O bolo aterrou na mesa. Quando o desenformava, a forma, que é daquelas que não deixam lá pegar-se nada, não deixou também que se pegasse ao prato e, resvalando, lançou o bolo numa espécie de voo. Por isso é que digo que o bolo aterrou. Ora acontece que este bolo tem uma base húmida, feita de calda e ameixas e, ainda que tenha aterrado com a base para cima, o certo que é a humidade começou logo a alastrar-se. Fui buscar uma espátula e uma escumadeira para fazerem de pás e assim içá-lo. Mas não fui bem sucedida. O que aconteceu, na verdade verdadinha verdadeira, é que o bolo foi posto no prato às pazadas. E está todo desfeitinho. E eu havia colocado a toalha de lavado havia poucos minutos. Isso é bom e mau. É bom porque assim o bolo aterrou em terreno limpo. É mau porque, pronto, estava limpinho, né? Mas este incidente tem coisas somente boas. Uma é que o bolo há-de ser comido com o mesmíssimo prazer. Duas é que a aterragem não lhe desfez o sabor. Está então o bolo vivo e, visto assim, até de saúde se encontra.
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