quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Teia

Fica então registado – neste dia – que – num outro dia – rompi uma teia de aranha quando atravessei a rua Nery Delgado, em Lisboa. Num repente fico com a ideia que rompi apenas um fio de teia, tal a fragilidade do que senti, mas calhando rompi mas foi uma teia de bom tamanho. Uma teia, mesmo que densa, é frágil.

Medos

Diz que esta noite que aí vem é a das bruxas. Na Radio andam até a pedir que os ouvintes lhes contem dos medos, mas dos estranhos. Eu não estou dentro desses requisitos, o meu medo é comum, quase toda a gente tem medo de pessoas.

Envaidecida

Quando recebo um elogio
Sorrio pela metade
Baixo o olhar
Agradeço

Soltura...?

Guardar coisas no coração entupiu-mo. Mesmo que de coisas boas falando, convém-me que não estejam cá metidas durante muito tempo, é que entopem na mesma.

sempre, sempre

a escrever, a escrever
sempre coisas a escrever
há umas que escreverei
Mais Daqui a Pouco

Agora:
Através de WhatsApp, o rico filho enviou-me uma foto que tirara a um pacote de açúcar com um desafio proposto pela marca de café e só depois notou que passara de prazo. O caso ser infrutífero não fez mal nenhum, ora essa, deu para perceber que tenho parte com pacotes de açúcar, e não é pequena.

Para bons entendedores

O cliente disse bataria e não foi querendo referir-se a uma fábrica/armazém/loja de batas.

Tenho um trevo

Tenho um trevo de quatro folhas que me deu o meu colega que, por sua vez, lhe deu um visitador do estaminé. Dizia o senhor em questão que no jardim tal e tal há lá muitos, este colheu ele, o meu colega que o pusesse na carteira, que dá sorte, e o meu colega respondeu que não liga a essas coisas – tudo isto me contou o meu colega e foi depois que mo ofereceu (podeis vê-lo abaixo). Vem aprisionado entre colas e películas e, quem dera, não. Eu faz-me impressão aprisionamentos, tenham eles as formas e ou os significados que tiverem.


Post indecoroso

Não. 
Não quero mostrar-vos a barriga nem as cores ou modelos da indumentária. 
Não.
Quero mostrar o! desnível.


Dias de um Ginásio

Quando no Ginásio, tive um poucochinho de tempo para rabiscar umas coisas e notei que a miúda que limpava o balneário ia cantarolando enquanto. Desconheço se também cantarola enquanto outros trabalhos ou ocupações, mas era giro que cantarolasse. Eu, por mim, posso imaginar como seria e soaria. Tenho, portanto e então, mais um post a imaginar circunstâncias e, neste em particular, também sons.

Outra questão do Ginásio que já agora fica neste post é que ainda não registei a decoração das bruxas e do oculto e isso. Puseram uma fileira de aranhas, dez, e uma no fim, ou no princípio, dessas mas em enorme. Há também uma data de pacotes de algodão desfiado em modos de fazer parecer densas teias de aranha. Isto que estou a descrever está como que a emoldurar o espelho da sala de aula. Entretanto, ontem, dei conta de um pedaço de teia no balneário. Estava assim num cantinho e tal, como se empurrado para lá, ninguém o querendo por ser restolho e tal. Sei lá, é algodão, material levíssimo, separou-se e foi indo foi indo e chegado a um canto alojou-se. Anoto agora que o 'foi indo' é repetido e é propositadamente que o repito.

lista de supermercado

corante amarelo
óleos: sésamo, abacate?, grainha?
ver cadernos e isso
couve-qualquer-coisa

está-me cá a parecer que as faltinhas dispensam visita com brevidade
da lista, tudo pode esperar
a ver vou e direi as novidades

O corante amarelo... Ai o corante amarelo, pá. Tenho que ir à tal loja. O corante amarelo consta na lista de faltas do supermercado porque de domesticidade falando não uso mais lista nenhuma.
O óleo está no plural porque recentemente fiquei conhecedora da existência dos outros dois e quiçá haja no supermercado algum desses e opte por um ou outro, ou o outro, ou dois, ou então os três. É caso da hora, que é o mesmo que dizer: na hora verei como farei.
Os cadernos a ver e isso é porque estou a terminar o meu. Há que ver se os há em tranches, com separadores, inclusive, se os há de capa plastificada, se os há de linhas, se os já giros pra caraças. Bom, no fundo é ver se os há e isso. Já me andei a queixar no lbogue... ai perdão, blogue acerca desta iminência de fim de caderno e eu sem armazenamento em casa.
A couve* está descrita como está porque sei – sabia - lá eu que couve me vai - iria - parecer mais fresquinha, lombarda, coração, roxa, kale, endívia, chinesa, ou se escolho - escolheria - antes espinafres ou agrião ou ou ou.

*entretanto já comprei e foi couve-coração, como está no post anterior

graminhas

mil duzentos e vinte gramas de bananas
setecentos gramas de batatas-doces
quinhentos gramas de abacates
oitocentos e setenta e cinco gramas de couve-coração
cento e oitenta gramas de pimento vermelho

há pessoas que sucumbem aos números
no nepalês da frutaria estava uma mulher considerando as uvas pretas
parecia deveras interessada no aspecto que tinham
tanto que lhe imagino um desmesurado desejo de as comer
– notem bem: imagino -
perguntou o preço ao nepalês
que lhe foi dito
- e (aqui também) imagino um dizer solene -
e foi aí que ela sucumbiu ao interesse e ao
- por mim imaginado -
desmesurado desejo

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Lugar escondido, primeira vez

Ir do lugar soturno ao lugar escondido levando comigo um lápis afiado.
Vir do lugar escondido ao lugar soturno trazendo o lápis rombo que lá está.
Fazer uma troca, portanto.
Claro que depois posso afiar o lápis rombo, é uma questão de estruturar muito bem a minha vida e conseguirei fazê-lo sem problema de maior.
|15 outubro 2015|

Post das pilhas

Eu até devia chamar a este post o 'Post das pilas' mas depois ficava no título e para os motores de pesquisa das netes são os títulos o que tem mais visibilidade e depois o mundo inteiro ia presumir que aqui há pilas mas não há mas quero eu dizer que há pois mas é de outra maneira.

Estavam duas pilhas em cima da minha secretária e questionei o meu colega no sentido de saber que era feito do motivo de tal aparecimento: «o que é que estas pilas estão aqui a fazer?», questionei eu e ele respondeu que são para reciclar. Isto das pilas é piadinha que sempre uso, se sozinhos no estaminé. Nisto, notei que à porta estava um homem meio que querendo entrar, meio que esperando para entrar. Atentei e percebi que se encontrava sob uma tarefa minuciosa e que enquanto não a levasse ao cabo não entraria. Questionei o meu colega no sentido de brincar com a situação: «achas que o senhor ouviu eu a dizer pilas?» e ele respondeu que não com o ã do não muito irónico. O homem entrou. Sem que a minúcia lhe chegasse para concluir a tarefa. E passou a estatuto de cliente: «tem pilhas destas?», mostrando um comando de automóvel ao meu colega.

Portanto:
Pilhas. Pilhas na minha secretária, que hei-de pôr no contentor apropriado. Pilhas para comando de automóvel, que o homem que estava à porta do meu estaminé, afinal, queria. E, se pilhas forem pilas, então o homem que entretanto se fez cliente estava a tentar tirar a pilha dele do comando.

Não é só voz

No outro dia publiquei um ficheiro como que de imagem mas a querer que fosse somente de áudio (é verdes e ouvirdes aqui em querendo, e assim percebereis acerca). Hoje publico um ficheiro com voz e imagem e movimento e expressão facial e tudo e tudo. Editei este vídeo há semanas, na verdade - e que feliz fico com isso…! - já nem me lembro do que para ali disse, todavia conheço o teor do que apresento. Eis então tudo o já dito neste post e, ainda por cima, eu, com voz e cara e isso.


Bom dia!

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Jantar

Cá no restaurante está uma cliente que julgo francesa porque a fala dela me parece afrancesada. As rosetas que tem nas faces são do mais giro que há, e se não lhe tenho ouvido a fala diria-a saloia. Saloia mas uma saloia de Portugal, pois claro.

Estrelinhas

Aspirei uma estrelinha que me pareceu amarela. Quase não a vi e pode daí advir a ideia do amarelo, que é cor fugidia, alude a luzes, movimentos rápidos, tipo estrelas cadentes, vá. Por conta desta sugadela, mal não vem ao mundo, bem sei, a menina jamais saberá do descuido, mas redimi-me com uma outra estrelinha - esta em cor-de-rosa chocante - que por lá encontrei. Decidi que a deixaria a descansar em cima de uma bandeira do Canadá, que só pode ser construção da menina, as irregularidades nas folhas pintadas a vermelho para aí apontam. Mas ó: não é desvalorizar o empenho, que o infantil é o melhor de todos.

Lisboa, Lisboa




Estas fotos foram tiradas de manhã quando estava a caminho do estaminé.
A de cima aconteceu porque desviei a lente quando na faixa ao lado o carro ia tapar a perspectiva que eu tanto queria e que consegui como provo na foto abaixo.
É ainda de notar que ambas as fotos estão sem filtro.


Almoço

Cá no restaurante está um antigo cliente do velho estaminé. É o homem do calhamaço de notas. Mas de notas de euros. Reconheceu-me, creio que somente, as feições, descrendo eu que me tenha reconhecido como sendo pertença viva do velho estaminé. Olhou-me. Reconheceu-me. Sorriu-me. Cumprimentou-me por fala. Depois, como que duvidando, perguntou: 'conhecemo-nos, não é?' E eu que 'sim', não sem antes ter passado pelas mesmas etapas que ele, não por uma questão de reciprocidade, mas porque foi assim que aconteceu.

Era uma vez uma chave conhecida

Ora o que agora ocorre na minha vida e que seja merecedor de um pomposo destaque no lbogue... ai perdão, blogue é que o rico filho trabalha numa loja de chaves, fechaduras e afins, como já cá contei e... Tcharan! Apareceu-lhe um cliente com uma chave que queria copiada e... Tcharan! O cunho era o do velho estaminé. I-ssssss--o! Oh como o mundo é pequeno, pá!

Maquineta cor-de-rosa

Agora já sei usar a maquineta de que falei neste post e nem foi preciso pôr-me a ver tutoriais nem nada, bastou contar à rica filha como andava a sentir a pele e logo ela concluiu:
'Ó mãe, tu carregas! Isto não é para carregar, mãe!'
E pronto, a jovem mulher tem razão, deixei-me de bestalhices e massajei a cara sem carregar e, até agora, está tudo bem.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Que fui eu que bordei

Chávenas. Uma tapa parcialmente o limão. Que fui eu que bordei. Tinha catorze anos. A foto tem o filtro aguarela no mínimo que dá. Desconheço qual ou que intensidade de filtro havia em mim quando bordei o limão. O filtro evidencia a ponta do limão e depois fica reflectida na chávena de café mais que muito porque o filtro deu uma ajuda do caraças. Pergunto-me qual o filtro que tenho agora posto e de qual preciso ou precisaria.


Chovia em Lisboa

Choveu-me no pescoço e ombros. Parecia até que era chuvinha de Verão, roupinha de Verão.

Post de abertura

É post de abertura porque é o primeiro do dia e porque hoje me foram oferecidos votos de um feliz Natal pela vez primeira no ano corrente. Se bem me lembro, costumo registar anualmente os primeiros votos. Se bem me conheço, acho tanta graça à vez primeira, como ao registo que dela faço, como, ainda, ao facto de poder juntar ambos.

domingo, 27 de outubro de 2019

Comprinhas

No grande espaço uma mulher olha para os contentores cheios de artigos vários e parece escolher um sutiã com padrão animal porque lhe pega pela alça e o levanta. Mas logo mais o atira para longe com desprezo. Eu é diferentemente: pego em alguns artigos com admiração e vontade de os ter. Opto por um recipiente com pegas, uma maior que outra, e dois bicos para escorrer o que há-de derreter em banho-maria. Pronto, é de um diâmetro reduzido, mas pá, eu não tinha ainda nenhum tamanho e sempre posso começar por baixo, né? Trago também um pacote com cinco panos de limpeza, cada um de sua cor, só por dizer que, de azuis, tenho dois, um turquesa e outro céu. Tem cada um seu bordado alusivo a partes de casa. O azul-turquesa tem uma banheira, quer isto dizer que é para lavar a casa-de-banho, o azul-céu tem um fogão com uma chaleira a fingir de chá, portanto é para lavar a cozinha, o cor-de-rosa tem uma mesinha-de-cabeceira com candeeiro de abat-jour, vai daí é para limpar o pó ao quarto, o verde-água tem uma vassoura mal amanhada e umas coisas a fugir-lhe e a mim parece que é poeira grada que vai pelo ar à sua passagem, eis que este pano é, então e quiçá, para passar nos braços e nos assentos das cadeiras de jardim, bem como na mesa e nas cercas e corrimões, finalmente: o branquinho tem uma janela aberta, significando assim que é para ensopar os vidros. Bem sei que os vidros não se ensopam mas é que já escrevi lavar e limpar vezes bastas.

uma coisa leva à (mesma) coisa

a vida é para se progredir por durante ela e tal e tal:
o meu vizinho é taxista;
o filho do (mesmo) meu vizinho é taxista

A minha cadela é uma querida

Quando na rua, em passeio com a minha cadela, as pessoas param para conversar com ela, indo ainda mais longe, fazendo-lhe festinhas longamente. Compreendo, a sério que compreendo, que as pessoas não me interpelem para me acariciar a cabeça e aí se demorarem, mas porra, pelo menos digam-me boa tarde ou coisa assim.

Post de ontem

Ontem, sábado, fui ao supermercado, portanto a minha vida voltou à normalidade.

toda a alma tem uma face negra
nem eu nem tu fugimos à regra
tiremos à expressão todo o dramatismo
por ser para ti eu uso o eufemismo
Chamemos-lhe apenas o lado lunar
Mostra-me o teu lado lunar
(Lado Lunar, Rui Veloso)

Quero dizer, nem tanto assim nisso da normalidade, se não vejamos:
Descobri que o uh-uh-uh do coro começa no 'tiremos à expressão' e vocês não sabem nem sonham, nem obviamente eu, as vezes que já ouvi esta canção.
Comprei ovos mas tinha cá mais de uma dúzia deles. Fiquei portanto com muitos e muitos ovos.
Comprei a revista que o supermercado publica mensalmente, convencida que era já a do próximo mês e, sim!, aliciada pelo 'presente' acoplado, que era uma bebida láctea com fruta à mistura. Resultado? Comprei uma revista que já comprara e a bebida é sensaborona até dizer chega.
Na minha praceta há um lugar onde prefiro estacionar mas, cá por coisas, quero, quase sempre, que seja em outro lugar. Mas esta preferência engrandeceu aos bués porque estava nevoeiro e o vidro traseiro estava embaciado. Duas coisas a tapar visibilidade. Hum. Ponderei e optei por estacionar no lugar de que já conheço as pedritas e os buraquinhos e os declives e os espaços.
O que vale é que o carro tem que ser trancado com chave, quando não teria ficado a dita lá dentro. Notem bem: eu tirei a chave da ignição, pu-la em cima do banco do pendura, saí, retirei a sacaria, fechei as portas e... E a chave estava em cima do banco. Pá, pronto, na verdade é só isto.
A caminho de casa encontrei um vizinho que se fez meu companheiro de viagem no elevador, que neste caso estava mesmo a elevar-nos. E eu nunca tinha pensado que um elevador também faz o contrário de elevar. Bom. Então. Ele comentou que eu ia carregada, que bem vistas as coisas era boa ideia trazer muitas coisas, que assim escuso de ir tantas vezes ao supermercado, que assim cedinho até nem tem muita gente por lá nem nada. E eu que 'Sim. Sim, sim, vizinho, tem razão, ah pois é, pois é.' Pronto, esse tipo de coisas. Conversa de elevador, vá.

sábado, 26 de outubro de 2019

É só voz

É só voz. Resolvi pôr uma perspectiva de Lisboa, quando vista do Miradouro da Senhora do Monte, vai-se ver sempre a mesma imagem, só que vou estar a falar debaixo dela. Cá no sítio, quero eu dizer no lbogue... ai perdão blogue, é novidade, nunca antes tinha gravado somente a minha voz e posto no Youtube. Sim, bem sei que há um sítio todo giro que alberga ficheiros que sejam só de voz, mas eu não me apeteceu criar mais um albergue de coisas minhas, é lbogue... ai perdão, blogue e canal e pronto.



soluminescência

soluminescência
pesquisei
por ouvir num filme e me parecer gira
pesquisei
mas não deu em nada
na página com as várias hipóteses ainda aparecia a bold
mas clicando na escolhida
lendo tudinho
nem uma vez que vinha a palavra lá escrita
nunca tinha visto isto acontecer-me
ou bem que está na pesquisa
ou bem que está na escolha
contudo
depois de aceder à minha escolha
li o texto
(sem a soluminescência)
e
do texto
retirei o seguinte
soluminescência é algo que incide luzes várias
em simultâneo
e num lapso de tempo quase indizível
não é tão difícil assim deduzir que soluminescência desce de algo com luz
pois se lumines lá está
é porque

título do filme aparecido no post:
perseguição diabólica

Fantasminha

Na casa da senhora, se da cozinha, na janela de um prédio em frente, via eu um fantasminha pendurado, com dois buracos a fazer de olhos que não são nada, afinal. Se da sala, via eu o fantasminha mas aí já a mostrar um só olho. Buraco, quero eu dizer. Era a aragem que o movia, presumo, mesmo dentro de casa corre uma aragem, e ademais os fantasminhas são existências muito levezinhas, aquilo é um lençolinho com uma forma a fazer que está alguém lá debaixo. A minha mãe diz 'lençolinho' e 'corre uma aragem', mas sabe é nada destes fantasminhas. Nem eu, mas pronto, eu tenho um blogue e quero pôr cá coisas.

Dentisterista

Passei sei lá onde...
Ah, sei onde foi, ao momento da construção deste post, sei, mas vou esquecer-me, de maneiras que fica já a questão concorde com o futuro.
… e li numa montra 'dentisterista'. A primeira perguntinha que se me chegou e fiz em pensamento foi:
Dentisterista?!
A segunda foi:
Mas ter-se-ão lembrado de acrescentar o 'teris' por quê?
A terceira foi:
Será que havia letras a mais na vida de quem pôs ali aquilo?


Sim, posso ter lido erradamente, ia de passagem. Não ralhem comigo, vá. Não muito, pelo menos.

Dias de um Ginásio

Ora indo mais e mais no assunto 'Ginásio naquele dia' tenho duas postas-restantes vindas dessa ida ao Ginásio:
1
A recepcionista andou à cata das toalhas mais fofinhas. Sério. O gesto revelou uma atenção inesperada e portanto agradável. Ó pá tóin quida!
2
Uma das minhas colegas de sala despediu-se de mim usando o meu n0me. 'Adeus, Gina', disse ela. Ok, frequento este Ginásio há uma dúzia de anos, actualmente movo-me em quatro modalidades, isso faz de mim uma pessoa super conhecida por ali, bem sei, mas é que nunca pensei que aquela colega, precisamente aquela, soubesse o meu nome.

Dias de um Ginásio

Não costumo arrepender-me do que escrevi no lbogue... ai, perdão, blogue, mas às vezes arrependo-me do que não escrevi. Como neste post, por exemplo, em que talvez tenha forçado uma imagem longe do profissionalismo que do professor de Pilates emana, apesar de ser destrambelhado. Então, numa de forçar outra imagem, em melhor, conto:
O professor de Pilates é tão bom profissional mas tão bom profissional que na última aula, em que éramos cinco pessoas na sala, houve um exercício bem bom para os nossos fustigados corpos, que fizemos precisamente cinco vezes e, em cada uma, um de nós era corrigido pessoalmente. Posto isto, reforço: o meu professor de Pilates é muito bom. Mesmo.

Nisto de escrever

Nisto de escrever sou mulher de muita fé. Tanto que não encontro encanto duradouro em bloquinhos bonitinhos, com folhinhas aparadas e agrupadas ô puã. Pá, não vou, não quero, não dá. Ainda que os compre, e de vez em quando compro-os por os achar irresistíveis, mas eis que os acho acanhados para mim. É tolice, bem sei, afinal de contas o meu bloquinho rudimentar é mais ou menos do mesmo tamanho dos bloquinhos que aqui retrato.





Sim, há mais, há, continuo agora com esta historinha.
Decidi que vou dar descanso ao bloquinho rudimentar e usar os bloquinhos bonitinhos, mesmo que a mim pareça que tudo o que escrevo, lá não caberá. E não cabe, mas há que dar uso ao papel. Só mais uma coisinha, quando comprei estes dois (sim, são dois, ainda não havia dito isso) fiz post, que bem me lembro, mas não deixo ligação porque não o encontrei. Trouxe tudo para casa, vêm passar o fim-de-semana comigo. Por ora estão ali em cima da máquina de costura.

Navegações

Ontem de manhã andei por Lisboa, questão frequente em mim, já todos sabemos (e, a quem não souber, crê que não fará isso mal, eu gosto de ti na mesma), e dei por mim enveredando por ruas nunca antes pisadas. Pensei assim: ah, se é nesta direção (e era) acolá há-de haver uma rua onde possa virar antes de me afastar muito do meu destino. Só que não havia, nem há. Cheguei na mesma ao meu destino, nada de mal me acontecendo, o que aconteceu foi que me lembrei de quando no sábado passado, a caminho de visitar os meus pais, andei perdida por Beja. Por andar como que à deriva, chegou-me à cabeça a frase 'por Bejas nunca antes navegadas', e que é um bocado tola porque as cidades não têm plural (se bem que o corrector ortográfico do senhor Blogspot não indique erro, mas vá), não passando isto de um lembrete do verso de Camões 'por mares nunca antes navegados'. Não é que eu conheça Beja muitaa bem, mas já não me lembrava que tinha tantas inclinações. Vira aqui e vira ali, sobe, desce, olha a rotunda, o semáforo, ali é o Castelo, já viste? Bom. Entretanto, de lembradora que sou (este post está com montes de lembretes e lembranças) lembrei-me (ah ah) que, mesmo estando no interior alentejano e que é do mais plano que há, Beja tem, afinal, tantas inclinações. Depois, em lembrança (ai), ocorreu-me que era comum as cidades ou os grandes centros, ou mesmo pequenas povoações, serem construídos em lugares o mais alto possível, para que, assim, tanto desse para ver bem que vinha lá, como para dificultar o acesso, atrasando quem viesse com más intenções.
Por Lisboas nunca antes navegadas... Ah ah. Conhecesse eu toda a Lisboa e a minha vida não teria tanta graça. E a graça que teve conhecer todas aquelas Bejas? Ora...
O verso, se à letra, é:
«Por mares nunca de antes navegados» - Os Lusíadas, Canto I, Luís de Camões
Ah, não vão já embora, tenho fotos que tirei na casa dos meus pais. Já pus no blogue uma data de vezes pormenores da hortinha deles, do quintal, do lugar dos arrumos, onde o meu pai reina, com a sua peculiar forma de armazenar o que julga ter aproveitamento. Se bem que desta vez até nem tenha tirado fotos a situações (por assim dizer) estranhas, tenho fotos na mesma, ó:



sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Combinação

De quando as cores quase combinam.
Quase!
Pode ser da luz, da perspectiva, dos olhos meus.
Na realidade as cores são iguais, mas na foto não.
Digo o roxo, que o verde foi buscar o verde em igual.


Deixo-vo-la (ai, adoro estas formas verbais)

Saudações amarelas da minha amiga árvore amarela, mando eu dizer, já que ela não fala. Deixo-vo-la sem filtros.


Incertezas

Nas fotos são folhas de que já falei no blogue duas vezes, ou coisa assim, e às quais ainda não tinha tirado foto. Parece a mim, contudo: certezas, não tenho. Este post está cheio de incertezas, e até lhe vou chamar isso, agora estou até a duvidar de ainda não ter fotografado as ditas. Bom, ei-las, centradas, que não estão da mesma largura, ai eu e esta mania de cortar partes das perspectivas, pá...




Posta-restante:
Afinal as fotos estão da mesma largura. Oh.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Post 6837

O título vai de número que é para fazer jus ao nome do blogue, já que hoje, a bem dizer, de grafómana pouco fui.

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

O balde do amor desencantado

O encanto que encontrei no balde do senhor já se me esvaiu todinho. É como amar um bandido à primeira vista e depois vai-se a ver e. E desencanta para lá de muito. Quando notei um depósito debaixo do espremedor fiquei entusiasmada com a ideia que alguém teve de reter a água suja que escorreria da esfregona, igualmente suja, e passar a dita sempre por água limpa. Só que não, e vejamos.
Encho o balde e a água é depositada apenas no balde propriamente dito, nada no depósito, e acreditem que as forças ficam desequilibradas, deixando-me numa situação periclitante.
Certo.
Junto o detergente à água porque uma pessoa tem que se fazer à vida, quais perigos da treta, quais quê.
Certo.
Mergulho a esfregona, espremo-a e a água escorre então para o dito depósito ainda vazio.
Certo.
Essa água não tem ainda qualquer sujidade, contudo: não será reaproveitada, uma vez que não dá para mergulhar a esfregona, e quer isto dizer que o espremedor boicota essa entrada porquanto estão ambos na mesma linha, não há esfregona, ou seja lá o que for, que os atravesse.
Certo.
Neste ponto tenho a esfregona espremida da primeira passagem e, na verdade, limpa, e a minha vontade é prosseguir com, e concluir, a tarefa.
Certo.
Mas a esfregona vai deixar de estar limpa porque a vou passar no chão novamente e portanto sujá-la.
Certo.
Quando a mergulho no balde vou limpá-la numa água que já está suja da primeira passagem.
Certo.
Vai daí, é um lava-mergulha-escorre até que. Vai daí a água escoa porque a vou retirando do balde e tal e tal, e quem a apara é o depósito, que vai enchendo, como acho que já se percebeu. Vai daí vou lavando, por assim dizer, uma esfregona em cada vez menos água, água essa que tem cada vez mais sujidade. Vai daí o pequeno depósito vai enchendo... Ah, pois, esta parte já estava dita. Vai daí mudar o balde de sítio é desequilibrante. Vai daí é outro perigo, olha eu a entornar um balde cheio de água suja num chão que acabei de lavar. Não! E sim! Em cada entrada posso simplesmente retirar o depósito, fazer as coisinhas do costume e voltar a colocá-lo. Tudo bem. Mas pá, ó: sou um bocado desajeitada e esse tira-e-põe sem lascar não duraria muito tempo. Não.
Certo. Tudo certo.
Mas ocorre a segunda parte: há que despejar o balde. Não 'migos, não é fixe. A água que está no depósito escorre para o balde que por sua vez escorre para a sanita.
E não está certo.
Digo isto porque me vejo aflita para que a água acerte no balde e daí para a sanita. Só vos digo: é preciso cá um controle de forças e de equilíbrio… Até hoje tenho acertado com alguma parte da água no chão. Mas isto vai lá, há uma coisa que se chama treino. Pois.

Escadotes

Sou particularmente boa a apresentar escadotes. Se o cliente pergunta quantos degraus tem, conto-os e faço-lhe saber o número, sem conter que a plataforma é para contar como número. Mas vou deixar-me disso e ser ainda mais expedita, é que descobri que cada escadote tem na embalagem o número de degraus que lhe corresponde - plataforma inclusa, pois claro - e em grande. Enormíssimo. Do tamanho de dois dedos meus. Vai ser tudo tão melhor.

Post de menos

A senhora do Banco tem agora pouco espaço de balcão para trabalhar. Se se lhe encurtou o espaço no balcão é isso sinónimo de que os clientes têm por sua vez menos espaço no balcão (Sem vírgulas. Ai.). Talvez isto desculpe o facto de, no fim, (Já não me aguento sem vírgulas.) eu ter deitado ao chão o suporte das brochuras. Mesmo que toda a transação tenha sido feita com o maior dos cuidados, isto da minha parte, eis que pumba, chão, estrondo, tudo espalhado, oh desculpe lá e tal. Custou um bocadinho mas agora já está tudo bem comigo.

A estrelinha verde

Era mesmo uma estrelinha, a que vi em cima do sofá, e, ao pé, uma peça que sei lá eu de onde é, e mais uma coisita que já não recordo qual era. Mas a estrela. Era pequerrucha, daí a 'estrelinha', verde e de um material que me pareceu plastificado. Esta estrelinha está a aparecer no lbogue... ai perdão, blogue, não por conta de eu a ter usado para falar com a menina, desta vez deixei-me disso, mas porque não consegui jogá-la no lixo. Sei lá, às tantas a menina, chegada a casa, ia logo procurar a estrelinha e eu não quero ser responsável pela demanda defraudada. Deixei, portanto, três coisitas em cima do sofá, sem falatório.

(eia pá, ca fixe)

Da última vez que entrei no Ginásio, que foi para aí há quê, seis meses? Ná… foi há dois dias. Bom. Então. Nessa entrada aconteceu-me uma abundância:
Gina! Boa tarde! Era a recepcionista, o balcão a separar a gente as duas, mas qual distância, qual quê. (eia pá, ca fixe)
Olá Gina, está boa? Era a professora de stretching, sempre uma simpatia. (eia pá, ca fixe)
Gina, tudo bem? Era o professor de Pilates. Quando respondi que 'sim, tudo!' facultou-me o seu 'ainda bem' sincero. (eia pá, ca fixe)
Mais logo vou a uma aula de Pilates mas não será com o professor retratado acima, esse é do tempo das manhãs, é com um outro, que é engraçado que se farta. Sempre que entra na sala já vem meneando a cabeça, diz boa tarde, pousa a garrafa de água, posiciona-se, faz uma ronda com o olhar, meio franzido, meio a querer sorrir, meio envergonhado, totalmente focado em esconder a timidez. É que ter cerca de uma dúzia de pares de olhos postos em si, amedronta. Mas a ronda que ele faz é no sentido de perceber se há alguém novo. Sempre que encontra alguém que não lhe parece familiar pergunta se 'é a primeira vez?' e se a pessoa responde que não, pergunta se 'já fez comigo?' Nesta parte rio sempre por dentro, é que sou maliciosa. É também particularmente distraído, sabe que os exercícios são para começar sempre do lado direito, mas quando chega a hora do esquerdo, nunca sabe qual é o lado que deve indicar. O que vale é que a gente sabe como seguir... Eu acho-lhe montes de piada, é um cromo do caraças.

Lisboa, Lisboa




A foto acima não tem nada! a ver com os jacarandás mas tudo a ver com a rua dos cinquenta e dois jacarandás.
A foto acima aconteceu porque antes tinha visto o que aparece na foto de baixo. Ó pá tóin xiru! Quando vier para baixo tiro foto, pensei eu. Ó pá tóin xiru! Mas ainda há flores nos jacarandás? Ao que parece, há.
A foto abaixo tem tudo! a ver com os jacarandás e com a rua dos cinquenta e dois jacarandás porque é uma flor de um deles e acerca da qual já falei acima.


terça-feira, 22 de outubro de 2019

De dois clientes

O cliente ia pôr a moeda dentro do saco para os parafusos e anilhas que eu lhe vendera. Riu-se e disse que até parecia que estava na Igreja a pôr a moedinha. Também me ri, claro, teve piada. Agora até me estou a lembrar que, sendo esse o caso, a fé seria pouca, isto mediante o tamanho do saco e, a bem dizer, o da compra.
O cliente queria espuma de poliuretano e não conseguiu articular a poli-não-sei-quê. Nem eu. E bem que tentámos. Nada a fazer e rimos. E o que valeu foi que percebi o que ele queria sem demoras. Depois comentei o apelido dele, que era bonito, ele disse que o há em espanhol e há lá muitos. Eu não disse mais nada. A transação via netes foi fácil, na hora de escolher o email ou o número de telefone ele disse logo que me dava o número, então ia lá pôr-me a escrever nomes e coiso, não senhora. Sabe lá ele o quanto e tanto o que escrevo, não é?

Dois lados

Entusiasmo e entumescer são o mesmo, diz-me a poesia. Não são nada, atalha o léxico lá do outro lado.

O interior das orelhas

Se eu disser que me dói os ouvidos porque escarafuncho abusivamente o interior das orelhas isso significa que o léxico me veio visitar e trouxe bolachinhas espevitadoras. E vai que acabo de apresentar uma ideia sem vírgulas. Ai.

Era uma vez um blogue mui utilitário

Venho usar o meu blogue para lançar um pedido:
Clientezinhos: não tamborilem os dedos no meu balcão, por favor, é que me aflige. Pá, façam algo tipo assim masturbaçóide, uma coisa convosco mesmos, o prazer só vosso, o conter só vosso. Pronto, isso assim. Obrigadinha.

Stalker

Notei uma mulher mirando atentamente a quinta árvore que encontra do lado esquerdo quem desce a rua mais bonita de Lisboa. Era como se lhe contasse as folhas, quantas castanhas, quantas verdes, quantas amarelas. Depois subiu (eu descia) e mirou a seguinte, que neste caso era a quarta árvore. Ó pá tóin xiru! Será que ela conhece o meu interesse desmesurado pela posição das vinte e seis árvores desta rua? Pelas árvores desta rua? Por esta rua? Tudo na maior abundância? Oh porra que até canso? Claro que não. Então e quando cortaram ramos às árvores? E a árvore arredondada, que linda era? Pesadona, tudo bem, ok, vá, mas cortaram-lhe tantos ramos que deixou de fazer jus ao que, não obstante, ainda lhe chamo.
E se a mulher era stalker? Não era nada. Ora. Eu, querendo ser stalker, seria muito boa nisso. Sei lá, é-me fácil passar despercebida, e nem me vou alongar nisso das particularidades, bem sei que as tenho, mas pronto, coiso.

A4

O papel era uma mera impressão provinda das netes. Alguém, que presumo pouco à vontade com as netes via telemóvel, se abastecera de uma informação física, que, neste caso, é um mapa, esse impresso, e uma morada, essa manuscrita.

Vem aí o Natal

Olhem: a avenida já tem os enfeites de Natal. São placas que atravessam o alcatrão, mas por cima, vão de árvore a árvore. São tipo assim uma ligação de lados de rua. De avenida, quero eu dizer. E é claro que ainda nada luze, o Natal só vem aí, ainda não chegou.

Cagaçal

Fiz ganda cagaçal quando avistei o Clóvis lá do outro lado da rua. Eia pá, olha quem vem aí, já viste? Dizia eu para o meu colega, numa de chamamento, tanto para um como para o outro. Conheço algumas pessoas com elevada autoestima, e nisso o Clóvis é rei, mas olhem que eu consegui que se enrubescesse (sempre quis no blogue aparecesse qualquer forma do verbo enrubescer).

do Verão vem a foto
do Outono o post




na praia é comum que tudo se misture,
céu com mar,
mar com céu,
não se distinguindo onde um e onde outro,
depois vem a areia para mais me baralhar e graça nos dar,
se bem que de cor diferente,
ok ok,
mas se imaginar um tempo cinzento vejo a areia dessa cor e tudo fica dessa cor
dizem eles que é mimetismo
(e a mim parece que 'mais do mesmo' é um regionalismo que evoluiu para mimetismo, que é uma palavra upa-upa, mesmo lá dos cimos)
e é tudo amplo e é fácil baralhar-se-me a cabeça,
estar convicta que os meus pés apontam para o mar
e estar com eles mas é para a costa

Post pesadinho

Um dia, deu-me na cabeça começar a marcha pondo a passadeira na velocidade que coincidia com a minha idade. Não estou certa em que ano me deu esta parvoeira mas vou pôr a coisa nos quatro ponto sete, que não devo andar longe. Essa velocidade é porreira para começar uma marcha, não se está depressa nem devagar, e depois é aumentar conforme. Conforme o quê, ó Gina? Pá, conforme. Conforme o que se consegue ser e fazer. Desde aí, conforme (ah ah) vou fazendo anos, assim vou aumentando a velocidade inicial. Ao presente estou, obviamente, a começar nos cinco ponto um. O que acontece, ou acontecerá, é o seguinte: quanto mais velha for, menos vigor terei, logo: mais difícil me será começar de acordo com a idade que vou alterando para mais... Né? Há-de, decerto, ser.

Post levezinho

Toda a vida tenho ouvido falar do peso ideal e do desplante de alguém encontrar um rácio dentre peso versus altura por idade a cruzar com género e que é igual a. Pois bem, é um desplante sim senhoras e senhores, afinal põem máquinas abrutalhadas a determinar questões da natureza humana, que passa, indubitavelmente, pela diversidade, afinal de contas (de rácio, ah ah) o que é isso da idealidade? É uma porra que inventaram para a gente querer ser o que não consegue ser. Para rematar o caso deixo nota levezinha: estou a não muitos gramas do peso que a balança (avançada em tecnologia, portanto e quiçá, acertada ao passo do tal rácio) lá do Ginásio dita como sendo o ideal, e que, caso lá chegue, virá descrito num papelinho que a bruta cuspirá. Se eu alcanço o dito número, é desta que emolduro aquela merda.

pé com mãos
pés sem mãos
pés desfocados com pêlos focados

pé com mãos
pés sem mãos

pés desfocados com pelos focados

Lisboa, Lisboa




Já ontem fui espreitar Lisboa do Miradouro da Senhora do Monte e deixei uma fotografia. Mas nem só desta viverá o blogue, que tenho mais umas quantas.

Acima temos então duas prespectivas que não deixam de ser de Lisboa, que não deixam de ser no mesmo Miradouro, mas são contudo de proximidade. Só creio não estar próxima é a idade da oliveira retratada, vou dizer que é centenária, sei lá, apetece-me. Estas fotos não têm filtros.

Abaixo temos cadeados presos na vedação. Agora isto é moda, vê-se mundo afora cadeados que, por estrem presos, simbolizam o amor eterno. Pronto, é uma metáfora, e a mim até nem parece nada bem, acho que devemos pensar e considerar o amor livre, só que não há coisa mais prendedora do que o amor. Enfim, nem me vou debruçar sobre tão complexa temática, se afinal nem os poetas sabem explicar isto, vou eu agora pôr-me para aqui a dizer que e que e que. Não. Mas tenho fotos, que aprimorei, porquanto me apeteceu afofar o amor presente num cadeado preso numa vedação, e o blogue ficar lamechas mais que muito. Ai. 
De resto, digo que neste lugar o que não falta é frases em paredes. Pronto, as pessoas são comunicativas, as paredes clamam por cor, as pessoas clamam por atenção e blás. Pus-me a ler algumas, a maioria era mensagens babadas e declarações amorosas, mas notei uma que nada tinha a ver com lamechices e, quando quis lê-la, eis que não deu, tinha as letras sumidas. Oh. Quer dizer: tudo o que estava dentro do 'nothing gonna change my love for you', pois que sim senhoras e senhores, lá estava a Gina a ler véri véri rápido, e quando notei algo diferente e portanto promissor de aprendizagem barra novidade barra sei lá o quê, já a Gina não descodificou. É, sou muitas Ginas, sou. Mas os cadeados, que mais amorosos não podiam ser, é vê-los, e filtrados, ó:



segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Eh pá, a sério, mas que merda vem a ser esta?!

Pois estava eu no outro dia a falar das ânsias e das pressas de escrever coisas e tudo e tudo e tudo, a grafomania a levar-me ao absurdo de me ser imprescindível ter o mundo todo escrito, não estava?
Ora acontece que tenho mais uma confissão a fazer: por vezes faço também registos em que uso uma tal encriptação que, anos passados por sobre, venho a encontrá-los e concluo que não percebo mas é a ponta dum corno daquilo que escrevi.


Tamanhos

A cliente queria quatro ângulos, que são peças fornecidas com os devidos orifícios para facilitar a entrada de parafusos que, depois, se fixam numa parede ou num armário, e queria-los para fixar numa parede, logo, necessitaria também de buchas. Ora aconteceu o impensável: os parafusos que ambas considerámos como perfeitos por caberem sem pejo algum no orifício serem, afinal, demasiado finos para as buchas de menor espessura que havia no estaminé. Primeira forma, como dizem os militares, voltámos ao início. Fui escolher uns parafusos mais grossos, que obviamente coubessem nos ditos orifícios (estes orifícios estão a aparecer muitas vezes, não estão?) mas com a aptidão necessária a esventrar as buchas e por lá ficarem até que um terremoto ocorra, uma mudança de residência, ou coisa assim. Só que não. A cliente reflectiu e achou os parafusos escolhidos demasiado compridos, teria eu a mesma espessura mas mais curtos? Hum. Tinha. A conta mais fácil desta transação nem foi a soma em euros, foi a questão de serem, então, dezasseis parafusos, com aquela espessura e comprimento!, e dezasseis buchas, com a espessura ainda não descartada, pois era a primeira escolha. É que cada ângulo contém em si quatro furos. Orifícios. Ah.

É e não é

É! tudo bem que uma cliente use 'jginajoga' ao invés de jigajoga. Pá, temos a gina lá e eu estou defronte da dita senhora para aí pela terceira vez, tal e tal.
Não! é tudo bem que a dona Genoveva me fale do seu 'liquefador' porque assim não distingo o conhecimento que ela tem da Língua Portuguesa, oh, que deixo assim de o considerar profundo.

Post aos pedaços

Pá, a verdade é que ainda vejo a senhora cortada em pedaços ensanguentados. Estou certa que encontrarei uns dentro da banheira, outros em cima da cama. Vai demorar algum tempo até deixar de ser parva desta maneira mas, notem bem: apesar de ver uma desorganização vermelha na banheira e na cama, não me vejo a limpar tudo e, quero crer, isso aceleraria o processo.

Lanchinho

De lanchinho: uma cenoura. Afinal consigo comer uma cenoura inteira, tem é que ser pequerrucha.

Consoantes comidas

Gina, a mulher que come consoantes para aí desde 1974, se contar desde que distingue as canetas de feltro dos lápis de cor, ou desde 1994, se contar desde que distingue a cor do petróleo da do óleo de cedro. Eu como consoantes dede 1900 e carqueja, pronto.

Lisboa, Lisboa

domingo, 20 de outubro de 2019

baggy woman, id est, mulher ensacada

o preto e o branco

estou assim
há momentos em que desfoco da realidade
há momentos em que vou focando qualquer coisinha
há momentos em que foco, sim senhoras e senhores, mas é muito lá ao fundo




ai ai

os suspiros são ajustes que o tempo faz no corpo

luzir

ponho as minhas palavras à luz
mas, se luzem, sei lá

Ó pá foi tóin xiru!




A foto acima retrata uma folha de presenças presente (pronto, já sabem que eu adoro palavras parecidas de seguida) num balcão por onde passo duas ou três vezes por semana. Entretanto deu-se esta incrível e sedutora troca de fala, mas por escrito, das quais deixo abaixo o desenvolvimento que julgo lhes dever.

Primeiro
escrevi 'também quero' na última linha, mas, por vergonha ou coisa assim, as letras saíram pequenas
A ideia do 'também quero' surgiu porque o que eu 'também queria' era escrever naquela folha
Segundo
escrevi 'também quero' em letras bem maiores, numa de ser forte, ah, levem mas é comigo e tal, sempre quero ver e coiso
Terceiro
obtive resposta: alguém escrevera (Quem?), deixando-me uma dúvida daquelas que não me deixou dormir descansada, constando de, uma: se a pessoa perguntava quem sou, duas: se a pessoa perguntava quem é que tinha escrito aquilo
Quarto
A minha resposta (quem, não digo) é tão inconclusiva como a anterior e pode ter suscitado precisamente o mesmo tipo de dúvidas: não digo quem sou nem quem quero
Quinto
Vai que como continuação deste interessantíssimo debate, se me dirijem com um emoji do mais básico que há
Sexto
Vai que remato com um rudimentar emoji e, ainda por cima, mal amanhado
Conclusão
E agora não sei se isto continua mas, lá que gostava, gostava

Lá isso é verdade

Ao presente, a maioria dos meus sorrisos acontece sem mais coisas, sem misturas, sem a tristeza a acompanhar, ou sequer estar por baixo do sorriso. Aqui, 'por baixo' não é debaixo', 'por baixo' é dar luta, 'debaixo' é espezinhada, e lá isso é que a tristeza não está.

Cores

Ao almoço o meu prato continha alimentos de cores várias, embora nem muitas, para aí quê, três: vermelho, verde e amarelo. Sempre ouvi dizer que a gente variar a cor no prato é igual a variar os nutrientes e assim se consegue uma refeição equilibrada sem que para isso se tenha que ter montes de trabalho em pesquisa e confeção. Ora eu cá acho que a Natureza preparou tudo para que o Homem chegasse facilmente a essa conclusão variadamente colorida, pois antes de a Ciência se encontrar no ponto em que está Hoje, já as pessoas comiam e precisavam de o fazer equilibradamente. Variemos então as cores, em certas horas é quanto basta

Canção triste

Esta é a minha outra canção triste. Para sentirem como eu, isto é obviamente em querendo, testem-se a partir do segundo 26 e até ao 46, a ver se sentem uma vibração queixosa e de grande aperto. Se sentirem, fiquem então sabedores que são tão lamechas quanto eu.


A minha cadela é egoísta

Eu fico a olhar para a minha cadela enquanto ela faz uso dos seus sistemas urinário e intestinal.
A minha cadela fica a olhar para mim enquanto.
Eu fico a olhar para a minha cadela enquanto, porquanto é do mais indicador que há de tudo ir bem de saúde com ela se os actos parecerem longe de dores e ou dersconforto e na sequência voltar a manifestar a felicidade de estar viva, o que pode traduzir-se em correrias e cheirar o que mexe e até o que não mexe.
A minha cadela fica a olhar para mim enquanto, porquanto tende a achar que esse é o melhor momento para receber carinho, atenção e afagos.
É por isto que considero a minha cadela do mais egoísta que há. Qual isso de serem os melhores amigos, qual quê.

youlfie

Pela fresca

Pela fresca notei a nuvenzinha desenhada no meu telefone. Dela pendiam três linhas que simbolizavam chuva em Loures ao momento. Era ainda de noite mas já era de dia, pronto, estava-se naquele momento em que ambos se encontram, um não deixando ser o outro e tal, e vi o céu escuro pelas nuvens e claro pela proximidade do dia. Neste preciso momento, são agora nove e meia, há muito sol no dia, muito céu em azul e o ecrã do meu computador mostra-me bolas ovalizadas de luz, provindas do estore, que é tipo assim, um filtro, vá, e que tenho meio fechado, pois, quando não, não aguento tanto sol na cabeça.

sábado, 19 de outubro de 2019

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Cinzento no muro

Pintaram de cinzento o muro onde aos vinte e cinco de abril de dois mil e treze escrevi uma frase 'Eu não quero viver. E tu?!' Constato agora mesmo que são duas frases e relembro que na altura era frequente substituir as vírgulas pelos pontos finais. Tiques de escrevente. Meras questões. Enormíssimas pancadas, e nos cornos. Ora isto quer então dizer que, se pintaram o muro, é porque ao momento já se não pode ler a minha frase, a frase que tão calorosamente foi sendo construída. Oh. Nesse tempo o muro era branco e a cor da tinta aplicada foi o vermelho. Mais contrastante podia ser, ah pois podia - preto no branco - mas assim já foi de bom tamanho. Deixo um dos meus longos posts e que é do tempo em que essa tinta ainda estava como que fresca.


Continuo hoje a saga do abstrato. Há dois dias encontrei este modo de me apresentar no blogue e achei-lhe piada. E achei-me piada. Desembucho as ideias em parágrafos desligados entre si, sem quebras de linha. Nominei esta saga de ‘abstrato’ para ficar bonito, pois na verdade a alma deste post incide um bocado na confusão precária. E o vocábulo ‘nominei’ também me parece bem e diferente e isso. Nominei. Nominar. É, fica mesmo bem.
Ela rabisca umas coisitas a verde, num resto de papel, como se não desse apreço ao material que usa para escrever. Depois espeta o papelinho com o importante recado nas malvas. As malvas são verdes, para não destoar da tinta.
Eu escrevo a vermelho. Assim a frio esta frase vai de encontro a feridas uterinas, isto na cabeça do leviano. O tresloucado vai pensar que estou com o chico. O poeta vai inspirar-se e produzir versos tamanhos. Eu escrevo a vermelho num muro. Escrevo um conjunto de letras. Duas frases. Uma afirma, outra questiona. Um muro onde não mora ninguém, onde ninguém vai ler. Dificilmente se descobrirá esta mensagem. Repito: o poeta vai inspirar-se e produzir versos tamanhos. Ninguém senão um letrista para atentar em mensagens.
Poder dizer ‘o meu livro’ deve ser mesmo bom. Não tenho um livro meu, se bem que essa esperança não morre, e lá estou eu a apoiar a esperança no porvir.
Quando te dizem: ‘é assim a vida, o que é que tu queres?’ é porque queres ter outra vida. Força nisso, garanto-te que a obstinação é mui necessária, é mais fácil manter o imprestável do que mudar os hábitos.
‘Nunca me esqueci de ti’, diz a canção do Rui Veloso. Pois não. Nunca. Parecem negações; coisas ruins. Mas não. Eu não quero esquecer nunca. É um desejo e um desejo tem de estar do lado bom da vida.
|Quero uma roldana, se faz favor.| |Tome lá.| |Quanto é?| É xis.| Tome lá.| |Obrigada.| |Agradeço-lhe imenso a sua ajuda.| Sério?! Qual ajuda? Ajuda? Lembrou-me o homem fedorento que está sentado no chão da avenida grande, descalço e maltrapilho, estendendo a mão para pedir dinheiro aos passeantes mas a boca pedindo ajuda.
Esteve aqui o cliente mais indeciso que conheço, aquele que faz jus ao dito ‘não fode nem sai de cima’. Quer mudar as torneiras do lavatório. Melhor dizendo: a mulher quer que ele trate da mudança das torneiras do lavatório. O homem é indeciso, como já foi referido, o que significa que, levando em conta o artigo em questão, mostrei torneiras até mais não, porquanto existe a torneira simples, porquanto existe a torneira misturadora monobloco, porquanto existe a torneira misturadora monobloco e monocomando (ai credo tanta vírgula mulher isso nem parece teu). Fim.
Esta espelunca de computador portátil onde escrevo mostra que ‘monocomando’ não está bem escrito, dá erro, aparece uma linha finamente ondulada numa cor vermelha mesmo por baixo da palavra mal escrita que é para a gente notar de imediato. ‘Mono-comando’ também não é aceite. ‘Mono comando’ é aceite. Vermelho chama a atenção. Vermelho, pois.
Estou vestida de amarelo e roxo. No tronco. O tronco à vista, não estou a falar de roupa interior, portanto. Isto da dupla de cores que ultimamente não me larga podia ter um significado grácil mas não tem. O mais que posso acrescentar é que sempre que quero digitar amarelo, digito ‘amamrelo’. Eu bem digo que não sei escrever.
Hoje não quero saber dos leitores. Ou seja: estou a escrever para mim. Não é comigo, que isso é invariável, escrever é sempre uma companhia, é que hoje as minhas frases são conversas comigo. Primeiro: construir um longo post tem um cunho solitário, acho que ninguém tem tempo para ler tudo, já para não falar da presumível falta de paciência das pessoas que se passeiam pela blogosfera. Segundo: por causa do motivo anterior dá-me jeito não pensar na partilha, pronto, ok, vá, não te esforces, não leias, deixa lá isso. - À parte mui necessário: credo mulher tanta vírgula não gaguejes tanto. - Terceiro: possuo todas as derivações do ego → egoísta; egocêntrica; ególatra. Por isso me basto.
Raiva: alguma. Contida umas vezes, reprimida outras. É escusado pensar que há muita raiva, que a dita não aparece, tampouco transparece.
No lugar da musa fazem chá para escritores. A sério, é o que diz o saquinho, espreitei enquanto esperava o meu café. Diz assim: thé des écrivains. Este lugar tem mais de musa do que eu supunha. Chá para escritores?! Hum... Não arredaria pé daqui mas não há como permanecer neste lugar e ganhar a vida em simultâneo.
Não estou vestida de amarelo e roxo. Mudei de cores mas não necessariamente para melhor.
O senhor engenheiro veio fazer um avio rápido. Logo de seguida agarra no Fiesta que deixara mal estacionado e baza. Tem uma boca bonita, este senhor engenheiro. Boca de bebé, rosada e bem desenhada. Hoje é o dia dos bebés, disseram na Radio. Também gosto do pragmatismo dele, da maneira como assimila a informação, em conjunto com a simpatia. Dá-me jeito haver clientes assim. Hoje é o dia dos bebés, disseram na Radio.
Eia, ganda maluco, a torneira de que falei acima está aplicada, contradizendo o que havia registado. Aliás, ganda maluca, que isto de ser a mulher do cliente a decidir... Pumba, já está.
Deixei cair uma caixa de fechaduras para móvel lá de cima. Catrapus no chão. Não se abriu, não deu trabalho nenhum. Era muito mais interessante a caixa ter-se aberto e rasgado ao meio ou em três partes e ter-se espalhado tudo no chão por causa de eu ser muito desajeitada e estar absorvida pela beleza do cliente. Nada disso, a minha vida é plana, nem a porra duma caixinha deito ao chão com pompa.
Telefonei ao meu colega mas atendeu-me uma senhora com sotaque. Enganei-me no número. Troquei-me. Pena não saber que algarismo(s) troquei, para passar o resto da tarde a ligar à senhora entre uma frase e outra que plantasse neste enorme post. Ia divertir-me tanto.
O padeiro é novo. Novo no lugar. O pão não é o mesmo de todos os dias, que todos os dias o pão muda, pois claro.
Ontem tirei duas fotos que o senhor Blogspot não me deixou publicar. Uma mostrava o meu almoço: ervilhas com ovo com os talheres pousados graciosamente por sobre o prato pronto a comer; outra mostrava o buraco do bolo de maçã. Ia chamar-lhes núcleos e depois ia dizer que o buraco do bolo não é um núcleo e depois ia dizer que na escola aprendi que o ovo de galinha é uma célula gigante e o núcleo é o ovo que a gente come, ou seja: a clara e a gema e depois ia dizer que há mais dois nomes na célula mas eu não me lembro quais são e depois ia dizer que não me apetece pesquisar. Ontem tirei duas fotos que o senhor Blogspot não me deixou publicar mas eu não amuei, amuo hoje, que mesmo que o bicho deixe, não estou para aí virada.
Daqui a nada parto, vou ao ginásio. Verei pessoas, não diferentes. A vida é plana. É plana, a vida de toda a gente. É por isso que as pessoas passam a vida – plana e incaracterística - a mover montanhas e a criar ondulações, num esforço enorme para sobreviver à inércia e depois não sucumbir à mutação das montanhas e à ondulação.
|2 maio 2013|

Árvore amarela, outubro é o mês dela

Encontrei há dias um pezinho da árvore amarela contendo três folhas. A árvore amarela já está bem amarela. Árvore amarela. Árvore amarela. Lembrei-me que podia instituir outubro como o mês da árvore amarela, afinal eu é que mando nisto tudo, mas acho que me fico só pela fotografia. Ah, qual quê, continuo, é que foi em outubro que travei amizade (sempre quis que no meu blogue aparecesse esta expressão, ai) com a árvore amarela e, para incremento da ideia dessa instituição (que todavia de ideia não passará) é em outubro que a árvore amarela é amarela. É certo que lhe chamo assim durante todo o ano, mas.


Uma minoria

A quem, ainda, pergunta: 'está mais magra, não está?' ou se espanta: 'ai está tão magrinha!' deu-me já bastas vezes vontade de brincar dizendo que 'sou uma daquelas putas cheias de sorte, os 50's estão-me a funcionar ao contrário da maioria'. Mas contenho-me, não vá alguém não aguentar a estopada de uma resposta tão alegre, às vezes nem a ser fofinha me safo, quanto mais tão alegre.

Começo pelo fim

Começo pelo fim, que é anunciar já que as traças têm papilas gustativas. A cliente queria bolas, neste caso assassinas, e, adivinhando a hipótese de escolha múltipla, quis saber que sabores haveria: «é baunilha... lavanda... não é?», indagava. Pá, pronto, como cá no estaminé não tenho material bélico com esses sabores, não se fez negócio.

O futuro que a mim pertence

Tenho três idas a Consultórios
barra
Centros de Exames
Uma: para os sangues, duas: para as mamas, três: para as gargantas

Post d' ontem

Ontem, chegada à rua: chuva e mais chuva. Chovia em Loures, quero eu dizer. Contudo, pensei: se em Amesterdão marimbei para a chuva, marimbaria também em Loures. É certo que não estava em passeio, mas.

Zerou

Zerou e é uma coisa de trêses e de quatros. Ai a trabalheira que o plural do três me deu a fazer, é que o do quatro está logo ali, né?


A estátua que sorri

Ca sódades da ti 'migo!

de noite em manhã

manhã, manhã
a noite ali, para eu dormi-la
a noite aqui e eu não dormida

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Boa noite

Houve avelãs e abacate no meu jantar. As avelãs vieram de um supermercado bem próximo ao estaminé, já o abacate, bem, o abacate fez seiscentos quilómetros até cá a casa. Era produção de um abacateiro que havia lá para a banda das férias da praia. As avelãs, sei lá por quê, não sabem ao mesmo que sabem as que compro no supermercado perto de casa, mas são de bom sabor na mesma. O abacate estava já murchinho e, por ser pequerrucho, presumo, tinha o sabor apagado. Isto do sabor apagado está giro, eu cá acho.

Bom dia




Na foto acima, o acastanhado que se vê por trás dos copos é, do lado direito: o frasco do mel, e do esquerdo: o saco do pão.
Na foto abaixo... Pá, a foto abaixo, tampouco a de cima, não é prova de que estava acompanhada. Bebi um copo e meio de uma mistela composta por pêssegos, mirtilos, framboesas e água, numa divisão como que desleal, para aí de setenta por cento de pêssegos, vinte de água, sete de mirtilos e três de framboesas. A isto acresceu canela, sumo de limão e mel, mas aqui já não me dedico a proporções, por ora não as consigo inventar.


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Diz que

Estive de roda dos mosquetões coloridos. Not for climbing, diz cada um deles, não importa a cor. De maneiras que pronto, não me penduro em nenhum.

Sonho

Sonhei com a casa da Susete e também com ela. Eu esperava que ela arrumasse e limpasse a cozinha porque íamos sair as duas. Terminada a tarefa, vi que as bancadas eram espaçosas e de mármore e que coisa nenhuma havia a enfeitar ou à espera de ser utilizada. Fiz espanto e questionei-a: Olha lá, ó Susete, isto vem a ser assim por quê? Só não recordo a resposta e lamento.
A visão da cozinha da Susete é bem diferente do que recordo da da dona Eugénia, sua familiar chegada. Nesta, as bancadas eram estreitas e muito preenchidas por toda a classe de pequenos electrodomésticos, muito embora, e igualmente, de mármore feitas. Ressalvo que neste parágrafo estamos na minha vida real.

Pela fresca, digo

Pela fresca digo que fui buscar o pijaminha, aquele já todo coçado e que tem para aí a minha idade. E aqueceu-me a noite. Lá nisso não é como eu, não.

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Ó Gina, tu pára mas é.

Gosto desta sensação de língua latejando junto ao cérebro. Só não estou certa de se tocarem, nem isso importa, porque, no imaginário, que é coisa volátil e portanto poética, vejo-me no mais mais mais que há e só páro de escrever porque a vida tem mais coisas para eu viver.

Resolvida

Também vou. Não sendo inveja, é querer.

Afirmando

Descanso, logo: osso. Esta afirmação não tem nada a ver com a minha cadela. Mesmo nada.

Degraus no caminho

O senhor doutor compara a minha demanda a «uma escadaria, firmando a ideia de que jamais eu desça mais degraus do que os que subi da última vez», mas eu não, «eu vejo um caminho, sempre sinuoso, mas com desbastes aqui e ali», já eu no outro dia pus no blogue. Mas, vai-se a ver, é a ideia dele que uso como bitola, provavelmente por a minha não ser porra de bitola nenhuma, é antes uma questão inconstante, afinal num caminho sinuoso tanto pode aparecer curvas, pedregulhos e cardos, como não. Ou seja: não tem a ideia de métrica ou cadência que uma escadaria insinua. Entretanto, descobri que não sou toda a gente. No consultório do senhor doutor, não. Eu sou eu. Não é ser a Gina, é ser eu. Às vezes gosto da ideia. Às vezes não gosto da ideia. As vezes em que gosto são aquelas em que me sinto especial e única e é com vontade que mostro isso ao mundo. As vezes em que não gosto são aquelas em que me sinto sozinha, porque quando estou sozinha quero igualar-me a toda a gente.

Medo

Não me desculpem por ser tão observadora, intuitiva e sensível, nem esperem que o seja.

Calma, eu? É nunca.

Escrutinei toda a minha existência... Eiche, que escrever este meu! Bom, a sério, vá. Escrutinei o meu quotidiano para descobrir se em algum momento me encontro completamente calma, e é nunca, 'migos, é nunca.

Chovia em Lisboa

Ontem, durante a chuvada da manhã, cruzei-me com um homem que foi do mais cavalheiro que vi até hoje. Ambos seguíamos o nosso caminho sem chapéu-de-chuva. Eu ia já bem molhada, cabelo a pingar e mais não sei o quê, ele não, mas creio que não se notava tanto por ter menos cabelo do que eu. Íamo-nos cruzar e foi em simultâneo que percebemos que um de nós teria de abandonar a parte seca do estreito telheiro e colocar-se debaixo de onde escorriam grossas pingas que molhariam quem de nós calhasse essa sorte. Em casos destes, ou em circunstâncias onde se usa de cortesia, não é meu costume hesitar, cedendo de bom grado o melhor lugar. Foi pois o que fiz, quem primeiro se orientou para se colocar debaixo das pingas fui eu, mas ele travou a minha intenção através de linguagem corporal, parando debaixo das pingas, que já referi serem grossas, liberando a parte seca do telheiro. Aproveitei e agradeci com voz, quiçá tenha inclusive falado através de linguagem corporal, e lembrei-me logo deste post. Normalmente ninguém vai para o dilúvio, todos dele fogem, por isso considero um acto raríssimo.
Não muito depois rejubilei com o sonante 'bom dia, Gina' da menina, e aproveitei o ensejo para lhe anunciar que já sabia o nome do cão da Heidi. É Joseph, não é? E ela fez que sim. Isto porque da outra vez bem que ela mo tinha repetido mas eu não percebi patavina. De seguida, a menina discursou véri véri eloquentemente acerca do quanto detesta o frio e a chuva e adora a primavera e o calor. Ah, eu não gosto do frio mas acho a chuva bonita, disse eu. Ela ficou a olhar para mim com aqueles olhos redondos e ainda um tudo-nada expectantes. Tu não? Perguntei. Ela fez que não. Comprovantes ou argumentos de nada serviriam, a petiza não tem ainda idade para certas poesias, por isso não segui o diálogo. Ainda que desta vez tenha falado por voz com ela, voltei a falar-lhe por gestos. Usei uma boneca que imita uma bebé para aí com três meses, sentei-a, amanhei-lhe o vestidinho e equilibrei-a. Mas não ficou bem, a cabeça ficava para baixo, assim não se lhe via os olhos. Hum. Lembrei-me que um bebé com três meses não tem estrutura para se sentar, o figurino estava portanto de acordo com a realidade, quase me ri com a constatação. Rodei então as perninhas até ficarem num ângulo que parecia incompatível com o equilíbrio, contudo, lá se manteve de cabeça erguida e sentada. Mesmo sendo uma bebé de três meses. E porque era uma boneca, pois claro. Atentei nos olhos, estavam fixos em ponto nenhum, tal como são os olhos dos bebés de três meses. Mas eu acho que não está certo, uma boneca tem que falar com os olhos, ou é esperar poesia onde não pode ainda havê-la?

Posta-restante:
O frio chegou, portanto e também, ontem, como que acompanhando a chuva, ou coisa assim. Nada como inventar poesia aqui e ali. Ai.

O poeta

Agora o poeta vê-se bem, o que me faz pensar que cortaram ramos àquela árvore que dantes o tapava, é que as folhas não caíram assim tantas, ainda. Lá estava ele, de lado para mim, uma vez que o meu poiso era o banco hater. O poeta. Alto e cinzento. O poeta é uma estátua, lembro-vos.

Canetas

Procurei a caneta prateada dentro da mala. Saquei, à vez, cada uma das outras três. Entretanto esqueci-me do que ia escrever, vai daí, escrevi isto.

Sustos

O meu colega assustou-se imensamente duas vezes.
A primeira, quando ao almoço entrou uma senhora no restaurante que olhou para o prato dele e depois para ele e exclamou 'já sei o que vou comer!'
A segunda, quando ao lanche estava à porta do estaminé comendo uma banana com a vontade que o caracteriza e um senhor que passava o olhou longamente.

Rima

Escorre-se a amêjoa
Para soltar algum grão que lá esteja

(a ideia acima é do meu colega, a construção que apresento é minha)

Piada

Quando digo coisas a que a Carminho acha piada ela ri-se assim:
ss-ss-ss-ss-ssss!
Eu cá dá-me jeito pensar que não é só com as minhas coisas que ela se ri . É que na minha cabeça é bem melhor que ela passe o dia a rir com toda a gente que atende lá no gabinete de estética, mesmo que se ria assim:
ss-ss-ss-ss-ssss!