquer das peças. Por sinal eram todos muito cobiçados pela gente frequentadora do lugar da musa, era raro haver algum sofá preto vago, por ser a hora de maior afluência – o horário de almoço. E eram pretos, esses sofás, como aliás já referi, de maneiras que, quando trocaram as cadeiras laranja (era assim que eu lhes chamava) por estes sofás, para distinguir uns de outros, pus a estes a cor negra, já que os outros eram chamados de pretos.

Hoje choveu
Chove em Lisboa. Quando atravesso a avenida noto que a chuva fez abalar os carros do asfalto. Estranhamente, a chuva primaveril, ou inesperada, esvazia a cidade. Já o que ocorre em dias de inverno é o inverso, tudo acorre ao automóvel e vai que se entopem as artérias. Não que esta chuva seja bembembem inesperada, que foi badalada na comunicação social, todo e qualquer português minimamente informado sabia que a chuva ia cair mais ou menos a esta hora. E caiu. E os carros abalaram.

Futuro
Boa noite. São vinte e cinquenta e nove. Ontem, por esta hora, era também esta hora.

Até aqui estão:
Sete Mil e Novecentos caracteres;
Mil Trezentas e Setenta e Três palavras.
Isto tipo assim mais ou menos, vá, que entretanto já corrigi e alterei este texto em, também mais ou menos, nove horas. Grafomania? Hum... Diz que só serei considerada verdadeiramente grafómana ao cabo de oito mil caracteres em doze horas, Portanto jamais conseguirei tal título, eu é que tenho montes de mania, né?, qual grafómana, qual quê...

Sem comentários:

Enviar um comentário