Eu, Gina Maria, aos vinte de novembro pelas dezasseis e trinta e sete, ontem, caí do escadote. Não sei, mas parece que me armei em equilibrista apoiando a trave do escadote num ferro que para ali andava e que, também ele, se equilibrava por entre dois dos lados de uma caixa de plástico já partida e, portanto, cheia de bicos. Ou seja: fui tolinha. Ninguém ajuizado, e inclusive equilibrado, se apoia num escadote em desequilíbrio, principalmente se no lugar de uma carpete, ou mero linóleo, há sucata, que ele é bicos e mais bicos de todas as formas e tamanhos. A pessoa que se equilibre por entre estas circunstâncias e não se deixe cair do escadote, né?, é, mas eu caí.
Bom.
Tenho escoriações e hematomas para durar e durar, sendo que um desses hematomas tem assim como que o desenho da pata de um galo, mas olhem que é um galo grande, tá? Na cinturinha do lado direito tenho uma escoriação, à volta tudo branco e à volta do branco tenho então mais um hematoma, assim mal distribuído, parece o mapa de um país por inventar. No cotovelo: outra escoriação, esta última é a que me tem dado mais que fazer, que sangra por tudo e por nada, ali é só osso, de maneiras que mexo-me um nadinha e lá estou eu a manchar as camisolas na manga direita (teria a vida doméstica facilitada se isto tem acontecido no verão). E ontem sujei o chão do Ginásio. Sério.
Já para não falar, mas falando, do pós-queda, oh céus, subiram-me uns calores tão quentes que me despi o quanto pude, visando o atentado ao pudor, não fosse chegar-me coima a casa, com suores e palidez por junto, logo seguidos de um virar de estômago tão repentino que previ vómito no meio do passeio da rua mais feia de Lisboa. Mas não.
Ah, e foi o meu colega que me levantou do chão. É tão querido e prestável... Um socorrista do caneco, é o que é.
E era isto.
Eu sei, eu sei, sou um bocado inconsequente, capaz de tonterias assombrosas, mas de certezinha que vocês gostam de mim na mesma.