sexta-feira, 31 de julho de 2020

armada em feliz

Autómato feliz, de sorriso sincero e espontâneo

Acordada, foi um problema lembrar-me que dia da semana é hoje. Espantou-me, principalmente quando percebi que é dia de folga – como não recordar? Não digo que tenha dormido bem, ao que parece isso é coisa para a qual já não tenho idade, mas dormi melhor do que em tantos outros dias, um a seguir ao outro e outro a seguir e afora. Estão a ver como é? Ah e tal eu dormi mal mas e depois, né, já não tenho idade e portanto: paciência. Retiro importância às minhas dores e aos meu males. Mesmo quando estou no médico, quiçá, e principalmente, aí. Por ora sou um autómato feliz. Tenho comichão nos ouvidos. Por vezes dor. Por vezes ar. Não é ar, é pressão. Por vezes buzinas. Chamam-lhes zumbidos mas parecem buzinas. Aliás: parece um buzinão. Não, é um código Morse – ti ti ti tiii, ti ti ti ti tiiiiiii. Acho que alguém me quer enviar uma mensagem. Dói-me os olhos. Um deles anda com espasmos há mais de quinze dias. Há pouco, na escada rolante do supermercado, na nesga de sol que apareceu sem que lhe pudesse fugir, fechei os olhos porque era doloroso recebê-lo. Sou fóbica, não estaciono no parque subterrâneo e a fila para pagar é um tormento. Mas sou um autómato feliz, sorrio para a senhora da caixa e até faço conversa. Em casa sou tomada pela ansiedade in extremis. Não quero estar aqui. Não gosto de estar aqui. Ponho-me a escrever. Não consigo imaginar o número de vezes que escrevi para não desalvorar. Em casa, no estaminé, na rua. São mais que muitas e muitas. Queixar-me é vão, parece-me, e refreio as queixas. Para quê, né, tanta gente morta por aí, e. Parágrafo e quebra de linha, a fazer de conta. Estou para aqui a lembrar-me se me queixo muito no blogue, já que até agora mantive o post sob esse comando. Que me queixo sei eu, presumo que mais de questões psicológicas do que físicas. Essas, quando ocorrem, dou primazia a unhas encravadas, entalões, cabeçadas, escorregadelas, quedas, e sempre dando um tom de gozo. Nas psicológicas é que por vezes me esparramo – estou tão triste, vou morrer de tristeza, não aguento isto. A propósito de não aguentar, as pessoas suicidam-se, não por não aguentarem os outros ou a própria vida. Não. As pessoas suicidam-se porque não aguentam o que grita dentro de si, a sua cabeça, o seu modo de pensar. Queria ter colocado esta ideia no blogue lá atrás, há um mês ou dois, mas não tinha coragem. Surgiu-me quando o país foi tomado de assombro perante o suicídio de um actor, que supostamente era feliz. Autómato feliz, de sorriso sincero e espontâneo. Parágrafo e quebra de linha, a fazer de conta. Sou uma pessoa sensível em demasia, o que faz com que as pessoas não saibam lidar comigo e desistam. Pode ocorrer desistir eu primeiro, também não sei nada sobre lidação interpessoal. Umas das questões mais marcantes da minha vida foi a frequência de consultas de psicologia, que aconteceram semanalmente durante nove meses, com interregnos para férias. Marió não escolheu o melhor modo de lidar comigo, e quem desistiu fui eu. Estas melhoras, as da psique, é um caminho a fazer sobretudo sozinha, o que é duro, mas, e precisamente por isso, libertador, já que não dependo de ninguém. Isso aprendi eu com Marió. E aprendi mais: eu não tenho um problema, eu sou o! problema, eu é que o acolhi, eu é que o deixei ficar. Parágrafo e quebra de linha, a fazer de conta. Recentemente percebi que não são as coisas boas que me fazem feliz. Não é nem sol, nem chuva, nem mar ou praia, nem chilrear, bichos, flores, mato. Não. É que nem escrever (ah! como não?! Gina Maria, tu sabes o que estás a dizer?! … sei! …). Nada disso. Sou eu. Eu é que me faço feliz. Portanto, e concomitantemente, eu sou o! problema, eu é que me! faço feliz. Esta descoberta foi, por si só, retemperante, e eis então outra epifania acontecendo na minha vida. Passei anos a chicotear-me com a obrigação de ser feliz, a passar por cima do que me fazia infeliz, se não dava para passar por cima, passava por baixo, ao lado, anulava-me, e adoeci. Parágrafo e quebra de linha, a fazer de conta. No IP7, ao quilómetro sei lá eu, há uma frase que diz: 'você há-de ser sempre a mesma merda'. Sempre a que a noto, e já lá vão uns bons anos, não discordo, achando que sim, hei-de ser sempre, hei-de. Porém, um destes dias, pensei diferente, eu hei-de ser sempre a mesma merda, já que, a essência, não se dá cabo dela, mas o intervalo que fica por entre o ser e o fazer por não ser, é ouro. Aurélio.

Loures, 31 de Julho de 2020

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Pimenta

Quando passei o fio dentário soltei uma partícula de pimenta preta. Fiquei com a boca a arder mas depois passou. Boa noite.

Lisboa, Lisboa

Depois (desta foto) passei por baixo da ponte mas não fiquei a dormir lá debaixo dela. O Tejo estava bonito. Tudo o que leh... ai perdão, lhe acrescente em modo escrito, por ora, é dispensável. Se calhar não estou com a mania que osu... ai perdão, sou criativa.

Casas

Há muitos anos que entro nas casas dos clientes. Duas décadas, mais coisa menos coisa. E gosto. Nem todas as casas são impressionantes e, as que são, podem-no ser pelo lado bom ou pelo mau. Umas estão arrumadas e limpas. Ou só arrumadas ou só limpas, ou o contrário disso. Há umas onde rapidamente revejo a personalidade de quem lá mora. Também as noto ocas, ou desafogadas, o que não é a mesma coisa. Ou muito cheias, onde mal se respira, mas nessas costuma haver muita informação e eu adoro lugares assim. E bibelôs, assim todos muito chegadinhos uns aos outros? Pois é. Ou muitas flores de plástico, como se de refugo se tratasse, afinal nem todos têm arte para a decoração e a casa é de quem é a casa, vou lá eu agora opinar? Não. Encontro, por vezes, o tão em voga estilo minimalista. Mas garanto que já vi muitas casas com peças de valor - estatuetas, quadros, porcelanas, pratas. Há casas impenetráveis, estanques, frias, e não digo que não tenham alma, decerto a terão, digo é que teria que lá voltar a entrar mais umas vezes para descortinar como e o que retirar, o que nem sempre acontece. E há, até, casas insípidas, de novo teria que voltar uma e outra vez para 'saber' o que.

Estar nas tintas não é estar-me nas tintas

Quando pinto o cabelo, pinto também os braços, o pescoço, as orelhas, a testa, o lavatório, o cortinado, a banheira e todo e qualquer azulejo que não esteja suficientemente longe, tanto destas áreas como de mim própria, já que sou exímia em desgoverno e sai-me cá uma javardeira que não é do tipo 'só visto' porque eu não queria nada vê-la. Depois todas 'as tintas' vão saindo, e todas por causa de lavagens, mas o que vale é que a que fica no cabelo é a mais resiliente.

Lisboa, Lisboa

Cá por coisas, para fazer os recados do costume, retirei o caderno de dentro da mala. Parecendo que não, diminuí várias centenas de gramas ao peso total, mas senti-me nua.

Fui às putas

Tenho andado a ver se compro uns trapinhos de que ando necessitada e tenho, portanto, ido às putas. Desta vez não venho explanar feitios e cores de calções, blusas ou meias, venho falar da incredulidade que apareceu no meu pensamento quando ouvi dizer 'boa tarde!', mas como meio de chamamento. Correspondi à saudação – sou tão fofa... - e em simultâneo era-me recomendado: 'desinfecte as suas mãos, por favor'. Tudo bem, não fora o tom de chefia, em reles. Mas há putas de outro tipo: uma resolveu-se a acenar largamente, de longe, apontando para o frasco. Pá, pelo menos evitei ouvir o reles tom de chefia. Ah, o 'boa tarde' veio, mas depois desta coisa toda e foi tipo assim como quem repreende.
Eu às vezes sou toda a gente porque ninguém gosta de chefes mal-humorados nem de repreensões, mesmo quando quem repreende tem razão, agora imagine-se quando não tem, né? É, pois está claro que é.
Entretanto, relato uma das comprinhas. Apetece-me. Sei lá, gosto de escrever, ou coisa assim. Como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, devido ao vírus do momento, muitos estabelecimentos, principalmente os de grandes dimensões, têm os provadores interditos e, outros, estão sob um horário de funcionamento, que obviamente não coincide com o do estabelecimento. Ora bem, esta comprinha foi efectuada num estabelecimento cujos provadores estavam interditos de todo (adoro redundâncias, ah pois é) mas eu queria muito experimentar a peça – um biquini. Então, sem o auxílio e a privacidade que um provador oferece, no meio do corredor da grande loja, fiz assim:
A parte de cima, assentei-a no lugar que é para cobrir e perguntei a quem comigo estava se tapava as mamas. A pessoa respondeu afirmativamente.
A parte de baixo, enfiei uma perna, uma só, puxei, senti a peça no lugar, gostei desse sentir, e já não foi preciso perguntar coisa nenhuma.

o tempo

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Acho que vou mas é escrever um livro. Vai chamar-se 'Dias Duma Grafómana'.

Sonhei que era preciso que me mantivesse no chão da rua, deitada, e que aguentasse que uma daquelas máquinas de pisar (umas que têm um cilindro na frente, pesquisei e resultou em 'compactador') me passasse por cima. Ora bem, o cilindro começou a sua marcha lenta e ficou em cima da minha cabeça. Doía muito, claro, como não?, mas o intuito era aguentar. E eu lá me aguentei. Não duvido que este sonho tenha derivado da permanente ideia das muitas questões (que quiçá possam - ou pudessem, ou poderiam - ser impermanentes) que tenho que aguentar.

Escrever o texto acima lembrou-me o de baixo:

Há aquelas cenas de filme onde se vê o personagem em clara mudança de rumo, decidido a vingar numa qualquer demanda essencial para a sua vidinha correr livremente. É comum estas cenas serem acompanhadas de banda sonora, intensa e inspiradora, vê-se o personagem a tomar partido pelo melhor lado da vida, alcançando o desejado num ápice. É num ápice, bem sei, porque as películas têm que despachar a coisa, quando não a atenção do espectador esmorece e isso não augura sucesso. Bom, sumamente, o que eu vinha dizer é que me ia dar um jeitão que a minha vida fosse uma dessas cenas. Acho que vou mas é escrever um livro. Vai chamar-se 'Dias Duma Grafómana'.

Liso. Li de libertador e so de solitário.

Tão libertador escrever para guardar – oh que tentação - mas tãããããão solitário.

Escrevo como se o que escrevo fosse muito importante.

Escrevo de coisas sem importância mas como se fossem muito importantes. Primeiro por mim, depois para ti. Por, eu disse por! mim. É que, querendo eu escrever de importâncias que realmente o são, acho-as em poucochinho. Parece que dou importância ao que não tem para não dar muito nas vistas, mas considerando, como considero, que as importâncias estão para mim como sendo poucochinho, de pouca monta, nenhures... Atinjo o oposto - afinal tenho peneiras.

Complicações. Compilações de hífenes.

É complicado (e isto vem contrariar ideias concebidas) que às vezes fique presa à eventualidade de aborrecer as pessoas, levada pelo desejo de exagerar, principalmente, e por exemplo, a escrever
– ah, sou tão engraçada, ah sou uma triste, ah olhem eu aqui, ah sou cá uma maluca, ah sou uma desavergonhada, ah tenho montes de piada –
- ah sou – ah sou – ah sou – ah sou -
Não devia. Não devia ser imperfeita, tampouco perfeita.
- ah mas olhem lá eu aqui, ah có-rror, ah tóin xiru – ah é com a imperfeição que se engraça -

hum-hum, é com a imperfeição que se engraça, é é

Nunca tinha pensado nisto.

Senhor Leonídio, marido de dona Vitória, veio contar que um dia encontrou algures um dizer:

seja feliz enquanto está vivo porque você vai passar muito tempo morto

Penso na minha morte, acho que, em muito. Foi essa a ideia que me impeliu a pôr os meus blogues antigos à luz, assim sendo, já que vou morrer, não fiquem os escritos em segredo, ora essa, se os escrevi foi para serem lidos. Há anos e anos que escrevo coisas nos blogues para não morrer, interiormente ou mesmo fisicamente. Todos os dias penso algo do género: 'não, ainda não posso morrer porque vou ter mesmo que escrever isto'. Pode chamar-se grafomania a isto, presumo, este sentimento de ter que deixar tudo escrito antes que. Quiçá a minha grafomania se apoie, afinal, na morte.

Nunca tinha pensado nisto.

Restos mortais com outra vida.

Vou debitando em texto virtual o que já apontei (leia-se - mesmo não existindo tal palavra - manurrabisquei) telegraficamente no bloquinho rudimentar. Fico satisfeita e rasgo os papelinhos. Vou-os amontoando em cima do balcão. E sim, gosto deles na mesma

Gostamos na mesma.

Aquilo do amor e da amizade é muito na base do 'nós gostamos de ti na mesma'. Pois. Como não?! Isto é tudo gente longe e longe da perfeição, como não gostarmos de alguém na mesma? Não ia dar. Podemos é não gostar muito, antes pouco. Não, morno não, na mornidão pespega-se um mal de nome desenxabido, aí é que sim. Mas podemos gostar poucochinho e sempre iremos gostar mais de um alguém do que de um outro alguém.

Gina, quando no salão.

No salão onde a Carminho processa tratamentos de beleza, há uma grávida que, orgulhosa, veio contar-me que espera um menino. Está, por mim, previsto que o orgulho lhe chega porque já tem uma menina. Ou então é alívio, o que lhe noto. Ou contentamento advindo da bênção recebida. Mas aplacado, esse contentamento, não vá ser em demasia. Pode ser o que for e cada um recebe como recebe. Não há mal que aqui se pespegue, a gente querendo. Perceberam o quanto um assunto se pode tornar estéril? Desta vez, era tudo! isto. E obrigadinha na mesma.

Gina, quando no salão.

No salão onde a Carminho processa tratamentos de beleza, outros assim o fazem também, como é o caso do manicuro. Manicure, talvez. Talvez seja como presidente ou tenente, é livre de género, é imparcial. Mas dizia eu do manicuro – continuo com isto, é giro que se farta – o banco dele, pude hoje ver, dada a sua ausência, faz o desenho tipo o de um selim ou de uma sela. Sério. Com um bico para assentar a parte da frente, subido. Como um selim ou uma sela, pronto. Era só isto, na verdade. Obrigada por este bocadinho.

coisas boas


mergulhar no léxico e afogar-me e salvar-me incessantemente

receber uma chuva de letras e permanecer molhada por dias

viver numa biblioteca cujos livros já tiveram uns donos quaisquer

Lisboa, Lisboa

Enquanto espero que o meu colega trate de um assuntozinho na loja de uma operadora, sento-me num banco de rua e noto que no do lado está uma mulher jovem. Parece que está a meter-se com os passantes. Afinal não ouvi mal, é certo: - Hey sister, bom dia! - chamou ela. É pedinte. E maluca. Afinal. E também. São os loucos de Lisboa, lá diz a canção.

Primeiro

Bom dia, são nove e vinte e sete e já para aqui estou. Antes de mais, café tão bom no meio da pessoa que escreve este, e neste, blogue. Sim, mesmo no meio, senão, é bom, mas não vem a ser tãããããão. Ademais, e sem qualquer propósito que não o de encher o post com mais coisinhazinhas, vamos supor que, ao longo de vinte e seis anos de balcão, tenha gingado o corpinho, quando atrás do dito, umas quinhentas e sessenta e quatro vezes, mas, e ai a porra das vírgulas, tenho sido flagrada no acto pouco mais de meia dúzia. Que disparidade. É só gingar, que coragem para mais não tenho. Só se escondida.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Sucesso

Vi-me aflita para descortinar como se escreve sucesso. Saiu-me 'sussesso', e vá que não cheguei a 'susseço', ou outras variantes com cê cedilhado, com esse é que não era, já eu sabia. Fechei os olhos e concentrei-me. 

 'sucesso' 

O meu colega diz que me nota ausente e um bocado lenta no discurso oral quando escrevo aos bués. Gostava de ser especial a esse ponto... Olha eu a alucinar de tanto escrever. Pá. Gostava.

 …..................................................................... 
Quando quis escrever 'sucesso', qui-lo para falar de um youtuber de sucesso que anunciou ter criado um novo canal, o que à partida pode parecer tolice, mas não. E não porque afinal vê-se metido numa novidade, o que empolga pra caraças, e depois há coisas para serem vividas, como desafio e superação. Coisas boas, portanto.

Notícias

O gatinho amarelo, ora bem, vamos lá a ver. 

Veio receber-me à porta. Por engano, até o chamei de Kit, porque o Kit é assim. Lá na cabecinha deles deve aparecer assim: 'Olha, esta está cá outra vez. Vá, anda daí, entra.' 
Saltou para dentro da sanita. Penso que não tardará a compreender que pode, eventualmente, a tampa não estar descida. Entrou num pulo e saiu noutro, sacudindo as patinhas. 
Furou o frasco do creme de limpeza, não sei se com unhas, se com (por ora) dentinhos. Aqui sou eu quem tem que aprender a estar de olho em frascos vários. 
Fugiu do aspirador. Se bem que isto não constitua novidade, quero contar que me está a ser uma mais-valia, este aspirador. É que, para além de aspirar, já deu jeito para uma espécie de engodo, mas a funcionar ao contrário. Se calhar é mas é um espantalho, vá. A título de exemplo: usei porque não queria, de todo, que o gatinho adentrasse o poliban que eu havia acabado de lavar. Carreguei no botão, o motor disparou... e ele também, indo refugiar-se atrás de uma porta. 
Encantou-se com a despensa (e isto também não é novidade). Eu até o compreendo, é todo um labirinto, cantos, recantos e emaranhados – irresistível, portanto. Já o desenfiei de lá umas quantas vezes – curvo-me, estendo a mão, passo-a por baixo da barriguinha e iço-o. Com o passar do tempo noto que é cada vez mais difícil agarrá-lo, esgueira-se facilmente. É felino quanto baste, é o que é, e está a crescer. 
 Lá para o fim da jorna fui dar com ele deitado no tapete azul. Ah bom, estamos a tomar a vida por contrastante, sim senhor, lindo miau que tu és. Miauzinho, vá. Ainda.

Directamente (e, no entanto, diferido)

Estou para aqui a pensar que os dias seguintes roubam pedaços - entenda-se memórias – aos anteriores. Estou para aqui a pensar que os dias podem ser olhados como se tratando de oportunidades.


que lugares mais comuns, hum-hum, bem sei 
esses comuns lugares são sempre verdade verdadinha verdadeira

Directamente (e, no entanto, diferido)

Em frente à porta do estaminé está um carro estacionado com dois homens lá dentro, esperando. Se sei por que esperam? Sei. Só não sei se são pai e filho, mas lá que são parecidos, são. O mais novo ligou o motor do carro para ter ar condicionado.

eu

Eu, estando faladora sem sentir-me estranha, mostro-me um caminho bom e belo.

idade

52 parece um coração. Há lugares onde põem um coração assim. Mas, olhando mais tempo, deixa de parecer-se com tal. O que realmente parece é o côncavo e o convexo. Mesmo que dedicando tempo e tempo à olhadela.

Seja lá o que for...

O resultado de: 
querer, perguntar se posso, receber um sim mas resultar num desgostar... não augura boas sensações. A esta que vos escreve, não.

inhos

O Verão vai já altinho e a vegetação rala também.
E amarelinha que vai? 
E este bichinho-flor, de lindinho? 

Lisboa, Lisboa

E eu tinha lá reparado que a caravela se mostra tão bem a quem passa ao lado da estação! É que, se da praça mai linda de Lisboa a avisto, mostra-se-me de lado e, não sendo, parece até uma linha. Em tempos fiz-lhe uma espécie de ronda, a ver se via a caravela como é boa de ver. E vi, mas é um lugar estranho, portanto nunca mais a vi plenamente, a não ser agora, que a sei em pleno desde a estação. A não ser que nem me lembre de olhar, claro.

Vã glória

Melhor do que pessoas lerem o meu blogue, é pessoas quererem ler o meu blogue e, as pessoas tomarem as minhas expressões, é coisa que me transcende. Falo de há dias ter encontrado a expressão 'se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma', em blogue alheio, dando-me os devidos créditos. Quem quer que esteja a ler este post acredite que ver a 'minha' frase usada foi de grande valor. Ó pá tóin xiru! Mesmo! 

Graminhas

quinhentos e cinquenta e cinco gramas de pêssegos 
setecentos e trinta e cinco gramas de bananas 

Os pêssegos, neste caso, são paraguaios, que, na altura da compra, por mais que olhasse, não os via. Resolvi-me a descer do meu pedestal e perguntar ao nepalês da frutaria. E ele, já que estavam mesmo por baixo das minhas barbas, troçou de mim:
mas ainda estás a dormir? 
olha que são dez horas! 
estás a precisar de ir de férias? 
precisas de descansar! 

Ontem foi melancia, o que comprei. Sei lá quantos gramas, mas sei que era um quarto de uma enorme melancia. Vim caminho afora com ela a fazer de bandeja, tanto em figura como em pensamento (ambos meus, pois claro), porque ia anunciando mentalmente, umas vezes, e sussurrando, outras, quando me cruzava com pessoas: 
vai uma beca?, para o vizinho da mota 
vai uma beca?, para o amigo das motas 
vai uma beca?, para a mulher do restaurante 
vai uma beca?, para o homem das obras

dois pontos

imutabilidade:
o futuro é doravante

dois pontos

nalgas:
parênteses 

Invasões

O meu estaminé está a sofrer duas invasões. Uma é de moscas pequeninas e avermelhadas. Duas é de formigas sem cor insólita. 

Pequeno-almoço

O chá é de cidreira e o pão é de Mafra. A manteiga, não estando certa, deixo ficar que é dos Açores. 

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Sino

Ninguém aqui. Soava o sino. Corria a brisa. Corriqueirices, as segunda e terceira frases, já a primeira, foi notícia. Que logo perdeu esse cunho porque chegaram três homens - turistas de bicicleta. Diziam, à vez, que vista bonita. E é, mas eu, tanto na minha cabeça como na fotografia, não foi a vista que pus no papel principal. Intitulei este post como intitulei porque, de todo este quadro, é ao som do sino que dou a maior importância.


Lisboa, Lisboa

Andei por aí, Lisboa afora, como se não fosse já habitual, e é até habitual vir contar ao blogue que o faço. Saí do estaminé, subi a avenida, atravessei a praça mai linda, continuei pela avenida, virei na rua que deita para a estação e a estação, por sua vez, deita-lhe um muro alto e segui até não mais haver. Nunca tinha andado ali. Encontrei um chafariz, julgo que seco, datado de 1851. Já conhecia este chafariz mas nunca o tinha encontrado quando vinda do lado do comboio.
Num outro dia regressei. Dessa vez subi à ponte que atravessa a linha do comboio e avistei o Campo Pequeno. Neste, como em tantos passeios, não me sinto perdida, uso a orientação que, não sendo extraordinária, dá para safar. Afinal de contas, cada cabeça sua bússola, né?





acerca da foto:
porque não pô-la em aguarela?
porque não recordar o cartaz?
não pertence a nenhum dos dias falados neste post
foi tirada enquanto parada no semáforo

Lisboa, Lisboa

No cruzamento das avenidas Manuel da Maia e do México, uma mulher interpelou-me. Idosa, de louros canudos e azuis olhos, queria ir até à Gomes Freire e a dúvida era se naquele sentido (avenida do México) ia bem. Ora, como a vi com muita idade, depois do 'sim' que dei como resposta adiantei que era longe. Não vi correspondida a minha simpatia porque me respondeu impaciente que só queria saber se ia bem por ali, que o médico até a tinha mandado andar, portanto ser longe não fazia mal nenhum. Respondi que 'sim, por aí vai bem, força nisso' e segui com a minha vida.
Este episódio trouxe duas questões:
ensinou-me que o ar angelical de louros canudos e azuis olhos podem não coexistir com a benevolência
aprofundou um propósito que por vezes perco de vista e que se chama 'ter paciência para as particularidades da minha mãe'

Sonho

Sonhei com a blogosfera. Sério. O que a gente (neste caso: eu incluída) tinha que fazer era construir um post onde dissecávamos um/a bloguer à escolha. Fazia-se as escolhas e escrevia-se com a imparcialidade no comando, não havia cá 'ai eu gosto mais deste/a!', 'ai eu cá é deste/a!' Ainda assim...
Não sei qual dissequei.
Não sei qual me dissecou.
Não sei se dissequei algum.
Não sei se algum me dissecou.
Não cheguei ao ponto de sonhar com nenhuma destas quatro hipóteses. Ou então o meu cérebro não guardou o sonho. Na verdade ando a sonhar poucos sonhos traduzíveis, id est: para além de figuras difusas em actos confusos, não malembra de quase nada.

domingo, 26 de julho de 2020

O mundo tem pessoas.

«A lente é uma consciência advinda do foco ocular» escrevi em tempos no blogue - e é. Neste curtíssimo filme podemos ver uma Gina levantando a cabeça e sorrindo por se lembrar que as pessoas estavam à sua espera, muito embora não estivessem, naquele momento ninguém esperava porra nenhuma, que é lá isso. Mas, ao que parece, a lente aumenta a consciência, ilude, parecendo que há companhia, mas não há, e isso deve ser por conta do foco ocular. Mesmo.





neste filmezinho o que na verdade acontece é que procuro um papel com uma informação necessária ao discurso
normalmente não sou assim tãããããão organizada quanto isso, de maneiras que a procura se deu sem que interrompesse a gravação, mas a meio calhou de me lembrar disso, então levantei a cabeça e sorri, como se alguém estivesse já a ver-me
considero estes segundos um momento tão curioso que não jogo fora, publico até vídeo no canla... ai perdão, canal e post no lbogue... ai perdão, blogue

Antigamente também era.

O segredo para atenuar a ideia de que me envaideço pra caraças com as minhas actuais medidas, é que as do antigamente já eu não me opunha a mostrar.





Mas olhem que me envaideço na mesma (e nesse antigamente já vocês gostavam de mim na mesma, ah pois gostavam). A foto tem precisamente vinte meses de publicada, veio daqui.

Os primos

À conta de um post que publiquei há dias pus-me a imaginar como seremos, eu e o meu irmão, vistos pelos nossos primos. Não posso dizer que estou super feliz com as conclusões. Ei-las:

___eu sou conhecida como 'a gorda' ou quiçá como 'a calada'
___o meu irmão é conhecido como 'o maluco das bicicletas' ou então como 'o protestante'

Julho

Foi aos meados de Julho que deixei as botas-pantufa e a colcha de cima. Incrivelmente.




nota:
a foto tem quase um ano
vem daqui

Propósitos

A propósito de espelhos. 

Para quando um espelho que reflicta tal e qual eu? Será para que palavras espelhar e espelhado não deixem de fazer sentido?





Do belo, o menos

De pequeno-almoço foi

pão de beterraba com queijo de cabra
___que pode ser reduzido a 'pão com queijo'
leite batido com banana e frutos vermelhos
___que pode ser diminuído a 'batido de fruta'
café expresso
___pá, este, de tão complexo, em pequerrucho só se for o 'número de mililitros'

sábado, 25 de julho de 2020

Loures, 25 de Julho de 2020

O rico filho faz hoje anos, 26, que são os que eu tinha quando ele nasceu. Os meus 26 anos foram completados precisamente duas semanas antes, lembro-me de existir a hipótese de ele nascer nesse dia mas a coisa não se deu. Não sei se é por esta proximidade que somos parecidos em feições e em personalidade, se meramente pela genética. Se a ciência tudo prova, então pronto, há genes que se herdam. Bom, seja lá como for, herdamos genes, mas acho uma ideia bonita, esta de sermos parecidos porque nascemos no mesmo mês.
Bom.
Então.
À semelhança de outros registos de aniversário, repesco um post acerca do rico filho, escrito quando ele tinha 20 anos. Escolhi este porque me sinto espelhada, o que condiz com o que expus acima.


O rico filho agarrou no carro para levar a família ali assim, sendo que da última vez quem o conduzira fora ele (entre parênteses do presente: este bólide ainda usufrui de três condutores). E repito eu:
O que é que acontece quando o rico filho anda com o carro...?
Que tipo de canções soam assim que se roda a chave na ignição...?
Rap.
Bom, o Rap soou no rádio mas ele mudou para a Rádio. Lembrei-o que não era preciso, podia deixar estar. Ele fez que não com a cabeça e justificou:
- Prefiro ouvir quando estou sozinho.
Surpreendi-me, perguntei-lhe porquê e ele respondeu com uma certeza que me desarmou:
- Para sentir.

|18 Novembro 2014|

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Dia de (disseram na Radio)

Hoje é o dia dos primos. Tenho vários e díspares. Dois já morreram, um de acidente de mota: a prática em conduzir aquilo era quase nenhuma (tinha dezoito anos), outro de acidente infantil: empoleirou-se para assomar à janela de um terceiro andar e caiu (tinha três anos). Depois tenho um que é maluco, dois que andaram na guerra do Ultramar, um que é maricas (estou a ser fofinha com o termo), uma que casou muito muito muito jovem e teve três filhos com pouquíssimo intervalo de tempo por entre, um que é... não sei, se calhar este é insípido, uma com a qual sou parecida em expressões e trejeitos, um que é muito tímido, quase não se lhe ouve a voz. Há anos que não vejo qualquer um deles, ainda que um, por morar não longe de mim, avisto de quando em vez e, em vezes dessas vezes, chegamos à fala porque nos aproximamos o suficiente, mas passam-se anos que não. O único primo de quem guardo saudades é daquele que morreu com dezoito anos (eu tinha quinze). Chega a ser hilariante, ou trágico-cómico, sei lá, ter saudades do que morreu e, se morreu, não as posso matar (o trágico-cómico também encaixa aqui). Aquele meu primo era meu amigo. Mesmo. Por isso é que tenho saudades dele.

Ou coisa assim

Lisboa apresentou-me uma tarde de para aí daqui a um mês – temperatura amena, circulação automóvel diminuída, folhas castanhas rolando pelo chão. Estamos aos vintes de Agosto, 'migos, é o que é, embora um mês antes disso. A parte boa, aliás: a melhor, é que, baseada nesta ideia espectacular, tenho como que um mês de caução, ou coisa assim.

Muro de pedra

Nem só livros encontro no muro de pedra, qual quê, ó:

dois pratos
uma tigela
uma caneca


Assim todos empilhadinhos. Que bonitinhos.

O saco verde

Em tempos, a Gina do velho estaminé guardou num saco verde uma boa centena de um dado artigo e veio depositá-lo neste estaminé, como fez com tantos outros artigos. Há dias, uma cliente veio comprar umas quantas unidades do artigo em questão neste post, o qual, por acaso, oh vejam lá, é espaçadamente requisitado, o que faz com que abale da memória da Gina deste estaminé qual é a morada – leia-se lugar – actual. Calhou de a cliente ser uma simpatia, um doce e, ademais, sobejamente conhecida nos dois espaços comerciais que estão em questão neste post. Por isso é que a Gina deste estaminé, enquanto rebuscava dentro de si onde raio teria enfiado aquela porra, ia murmurando:
Eu sei que a Gina da Horex as pôs num saco verde. Eu sei que as pus num saco verde. A Gina da Horex pôs uma data de coisas dessas num saco verde.

Ocorrendo a mudança de saco desse artigo, será para um transparente. Não por modo a ser mais revelador, mas também. Ah, e a gaveta, não duvido que será a mesma.





Ah, pois, querem saber se encontrei, né? Pois está claro que sim!

Comprinhas

Se ontem tinha que comprar pão, laranjas e café, hoje tinha que comprar café, cebolas e alhos. Por força da vontade de lanchar alguma fruta, comprei pêssegos. Quatro. Ainda me falta é o café.

de sobeja

nota prévia:
é uma sobeja do post anterior
em certa altura pareceu-me a mais
a minha cabeça não o liga ao resto
mas como gosto deste pedaço de texto
ei-lo


Não sou de grandes conversas, decerto já todos quantos lêem o blogue perceberam isso. É raro, mesmo muito raro, participar prazerosamente num diálogo e, se em conversas com três ou mais pessoas, então nem se fala (ca trocadilho mai lindo!).

Vã glória

O Filipe esteve de visita ao estaminé e contou-me que vê os meus vídeos, que gosta muito, que se farta de rir (é sempre tão agradável ouvir dizer bem... ah!) Em certa altura, estava eu a desbobinar uma merda qualquer, ele interrompeu-me:
- Olha, vês, é isso, é assim que tu és nos teus vídeos! Tal e qual!
E pronto, o fulcro deste post era, principalmente, registar que nos vídeos – notem bem: nos vídeos - pareço igual a mim. Não obstante, porque não é o bastante, no outro dia a Rita comentou, mais ou menos nos mesmos moldes que o Filipe, os vídeos. Perguntou até se eu faço aquilo por carolice (adorei o termo) ou é algum trabalho (uh, surpreendeu-me). Respondi que faço vídeos porque tenho coisas a dizer e gosto de falar para a câmara. Agora sim, completei o assunto. Adeus.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Ó de Olhos

É verdade que sou tímida mas gosto de olhar para os olhos das pessoas; de lê-los; de que mos leiam. Posso contudo cair na esparrela e ler o que quero, bem como o que não quero, e não o que me é dado. Da parte de quem mos lê, pois que já não é nada comigo. É como escrever coisas num blogue – sou responsável pelo que escrevo, não pelo que a leitura do que escrevi faz resultar na mente dos leitores.

lugares da frase; ou: expiação

latim
árvore amarela
casa azul
muro de pedra
banco hater
avenida

Isto de andar a distribuir literatura Lisboa afora, tem o uqê... ai perdão, quê de satisfazer duas oposições – numa, quem sabe a ideia se concretize, noutra, sucumba. Estranhamente, qualquer oposição me é válida, daí ter (também) escolhido 'expiação' para intitular este post (portanto são mas é três coisas). É que estou para lá de cansada da porra da frase, não se me abala nem por nada, então tive a ideia de a distribuir, assim pode ser que a ridicularize, perceba o quanto é estúpida e me envergonhe tanto mas tanto que o remédio é esquecê-la.

Papelinho

Papelinho, digo eu que não um dos meus, continha três itens:
termómetro
luvas
remédios
Deu para perceber... quero dizer: concluí que a/o destinada/o já contava com a existência de máscaras cirúrgicas no destino. Amachuquei o papelinho e atirei-o para o quintal da demente. E pronto, assim ficámos todos na mesma equipa, a jogar o mesmo jogo - quem rabiscou o papelinho, eu e a demente. Isto é só doenças, 'migos, só doenças.

Tatuagem ao par

Ora bem, se no outro dia vi uma mulher que numa das pernas tinha uma espiga tatuada, relacionando-a (a espiga, 'migos, a espiga) imediatamente com tipos de pessoas (celíacos) e uma proteína (glúten), hoje vi uma mulher com as duas pernas tatuadas, em cada uma, uma asa. Pareceu-me algo a reportar ao angelical, sei lá, mas, desta feita, ai a porra das vírgulas, não ocorreu um ipso facto na minha vida, mas que raio vou eu inventar com asas, tipos de pessoas e proténias... ai perdão, proteínas? Sei lá, lá está.

Do blogue

Aqui há dias, o Luís entrou no blogue, leu umas coisas e, porque lhe perguntei 'então e que tal?', fez-me saber que foi engraçado ler acerca de circunstâncias que ele próprio presenciou, obviamente sob a sua perspectiva e, em outras, foi apanhado de surpresa, não tinha ideia de que eu tinha visto ou presenciado tais coisas. É a velha questão: os meus não conhecem o que escrevo parecendo-me, por vezes, que tampouco conhecem a Gina que escreve. Ora, claro está, isto tem uma certa parte com a liberdade e outra, não menor, com o lamento.

E a árvore amarela, que tal vai ela?

Mais ou menos bela, 'migos, mais ou menos bela. Ganharia bastante com o filtro 'Palma' do meu telefone, mas não quis embelezá-la, pois, embelezando, desprestigiá-la-ia. Árvore amarela que é árvore amarela – nesta caso: a minha árvore amarela - não qure cá filtros melhoradores de beleza, que é lá isso.


A minha mãe

Em cada contacto, a minha mãe recomenda:
Leva a máscara, filha! Senão és multada!
Levo, mas, não levando, não serei multada, não quando na rua. Mas a minha mãe teme que sim, então, como mãe que nunca deixará de ser (a minha) mãe, jamais esquecerá recomendações disto e, ou, daquilo.

Sonho

Sonhei com cera a sair-me de dentro dos ouvidos. Foi um sonho um bocado estranho, este, parecia caramelo - uma pasta elástica a acastanhada, que alguém de bata branca puxava cá de dentro. Tudo indica, portanto, que era um! senhor doutor, só não sei se era o! senhor doutor. Mas lá que estava alguém no ocmando... ai perdão, comando daquela extração, estava.

Lisboa, Lisboa

Sim, os bonecos são os mesmos*

Desvio as caixas, aspiro os tacos, lavo-os, enquanto secam varro e lavo as varandas. Regresso e reponho as caixas, desvio as cadeiras, aspiro o tapete e reponho as cadeiras. Limpo pó dos móveis, será mais fácil do que da outra vez porque, muito embora haja mais superfície onde passar o produto e o pano, a ausência de livros, bibelôs e bugigangas simplifica a tarefa.







*sim, os bonecos são os mesmos deste post, o clique é que é outro, bem como o filtro, que desta feita é aguarela

Bombons não é fruta de Verão.




O meu colega recebeu de gratificação meia dúzia de ovos de plástico, cada um com, vá que dezena e meia, de bombons óne da insaide. Vão-se comendo, mas há ainda muitos, precisamente por conta da ideia que expus no título, com este calor, aquilo lá apetece? O fim do prazo de validade, diz cada embalagem que é para o mês que vem. Pá, congelo, pra que se mantenham frescos até ao Natal ou o quê?

lápis

lápis de cera





lápis de cor





lápis de carvão





nota:
a minha sogra gostava muito de bonecos, encontrei estes e irresisti aos cliques, bem como aos filtros, também esses algo infantis

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Actualidade

Por ora, os meus parafusos preferidos são os 5x50, cujo rasgo, em cruz, tem o nome mai lindo que há: pozidrive. Sei, ainda, de uma situação em que recomendar porcas M8, mas de orelhas, é uma espécie de bem-aventurança. Ou de alívio, vá, e isto por parte do cliente.

Post bué fixe e montes de necessário

Na parede do número vinte e nove de uma qualquer avenida lisboeta que aos leitores lhes apeteça eleger como sendo aquela de que vou falar neste post, está escrito 'Portugal manda', tudo em maiúsculas mas com o 'manda' em maiorzinho que o 'Portugal'. Na mesma parede, talvez nem tão longe assim, está um 'rei', também todo em maiúsculas, mas cuja permanência tem, seguramente, anos, enquanto a outra expressão de que falo, não. E pronto, é todo um poderio.

Três vezes amarelo

Notei que o gatinho amarelo é da cor do chão, o que eleva a maior (gosto de redundâncias, que querem?) a questão de o tornar a pisar. Só que não, que já conto com a correria. Por falar em maior, notei que está ainda maior. Agora já tem patinhas com comprimento suficiente para dar a volta aos meus tornozelos. Não me incomodo com as patinhas do bicho, da boca é que não gosto lá muito, concretamente: dos (por ora) dentinhos. De resto igual, coquinadas no cabo da esfregona, fixações de olhar mal vê que a esfregona vai dançar, arqueia o corpo, ou baixa-se, como quem vai atacar. E vai. E ataca. E às vezes dá as coquinadas já referidas. Por entre, fui dar com ele estiraçado no tapete amarelo. Pois é, nem sei como só o pisei uma vez...

OWZ, online With Zoom

Se estou cansada de usufruir de um Ginásio via online? Estou. Estou mas por ora é o que há e, ao que parece, durará ainda todo o mês que vem. Treino há tanto tempo online que já sou conhecida como a que usa livros em vez de alteres (a Rita chama-me 'a intelectual') e também pela capacidade de resposta – levanto-me rapidamente, faço além do esperável e, apesar dos pesares, sou assídua.
A Rita é a professora que mais interage com os alunos, pergunta um a um como estamos e para todos tem conversa. Presencialmente, a Rita é também assim, só que o presencial dá azo a que todos falemos em simultâneo, resultando em colisões e estilhaços. Paum!, lá se vai a comunicação. E eu? Eu sou tal e qual como sou conhecida nestes onlines, só que, sei lá, talvez não se dê tanto pela minha presença.
Voltando àquilo dos reconhecimentos que de mim fazem, sou conhecida por estar sempre despenteada. Não sei porque pareço menos penteada ou mais despenteada que outra pessoa qualquer, mas é o que dizem duas das professoras com quem interajo e, na verdade, lá está a mesma porra, ao vivo nunca ninguém tinha comentado as minhas madeixas desordenadas.

terça-feira, 21 de julho de 2020

Propósito

Olha a menina para mim:
O que é que vens cá fazer?
Olha eu para a menina:
Venho limpar a tua casa.
Não pareceu surpreendida nem satisfeita, afinal o propósito é meu.

Café

Regressei à mercearia barra cafetaria de outros tempos. Olhe, era um café, se faz favor. Este cavalheiro, pois já se sabe, não faz piadas, qual quê de responder 'era ou é?' E foi. É bom, o café, ali. O senhor tem agora o cabelo muito comprido, até encaracola, e, por junto, deve-lhe ter crescido a simpatia. Bem sei que já dantes lhe tinha visto uns certos esgares, mas pronto, continua a caminhar por aí.

Post com título

Acordei, levantei-me, subi o estore, notei o chão da rua molhado, deitei-me, mirei o abacateiro, desviei a atenção daí para uma nuvem. Imóvel. Atentei novamente no abacateiro. Mexiam-se-lhe as folhas. Ah, então há brisa. Muito bem. Procurei a nuvem. Tinha-se desfeito. À conta da tal brisa, presumo. No caminho vim à chuva. Uma típica chuva de Verão – pingos grossos, espaçados e de curta duração. Foi até giro verificar que o sol, apesar da chuva, não abalou.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

estaminé dramático, enlutado, sepulcral

Ultimamente ando muito apreciadora de filtros escuros e, mas, todavia não escusados, sei lá com que enga ou prazer o faço. Quiçá devido ao cansaço que os olhos têm da claridade destes dias, por uma qualquer vontade de contrariá-la.


antes de mais, a camisola


primeiro:
o drama e as atenuantes






segundo:
como se de luto



domingo, 19 de julho de 2020

think about it, there must be a higher love




título:
Whitney Houston

ondas

onda má
Já não recebo emails do Fuçasbuque. O Facebook, quero eu dizer. No outro dia liguei-me àquela merda e pus-me a ver se conseguia retirar-me da rede. Só que não descobri como, então pus-me a retirar toda e qualquer hipótese de receber notificações, porque na verdade é o que me chateia. E agora quase não recebo emails. E há solidões boas. Seja lá como for ninguém quer saber de ninguém, ou seja: se eu não, por conta de quê é que outros sim?


onda boa
Foi-me pedido para actualizar o meu perfil do Instagram e eu pumba, então vá lá. Para além de deixar o endereço do blogue no lugar a isso dedicado e agora estar para aqui que não dou vazão ao tráfego, quando chegada à parte de deixar umas palavritas, vulgo 'perfil', eis-me:
Pessoa de extrema confiança e deveras recatada. Quero dizer: mais ou menos, vá, mais de confiança e menos de recatada.





cá pra mim, o recato e o tráfego são haveres mutuamente repelentes, hum-hum

De boa mistura

Numa montra, vi uma t-shirt com um dizer interessante:

I don't care anymore

Todas as ideias que admitam a mistura de razoabilidade e mutabilidade têm o meu aval. Afinal as pessoas decidem-se e, mas, depois têm dúvidas, né?

52

Ao passar pelos meios dos anos, costuma dar-me na cabeça, sem querer, tentar perceber como estou e o que sou nesse presente. Creio firmemente que isso me acontece, não por uma figura de vício - pá, faz de conta que o vício tem uma figura, pronto, notem que pode até ser uma figura qualquer, dar-se-lhe o nome de vício e acabou a conversa – mas dizia eu do balanço pessoal, pois é, vejo-me por dentro, esburaco, tentando não escavacar para não esmorecer tanto e tanto, que desista. Por fim alcanço pensamentos – bons, maus e mais ou menos - e atiro-me a um novo ano, um novo começo, cujo é, como sabem, um recomeço. Estou mais velha um ano. É porém de notar que não me sinto velha, sinto-me com a idade que tenho – 52 – isso sim. Vou sentir-me velha quando o for, e lá virá o tempo.

Fui à praia. Fui, fui.

Fui eu que escrevi. Fui, fui.

Tenho raiva do mundo e das pessoas. Não me controlo.
Quem inventou este mundo?
Quem fez isto assim?
Porquê as contradições?
Uma pessoa sente-se só e tem medo das multidões.
Uma pessoa gosta de flores e não consegue obter um jardim viçoso.
Uma pessoa gosta de nuvens e está um sol esplendoroso.
Uma pessoa gosta de cantar e arranja doenças na traqueia, no esófago, nas cordas vocais.
Uma pessoa comunica eloquentemente e aparece-lhe um cancro na língua.
Uma pessoa gosta de escrever e arranja tendinites.
Sumamente: vê-se ruir o instrumento físico a que se atribui maior valor e a beleza não existe nos momentos em que mais precisamos; abandona-nos; deixa-nos à mercê.
Mas não percebem que esses são os prazeres que a gente pode ter?! Que porra!


nota:
fui eu que escrevi
fui fui
há uma meia dúzia de anos atrás

sábado, 18 de julho de 2020

31

Ó Luís! Agora é que a gente se meteu num ganda 31. Para começar, estamos um bocado diferentes.





notas:
1
fizemos anos de casados - trinta e um
2
fiz igual ao meu aniversário - dias depois é que venho contar

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Perspectivas

Vi um homem cheio de gestos e intenções no sentido de tirar belas fotos ao coiso de metal que está na praça mai linda de Lisboa. Sei como é 'migo, a gente mira e aponta, toca no ecrã para definir e clica. Contudo, o homem não parecia satisfeito com ângulo nenhum. Aquele coiso de metal é uma peça desengraçada e cheia de piada em simultâneo. Digo isto porque a gente olha e não vê porra nenhuma que preste seja lá para o que for, mas, aqueles degraus são do melhor para sentar e ver a praça sob outras perspectivas. Não que eu tenha experimentado sentar-me lá, mas é o que presumo. Pá, qualquer dia trato disso, nada melhor do que um não-saber para querer saber.

O limão

Na rua mais bonita de Lisboa, um limão esperava por mim. Se por alguém, porque não por mim? Mais ou menos como a questão que desenvolvi no post anterior, vá. Estava assente no muro, amparado pelo gradeamento. Não duvido que quem o colocou ali o queria doar, e vou eu e pumba. Amanhã vou-me deleitar na sua presença – raspas, polpa e sumo (que são coisas do paladar), cheirinho (que é coisa do nariz)... E estou para aqui a pensar que estão aqui todos os sentidos, o olhar (quando vi o limão) e o tacto. Pá, já agora, né? Não sei bem bem bem ocmo... ai perdão, como é que o tacto entrou na história mas também não o vejo de fora. Esgotei o assunto, adeus.

, eu acho,

O muro de pedra não me serve só a mim, eu acho, há dias encontrei dois livros de estudo lá pousados. Livros deixados assim mostram desejo de tomador, eu acho, por isso é que faço o que faço e como faço. Falo daquilo de deixar os livros que já não quero à mercê de um tomador casual (ver aqui, em querendo). Mas, no caso destes, os que fui eu que encontrei, no dia seguinte estavam no mesmíssimo lugar. Hum, deve ser por serem de estudo, eu acho, ninguém os quer, esta é a tola estação, o calor atola o cérebro, quem quererá pensar aprofundadamente, né? É, pois está claro que é. Dois ou três dias depois os livros tinham mudado de posição, um no chão, ao rés do lugar onde havia sido deixado, o outro lá longe, ao rés do tronco de um dos plátanos. Ventania ou mão humana, sei lá eu. Depois desapareceram de vez.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Afins

No novo site do estaminé, numa das composições aparece a palavra 'afins'. Quando a rica filha leu, convencida que a autora da frase era esta que vos escreve, concluiu:
- Afins... é mesmo à mãe.
Não só neguei, porque na verdade a autoria não me pertence, como estranhei que me 'visse' na palavra, expondo que raramente a uso por a considerar advinda da preguiça. Conclusão: os meus desconhecem o que escrevo, como escrevo, quais as expressões a que recorro abundantemente, as bengalas verbais que me são irresistíveis, os tiques de construção frásica.

Isto tudo e os afins por junto, claro.

Um ponto final

Deixar um ponto final no título do blogue – sem mais - e ir à minha vidinha viraria a tragédia para comicidade. Eu, de cada vez que desisto – da luta de parecer capaz – fico mais longe. Menos capaz, portanto. Pá, fez-me lembrar, que querem? Mesmo que o blogue não seja o todo que é a minha vida, o blogue faz-me lembrar a vida.

sou e estou

Estou mais disposta a fazer o que tenho que fazer, é verdade sim senhoras e senhores, mas porra, o que tenho que ser, o que tenho mesmomesmomesmo que ser... Pois que não.

Entretanto percebi que sei porque estou assim mas não sei porque sou assim. A essência, não se dá cabo dela.

Enunciado

É bem que a pergunta seja também esclarecedora. Eu cá acho. Melhor esclarecimento do perguntador, melhor percepção do ouvinte, que, em passando a respondedor, melhor responderá.

(porra, que salganhada)

Eu a vender-me

A gente - neste caso: eu - passa a vida a expondo ideias, por fora é com muita propriedade, por dentro saltitam montes e montes de dúvidas.

Vou dizendo:
Então, aperta estes dois espigões e enfia-os no ralo. Lá dentro, os espigões voltam ao normal. Querendo tirar, pega aqui, ó, puxa e os espigões são obrigados a apertarem e saem.
Enquanto penso:
Hum, será? Não é. Cá pra mim estou enganada. Pois. Isto não deve ser assim... Ai. Será que a cliente percebeu? Explico novamente? Percebeu?

Descoberta sem graça nenhuma. Digo assim porque se disser que foi uma descoberta interessantíssima vocês não vão querer saber qual é.

Descobri que o meu caderno tem duas folhas de cartolina e, ademais, as partezinhas podem ser removidas à vez sem prejuízo das restantes. Um destes dias, no supermercado, vi uma prateleira com uns quantos iguais. Pá, na verdade foi de lá que veio o caderno do momento. A fazer companhia a esses, estavam mais uns quantos que parecia pertencerem à mesma coleção, pelo menos tinham as mesmas cores. Eram fininhos e dobráveis. E moles. Muito diferentes, portanto. Tinham a ver somente nas cores, pronto.

Eureka

Descobri que, se de mota viajo, as viagens grandes é que me
(me, ok? me!)
vale a pena serem feitas. Aí é que qualquer põe-tira e tira-põe o capacete, mesmo que por tão incessante ser me amoleça o crânio, vale a pena.

terça-feira, 14 de julho de 2020

8379





No passado sábado fiz anos e, desde que sou blogger, esta foi a primeira vez que não dediquei parte do dia a alusões à efeméride e suas inerências e 'ai eu hoje faço anos' e 'ai eu hoje estou aqui' e 'assim' e mais não sei o quê. Não. Au eva, tinha já pensado que num dia posterior aludiria a este importantíssimo caso e cá estou eu, precisamente hoje, que é três dias após. 
Há fotos e tudo.
A foto de cima tem uma luz simultaneamente quente e fria. Quente porque a chama dilatou com o filtro. Fria porque o filtro é um dos de preto e branco. Resolvi quintuplicá-la para não desfasar das de baixo.
As fotos de baixo são alegres até dizer chega. Resolvi-me a fazer o bolo às cores e, para tal, escolhi dois corantes, o amarelo e o vermelho. Este último, quisesse eu o bolo vermelho, que não queria, teria de pôr corante aos montes, assim ficou cor-de-rosa. Pronto, já se percebeu. Ficam as fotos. Giríssimas. Ou alegres, já eu tinha dito. Pá, adeus.






Adeus não, ainda não. As fotos do lindo bolo têm filtro.
A de cima e à esquerda tem o amarelo extraído e deu-me uma trabalheira compo-la assim porque o prato também é amarelo e eu não o queria dessa cor para não tirar atenção ao bolo, de maneiras que passei a 'borracha' em todo o prato.
A de cima e à direita tem o cor-de-rosa extraído e tal e tal, aqui já não se me pôs o caso exposto acima.
A de baixo e à esquerda tem a nitidez no máximo.
A de baixo e à direita tem o filtro Ilusão, que faz assim como que uma espécie de névoa e também abrilhanta um bocado.
E pronto, agora é que vos deixo. Não por muito tempo, claro, e deve ser por isso que não consigo que me tenham saudades.

As árvores e os verdes

Tenho outra foto do momento de ontem, tirada quando sentada no mesmo banco

- não recordo qual o cognome que lhe atribuí, um dia ainda vou buscar o croqui e republico-o, faço até um estudo intensivo no sentido de decorar novamente, tanto os cognomes, como a posição dos bancos sitos na praça mai linda de Lisboa -

às árvores que, dali, são duas, mas, estivesse eu no banco hater

- este sei eu bem qual é, por ser o mais especial de todos, decorei-o -

seriam três. Para este clique se dar como se deu fiz zoom aos bués porque queria os verdes um em cima do outro, numa de contrastar, isto porque foi esse o primeiro olhar. Bem sei que a foto perdeu definição, assim até nem parece que tenho um telefone com uma câmara do caraças e uma lente mais que muito boa, mas e depois, né?



segunda-feira, 13 de julho de 2020

Segunda-feira

É segunda-feira, está tudo certo, tudo a calhar onde é de calhar, com a forma em os conformes e conforme é para ser e tal e tal. O gatinho amarelo, porém, notei-o maior do que na semana passada – Gatinho amarelo, olha lá, és gato ou coelho, pá? Mas que crescido! - Destravado como tudo, e nisso está igual. Tudo para ele é uma brincadeira, a dança da esfregona - que tenta parar com as patinhas - fitas ou fios que pendam aqui e ali, as pantufas da menina, os brinquedos da menina, os lápis da menina, as roupas da menina. Depois, quando farto disso, vem brincar com os meus pés, já o pisei e tudo. Quando isso aconteceu foi esconder-se atrás de uma porta e eu fui ter com ele para fazer sei lá o quê. Ou sei: consolá-lo. Coitadinho. E tem medo do aspirador, abala de ao pé de mim quando o ligo, mas, contrariamente, invade sem ponta de medo o poliban, se o estou a lavar, atrasando o meu trabalho. Corre pela casa, cujo chão acabei de lavar e escorrega e cai e escorrega e cai e escorrega e cai, é decerto um desgoverno do caraças, o que o bicho sente, mas não desiste. Nem eu, passo a esfregona outra vez, já que deixa tudo patinhado. Entretanto fui dar com ele enroscado no tapete que eu tinha sacudido e deixado algures e amontoado, por não ser ainda a hora de o estender no lugar devido. Estava cansado da correria, presumo. Enternecedor, o quadro que me foi dado ver, sim, e muito. Mais tarde, ao passar por aqui, notei que limparam o dizer barra aviso barra conselho barra incentivo barra lembrete. Será que já não é para a gente lavar as mãos?! Pelo sim pelo não, passei a manhã inteira na mesmíssima demanda.

Há pouco visitei o muro de pedra. Toda a extensão tem uns bons vinte metros, um desses metros estava à sombra. Só um. Mal coube lá sentada, eu, pois claro.

Na praça mai linda de Lisboa, um carro parou no semáforo e deu para ouvir a música que lá dentro se ouvia – ainda mais alto, não duvido. Era o Jump (Van Halen), 'go ahead and jump, go ahead and jump' e mais não sei o quê. Hum.



domingo, 12 de julho de 2020

Diário das expressões

Loures, 11 de Julho de 2020
As manas picoas são-no (quero eu dizer: cá no meu blogue) porque um dia encontrei uma história lisboeta que ocnsta... ai perdão, consta de (precisamente) duas manas de nome Picoas, que moravam numa quinta ali para ao lados (precisamente) das Picoas, cujo pai era de nome Picão... e? E vai que. E pronto, na verdade pouco tenho a acrescentar, quando começaram a fazer parte do meu quotidinao e as quis registar no blogue lembrei-me de lhes chamar isso (precisamente) no lbogue... ai perdão blogue. Somente só e apenas. Semelhanças? São duas manas e, as outras, duas manas eram. Coisas passadas em Lisboa. Tanto com um par de manas (rá-rá! pois é, eu escrevi manas, tá? então tá) como com o outro. Pá... coiso. Ah, as manas Picoas (as originais, daí a maiúscula) foram alcunhadas assim porque, como referi acima, o nome de família era Picão e as gentes dos seus comuns dias lembraram-se da piadinha, faltava esta ressalva. Ou repetição. Sei lá. Pá.

Notazinha com montes de interesse:
Isto de vir para aqui debitar 'ah, eu uso esta expressão' e tal e tal termina aqui. Se um dia voltar à demanda, quem vem ler o blogue saberá.


Este post é continuação daqui.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Um qualquer

O homem do blogue pode ser qualquer um, idem para a mulher do blogue, idem, até, para a avenida. Às vezes lá especifico, mormente se me refiro à Alameda, e referindo, então é porque a questão lhe é intrínseca, como por exemplo em dois posts (este link pousa num post onde está o outro linkado) que publiquei aqui há atrasado.
Mudando a agulha, não escondo que dá um certo gozo pensar que haverá alguém - com blogue, homem ou mulher - que presuma ser de si que estou a falar. E estou (sorrisozinho).

Lisboa, Lisboa

Este varandim (foto abaixo) é mais bonito e mais feio do que o do Zé. É mais bonito porque é mais vistoso, limpinho e ensolarado. Mas ocorre que o varandim do Zé é uma questão de primeiro amor, o que tem que ver com saudade boa e desculpabilizada, portanto é mais feio.


Ampara-me as quedas

Caí sempre de pára-quedas. Quando entrei para a Escola, já lá estava o meu irmão. Quando fui para o atelier de costura, já lá estava a minha cunhada. Quando casei, morei numa casa que já tinha móveis. Quando fui trabalhar para o velho estaminé, já lá havia gente. Quando vim trabalhar para o meu estaminé, já cá havia alma.

Número de circo que não é para rir

Cá na minha vidinha laboral, é comum abrir gavetas e empoleirar-me para chegar a um qualquer artigo. Está claro que isto não se faz, pode a madeira dar de si, os malhetes estarem com folga, estamos no Verão e tal e tal. Parece até que as gavetas formam avisos sonoros – rangem. Mas, quando rangem, ralho, que não estou para as aturar:

Tu cala-te mas é, que dantes eram cento e doze quilos em cima de ti!

«E este filho, qual é?»

Através das enormes janelas do salão - aquele onde a Carminho trata de me embelezar - consigo ver parte da avenida. É giro que as janelas recortem a paisagem, se num pedaço de vidro vejo o bico do quiosque, num outro vejo o andar muito alto, aquele que tem uma enorme porta, partida em três, cujos cimos são ogivais. Vejo também carros em movimento. Agora um Renault, agora um Mercedes, agora um Mercedes, agora um Mercedes... Mau. No dia em que descobri que Mercedes é um nome feminino, eu ainda bem jovem, fiquei extasiada. Estar a reparar que marcas de carros estavam em circulação fez-me lembrar do rico filho, que, ainda mal sabendo falar, já conhecia todas as marcas. Era giro pra caraças a gente ir pelas ruas perguntando:
«E este aqui filho, qual é?»
E ele sabia. Mesmo. Dois anitos.

De uma letrinha apenas (e outras virão)




Greita publicitê há nesta embalagem. E nem falo só do tipo de letra, que é indiscutivelmente linda, falo de mais: em algumas faces há dizeres à moda antiga:

deliciosa creação da Fábrica Talicoiso
adorável produto de beleza que transmite à pele um tom de frescura
dissimulante das rugas e dos defeitos da epiderme


Não é o máximo? Pá, não me ponho é para aqui revelando marcas, que ainda vem Mr. Google ralhar. Ah, a 'creação' é para ser mesmo creação, ao que parece, dantes, era assim que se escrevia. Ah, outra vez, 'Talicoiso' existe precisamente por conta de não existirem ralhetes no futuro, não vá Mr. Google achar que, e tal e tal.

Amanhã é sábado

Amanhã é sábado e está previsto que visite o supermercado por mor de me abastecer de alguns costumes. Hum, estou para aqui a pensar que há algum tempo que não me abasteço de novidades... Na semana passada, o dia dedicado a esta visita foi o domingo, pois que no sábado, vai que a minha ivatura... ai perdão, viatura não quis pegar à conta de falta de carga na bateria. Então, chamei o socorrista, neste caso o rico filho, que passou por lá antes de pegar ao trabalho. Fiquei então incumbida de, mal o motor pegasse, dar uma boa volta, nada menos que vinte minutos, uma vez que o mal do pobrezito é que viaja pouco tempo, e ainda por cima espaçadamente, e a bateria vai perdendo fulgor. Assim fiz, rumei até à Rotunda Nelson Mandela, contornei-a, e voltei para casa. Gostei. E aos bués. Uh-uh!

quinta-feira, 9 de julho de 2020

«a pensar morreu um burro»
diziam alguns adultos da minha infância

Se há minhoquice que ponho mais que muito no blogue é hiperligações – ah, no outro dia escrevi isto, pumba, link; ah, estava aqui a pensar que tró-ló-ró e vai que me lembrei disto, pumba, link. Ponho principalmente para que em futuros longínquos eu saiba ao que me referia nesses passados, podendo, ainda, quiçá, algum leitor ficar deveras curioso de conhecer essa referência e então pumba, link. Em tempos pouco usava as benditas hiperligações, chegava até a desprezá-las, e houve um outro tempo em que escrevia com o propósito de não se perceber. Sério, encavalitava as ideias e dilatava as questiúnculas até mais não. E não, não me cansava, era um prazer, pois claro, afinal sou grafómana.
Mas, e, o que vale é que vocês gostam de mim na mesma, ah pois é.
Não só porque tenho outra foto deste momento mas também porque a Luísa comentou o que comentou precisamente nesse post, venho dizer que reconheço ser (até bastante fácil) as pessoas gostarem de mim (pois, imodéstia é, também, comigo), à superfície nada tenho de chocante ou repulsivo para que não. É por isso que destemo por completo declarar que vocês hão-de gostar sempre de mim, e na mesma.