sábado, 30 de novembro de 2019

Lisboa, 28 de novembro de 2019

Ok, hoje é 30 de novembro de 2019 e estou em Loures. E, em 28 de novembro de 2019, quando em Lisboa, aspirei uma aranha, o que coisa de bem porque estávamos, e estamos, ainda em novembro, e novembro é das aranhas. E depois é das bruxas. E depois é das abóboras. Só depois é que é das pessoas.

Árvore de Natal

Não me apetece fazer a Árvore de Natal. Gosto assim, em grande, na Árvore. Já joguei as caixas de cartão no lixo. Ainda as empilhei e colei e meio que forrei, mas desisti aqui, antes de desperdiçar papel. Não ia ficar bem, jamais conseguiria exemplaridade, e eu queria isso, já que seria uma criação. Seria uma nova maneira de ser influencer, vá. Demasiada exigência, bem sei. E sim, estou numa meia mentira, eu lá quero saber de ser copiável? Não quero. E não me apetece fazer a Árvore de Natal. Tenho que comprar uma. E não me apetece. Pus a estrela guiadora à porta de casa e uma fita à volta do pé do televisor. Tenho a caixa com os restantes enfeites e luzes aqui ao pé de mim. As coisas costumam falar comigo e eu com elas, lá isso é verdade.

Elástico largo

Também há hsitórias... ai perdão, histórias de elásticos largos, advindos da mudança de estação e alteração de (presumo qause... ai perdão, quase todas as) medidas. Trata-se de dois pares de calças de andar por casa e confesso, vá, confesso, que estavam a mais - ruças, desgastadas no pêlo em alguns pontos, descoloradas ali mais para a banda das bainhas, isto à conta de lixívia, e estavam larguíssimas. Foi assim de modo a saber que em tempos a minha cintura foi do diâmetro do que é agora o da pélvis. Pronto, mas eu visto o xl/xxl, ok? Imaginem antes. Ui.

Elástico apertado

Comprei umas calças xl / xxl. Estranhamente. Então, teve que ser. Mas tudo bem, né, há padrões e padrões, há corpos asiáticos e corpos mediterrânicos e corpos nórdicos, há mais não sei o quê. Só por dizer que, chegada a casa, no meu provador especial, que é o meu quarto com o meu espelho tão grande quanto geométrico, mas geométrico em parvo, percebi que - afinal, oh vejam lá - as calças me apertavam a cintura. Pois foi. Percebi algumas opções: bater o pé, rabiar, chorar, jogar as calças no lixou ou cortar-lhe o elástico e fazê-las minhas. Escolhi a última. Pronto, era só para saberem que agora visto um xl/xxl que, bem vistas as coisas, até nem me serve. Não me servia, vá. De anda... ai perdão, nada, ora essa.

Provador

Provador?!
Sim, provador.
Então.
Tem um vaso com antúrios de plástico, estão tão bem-feitinhos que dão um toque muito especial ao sítio.
Tem um tapete felpudo, ótimo para não enregelar os pés desta que escreve.
Tem um espelho tão enorme que caibo cá toda eu.
Tem uma arcazinha a fazer de banco.
Tem um cabide montes de bem acabado, como montes de ganchos.

Croquetes, vasos e sapatos

Croquetes
Naquela travessa ali cabiam para aí três croquetes. Claro que depende da grossura dos croquetes mas eu estou a fazê-los no lado mais comprido da travessa e com dois centímetros de diâmetro cada um. Sendo no lado mais curto caberiam uns sete, ou assim. Muito mais curtos mas com o mesmo diâmetro. Isto é tudo muito relativo, é. É relativo ao tamanho da vontade que a pessoa fazedora tiver, imagine-se uma que tenha vontade de fazer croquetes mais grossos, não caberiam tantos, né?

Vasos
As pinhas são duas. Grandes. As cabecinhas dos cactos é que não contei. Eram seguramente meia dúzia. Seguramente, não, seguramente mais! de meia dúzia.

Sapatos
A senhora com o casaco cor-de-rosa chocante tem uns sapatões fora de moda. São tipo mocassin e a sola é alta que se farta. Até lhe vou chamar plataforma, que na verdade é o que aquilo é. E tem um andar titubeante. É da idade avançada. Tenho para mim que ela não devia andar com aqueles sapatos, têm uma plataforma tão alta que até parece que vai numas andas. Digo-lhe?

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Gina, a Gina que escreve

É verdade que em tempos me enchi de manias e escrevi uma frase no estaminé. É verdade que actualmente chateia-me vê-la e penso «oh porra pá mas pra que é que eu escrevi aquela merda? mas alguém vê ou nota? ou, pior: percebe?»
Mas a vida pode surpreender-me.
Um dia estava aqui um cliente que tinha recebido a referência do estaminé de um amigo e, por situações que não merecem constar, telefonou ao amigo e a dada altura ouvi-o dizer:
«Sim, estou nessa loja, na loja da Gina.»
E então o que é que acontece? Aconteceu. E aconteceu que enquanto falava olhava para cima, que é onde está a dita frase, a qual, ao depois de criar, rubriquei. Incrivelmente, a
«Gina»
está bem menor que o
«Sei. Porque tenho memória, sei.»
Foi um momento bastante peculiar. Quando a ocnversa... ai perdão, conversa telefónica terminou fiz-lhe saber da peculiaridade. E também agradeci. Sem saber se devo.

Gina, a Gina que aparece

O meu colega chamou-me 'ó Gina!' e eu apareci de nenhures, como é costume há anos, como é costume verem os clientes, afinal o estaminé tem uma parte que, para quem não mora cá com a gente, pode ser considerada como de nenhures. Mas eu apareci, era aí que íamos, e vi uma expressão de quase êxtase no cliente. Enxotei o luxurioso pensamento 'porra pá, sou mesmo gira', e ainda bem que o enxotei, que no desenrolar do atendimento percebi que a esposa também se chama Gina e foi então que concluí ser daí que vinha o deleite. Êxtase. Pois. É que há poucas Ginas neste mundo, né? Não.

Xano, o Xano que é o Xano

O Xano apareceu no estaminé e saiu-se com estas:
Perguntou se o meu colega tinha ido fazer um 'sórviço'
(e tinha)
Concluiu que se as escovinhas que estão na montra não são de lainóne
(e não são)
Então são de mercerdas
(e são)

Cabelo assim todo coiso

A Carminho mantém aquela almofadinha colorida, aquela de apoiar os pulsos pelo enquanto da manicura. São cores de azul mar calminho e verde de folhas bébés da árvore amarela. Já em tempos usei essas corzinhas nas unhas e não parecia mal. Nem bem. Mas a almofadinha - tem também um rosa que lembra uma pessoa que fica bem dispostinha ao depois de uma gulodice mui apetecida a ter saciado.
A Carminho comentou um dos meus estados:
Vem com o cabelo assim todo coiso.


Pá, ele é esgrouviada e ele é isto da Carminho. Pronto.

Caracóis

No salão de cabeleireiro está aquela minha cliente que não prima pela compreensão e, ou, simpatia. Toda a cabeleira se lhe encheu de caracóis apertadinhos, bem ao estilo dos anos oitenta (ou setenta, sei lá). Enfim, nada que um competente pente (pronto, já sabem que gosto de juntar palavras parecidas e mais não sei o quê) não destrua capazmente (olha outra!).

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Lisboa em minutos, assim por alto

Do estaminé à senhora do Banco
20 minutos
Da senhora do Banco à árvore amarela
5 minutos
Da árvore amarela aos amiguinhos
15 minutos
Dos amiguinhos ao estaminé
20 minutos
Íne da mine taime, percorri uma rua muito linda e muito preenchida com muitas folhas que me pareceram iguais às da árvore amarela. Estou até em crer que são, e sendo, então todas as árvores daquela rua mantêm ainda um grande número de folhas, contrariamente à árvore amarela que está nua há semanas - o que a torna especial, retiro e reconfirmo.

Sonho

Sonhei que atravessava uma estrada e veio de lá um carro que me atropelou porque me deixei estar a olhar. Vi o farol aproximar-se muito e muito, indo para maior e maior e pumba. Bateu. E não ficou mais nada. Agora, na vida real, não estou morrida, pois claro, que esta plataforma é daqui.

o céu está intervalado

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Noé

Uma meia dúzia de horas atrás descobri que escrever é parte integrante de mim, não tomando eu o acto, portanto, como lugar de passatempo. Não o é. Noé, ah ah. Venha o dilúvio, vá. Diz que amanhã chove. Boa noite.

A surda sem vírgulas

Não consigo ouvir a minha própria voz porque não saio de mim e não desenvolvo este assunto porque o reduziria.

Literacia do melhor

Hoje ouvi 'auga' e li 'velome'. Pá, 'auga', caga, é corriqueiro, agora 'velome' é que foi um momento do caneco. Era, e é, 'volume', já agora.

'Adeuses'

Au revoir é coisa de até rever. Adeus não sei se é a deus e adieu não sei se é à dieu.

7077

Gostava de aprender Línguas - sonhadoramente, todas, mas, humanamente, todas as que conseguisse - para lê-las, escrevê-las e falá-las.
Gostava de ser livreira para estar rodeada de livros. Assim era um pulinho até eu ser uma pessoa daquelas que lê com atenção e prazer. Seria visitada por clientes - e clientes são pessoas - como se do estaminé se tratasse.

Alors, voici le pays des pingouins, il y a des clous avec la pointe carré!

O título deste post chegou-me de um cliente me ter pedido um 'prego que seja bicudo na ponta e depois vá engrossando para cima'. Pronto, como dizer, é que um prego de ponta quadrada entra facilmente se na neve, né?

Ouvido na tv:

Rappelle,  rapelle, qui m'appelle? Qui m'appelle, qui m'appelle?
Ah, d'accord. J'arrive.

Ai.

"Melhor agora, que estou na sua presença" foi o que disse um cliente em resposta aos comuns bons-dias, mas não fui eu a contemplada, foi o meu colega, e é justo.

Na rua mais bonita de Lisboa, o Outono, o démodé, o lixo.

Ainda não escrevi quase nada. Quase. Em parte por ter estado entretida a criar a maravilha que se vê abaixo 👇

o céu está reactivo

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Chove em Lisboa

Choveu aos bués e o meu bloquinho rudimentar tem as pontas esverdeadas. Pois, não sei, não, é que não sei mesmo que raio tenho eu dentro da mala, que é avermelhada, para tingir a papelada da minha vida de verde. Já ando outra vez com o bloquinho rudimentar, aquele que é mesmo à minha medida, ou seja, para ali anda, sem preparação ou polimento. Não é que tenha terminado o bloco bem-acabado, é que gosto mais do rudimentar. Rasguei-o, quero eu dizer o bem-acabado, no caderno guardei as folhas onde havia rabiscado as coisas que não quero no lixo e juntei as folhas brancas ao bloquinho rudimentar. Passou portanto o bloco bem-acabado a integrar o bloquinho rudimentar. Eu sei, eu sei, termino então aqui este assunto. Hoje, claro está. E já está escuro, qual claro, qual quê. Boa noite.

Estrelinha

Encontrei uma estrelinha, em rosa chocante. Acredito que estivesse muito cansada, afinal, estrelinhas como esta passam o dia aos rebolões, qualquer brisazinha as faz andar daqui para ali, de maneiras que deixei esta em cima do pé do televisor.
|cansaço, andar, pé – tudo a ver|
Há tempo ouvi dizer que televisor é o objecto e televisão é o que dele emana. Tipo assim como a calculadora está para a conta de dividir, o esquentador para o gás... Espera lá, se calhar a bicha do chuveiro e o banho tomado é a melhor comparação... Já sei!
ideia... → texto!
Pá, não dá, fica contrário. Ai.
Bom, então, a verdade é que em cada vez que quero dizer televisor e me lembro desta aprendizagem, digito televisor. Pode é acontecer eu não me lembrar, mas isso pouca importância tem, né? E não é isto - digo o televisor/televisão e tal e tal - obediência incondicional, tampouco cega, é que acho bem, acho mesmo bem. Olhem, descansa-me, é o que é.

coisa

primeiro a coisa diz: olha, estou aqui
segundo a coisa intensifica
terceiro a coisa mostra corpo
quarto a coisa lateja
quinto a coisa abusa

Bidé

Serei para todo o sempre a pessoa que aterrou de cabeça num bidé, abrindo aquela, não rachando este. Até aqui no estaminé o meu colega anda sempre a lembrar-se dessa aventura. Ou abertura, se calhar é mais isso. No outro dia eu estava empoleirada a arrumar umas coisas e, finda a tarefa, eis que quero sair dali, óbvio, mas calhou de o meu colega estar a atravancar o caminho - só porque sim, nada de mais - e eu pus-me logo na brincadeira a dizer 'ah, eu vou mas é já por cima do balcão, vais ver se não sou capaz' e tal e tal. E ele lembrou-me o bidé e a minha aterragem e eu desisti da louca ideia logo. Mas é que logo.

Pátio(s)

Entrei na velha loja, aliás, no corredor que acede ao armazém da dona Ilda. É giro que se farta, o pátio. Tem as cores do lugar escondido- afinal não distam assim tanto – mas muito diferente em disposição, em cheiros e em coisas. Enquanto o meu colega discutia cotações e disponibilidade na agenda de trabalhos eu ia olhando e ainda consegui reter: uma betoneira, um espanta-espíritos e uma fileira de molas presas no vão da escada, que é de metal.
Penso agora que essas escadas dão uma ideia de insustentabilidade que é do caraças, nada profundas e esburacadas. Hum. As escadas de serviço do lugar escondido não são assim, são de tijolo e cimento e revestidas com uma camada sei lá de quê, sei que tem em si umas pedrinhas salientes e escuras. Ah, e são em caracol.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

para contrariar aquilo

para contrariar aquilo de eu dizer que gosto de tirar fotos quando de costas e para mostrar-me a modos que esgrouviada como me disse no outro dia aquele cavalheiro que me tuteia


Ilegibilidade

Ilegibilidade é, por exemplo, comprar uma chávena de café com rabiscos e manter o pensamento de que há-de lá estar escrito algo de muito valioso ou peculiar. Mas não estava. E este é, ou pode ser, eu querendo, claro, ser o! drama das pessoas que já não vêm as letrinhas se sem os óculos de aumentar.
Ilegibilidade pode ser, por exemplo, estar de costas. Uai note, pois é?
No Metro escolho os lugares que andam para trás.
No semáforo olho para os carros que ao passar por mim deixam ver a traseira.
Nas fotos prefiro-as quando de costas.


No(s) outro(s) dia(s)

No outro dia, em Loures, 
encontrei uma folha amarela de árvore que parecia ser da mesma espécie da árvore amarela. O pézinho ramificou e, de um lado, tenho uma folha com bicos rebeldes (homessa, o que eles são é irregulares, mas pronto) numa das suas extremidades, o outro é bem mais liso, e a outra folha é menor e as suas extremidades são mais para o liso. E não, a árvore lourense não é da mesma espécie da árvore amarela, que é lisboeta, já me certifiquei.

No outro dia, em Lisboa, 
sob determinada perspectiva uma das árvores da Alameda parecia mesmo a árvore holandesa. Não fiquei entusiasmada ao ponto de pensar que era a dita, óbvio, afinal a pessoa que constrói este blogue transporta um certo valor de razoabilidade em si, embora pouco, ok, mas transporta. Pá, parecia mesmo, é que parecia mesmo.

A tal maquineta*

Continuo a refrear impulsos e a fazer como a rica filha aconselhou: é não calcar, não ultrapassar o toque, assim não maço a pele, que é coisa que não se deve fazer.
Nada que se compare às pessoas, que existem para serem maçadas. E maçá-las, pois claro. É, não é nada igual, não, eu bem sei que não.


*...

Sonho

Sonhei com um lugar cheio de pessoas, com as quais eu tentava lidar mas elas estavam sempre de costas, falando entre si, sem que eu conseguisse falar com elas. Abandonei esse lugar e alcancei um outro, com muitas divisões e também cheio de gente. Dentre essa gente havia pessoas que faziam maldades, era como que um assalto ou coisa assim, e eu porfiei sem descanso até encontrar o caminho, ainda que o lugar fosse labiríntico. Não fui só eu que encontrei esse caminho, vinha comigo uma data de gente, e enveredámos por uma rua estreita, todos em algazarra, mas não em comunhão, porque eu estava sozinha na mesma.

Quadros de papel

Primeiro
Tem um verde campo com papoilas. É uma pontilhação véri véri colorida e há céu que se vê por entre nuvens não muito brancas.
Segundo
É um lago em tons de pôr-do-sol (ou nascer, sei lá), há um monte, ou dois, duas árvores no horizonte e outras três, também no horizonte mas mais distantes do lago. Tudo isto está reflectido no lago. Há nuvens, que são âmbar, umas, e bem escuras, outras.
Terceiro
É uma paisagem de aprovisionamento, tem uma boa meia dúzia daqueles rolinhos (rolões, vá) de palha. Há árvores, mas de localização indizível, e o céu está lá, vê-se, e as nuvens são todas brancas. Os ditos rolinhos, ao serem cortados do solo, fizeram um caminho que sai do meio do quadro e segue numa diagonal pouco convicta.
Quarto
Quase parece mais do mesmo mas esfalfo-me para não ser, e isto é muito mais do que querer fazer parecer que não o é. Então vá: há um sol radioso bem no meio, tipo assim um feixe mas ovalizado, tem o tal do horizonte, a tal da árvore encimando a linha do horizonte e um céu bem escuro. Ah, a árvore está ao meio do meio esquerdo.
Quinto
Tem movimento no céu e o modo como a nuvem mais escura se apresenta, ao canto superior direito, cortado rudemente, uma vez que o quadro, a dada altura, acaba, contrasta com o quase apaziguamento que as outras nuvens, que são brancas e pequenas, o que as torna como que inofensivas. E depois há a árvore, que, por única ser, parece solitária. Ou quiçá o enquadramento tenha sido forçado para assim parecer, quiçá o autor tenha deliberado.

Reunião

Cheguei atrasada a uma reunião de alto calibre cá na minha vidinha. Descuidei-me. Hum. É deveras invulgar eu chegar atrasada seja ao que for, se a deslocação até lá depender somente de mim. Hum. 'Isto' anda diferente, 'migos, anda, anda. Hum.

verde e vermelho





acima, o verde é o da relva que o reboque, em quase tudo vermelho, deixa crescer e há muito, muito tempo que reparo neste reboque abandonado mas só hoje trago foto


abaixo, o vermelho está em dois sofás que vivem na Biblioteca José Saramago, em Loures
pode ver-se também esta que escreve, fotografando, e uma frase de José Saramago, que transcrevo não vá não se conseguir ler:

«escrevo para desassossegar os meus leitores»


o céu está triste

domingo, 24 de novembro de 2019

Rascunho

Foi o primeiro a fazer assim.
A fazer o quê?
Não se sabe, mas foi, alguém foi.

(e alguém disse 'não fui eu' enquanto eu manuscrevia 'alguém foi')

Canetas

Logo que se me finde a caneta do momento vou ter uns rascunhos mais limpos. A escolhida para ser a próxima a uso tem uma borracha na tampa que apaga o seu tipo de tinta. Outras não sei, que ainda não experimentei. E não, ainda não se me acabou a tal que está para findar brevemente, muito embora tenha posto no blogue há mais de um mês que estava mesmo para acontecer e mais não sei o quê. E eu a pensar que a borracha era descoberta destes dias, mas não, já vem daqui. Quando me acontecem coisas deste tipo fico ainda mais segura daquela ideia: o tamanho do que escrevo é tão mas tão grande que sobra. Bom. Então. Que mais vou contar ao blogue?
sei
eu
quê
vírgula
ponto de interrogação
Hum, ao que parece ponho cá coisas porque quero que as leiam e, visto assim, não é nada bonito. Mas, nisso de ter leitores, a incógnita é o que melhor me serve porque o que me instiga a escrever é precisamente a possibilidade de ninguém ler, e também e porque não e já agora, o que me instiga a escrever é a ideia de que pessoas hão-de ler.

Arco-íris

O arco-íris tanto é um acordo entre a chuva e o sol como uma luta por entre.
Hum.
Né…?

Vida mudada

Para além de gostar aos bués de escrever - seja lá onde for, até na porta de casa já eu escrevi, quanto mais - gosto também de ter um registo de coisas - seja lá quais forem também - que me permita obter facilmente resultados mediante pesquisa véri véri véri básica no blogue. Há pouco lembrei-me que uma das etiquetas que menos tenho usado é a 'planeando o fim-de-semana' e que consiste em registar como prevejo que o meu fim-de-semana vai ser em termos de comidinhas. Bom, estou para aqui a lembrar-me que nem só as previsões eu registo, também registo o que realmente faço, como faço, as circunstâncias da previsão e da preparação, se comem - eles e eu, pois claro - com prazer, se repetirei a receita, se é novidade ou então não, se isto e aquilo e tal e tal. Pronto, já toda a gente sabe que sou grafómana, né? Ademais está no título do blogue. Bom. Então. Cá por coisas, a minha vida mudou e passei a ter apetite de enfezada e daí chegou um certo desinteresse por receitas novas ou em experimentar novos produtos e agora tive vontade de me certificar se há mesmo um período grande de ausência desse tema no blogue. E há. Há dois interregnos assim para o grandinho, um que vai de 14 de março a 19 de maio últimos e que foi realmente um período um bocado assim para o coiso. Mas, o outro, não se deve à minha era de enfezamento - vai de 24 de novembro (faz hoje um ano, ó pá tóin xiru!) a 5 de janeiro últimos - creio dever-se ao período natalício do ano passado, quem sabe nessa altura, sempre que 'falava' de comidas punha-as na etiqueta 'Natal 2018'. Não sei nem saberei porque não vou aprofundar - mais! - a questão.

Também já joguei

Também já joguei no lixo o par de meias que foi em tempos como que tingido (e que está aqui e já tinha vindo daqui). Estão laças nos elásticos e, com o andar, acabam por sair dos calcanhares e viajar até ao côncavo do pé, o que desconforta pra caraças. Pá, uma pessoa, quando passeia, gosta de fazê-lo prazerosamente, né? Sim, bem sei que isto não interessa para nada nem releva nem uma só coisinha, mas pronto, sabem como é, podem bazar agora já, que eu gosto de vocês na mesma e tal e tal.

Árvore de Natal

Não me apetece fazer a Árvore de Natal. O ano passado joguei no lixo a árvore artificial que durante quase duas décadas nos acompanhou e fi-lo porque estava já muito desgastada, sem a chicha de outros tempos ou mesmo as cores. Então pensei, olha, no próximo Natal logo vejo como faço e mais não sei o quê. Ao longo de todos estes meses tenho vindo a pensar que não vou comprar porra de árvore nenhuma, artificial ou natural, nada disso, faço mas é uma macacada qualquer com uma cadeira ou assim…
Ó Gina, uma cadeira..? Quê?!
Sim, pensei até em juntar duas, costas com costas, e enrolar-lhes as fitas e os fios com luzinhas e pendurar nelas as bolas e os demais enfeites. Mas vai que há visitas, né, o que significa que vou precisar das cadeiras. Bom. Então. Desisti dessa ideia. Já andei de roda de árvores artificiais, ponderando comprar uma e tal, mas não lhes acho piada nenhuma. Desisti dessa ideia. Entretanto, lá no estaminé, juntei caixas de tamanhos variados, como que para fazer uma pirâmide, forma que conseguiria… tipo assim mais ou menos, vá, se as emborcasse e empilhasse da maior para a mais pequena. Tenho comigo não só as caixas como a fita-cola larga para as segurar, tenho também os enfeites de Natal prontíssimos a serem ostentados. Está tudo a postos mas… Não me apetece fazer a Árvore de Natal.

détse da seime

vida e
ou
ginásio
détse da seime
faço e
ou
farei
muita coisa malfeita e
ou
escolhas desajuizadas
mas não desisto

Dias de um Ginásio

Lindo! - Exclamou a professora de Pilates no fim de observar grande parte do meu exercício, que finalizei a custo mas que, bem vistas as coisas, só posso ficar toda coisa cá por dentro por tê-lo feito bem. Este exercício consiste no seguinte: estou deitada no colchão com os pés assentes no chão, as pernas flectidas e tudo, desde as virilhas aos tornozelos, junto. Mas tudo, mesmo tudo, e muito, muito junto. Seguidamente estico uma perna (geralmente é a direita que começa) mantendo o resto juntinho e os joelhos nivelados. Desço a perna, que estiquei sem a desviar da outra, pressionando sem medos, com força, pois claro, e até meio da canela. As repetições são (foram) dez para cada perna. É agora hora de descer novamente mas desta vez até ao tornozelo, sem nada de pressa e com toda a pressão. As repetições são também dez para cada perna e, no final de cada, há (houve) ainda um pico de intensidade, quando me foi indicado que a perna, à vez, fosse mantida dez segundos na primeira posição de todas, que era o que já descrevi mas repito: uma perna esticada, mantendo o resto juntinho e os joelhos nivelados. Logo depois disto, e enquanto tentava concentrar-me no exercício seguinte, folguei imensamente por ser cobarde, é que se eu tivesse tomates tê-los-ia esmagado, tal a força que fiz.

Roupa nova

Não é só roupa nova, é também um champô e é da Olívia, a minha cadela. A vizinha da vizinha Gislena, através de uma daquelas compras via netes, recebeu de oferta um champô para cães pretos. Ora acontece que a cadela dela é de um tom assim para o cremezinho, quase branquinho, então ofereceu-nos o frasco, já que a Olívia é pretinha, quase toda ela. O Luís disse logo que ia usar para deixar de ter tantos cabelos brancos e eu disse logo que não ia imitá-lo nisso, não. A roupa nova é uma capinha, também recebida via netes, também pela mesma vizinha, só que veio em tamanho errado. Au eva, se para a Luna (o nome da cadela da vizinha da vizinha Gislena) é uma peça pequena, para a Olívia é uma peça grande e, a juntar a isto, a minha cadela nunca gostou de roupas em cima do pêlo. Íne da mine taime, o Luís propôs-me (brincando, claro que brincando) que a usasse eu porque agora estou muito pequena. Sério, dizia ele, vê lá se não te serve? E eu, em lamúria fingida, oh páááááá...

Vamos por gestos

Olívia, a minha cadela, continua a cheirar a fresta da porta do vizinho de baixo, quando a gente vem dos passeios e sobe pelas escadas, desprezando o elevador. Nas primeiras vezes pensei que fazia confusão com o andar, que é o segundo, por ser mesmo debaixo de nós, mas entretanto percebi que reconhece ali um dos seus cheiros - é consabido que os cães se orientam principalmente através do faro - uma vez que ela e o vizinho se gostam. Sério, o vizinho de baixo gosta muito da Olívia, portanto é natural que se certifique qual o cheiro que dali emana e, percebendo que não é de todo o nosso, sobe, chega ao terceiro andar, o nosso, cheira, reconhece-nos e ali se fica, olhando para mim com aquela alegria canina que é tão boa de ver, esperando, não só obedientemente como simpaticamente. Eu cá acho-lhe simpatia nestes gestos.

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Gorduras

O óleo de grainha de uva tinha o selo em roxo, que era para, presumo e como que, condizer com uvas pretas

O óleo de girassol foi embalado no dia do meu último aniversário, acaba-se-lhe a validade um dia antes do próximo e eu conto acabar-lhe com a vitalidade muito antes disso

O azeite diz-me 'acreditamos na nossa ambição' porque rótulos sempre foram coisas para falar comigo e vezes há em que os ponho a falar do blogue para o mundo

Descanso

Pode o mundo descansar
Ontem, o doce que acabei por fazer foi... Foram, afinal, dois: brownies e blondies, cujas receitas retirei do canal do YouTube 'La Dolce Rita'
Posso eu descansar
Já lavei o forno e os vidros e a grelha e o tabuleiro e os botões do fogão

Gamar o café

Sonhei que andava a limpar uma casa e veio uma mulher dizer-me que não me queria ali, que se eu quisesse até podia gamar café mas que me fosse embora. Quando ela se voltou de costas para retomar a sua vida, vi-lhe a laçada do avental. Entretanto a casa encheu-se de pessoas em trajes de praia e eu fui mesmo embora, obedecendo. Ao que parece, se em sonhos, não tenho corpo para o biquini. E fui sem gamar o café. 'Gamar', não é o máximo, a expressão da chefe das lides domésticas que apareceu no meu sonho?

o céu está alegre

sábado, 23 de novembro de 2019

Gina, numa relação com o supermercado.

Quando entrei no supermercado verifiquei logo que a Julia Roberts estava mais simpática. Ou então era cortesia por imitação, já que um cliente se inclinou para ela para a cumprimentar. Depois choveu copiosamente em cima dos telhados que cobriam a gente todos. Sempre quis que copiosamente aparecesse no meu blogue. Em tempos tinha a mania de me pôr para aqui a dizer que o meu escrever era um 'expor copioso'. E era. E é. E avagou. Digo: a chuva.

Então não há pimentos?, pensei eu, a dada altura. Mas havia. Além de haver no supermercado, havia também em casa.

Encontrei a folha de jacarandá, uma daquelas grossíssimas e castanhíssimas, no chão, ao pé do carro. Viajara comigo desde a praceta. Ca fofa. Estava no chão, e aqui passa de fofa a pobre, porque abri a parte de trás do carro… Isto diz-se…? A mala do carro para retirar os sacalhões da bagageira e mandei-a para o chão e ela foi. Há folhas muito obedientes. Logo três classificações para uma folha morta. De árvore, atenção.

Quando fui arrumar o carrinho de compras notei quatro etiquetas de maçãs de Alcobaça naquela peça de onde sai a corrente que liga os carrinhos |como se eles quisessem… ai.| Lembrei-me das maçãs que escolhi, algumas tinham manchas acastanhadas, as quais asseguram extrema doçura aquando das trincas e foi a essas que joguei a mão. Além de ter escolhido as maçãs não me baseando em beleza alguma que delas me chegasse, adicionei um critério, optando pelas que tinham duas etiquetas. É que muitas das maçãs da bancada tinham duas etiquetas, e então toda eu rejubilava, mormente se tivessem, por junto, as tais manchas acastanhadas de que já todos estamos conhecedores. |... né?| |hum-hum, é| Para que é que isto interessa…? Para nada, 'migos, podem bazar quando, e se, quiserem, eu gosto de vocês na mesma.

Contrariamente ao maior dos meus hábitos, que é chegar a uma mesmíssima hora ao supermercado, concretamente: a abertura, hoje cheguei um pouquinho depois porque o pedal do travão não estava a ir até abaixo, ainda que fizesse o seu trabalho com montes de rigor e rapidez. Telefonei para o meu agente, aquele especial, aquele a quem eu faço os doces que me pede, e pesquisei: olha lá, isto assim e tal, como é? E ele que tudo bem, logo que não houvesse tremedeira no pedal eu que fosse… pá, onde quisesse, e desse voltas, e viesse.

Olhem:
eu comprei coisas a mais.
As minhas compras foram (e geralmente são) deste género:
Ah, que bom, maçãs, vou fazer crumble!
Ah, frutos secos, pois é, vou mas é fazer um brownie, há tanto tempo que não faço e descobri uma receita tão boa e que calha sempre tão bem!
Ah, gelado! Para o crumble! ou para o brownie! Depois logo vejo o que faço.
Ah, esta manteiga é tãããããão boa mas, e, tãããããão cara, mas vale muuuuuuito bem o seu preço… Um bolo de manteiga feito com esta manteiga é um… Deslumbramento, vá. Fico deslumbrada quando meto um bolo assim na boca.
Ah, curgete, e que tal um bolo de curgete e chocolate? Há tanto tempo que…
Ah, massa folhada, hum, eu até gosto de fazer a minha própria massa mas esta também é boa, posso fazer uns palmiers, né?

Depois das compras, como estava quase na hora da abertura das outras lojas, eis que me ponho a escolher uma t-shirt para treinar, que estou faltosa de uma que me fique benzinho, porque a pessoa gosta, não só de andar benzinho aquando na rua, gosta também de andar benzinho aquando no treino.

Ah, fui atendida pela Julia Roberts. Aposto que é uma pessoa mesmo boa, só não sabe é como mostrar, né 'miga?













hum-hum, é, diz ela, isto comigo a fazer-lhe de conta




ouvido na tv

plus pire

d'habitude on se dit tout

il y a rire et rire

mais pas ton té insipide

Rua escura

Em Lisboa há uma rua que considero muito escura mas que tenho para mim que não é feia. Feia é outra coisa. É sombria, vá. A chuva também é sombria e eu não a acho feia… É só sombria.

Recordação

Recordo o dia em que, num misto de medo e glória, fui fazer o Bilhete de Identidade pela primeira vez. Aquelas pessoas todas juntas e, por entre a algazarra, a minha mãe me avisar:
Ó Gina, tu depois tens que dar o dedo à senhora para ela o calcar na tinta, ela vai-te pedir o dedo e tu tens que o dar, está bem?
Isto é prova da confiança que a minha mãe tinha na minha timidez (que nunca me largou). Nesse dia comi um bitoque, que bem me lembro. 

O Outono é o massacre dos almeidas


esta foto é do Outono de 2016

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Silêncio

Gosto das casas em silêncio. Os bichos-gato são silenciosos. Eu sou barulhenta, para além de arrastar pela casa um aspirador ligado, falo amiúde com os bichos. Eles mantêm o silêncio.

Nudez

Olha vida a falar comigo e a fazer parecido, quando já na parte da tarde, com a parte da manhã:
Na General Roçadas um menino olhou para uma árvore e chamou o pai - pai, aquela árvore está quase nua.

Cores

No Campo Grande há muitas árvores com folhas amarelas e havia muitas folhas amarelas a voar.
Na João XXI há muitas árvores com folhas em muitas cores, umas calhou de serem iguais à cor do prédio que têm defronte - assim meio que alaranjadas.
Na Alameda há muitas árvores que mantêm ainda muitas folhas e, muitas, são verdes. O Ângelo diz que as nota todos os dias e que anda a escrever uma ode às estátuas da Fonte. E eu: eu é árvores e dizê-las no blogue sem estar certa de se notar a importância que lhes dou.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

que e que

sei que
somos todos diferentes
sei que
estamos todos sozinhos
sei que
é isso que nos faz iguais
sei que
nada disto é novidade para ti

demasia

demasia pode ser também o tamanho do que escrevo
a minha grafomania anda em alta
bom
então
nestas fases costumo pensar nos leitores
sim, sim, e não é comum, ai não é, não
quem é que tem tempo e, ou, paciência para ler esta porra toda?
e a quantidade de rascunhos que eu para aqui tenho…?
hum
há um, manuscrito, que diz assim:

Os textos ficam muito bonitos, muito avivados, com as bolas dos is e dos jotas bem gordas, e tudo quanto seja acentuação e pontuação bem engrossado. Até nas cedilhas ponho grosso, isto para não ficarem de fora, afinal são como que meias-irmãs das vírgulas e eu, por vírgulas, já se sabe que é amor e ódio à mistura. Estas grossuras: se na culinária é o amido de milho, se na indústria é o catalisador, se na gramática é o superlativo.

demasia


anda cá aqui ao pé de mim

| | | |

|não penses, que te faz bem|
Naturalmente um livro pesado é-o por ter muitas páginas.
|pensa, que fazes bem|
Romanticamente um livro pesado é-o por muito saber conter.

Soturnidade

… O desinteresse dos outros tem o seu quê de agradável e a solidão tem um lado soturno que me apraz e não é pouco. Assim posso escrever qualquer coisinha que me lembre - frivolidades, inutilidades, disparates - pois as minhas afirmações e conclusões não serão desmentidas ou contestadas.
|25 junho 2012|

(à conta de andar à pesca do lugar soturno encontrei outra soturnidade)

Lugar soturno, primeira vez

Maratea; 11|09|2013; oito e meia da manhã

Ontem à noite choveu.
9:04
O homem do supermercado é um fofo. Mais um. Esforça-se por perceber o que peço e sorri cheio de simpatia. O homem do supermercado é um fofo, repito, mas também é mais um que acha que sou espanhola... Largou a frase italiana 'va bene cosi?' a qual eu gostava de ouvir pra caraças, para passar a dizer 'vale?' à moda espanhola. Lamento tanto. Sou portuguesa, 'migo, portuguesa.
11:07
À vinda para cá passámos por Espanha, acho que não cheguei ainda a fazer essa referência. Se bem que tenhamos lá passado, só passado, de passagem, de noite, de madrugada, parando apenas em estações de serviço 24 horas para chichis, abastecimento da viatura ou de nós próprios e troca de condutor. Espanha já não prima pela novidade.
Ah, é verdade, estou na praia, sppiagia Nera. Nha nha nha nha...
20 para as três da tarde
Se hoje fosse um dia normal, uma quarta-feira de trabalho, quero eu dizer, por esta altura estaria atravessando a praça de Londres, cheia de pesar por ter de voltar ao lugar soturno. Há quem julgue que fazer este tipo de comparações seja positivo, assim se goza muito mais, aproveitando todos os bocadinhos para lembrar o que se estaria fazendo caso não se estivesse de férias. Não tiro razão a quem pensa assim, julgo que é um modo feliz de viver, mas também acho que anseia um pouquito e cansa a cabeça que se farta, uma vez que se tem incessantemente a merda do trabalho às marteladas no pensamento.
21:10
Estou no país das Ginas. Ainda não ouvi esse nome por aqui, a não ser quando algum dos meus me chama. Gina. Ó Gina. De manhã, na praia, 'una nonna' (uma avó) chamou a neta: «Virgínia!» 'Oh ciellli', caiu-me tudo ao chão, pobre criança, se ela gostar tanto do nome quanto eu...
Chegámos há pouco de Rivello. Que vila mais bonita! Mas semelhante a Maratea em muito, há becos e vielas, as casas foram construídas deixando pouco espaço para se circular na rua, ouvi dizer que era um modo de defesa dos antigos, e depois... Há igrejas e igrejas e igrejas, mesmo numa vila tão pequena.
Finalmente comprei o limoncello e o creme de limoncello. Comprei também um licor Cremovo e pão daqui e mais queijos daqui, as massas menos industrializadas que as nossas (presumo eu), uvas e pêssegos. Fiz estas compras numa mercearia a condizer com a rústica vila.
|22 setembro 2013|


nota:
o post do qual retirei este trecho é extenso que se farta, faz parte de uma das partes que transcrevi do meu caderno aquando das férias a Itália em 2013 e, por ser extenso, coloco somente a partezinha que dediquei a este dia, 11|09|2013, mas que foi publicado na data exposta abaixo da mesma

é e, ou, não é

deambular, mesmo que por Lisboa, é não ter objectivo, e não é o melhor, mesmo que o deambular seja por Lisboa, quando dou por mim estou triste e, ou, aborrecida e, ou, melancólica
sem um objectivo definho, ter um objectivo é, portanto, salutar e esta é a minha experiência
depois há o avesso, quando tenho um dever e me foco demais, como se direcionasse a luz para a ansiedade de bem fazer, e vai que estrago a conversa toda, as questões e até a vida
ponho tudo, o bom e o mau, no 'muito', é o que é, e quer então isto tudo dizer que lá está a porra do equilíbrio, que de almejado não passa

Cliente

O cliente mostrou-se muito cuidadoso quando me viu empunhando a lixadora: Ah, veja lá, não se aleije, advertiu. Mas sabe lá ele as vezes (e nem eu! mas vá) que aquela bicha me descascou a pele e desbastou as unhas. Ora. Mas obrigadinha na mesma, 'migo.

Despenteada

normalmente
ando despenteada e
normalmente
marimbo para isso

Au eva, posso sempre contar com uma reação da parte das pessoas que olham para mim, pois claro, as pessoas pensam, fazem e dizem o que querem, por isso mesmo é que as reações podem ir de uma leve surpresa no olhar até um comentário directo. No outro dia, num fornecedor do estaminé, um que é tão antigo mas tão antigo que me trata por tu, recebeu-me assim:
Então que é isso? Parece que vens esgrouviada...?
Não me desculpei nem nada disso, sou também uma pessoa com livre arbítrio e blás. Gosto até de estar esgrouviada, quanto mais sê-lo. Agora a sério. Não tenho vontade de usar fio de prumo na cabeleira. Lembrei-me do fio de prumo porque o aprumo é que ficava aqui bem. Mas lá a está a porra arbitrária, né, atã nã poss' ê agor' andar com' ê quero?! Posso.

A árvore amarela e as folhas castanhas que já devem ter muitos anos

Quando no outro dia me pus a fazer este post encontrei-me com a ideia de que as folhas castanhas que estão agarradas à árvore amarela são de outro ano que já se encontra um tanto ou quanto longe do corrente. Isto porque entretanto descobri que, quem sabe - e não, nunca saberei - as folhas vêm já daqui.

Diário das expressões

Lisboa, 14 de novembro de 2019
Lugar escondido, que dizer, ora pois. Basicamente, o lugar escondido era o lugar onde eu ia, no tempo do velho estaminé, buscar a mercadoria para repor nas prateleiras. Para a maioria das pessoas que na altura faziam parte da minha vida, era simplesmente 'o armazém'.
Lisboa, 19 de novembro de 2019
Por conta dessas funções eu viajava até ao armazém uma ou duas vezes em cada dia e aproveitava para fotografar, gravar, escrever, estar e ser. Mas tudo escondida. Pois. Não, não há uma maneira bonita de explicar isto.
Lisboa, 20 de novembro de 2019
Escondia-me lá durante cinco ou dez minutos. Quinze. Não sei. Era uma maneira de fugir à insustentabilidade de permanecer no velho estaminé com o propósito normal, o qual, na verdade, nunca encontrei, por mais anos que se passassem.
Loures, 21 de novembro de 2019
Há dois dias (acima), referi que não há uma maneira bonita de apresentar esta questão, hoje digo que há, mas que não a tenho, e não vou estender mais este assunto, houve um dia aí em que me estreei num lbogue... ai perdão, blogue colectivo precisamente com este assunto (aqui). Nesse dia consegui ser fofinha a descrever o que para mim significa o lugar escondido, portanto cinjo-me ao já criado, afinal são verdades que fui eu que escrevi e tudo.

… «O velho estaminé é um estaminé que já não há, mas como há outro, diferencio-os assim. Repor artigos nas prateleiras fazia parte das minhas funções e eu viajava até ao lugar escondido uma vez ou duas em cada dia. O nome 'lugar escondido' apareceu porque eu me escondia lá, de quando em quando. Sim, bem sei, é um nome original que se farta, é por não sê-lo que se trona rápido de explicar. Para lá chegar descia uma escadaria escura e íngreme que desembocava num pátio, e era aí que residia o encanto maior, pelo desafogo, pela claridade, pelos vasos com plantas, pelas gastas portas das arrecadações, por ser um lugar vazio, por dali avistar toda uma série de vidas pelas traseiras das casas, pelo cheiro da roupa acabada de estender, pela passarada, pela nespereira, pela videira que foi o senhor Manel que plantou e cuidou até morrer. Enfim, coisas, muitas coisas. Um dia chegou até mim o digital e eu toca de clicar sem fim, descobrindo depois que cada foto era mais gira e fixe que a anterior e afora, e o lugar escondido sempre a colaborar comigo da melhor maneira, não cessando nunca! o meu encanto.»


Este post é continuação daqui.

Novidade

A rica filha falou-me de um editor de imagens espectacular - 1998CAM - com filtros que conseguiam belas cores nas caras e a gente ficava assim ou então não e tal e tal. Instalei o dito no telefone. Bom. Então. Como sabem, e se não sabem não faz mal eu gosto de vocês na mesma, sinto prazer em me tirar fotos - vulgo selfies – mas, essencialmente, gosto é de fotografar...





… Tanto que usei um determinado filtro para captar os ganchos de pendurar artigos no estminé. Na foto é simplesmente isso.

Risquinhos

O meu telefone apresenta-me uma nuvem com quatro risquinhos a fazer de chuva para o dia. O segundo risquinho, se da esquerda para a direita conto, é mais comprido. Vou sair daqui a nada (sem carro, sem mota, sem capacete, sem impermeáveis) e esqueci-me de trazer o chapéu do estaminé, portanto vou fazer uso daquela minha mania de não abrir o chapéu quando está a chover (pouco, obviamente, ou não muito, vá) mas sem o ter comigo. Vai ser um dia em bom.

Bom dia!

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Sol e sombra

É sol e sombra mas sem touradas, é sol e sombra com o candeeiro.

id est

dantes era Primavera 🏵️
agora é Outono 🍁

Chove em Lisboa

Banco hater, todo molhado, né 'migo?
' Migos, o banco hater está todo molhado.
Homessa, é de nada.

Já é Natal

Já é Natal no Banco da senhora mais carismática. Não é ainda Natal no Banco onde há agora uma senhora com mais ares de menina do que de senhora, e isto é uma observação positiva.
A senhora do Banco, a mais carismática, quando a cumprimentei com um bom-dia, respondeu que não estava a ter um dia nada bom. Rebati: 'mas eu estou a desejar-lhe um bom dia.' Ela reconsiderou: 'então eu devia ter-lhe respondido que bem preciso de um bom dia.' E eu: 'pois.' Ela queixou-se só mais um pedacinho: 'é que tenho passado a manhã toda a tapar buracos!' Não acrescentei à conversa o que pensei e que foi:
A Humanidade tem passado toda uma vida a tapar buracos, vamos das grandes obras de engenharia à procriação, e depois há o preenchimento de espaços, o que passa pelo uso de meros bibelots ou pelo encher do prato, do estômago. Quadros nas paredes. Sementeiras. Folhas de papel em branco. Blogues. Escrever para preencher o |meu| tempo.

Torradas

A torradeira tem a ligação directa. Se a quero quente, ligo a ficha na tomada. Se já não a quero, desligo. O botão, tem-lo, sim senhoras e senhores, mas não faz clique, não fixa. Digamos que não interrompe, que o serviço desse botão é interromper a corrente eléctrica, mas avisa. Avisa que não interrompe, lá isso é verdade, mas fui buscar o 'avisa' porque me lembrei dos botões de campainha, são de vai-vem e avisam que chegou alguém. Ok, pode ser só! o carteiro, mas não prolongo mais isto.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

Post para mais logo

Está tudo no 'vê-lo-emos', disse a cliente. Pelo contexto percebi que era um 'há-de fazer-se' e um 'logo se vê', aquele tão próximo à esperança quanto este ao desalento. 'Vê-lo-emos', ca expressão mai linda, pá. Homessa, é de nada. E uma em muito boa noite. |sim, ficou esquisito, mas eu nunca disse que sei escrever|

Esperança

O esperar pelo vindouro prazeroso é como o pedir pelo que apetece: jamais em poucochinho. Destemor em mostrar é que, em mim, está curtinho.

Chove em Lisboa

De manhã pus-me a dançar e o Luís comentou que eu estava a abanar o esqueleto. Larguei a rir porque nunca essa expressão fez tanto sentido como agora. Depois refiz mentalmente a minha última eureka, ou epifania, a de que a chuva pode levar-me ao estado alegre, o que é contrário ao comum das, e nas, gentes. Mais: se está sol, parte-se do princípio que há que ter o coração alegre, e eu própria me junto à ideia comum, quanto mais não seja para não ser diferente, só por dizer que o sol não me alegra, eu é que me alegro porque sou eu que mando nesta porra toda.


Ocre

Em tempos a minha sogra manteve a curiosidade de saber qual viria a ser a cor daquele prédio que estava em obras. Pois bem, hoje sabemos que é ocre, a cor da moda. A minha sogra morreu, logo: não vai ver ou saber de que cor está o prédio agora. Poderia agora ruir o mundo, ou mesmo o prédio – este, se no meu imaginário - mas não, primeiro porque recordo a minha sogra na mesma, segundo porque posso registar no blogue, terceiro porque as pessoas só morrem fisicamente. Ainda a propósito de a cor da moda ser o ocre, diz a rica filha que é uma cor de que toda a gente gosta, independentemente de estar, ou então não, na moda, por isso há uma adesão tão grande. Mais, ainda, a propósito da minha sogra, não podia haver melhor post para juntá-la com a rica filha, têm umas certas parecenças no rosto. Sim, têm, presente. Eu sei, eu sei. Já pensaram que a gente nunca mais vê quem morre mas quem morre também nunca mais nos vê? A minha mãe diz que não quer morrer porque nunca mais vai ver os seus. 



Dias disto e daquilo

O dia em que fiquei desempregada foi precisamente o dia em que fui empregada, 1 de julho. Isto, obviamente, em anos diferentes e, outro obviamente, no mesmo emprego, ou seja: no velho estaminé. Hoje, 19 de novembro de 2019, é o último dia desse emprego a que não quero chamar desemprego, mas a agulha mudará, lá isso é verdade. Dantes eu tinha 49 anos e agora tenho 51 e, tanto um número como o outro, é como ter quase 50. Bem que o Zé diz que estes anos assim são a terra de ninguém (estou para aqui a pensar que já fiz registo desta ideia no blogue), que não se é nada, nem novo nem velho, nem pão nem bolo, fica-se para ali, num meio quase sem propósito nenhum, é-se fumaça, mas ténue, reflexo, holograma. No fundo no fundo nada. Nada, mas é.
A propósito de Zé, mas este é outro, de manhã fomos beber café ao café do Zé. Lá já é Natal, luzes piscam, brancas e limpas, nada de extraordinário para não fugir a atenção da montra com comeres e beberes. Mandámos vir três cafés: um curto, um médio, um cheio. Todos do melhor. Actualmente o café do Zé é o detentor do melhor café de Lisboa. Ainda lhe dura a medalha, que fui eu que inventei, é opinião do gosto pessoal que melhor conheço, o meu. Mandámos vir também uma empada de galinha e um croissant simples. A empada bate o croissant, quais francesices, quais quê, há lá massa mais crocante e saborosa que aquela, a da empada? Claro que não.

Amaciador de barba

Amaciador de barba é o que diz o tal frasco que está no balcão das máquinas. Sim, esse mesmo. E olha eu a achar que alguém se lembra das coisas que escrevo. Bom. Então. Esse frasco já captou a atenção de algumas pessoas, a maioria porque calhou olhar para lá e a modos que se indignaram com o 'amaciador de barba' conter limalhas. Au eva, um cliente houve que se manteve deveras interessado no conteúdo, muito mais do que no dizer do dito, os quais, como presumo que presumam, são uma espécie de opostos. Esta pessoa levou o frasco com o seu conteúdo mais o seu dizer, que lhos facultou o meu colega, que é um amor e um querido e um lindo e mais não digo. Agora a sério, vá. Ao cliente fazia-lhe jeito aquelas limalhas para... Vou perguntar, que só assisti a metade da história |...| Já perguntei. O homem é pintor de quadros e as limalhas foram usadas para dar textura às suas obras. Pá, pronto, vivo rodeada de artistas, é o que é.

Cliente

Esteve aqui uma senhora que deu muitos bons tratos ao meu colega:
🔗meu amor
🔓meu querido
🔌meu lindo
E... Pasmem-se...
🔑baby

… isso!

Pensamentos verus ações maa ~depois vim par aqui e é uma ação de manairasa que

As pessoas são caracterizadas pelas suas ações, não pelos pensamentos.

Encontrei a ideia supra no Pinterest... Hum... Então ele é isso... Ah. O título é o tópico que apontei para não deixar fugir este registo, mas quando sem óculos. Pois foi. Giro, né?

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Festival

Como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, sou dada a cantorias, que se apresentam como (ainda mais) desadequadas se o cenário for o estaminé. Claro que cada vez que me ponho nestes preparos é porque não está cá ninguém senão o meu colega, e esse não conta para me envergonhar. Mas conta algum cliente que apareça num repente, como apareceu há dias. Ora como já não fui a tempo de reprimir a cantoria, o cliente, sorrindo perante o (julgo eu que) inusitado momento disse (somente, 'tadinho, ca fofo) que estava aqui um festival. E a canção era esta. E por ora era isto. E vá, obrigada por terem lido este post.

Grafomania

Neste post não coloquei a média de posts por dia. 
As contas aos dias, fi-las à mão, a divisão de uns por outros,
fui auxiliada por uma calculadora, que resolveu a conta num clique. 
Resultou num número para lá de giro.


Estrelinha

Uma estrelinha, 'migos. Uma. Verde. Deixei em cima de um pratinho de brincar.

Mobiliário

A cliente é restauradora de mobliliário* e classificou uma fechadura para urna de 'mega fofa'. Esta cliente só pode mesmo ser restauradora de mobiliário, só alguém que passe o dia de volta de restauros pode encontrar fofura numa fechadura para urna.

*Mobiliário e afins, trazia inclusive um relógio de Estação a precisar de material de fixação, que o pobre precisara de pilhas e havia-lhe sido retirada uma das partes, que depois se revelou difícil de encaixar.

Cada uma é bruta à sua maneira





A foto de cima 👆 é o tronco do abacateiro acerca do qual já falei no blogue e que indico mediante seta. Cortei-a como me aprouve e pus-lhe o filtro impacto. O clique é de hoje de manhã.
A foto de baixo 👇 é um muro alto sito nos arredores de Rio Maior. Nivelei-a e deixei-a ficar assim, qualquer acréscimo lhe retirava o ar lamacento. O clique é de ontem à tarde.


domingo, 17 de novembro de 2019

demasia


tu vais-lhe dizer a ela?

Grafomania

Em 2016: 2432 posts - grafomania em alta, ena ena
Em 2017: 1570 posts - que descida drástica, hum
Em 2018: 1453 posts - piorou consideravelmente, ui
Em 2019: 1545 posts - em franca recuperação, fixe


(e este é o post 7000)
((de nada, ora essa))
(((há prazer)))

Esta aqui, ó, é a minha cadela:

Abertura de época, fora de portas

Também já me rendi ao cachecol. E estou quase quase quase a terminar de tratar todas as roupinhas de Verão.


Aberturas da época doméstica

Já empurro as calças e as deixo a cobrir os pés como contei aqui
Já ando pela casa, se não em lides domésticas, com aquela coisa bué quentinha que é demasiado grande para chamar cachecol e muito pequena para servir de manta
Já envergo o casacão enórmius, que tem até capuz
Já calço meias por baixo das botas

A minha cadela tem cheiro

((e assim até quase parece uma instituição, tipo o Dia de, ah ah))
(((Bom. Então.)))

À conta de não me apetecer igualar os meus vizinhos naquilo de ficarem presos no elevador, tenho feito as jornadas passeantes de bicho-cão mai lindo de sua dona preferindo as escadas. Numa dessa vezes, a subir, chegadas ao primeiro andar a Olívia nem estacou, continuando, tic tic tic, no segundo andar achou por bem cheirar, não fosse já aquele, mas não era, subimos e... Tcharan! Cheirou e ficou-se. Que prevista que é a minha cadela. Determinada. Até sabe que a gente mora no terceiro andar. Qual subir mais, qual quê, nada disso.

Amarelos

sábado, 16 de novembro de 2019

O mal

O necessário é o comer e dormir, que são, também, o melhor e o bom, só que aí passa a mal.

Gina, numa relação com o supermercado.

No primeiro sábado de novembro as escadas rolantes estavam ladeadas de fios luminosos, vulgo luzinhas de Natal, até parecia que a gente ia para o céu. Ou não fossemos a subir.

Trouxe o pimento mais feio mas também o de pele mais lisa. Nem toda a gente de boa pele é de belas feições.

Comprei ovos.
Ah que estranho né?
É.
Eu tomo os ovos como um princípio. Seja lá o que for que esteja num princípio, num ponto qualquer, é um ovo porque um ovo é um princípio, e como sou uma mulher de princípios, tenho, simplesmente, que comprar ovos.
Até nem está assim tão estranho, de açúcar já eu decorei que não preciso de mais. Não, por ora. Há semanas que vinha comprando um quilinho julgando não ter, mas tinha, de modo que tenho ainda dois quilos por encetar e o pote cheio de um outro. De um outro quilo, bem entendido.

Fui atendida pela Julia Roberts, a qual, quanto mais tempo passa menos fofinha vai ficando e menos se vai parecendo com a Julia Roberts. É.

Ulha! Já acenderam as luzes! Sim, estavam apagadas, no primeiro item omiti essa preciosa informação, que consciencializei ao descer as mesmíssimas escadas. Rolantes.

Escolhi subir ao meu andar a pé. Há dias um casal de vizinhos ficou preso no elevador e o Luís é que foi lá acudir. Tudo bem, foi uma história que terminou bem, mas é que eu entrei na cabine, cliquei no botão e o led não acendeu, o que me fez lembrar da peripécia do casal já visto neste item e não me quis igualar. Subi, pois, carregada. Ora. Mas afinal eu ando na porra do Ginásio para quê? Para não me ser dificílimo subir seis lanços de escada com sei lá quantos quilos pendurados nos braços, para chegar ao destino sem paragens e sem ofegar, pois claro.

Seguidamente preparei o meu terceiro café. Bem sei que bebo muito café. Mas notem bem: muito pode não! querer dizer demasiado; muito não! é demasiado.
Não, não foi café, foi cappuccino a lembrar irish coffee.
Olá cappuccino, 'tás bom?
Hum-hum. Olá Gina, 'tás boa?
'Tou 'migo, atão nã se vê logo?
Atão ê não tenh' olhos!
Ah, pois.
Nota sumamente interessante: o cappuccino que lembra café irlandês... Não é fixe. Não comprem, 'tá?

Os amigos são, também, aquelas pessoas
que nos dizem o que não gostamos nada de ouvir.

ouvi na tv:

tramar os tramados é tramado

Áudio*

Os bichos-gato fazem-me uma companhia do caraças, a questão é que eles não sabem disso e é precisamente aí que reside a beleza deste assunto.

Senti-me muito importante por receber uma máquina de café que não é minha, é da senhora… Tudo o que diga respeito a café, é para mim de grande imensidão e não me desculpem a redundância, que um dia destes arranjo uma melhor.

Aspirei todo um quarto sem o cano do aspirador introduzido. Ou seja: andei a arrastar, a arrastar, a arrastar a escova pelo chão, sem portanto aspirar a ponta dum corno.

Acabei de descobrir, oh vejam lá, que os bichos-gato também têm, cada um, dois sovacos e duas virilhas.

Kat, achas melhor eu não manusear aquele pratinho que está em cima da mesa? Aquele que ainda não descobri se faz serviço ou para ali está? Hum?
E tu Kit, olha, achas que a tua dona se importa que eu troque o lugar aos livros? Achas?

*este post foi em tempos um áudio, datado de 7 de novembro de 2019

Post com título

A confusão ainda está cá, mas em outro plano. Estou confusa na mesma, mas longe, como que a ver de fora.

Mudei de canção

É sábado.
Fui ao supermercado.
Andei a ver que outras canções o CD tinha e dei com a Dancing In The Dark (Bruce Springsteen) e vai que... Tcharan! Tem dois versos que um dia me ofereceram um despertar daqueles prazerosos.

1
You can´t start a fire without a spark

2
You can´t start a fire worrying about
Your little world falling apart


Nesse dia percebi que tinha que fazer algumas coisas (na verdade mesmo quase quase quase todas...) de outra maneira. Que outra maneira, perguntarão vocês. Ao que respondo: Outra. Se não der, então outra. Se não der, desencanto outra. Se não der... Às vezes dá.

Bolbos

Pouco dados a ventos, os bolbos. Comprei batatinhas para assar. Era só isto.

Camisola

Tenho uma camisola nova. Este modelo havia na loja em três ou quatro cores, ainda ponderei trazer em ocre, mas creio firmemente que nesta estação o mundo vai andar vestido desta cor e, por esta vez, não quis fazer parte do rebanho. No outro dia a rica filha até me contou que lá no trabalho quatro ou cinco dos seus colegas haviam escolhido vestir aquela cor em suas partes de cima. Imaginei a cena e vi pessoas envergando uma farda. Do office. E sim, a rica filha nesse dia havia ido no rebanho.

As Ginas que cabem

Aquilo de haver muitos cabides sem roupas, por ora, no meu roupeiro, é mesmo assim. Aos poucos tenho vindo a experimentar as minhas modestíssimas vestimentas do ano passado e eis que...
Dantes tinha uma camisola bordeux mas agora cabem lá três Ginas. Doação para ela.
Dantes tinha uma camisola verde mas agora cabem lá duas Ginas e meia. Doação para ela.
Dantes tinha umas calças pretas com umas riquinhas todas giras em branco mas agora cabem lá duas Ginas. Doação para ela.
Tantas doações – e não, nem todas estão expostas acima - resultaram numa catrefada de cabides vazios.
De resto, tenho algumas camisolinhas dos passados anos mas que são de modelo estreito e umas quantas calças que são do tempo da primeira magreza, nessas peças cabe lá uma Gina e meia. Ficam com ela (eu). As calças até nem me ficam nada bem, mas nunca se sabe quando é que as nalgas ou as coxas retomam as circunferências desse tal tempo, o da primeira magreza.
Portanto tenho que ir às compras, até porque os cabides andam chorosos e com frio. Sim, bem sei, de supetão parece giro que se farta andar no laré, às compras e tal, loja aqui e loja ali, ai olha aqui tão bonito!, escolhe e leva para o provador, despe e veste e mais não sei o quê. Pois, não sei mais o quê, não.

Lembrete

Doença sintomática é mas é mãe e filha, quais manas, quais quê, pois se nasce de uma outra… Hum.

Lá isso

Conforme vai tendo uso, a caixa de fósforos vai dilatando as suas juntas. Lá isso é verdade.

Bom dia!

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Clientes

Acabou de sair daqui aquele cliente da voz bonita e que, ainda por cima, cheira bem. Pronto, nem sempre a vida me pode correr mal, o cliente anterior assobiava e tinha mau hálito.

Do dia frio

Sim, está frio. Tanto (frio) que me lembrei de vos dar a conhecer dois lugares de Lisboa que em dado horário se encontram bem quentinhos:
Rua Ângela Pinto, ao meio-dia
Avenida Manuel da Maia, às duas da tarde

Momento

Se isolar o pescoço sinto um prensa em cada extremidade. A prensa de cima prensa mais pior.

Nudez

A árvore amarela está nua, mas de folhas amarelas, como atesta a foto. As folhas castanhas que por lá aparecem já no outro dia vos contei delas, que as acho muito idosas e portanto pertencentes a outro ano que não este.


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Digamos que, e no mínimo, todo o saber é importante.

Sonho

Sonhei que tinha a barriga muito inchada, o que muito me desiludiu. Foi uma coisa proporcional, portanto. O sonho desceu de ontem à noite ter comido uma laranja, é que só pode.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Nova temporada

Está aberta a temporada de correr para casa dos clientes. Eu explico. Quando chega o frio e o trabalho se prolonga dia afora, quero eu dizer até e durante a noite, para aquecer quando a caminho do recesso do lar dos caríssimos clientes, corro e incito o meu colega a correr mais eu. E ele corre, mas sob um protesto fingido: 'e agora obriga-me a correr!' 

Lanchinho

O meu colega sentenciou que ao lanchinho a gente ia andar à pêra porque havia uma só pêra na caixa da fruta. Entretanto, em jeito de posta-restante mas sem mudar de parágrafo porque não me apetece, venho anunciar que quem comeu a pêra fui eu, e nem andámos à bulha nem nada. Não foi preciso, ele abalou para tratar de umas coisas e eu pumba. Mas antes de a comer tirei foto, ó:





Eis outra posta-restante, esta com outra roupagem, já comprei frutinha para compor a vazia caixa, e ouvi novamente o nepalês dizer bénanas, querendo dizer bananas, como acho que é fácil de prever. À despedida desejou-me um bueno dia e eu disse que assim não, que bueno dia es en catellano, cariño, em português é bom dia.

Presságio

Ontem disse no blogue que a minha cadela sabe que o raspar da faca no pão pressagia um cair de côdeazinha que a alegrará. Hoje, mal ainda acordara, já eu me lembrava de vir dizer no blogue que a minha cadela sabe, portanto, o que é um presságio.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Vi-me e desejei-me

Como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, sou mulher para ter rascunhos e ideias no bloquinho rudimentar, e até no caderno, que depois transformo em posts com o intuito principal de engordar o blogue. Esse rascunhar é apressado e deveras resumido, acontecendo então que alguns desses rascunhos não consigo traduzir. É. E venho contar que me vi e desejei para lembrar que raio queria eu dizer com:
esfregona, podia ser um sítio mais grácil ou senhoril, mas não, é ali
E já me lembrei, pois claro, e é por isso que ponho este post diante de vós, precisamente um mês depois de a ideia ter aparecido. Foi então assim:
Cá por coisas, eu tinha uma nódoa negra na dobra da mão que acontece onde o polegar e o indicador se juntam, e que é, oh vejam lá, o ponto onde a esfregona assenta. Era só isto. Ou é mais: eu ia escrever que a minha enorme nódoa negra, que me doía aos bués sem nada lhe tocar, doía mais ainda se tinha que segurar na esfregona, que é coisa longe de grácil, e para cumprir uma tarefa nada, mesmo nada, senhoril.

Quando for famosa pessoas vão pedir-me conselhos sobre como singrar no mundo das letras e eu, com enormíssimo saber, responderei que é, meramente, uma questão de não ser esquisita com os assuntos a apresentar. Pois.

Este assunto podia

Este assunto podia ficar no post anterior mas não quero, assim jamais assumiria a importância que lhe quero oferecer. Trata-se da pasta de dentes e do fio dental que anda no meu actual viver. O fio dental... ai perdão, dentário (ui...) não tem cera. Comprei-o assim a seco na sequência de muito me espantar com o baixo preço. Pudera, falta-lhe molho. Nas primeiras utilizações ainda fiquei montes de contente por conta de não me saltar nenhum pedacinho de comida dos dentes que aterrasse no espelho. Só que entretanto isso começou a acontecer também. Tenho portanto dois males existentes na minha vida, 1 , o fio dentário sem cera, que dói que se farta, 2, o espelho da casa-de-banho pejado de pedacinhos de comida. Já a pasta de dentes, comprei também recentemente, atentando igualmente no preço, uma vez que estava em promoção e é uma daquelas de especialidade, pois que um dos componentes é carvão, o qual, em pasta de dentes, e incrivelmente, oh vejam lá, é presença que branqueia. Sim, o carvão branqueia os dentes, só não me alongo nos quês desta contrariedade porque não estudei o suficiente. Ah, é verdade, a pasta sabe a flores, o que contende com o sabonete que está no post anterior. Eu assim ao princípio ainda pensei, ah e coiso, isto é mas é o sabonete que é tão bom que o cheiro anda pelo ar e mete-se no tubo da pasta. Mas não, ora essa, isso já era fantasia a mais e eu sou sempre tão certinha, tão em conformidade com o capazmente. Grata, deveras grata, por terdes lido este post.

Lar meu

Tenho aqui no estaminé uma lâmpada que terá lugar no contentor da reciclagem brevemente, essa e três pilhas daquelas com três ás. Acabou-se-lhes a energia aos quatro. Oh. Sim, é verdade, o mundo precisava mesmo de saber isto. Mas há mais. Há um lugar lá em casa onde coloco coisas a fazer de bibelôs, só por dizer que não o são, sendo, antes, recicláveis, ou, ainda, ai a porra das vírgulas, peças a ser aplicadas em dias vindouros, as quais posso listar: um punho de torneira, um tubo do carro, um pedaço de veda-portas. Com tudo isto e por junto, esse altar contém outrossim, oh vejam lá, um daqueles espécimes do antigamente, composto por dois potes para tinta, duas abas para receber correspondência por entre, e uma espécie de caminha para receber a pena. Sim, podemos levar, ou elevar, a questão para o plano sexual. Quero dizer: eu já elevei. Mas a pena. Se calhar a caminha é mas é para uma caneta, que às tantas aquilo não é assim tãããããão antigo. Contém, ainda, um abre-cartas, rombo que se farta, uma vez que toda a peça não passa de um fingimento a fazer de ser útil mas não se acabrunha nada, qual quê, e faz de enfeite. De volta aos recicláveis, havia um tinteiro de impressora, que é coisa para fazer uma ligação fantástica com o espécime do antigamente exposto acima, e que derramou tinta. Desgraçadamente. Oh. Agora até estou a lembrar-me que os potinhos de tinta do antigamente, portanto: os verdadeiros, também foram coisa para se ter derramado vida afora, uns e, ou, outros. E eu nunca mais acabo este post... Bom. Então. A tinta desse tinteiro derramou-se à vontadinha em cima do móvel, manchando, não só a tal lâmpada, como um sabonete muito cheirosinho, muito bonitinho, que estava dentro de um saquinho muito levezinho. O tinteiro está no lixo porque a pessoa gosta de reciclar mas não quer a casa manchada de tinta preta e penetrante aos bués. A lâmpada está onde já referi. O sabonete pu-lo de utilitário na saboneteira da casa-de-banho. É muito bom, muito cheiroso e cremoso, mas lá por ser de classe elevada não quer dizer que se não utilize, né? Ah, e não, não estava manchado com a tinta. A curiosidade em saber se havia sido é que me levou a pô-lo a uso, dispensando o que, por acaso, até já estava de abalada.

Lençóis

Os anos já são tantos que os lençóis me andam todos desfasados. A juntar aos tingidos por sei lá o quê, há os que já se romperam, o que leva a que outros sobrem e há que os conjugar ao menos por aparência de cor. Há também os que herdei e que já vinham desfasados de outro lar tão velho e baralhado como o meu. De maneiras que o conjunto, por assim dizer, que tenho ao momento na cama é meio flanela meio algodão, com as fronhas a condizer com a flanela. Não está mal de todo, isto se considerarmos (estou na segunda pessoa do plural para me convencer que tenho companhia num post deste calibre) que estamos na fase de transição, acabámos de chegar de um Verão (frio, mas pronto), aterrando num Outono já bem fresquinho. Portanto: este ano é que estou a fazer uma transição mesmomesmomesmo transição, pois que, aos mais anos, era a flanela de rompante e de uma vez e pronto e acabou a conversa. Não acabou nada → Olá Outono. Está tudo bem contigo?





Um dia e meio

Hoje é quarta-feira de manhãzinha e a cada movimento de abertura de qualquer um dos braços lembro a professora de Pilates de segunda-feira à tardinha. Isto de a gente estar em prancha e querer tocar no chão antes de mais com o peito e forçar até ao máximo para que não seja a barriga a ganhar o chão antes do peito... É do caraças. É bem verdade que eu agora tenho as mamas mais elevadas do que a barriga, o que conta como mais-valia, mas não me chega. Ou chega, chega primeiro o peito.

Bolachinha

Se eu tivesse tirado uma foto à bolachinha que um cliente me deixou, vocês iriam vê-la. E não, não é não querer tirar uma fotografia nem é não a verem por já a ter comido, é porque não e acabou a conversa.

Dia de (disseram na Radio)

Hoje é dia do doce da casa. O Doce da Casa, assim é que é. Há muitos, mesmo muitos, restaurantes que o têm e eu levei muitos, mesmo muitos, anos a fixar o que raio é, de tão básico → natas, leite condensado, bolacha e, eventualmente, doce de ovos. Sei lá, uma pessoa ouve 'doce da casa' e imagina que há-de ser algo maravilhoso, louco, preparado com muita antecedência, rigor, paciência, sabedoria e carinho. Mas não. Há contudo restaurantes que decidem marcar a diferença e arranjam-lhe nomes esquisitos e há até os que arranjam um doce da casa parvo, como uma vez encontrei um que era uma miscelânea de todos os doces que havia na banca frigorífica. Lá que lhe arranjaram um nome para lá de engraçado, arranjaram, mas agora não malembra qual. E pronto, o Doce da Casa é o doce da casa e acabou a conversa.