sábado, 29 de fevereiro de 2020

Bicho-cão

Bicho-cão, Olívia, a minha cadela, faz de conta que é especial por, para mim, ser tão especial. Mas não é. Faz o que todos os cães fazem, aquela cena do triângulo - a gente junta polegares e indicadores de modo a fazer o dito triângulo e vai assim na direção do focinho, o que acontece é que ela o enfia aí. É igual a triliões de cães, a minha cadela. Mas é a minha cadela, e nisso não há igual, qual quê. E fica linda em filtro lápis de cor com a intensidade no máximo. A minha cadela é o máximo, é o que é.


Coisas

Duas coisas de que, afinal, não gosto:
Uma
Estar sozinha em casa
Duas
Ir ao supermercado

Sorriso da Lua

Talvez hoje não veja o sorriso da lua, já que o céu está nublado, mas tenho-o visto nas duas últimas noites. É um belo sorriso, feito pelo quarto não sei quê fase da lua. Não sei quê mas posso pesquisar...
Pesquisei mas o sítio onde me apoiei não é lá muito conclusivo, num repente pareceu-me que nos últimos dias a lua está em quarto crescente.
Bom.
Então.
Vi a lua lá no céu e vi-lhe o sorriso. Pus-me logo a pensar que parece um emoji e, havendo emoji ao contrário, que é o triste, os cantos da boca caídos, se se poderá avistar em a gente estando na ponta do céu. Mas a ponta do céu não existe. O céu não tem extremidades. É um todo. Tudo preenche. O céu é uma coisa muito especial. Eu devia ser um céu. Não. Mais longe, ainda, das pessoas? Não. O céu está longe das pessoas. Sou um céu.

Uns quantos quandos

Quando a meio do treino percebo que ainda tenho montes de coisas para fazer até estar longe da vida, vulgo dormir. Quando percebo que o que tenho a fazer são sobretudo coisas chatas e inglórias. Quando percebo quão poucas são as coisas boas que há que fazer até ao bendito descanso. É quando percebo que essas coisas têm que ser mesmo muito boas, pois, quando não, a vida não se aguenta.

Gabona

Não é para me gabar mas convém-me dizer-vos que já gastei os lenços do pacote que tem ananases desenhados em cor-de-laranja e agora uso um outro, não menos lindo, que tem plantas de três espécies, desenhadas, por sua vez e incrivelmente, em branco.

Novidades

Comprei morangos. Agora já são bons. Quiçá pelo não frequente dia - 29 de fevereiro, ocorre a cada quatro anos e nha nha nha - a verdade é que os morangos que hoje comprei são do caneco. Tirei uma foto mas está, pronto, não, é, é esquisita, não combina com o momento, ou com o blogue.

Comprei um tacho todo apaneleirado - Ah, e que tem a pega em baquelite soft touch estilo madeira; ah e que tem uma tampa de vidro temperado; ah e que tem uma excelente distribuição do calor e é resistente à corrosão e é leve; ah e ah e ah.
E de conselhos (O concelho é Loures. De nada, ora essa.)?
#1 Tampa presa?
Aqueça a peça lentamente até conseguir retirar a tampa.
Pá, é um conselho válido.
#2 Como adicionar temperos:
Antes de adicionar temperos certifique-se que o líquido está a ferver.
É outrossim válido, sim senhoras e senhores, e eu queria muito lembrar-me disto doravante. Entretanto não faço ideia se é prática corrente desta que vos escreve, alembra-me lá eu se? Eu não!
#3 Indicado para indução?
Se tiver dúvidas se a peça é apta para indução, coloque um íman no fundo. Se o íman ficar preso, então pode utilizar em indução.
Indução, prisão. Hum. Ai, ai-ai-ai-ai.
#4 Comida queimada?
Adicione bicarbonato de sódio e esfregue com uma esponja macia. Em seguida enxague com água e seque imediatamente.
No meu estaminé há bicarbonato de sódio - boiões de cinquenta gramas - mas não há tachos.
#5 Comida colada?
Adicione água e uma gota de detergente. Leve a ferver por alguns minutos e raspe com utensílios de plástico ou de madeira.
Nada a acrescentar. E (eu) lá (me) vai acontecer que a comida se (me) cole ao tacho?! (Eu) Não!
#6 Manchas esbranquiçadas?
Junte um pouco de vinagre e água e aqueça a peça por alguns minutos. Deixe arrefecer e lave. (apenas para aço inox.)
E ele não é aço inox? Digo: este tacho?

Café

Café. Muito debito eu acerca de café. Coisinhazinhas de café. Haviam até de ter uma etiqueta no blogue, os meus cafés. Bom. Então. A máquina de café do estaminé anda tão descompensada que em quase todas as utilizações se põe com amoques. Levanto a tampa para introduzir a cápsula e fico expectante: vais avermelhar ou deixas-te estar no verde? A maioria das vezes avermelha, como acho que já se percebeu, mas acho que ainda não se percebeu que quando digo avermelhar é uma questão de leds que se acendem para sinalizar que o depósito está de tal modo cheio de cápsulas vazias (ah ah) que não suporta nem mais uma. Ora isto antecipa a tarefa de remover essas inúteis (mas recicláveis), pois que, estivesse a dita no seu normal viver, avermelhar seria questão de umas oito ou nove cápsulas usadas no depósito, mas não, avermelha às quatro ou cinco. Gera-se também outra questiúncula importante (ah ah)
(pá, já sabem que gosto de dizeres que esgrimam entre si, a questiúncula a achar-se importante, a importância a não querer dá-la a uma questiúncula, precisamente por sê-lo, eu no meio disto tudo, cheia de prazer, pronto, coisas assim)
- É que isso significa que o chão se me mostra pingado e sujo muitas mais vezes do que o normal. Pois.

Cafés

A rica filha gosta de café quase desde que nasceu. É. Em pequerrucha (não em bebé) fazia-lhe um carioca pingado (com pouquíssimo café e muitíssimo leite, coisa para dez por um) e ela lambia-se com aquilo. E sempre sem açúcar. Actualmente continua uma verdadeira apreciadora de café, pois que gosta de qualquer tipo, expresso, curto, cheio, de cafeteira. Enfim, todo o rol.
O rico filho nunca gostou de café, nunca lhe luzindo, portanto, o olho sempre que o café chegava à mesa, mesmo hoje. Às vezes, quando vem de visita, lembro-me de perguntar:
Olha lá, André, já bebes café?
E é que não, a resposta. Mas um dia ele chega lá, com o historial de relações humanas e familiares com que já conta a sua curta vida, hum, ai chegas lá, chegas, ó rico filho.

A bem dizer nem gosto de chá

De todas as bebidas prefiro a água. A seguir vem o café, daí salta para o sumo de laranja e depois chego ao chocolate quente. A bem dizer nem gosto de chá, nunca bebo todo, deixo sempre um restinho.

Sulistas muito a Sul

Os povos do Sul, nomeadamente os do Baixo Alentejo, chamam de você a quem querem tratar com deferência. É por isso que sempre ouvi os meus pais tratarem todos os meus avós por você e até cunhados e cunhadas, a distinção está aí. Eu fui ensinada assim – mãe, você isto, pai, você aquilo. Mas ali por alturas da adolescência virei-me para o (alegadamente) moderno e desde aí tuteio os meus pais sem escândalo. Sim, escândalo, embora o meu pai marimbasse para isso, a minha mãe não gostava nada, mas eu lá fui tenteando e tal e um dia a coisa instalou-se deveras – ó mãe, tu aquilo, ó pai, tu isto.

Pulseira

A rica filha pediu-me ajuda, se lhe colocava a pulseira. É consabido que unir uma pulseira é problemático para o ornamentado, por isso é que não foi antes de esforços que veio o pedido:
- Mãe, tens que ser tu.
Perguntei-lhe se era de enfiar ou de encaixar, pois se era de enfiar tinha que pôr os óculos. Ela pensou um bocado e concluiu que não me sabia dizer ao certo e eu fiz gestos de quem se mete a jeito para unir uma pulseira, antes de mais, sem óculos. Ora bem, a pulseira da rica filha é de enfiar e de encaixar - uma das extremidades tem uma bolinha que se enfia no meio círculo de um cilindro, que está cortado ao meio (daí o meio círculo) e articula… mediante o quê, uma dobradiça liliputiana…? Talvez, é que sem óculos, pá… Fecha-se o cilindro e dá-se o clique. De resto, a rica filha está a viver o seu sábado (de trabalho) com uma pulseira que fui que eu que uni. Então pronto, até já, ou coisa assim.

Cimo

Já cumprimentei o abacateiro e dei montes de atenção ao seu cimo, que é igual ao mapa de França e mais não sei o quê - 'olá 'migo, bom dia! Nada como uma criação minha para me descansar.

Sábado

Quando acordei, foi fixe perceber que hoje é sábado.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Actualização

Das vinte e seis árvores que estão na rua mais bonita de Lisboa, contei dezanove com folhinhas.

E é

Errar da mesma forma mas por motivos diferentes, é o que tenho estado a fazer. De repente parece uma parvoíce, e é, mas ter chegado a esta conclusão não é parvoíce nenhuma.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Comentário

Um fornecedor, tipo assim como que a querer ambientar-se a este espaço comercial, comentou:
Ah, muito bem, vejo que vocês dois combinaram de vir igual.
Eu explico: era acerca da cor das nossas partes de cima, o meu colega estava de roxo, eu de roxo estava. Já que a pessoa em questão é mais para o comedido do que para outra coisa, estranhei tanto que não percebi. Na verdade este post trata só da afoita entrada do meu fornecedor. Mas é giro na mesma. Pois. Foi com ironia que respondi ao senhor 'ah, nem tinha reparado, hoje ainda não tinha olhado para ele, sabe?', mas o post terminou lá atrás, seguido do 'Pois.' e, ademais, eu não tenho graça nenhuma.

Lisboa, 27 de fevereiro de 2020

Estive hoje a ver quantas das vinte e seis árvores que estão na rua mais bonita de Lisboa têm folhinhas novas. É de notar que se encontram em treze linhas, que entendo como um frente-a-frente e vou explicá-las aos pares, portanto:
das primeiras: as duas têm
das segundas: a do lado direito tem
das terceiras: as duas têm
das quartas: as duas têm
das quintas: a do lado esquerdo tem
das sextas: a do lado direito tem
das sétimas: a do lado direito tem
das oitavas: a do lado esquerdo tem
das nonas: a do lado esquerdo tem
das décimas: nenhuma tem
das décimas primeiras: a do lado esquerdo tem
das décimas segundas: a do lado esquerdo tem
das décimas terceiras: as duas têm

Questiúnculas inerentes:
O total de árvores com folhinhas novas é, portanto, as vírgulas aqui estão a fazer de rufar de tambores, dezasseis! Dei tanta atenção a estas árvores que me esqueci de remirar a árvore amarela, isto no sentido de me certificar se já lhe nasceram as ditas folhinhas. Mas não. Seja lá como for, não é costume aparecerem-lhe tão cedo. Depois, quando passei pela praça mai linda de Lisboa, vinda do esquecimento exposto anteriormente, remirei as árvores que por lá moram e nenhuma tem folhinhas.


actualização deste post

Pessoas

Dei duas grandes novidades ao meu colega, quando vinda da rua:
Uma
O cabeção andava na rua de braço dado com o seu amor
Duas
O aparafusador já fuma daqueles cigarros modernos
Deu-me uma grande novidade, o meu colega, ao depois de escutar as minhas:
Única
A Bebeu requisitou um serviço ao domicílio

Dia de (disseram na Radio)
Lanchinho
Graminhas

Hoje é o dia do morango e fiz por ser o meu lanchinho. Comprei trezentos e oitenta gramas deles, o que fez mais ou menos uma dúzia. Deles. Ah ah. Bem que tenho dito no blogue que ainda não é tempo de morangos, que é fevereiro, que é cedo que se farta, que estão verdes, que e que e que. Mas comi uns quantos. Sei lá... seis...? Verdes. No pezinho. Ah, e tenho foto.


Dois sentidos

São 15:15, Mr Flanders passa na rua, ao largo do meu estaminé.
São 15:32, Mr Flanders passa na rua, ao largo do meu estaminé.
No entremeio, quiçá Mr Flanders tenha bebido um copo de três.

Sonho

Sonhei com a dona dos bichos-gato. Ela ocupava-se com a lida da casa e eu brincava com os bichos. Não é ver o filme ao contrário, é que agora quem se ocupa dessa lida não sou eu, que a casa está em remodelações.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Carisma

A senhora que está na casinha de madeira à entrada do parque privativo tem tanto em idade como em maquilhagem - muita. É, contudo, carismática. A senhora que está à caixa do sapateiro é igual. Igual. Gosto de pensar que são a mesma pessoa, perfiro acreditar que não há pessoas carismáticas e, porém, iguais a outras.

Um sem-fim de oitos

Uma cliente achou muita graça ao 8 com que marquei a chave que lhe fiz.
- Ai tão giro! Adoro o 8.
Acrescentei que é o símbolo do infinito. Acrescento agora que um oito é um sem-fim de oitos, e é assim que vou chamar a este post. 

Redondo círculo

O senhor do restaurante pôs o relógio a arranjar e, para isso, fez-se cliente de um cliente - redondo círculo, ah ah - que lho entregou mal chegou para almoçar, logo dizendo que o interior da útil peça estava cheia de gordura. O senhor do restaurante respondeu convenientemente: oh, é natural, trabalho com o relógio no pulso! Depois ouvi o valor a pagar pelo conserto do relógio mas não ouvi como foi feito o encontro de contas. Logo a parte mais gira...

Medicina Nuclear

Medicina Nuclear?!
Sim! Não é o máximo?
Bombas, foguetões e.

Na sala de espera uma mulher da minha faixa etária mostrava-se-me bastante inquieta. Éramos, portanto, duas. Quando chegou a minha vez a recepcionista disse-me que não era ali e indicou-me o caminho. Que estava errado. Entrei numa sala de espera para consultas de obstetrícia porque vi a recepção sem ninguém e toca de ir lá perguntar. Não sabiam. Percorri mais não sei quantos corredores, sempre à procura do quadrado 'Medicina Nuclear'. Nada. Havia consultas de tudo… Menos de Medicina Nuclear. Porra, estou-me a sentir mesmo importante com isto, mas é só desde que estou a escrever Medicina Nuclear. Entretanto dei com a recepção do hospital. Não, nada disso, a! Recepção do Hospital. Sabiam, e fiquei a pensar que era ali que eu devia ter ido logo ao início. Na próxima vez já sei onde me dirigir mas não vai haver próxima vez, o senhor doutor deu-me alta, achou que a minha garganta está bem, depois que ma apalpou. E eu toda feliz, claro, mostrei-me até assim - digo: feliz. O senhor doutor também me pareceu feliz, era eu a despedir-me, obviamente cheia de piada mas principalmente feliz, 'então até uma outra vez mas não nesta circunstância, que noutra não me importo nada' e mais não sei o quê, e o homem ia dizendo 'ah que maravilha, que maravilha!' Não percebi aquilo. Aqui é que já fiquei sem perceber a ponta dum corno. Não percebo as pessoas, é o que é, mas como tenho o blogue ponho-me aqui a fazer que sim, comecei este post cheia de certezas e tudo. 

Lisboa, 26 de fevereiro de 2020

Das vinte e seis árvores que estão na rua mais bonita de Lisboa, são para aí umas seis as que já têm novas folhinhas, descobri hoje. Em outro dia hei-de registar quantas, e é claro que entretanto o número pode aumentar, mas é o que é e há-de ser e pronto. E este post tem muitos seises.

Lisboa, Lisboa

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

É Carnaval, ninguém leva a mal.

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O que é que eu vinha escrever?
Não sei.
Já sei!
Era acerca do.
Que afinal é o.
Oh.

Dedos

Eu bem disse que a faca ia servir para me cortar inadvertidamente. Já está. Não é grande corte, mas é-o.
Eu bem que tentei retirar a pele do dedo. Já está. Era grande e estava metida muito para dentro, tipo eu. Estou outra vez a comparar-me às coisas que escrevo.

Pimentos

Não está, mas vai estar, na lista de supermercado: pimentos e funcho ou coisa assim. Os pimentos há-de vir para cá a casa uma embalagem com três, cada um de sua cor - amarelo, verde e vermelho. O funcho ou coisa assim, digo que a coisa assim se deve ao facto de eu agrupar este com o aipo e a sua raiz. E agrupo porque me parece que o sabor de um anula o do outro. Sim, bem sei que o aipo e sua raiz não diferem tanto assim. Já está, esta sim, digo eu na lista, uma forma de bolo com fundo amovível. É em material repelente (como eu, ah ah), redonda e sem buraco. É fixe, parece-me. 

Lembrando a Primavera

A t-shirt branca com letras, a amarela e a camisinha branca já estão penduradas. Podia ter tido o mesmo destino: a camisola cinzenta com letras brancas, a amarela com bordados e a florida. Mas é que não tenho cabides disponíveis.

Pertencentes

O móvel de entrada tem loucos enfeites - uma chave de porcas, um alicate de corte, quatro rodízios para caixilho de alumínio, um pedaço  de veda-portas e outro de cabo de aço, uma lanterna multifunções, um punho de torneira, três caixas de junção, dois cerra-cabos, quatro velas e um filtro de óleo para automóvel, um frasco com casinhas e hoteizinhos do Monopólio, um frasco de perfume oferecido pelo rico filho. De comum enfeite, porém outrossim fértil, há uma placa, uma espécie de bandeja, vá, onde estão colados dois potes e duas estruturas trabalhados em latão, uma peça metálica em forma de meia-cana, há ainda um abre-cartas, mas esse não está colado. Este enfeite é um conjunto para escrever à antiga e arrumar correspondência - os potes para a tinta, as estruturas para amparar a papelada e a meia cana para receber a caneta. Ou pena. Só falta a caneta. Que pena.

Memórias em cadeia

(pode ser) Pegar num elemento e perceber que assuntos despoleta.

Elis Regina

Chamava-se Cristina e andava comigo na costura. Um dia a Rádio passou a canção Águas de Março da Elis Regina e nós, que já estávamos a falar de que músicas gostávamos, que géneros e artistas, dissemos logo que não suportávamos esta canção. A Cristina até troçou: « é pau, é pedra, é puta que pariu!» Rimos, divertidas com a nossa vida de ouvintes convictas do seu gosto musical. Actualmente, não é que me seja insuportável ouvir este som, é que me é importante por conta desta cena ocorrida há largas décadas, da qual me lembrei por precisamente a ter ouvido na Radio não há nada de tempo.

Conversa de elevador

Eu vinha chegada do supermercado, tão carregada como é meu costume, quando ouvi atrás de mim: «Quer ajuda?» Era a voz de uma jovem. Recusei a ajuda e agradeci. A recusa adveio de não me ser necessária a ajuda e o agradecimento de ser educada. Não, fofinha. Não, fofinha foi a rapariga, e deveras surpreendente. Abriu a porta do elevador, carregou no 'meu' botão e colocou-se na parte de trás da cabine porque eu sairia primeiro. Ao sair achei por bem elogiar a sua simpatia e prestabilidade. Como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, sou de pouco falatório, contudo, de há dois ou três anos para cá, ofereço elogios a quem considero merecedor. Para quê retê-los? Os elogios são incentivos. De resto: esta foi a melhor viagem de elevador que fiz até hoje.

Post em muito

Voltei a apontar 'ovos e ovos' na lista de supermercado. E açúcar branco. Gasto muito açúcar. Gosto muito de ter muitos ovos em casa.

9 de junho último

Estive a terminar de editar o vídeo do dia 9 de junho último, onde apareço eu a dizer de uma rosa lá no quarto de hotel e mais não sei o quê, e no vídeo digo 'ah, a ver se não me esqueço da rosa' e tal e tal, mas esqueci-me. Não veio comigo, é certo, mas está em imagem, voz e letras, sendo que em estas está até por duas vezes.

Más batatas

Até me deu vontade de nunca mais comprar batatas-doces, de tão estranhas que as últimas me saíram. Assei-as no forno, como faço muitas vezes, aproveitando a cozedura do bolo do momento. Sim, podem chamar-me de pessoa preocupada com o (quase quase quase in) sustentável planeta, mas chamem-me antes de poupada. Bom. Então. As batatas-doces saíram-me caras, foi o que foi, que foi por foi, foram mas foi parar ao lixo, de insustentável que era a textura das ditas. Eu cá nunca me tinha aparecido nada daquilo, oh porra.

Loures, 25 de fevereiro de 2019

(do calor excepcional)
Os primeiros dias de calor foram embora.
Agora há que aguentar o Inverno.
Estoicamente.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

É Carnaval, ninguém leva a mal.

Comprei um sutiã para desporto que se revelou desconfortável pra caraças. 
Começou a fazer bicos onde não os tenho e as alças são de cruzar e isso, afinal, não é fixe.
Entretanto já fiz a - confortável - substituição. 
Substituição, neste caso, é sobra.
Sobra-me agora um sutiã giro que se farta, mas desconfortável.
Estou a pensar fazer do desconforto uma parte de cima de biquini.

Lisboa sem o meu costume

Estive na Mouraria, lugar de pouquíssimos portugueses, e, enquanto o meu colega tratava da fechadura do cliente, notei uma mulher pequena de telemóvel ao ouvido. Mesmo ocupada com a conversa telefónica metia-se com cada conhecido/a que passava: - Boa noite! - Invariavelmente era-lhe respondido: - Boa noite. Nem a tinha visto. - É que a mulher era mesmo muito pequena, era anã. Não sei se a comum resposta era uma brincadeira recorrente… Pode ser que eu volte ao local um anoitecer desses.

Lisboa de outros costumes

A avenida Almirante Reis tem um prédio que, se não está vazio de todo, então é pelo menos isso o que parece. É o prédio onde aprendi a escrever à máquina (dactilografar, para ser precisa). Se bem me lembro era Inverno e lembro-me bem que tinha quinze anos. Foi uma enorme aventura, este curso, foram as minhas primeiras viagens a Lisboa, sozinha. Lembro-me, e também bem, que saía na estação Arroios e, chegada cá acima, se queria saber para que lado me virar, era encaminhar-me para a torre do prédio do Areeiro, aquela do meio, e embicar – tunga, tunga, tunga.


Nota mui necessária:
No blogue, quando refiro a avenida isto ou a avenida aquilo, é uma qualquer avenida destas que estão ao meu redor, às vezes até à Alameda eu chamo avenida. A maioria das vezes, na verdade.

Lisboa sem o costume

Nem hoje é quarta-feira nem vai ali a dona Raqueline. Antes era em todas as quartas-feiras que ela ia ao cabeleireiro da rua. E até o cabeleireiro já o não é. Está tudo a mudar. Quando estou muito tempo sem ver as pessoas penso que morreram. É um pensamento racional, muito mais do que dramático, e ainda bem que eu tenho um lbogue… ai perdão, blogue, que assim venho para aqui dizer as merdas que quero e como as sinto e pronto. Há montes de tempo que não vejo a dona Raqueline, ah pois há.

Nota importante

Terminei o caderno azul, o canhenho, e folgo que assim seja porque me era desconfortável. Tenho agora um outro, que comprei na Holanda e acerca do qual já fiz post há tempo. O meu canhenho é agora cor-de-rosa às bolinhas brancas e na capa diz(-me) 'strat with yay'. E já o startei, startei-o há para aí umas duas horas.

Microfone sem rede

Há um ponto deveras importante no microfone do WhatsApp, é que, iniciando a gravação, não há como fugir. Seja lá que for que a gente debite, podendo ir de sábio monólogo à mais reles patacoada, aterrará no destinatário. É, portanto, tal e qual como comunicar presencialmente - vocalizou, ouviu.

olá, bem vindos a mais um post




nota:
a foto sem filtro é a do canto inferior esquerdo
nas mais, quis retratar uma cor por cada  
dois verdes e um amarelo

Não é para já, o fim do Carnaval, que amanhã há mais, ou hoje ainda, mas já cá cantam despojos.

Bom dia!

De manhã, o dia ainda noite um pouco, lá estava o cimo do abacateiro, armado em mapa de França. Há tempo que não lhe dava atenção, tanto no blogue como na vida.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

É Carnaval, ninguém leva a mal.

o momento presente é meramente e consabidamente
'nunca fui assim e nunca mais vou ser assim'

Tacinhas

Gosto que as peças de louça sejam do mesmo feitio e de cores diferentes ou então da mesma cor mas de feitio diferente. É assim: nenhum igual. Parece até, quero dizer: está a parecer-me, que este meu gosto é a cara do és-não-sendo-porra-nenhuma, vai daí, é mas é a minha cara.


Questão de língua

Deitei a marmelada fora. Não sabia mal mas também não sabia bem. Confiei nas papilas.

Cremes

Decidi que compraria um creme de mãos assim mais para o baratinho, cansada que estava de coisa boa, e escolhi um isso mesmo – baratinho –, cheiroso, mas de um cheiro que, não sendo mau, é sobejamente persistente. Pronto, sabem como é, à conta desta escolha tenho a minha vida toda desfeitinha. Salvem-me as letras, as palavras, as frases, os textos. Principlamente os desinteressantes.

creme
é ideal para o cuidado da pele de toda a família
com o seu poder elevado de hidratação cuida e protege a pele, incluindo as mais sensíveis e delicadas
crema
es ideal para el cuidado de la piel de toda la familia
consigue un mayor grado de hidratación, cuidado y protección de la piel, incluso de las más sensibles y delicadas
crème
hydratante idéale pour la peau de toute la famille
elle s' absorbe rapidement en laissant la peau très douce
pour toute sorte de peaux, même le plus sensibles
cream
is ideal for skin care of all the family
procurs a great degree of hidratation, care and protection of the skin, even of the most sensitive adn delicate

É um creme meide íne speine, e a embalagem traz também coisas como kpema, kpem e krem e, ainda, escritos que eu, do alto da minha ignorância linguista, remeto para árabe.

sábado, 22 de fevereiro de 2020

É Carnaval, ninguém leva a mal.





Os bonecos a indicar qual o wc que pertence aos homens ou às mulheres estavam trocados, ou desfasados, das letras (não se vê nas fotos, digo eu as de baixo), mas estavam de acordo com o interior. Os sinais de trânsito foi também uma boa descoberta, ou ideia, assim as gentes ficam sabedoras de que à entrada do wc masculino é stop,
ó tu pára mas é aí,
e à entrada do feminino é não entrar,
ó tu fica mas é aí.
Por entre o parar e o ficar há concórdia, vai ter ao mesmo, é finito, retém, estagna.
Da foto de cima pouco tenho a dizer - pá, sou eu, e eu já se sabe.
De resto, está tudo bem comigo, obrigadinha.



Absurdez

Perguntar se
eu
posso fazer uma pergunta absurda
Perguntar se
Esperar que
tu
podes ser absurdamente sincero na resposta


ideia daqui

Gina, numa relação com o supermercado.

Pois que hoje não há relação de Gina com supermercado. Rico filho perguntou a mãe: Mãe, emprestas-me carro? E mãe disse sim. Gina pretende ir a supermercado outro dia não distante deste mas logo vê como fará. Verá como há-de fazer. Fará como vir que é melhor. Verá e fará. Ou verá e não fará.

Na última lista tinha apontado 'ovos e ovos', querendo isto dizer que queria comprar muitos ovos, pensando já em vinte e quatro. Vinte e quatro são muitos. E comprei. Faltou-me isto da última relação com o supermercado. Tem-me andado este itenzinho a bailar na cabeça todo este tempo. Uma semana. Uma semana, vejam só. Vejam mais: ocupo a minha cabeça com coisas que não interessam para nada. Habituei-me a isto. É que era isto ou ir para a Assembleia pregar medidas justas e viáveis, enfim, coisas capazes, que no mais não estou a ver importância nenhuma. O que é que o mundo tem para me oferecer? 

Não chego a alfarrabista

Ando a rever velhas revistas de culinária, decidindo quais as que quero manter, mas, a bem dizer, é quase nenhuma. Dá-me uma certa pena deitar fora estes registos em papel, mas preciso de espaço e, afinal de contas, as receitas estão todas nas netes, de pouco serve ter papéis acumulados com informação de que não preciso com frequência, se ademais a tenho no digital. Pá, a gente quer uma ideia, vai ao Google, vai ao Pinterest, vai ao YouTube.


… né?






é!


A imagem acima pertence à revista Teleculinária número 796, datada de 16/05/1994. O artigo era acerca de gravidez - nesta data eu estava grávida do rico filho, ó pá tóin xiru! - e, dentre outras abordagens, o excessivo aumento de peso aquando dessas ocasiões estava presente, daí a imagem encaixada no artigo. Achei-a tão bonita que fica o registo.
Entretanto, mais desfolhares houve nesta demanda e encontrei um recorte de um bolo de amêndoa e laranja, presumo que tenha gostado da receita e pumba, recorta aí, ó Gina, guarda e depois fazes. Mas não. Vai parar ao lixo também.
Uma outra questão que quanto a mim é registável foi ter encontrado uma receita onde ainda há o passo de cozer a lata de leite condensado na panela de pressão, tarefa inútil hoje em dia, ideia completamente arrasada pela indústria, há latas de leite condensado já cozido ao pontapé nas prateleiras das lojas e supermercados. Há até um já preparado para brigadeiros. Hum, pensando bem, não tenho visto estes últimos… Em tempos comprei, mas esses tempos são tão mas tão idos que nem sei o resultado que obtive.

Oh vejam lá!


Pois, pois. Oh vejam lá! Mesmo!

Sexta-feira

(Sexta-feira no título e hoje é sábado.)
Estava ontem a pensar se a sexta-feira antes das festividades do Carnaval se chama 'sexta-feira de Carnaval' ou então não.
Não estou certa se um sábado como este é o sábado de Carnaval, se só o domingo e a terça-feira é que têm direito ao epíteto.
No blogue, nunca criei uma etiqueta com carnavais nenhuns em anos nenhuns.
Na vida adulta, nunca relevei o Carnaval.
Deve vir daí, este não criar.





A foto está montes e montes de filtrada.
Sou eu, sou.
Achei muita graça ao filtro, lembrou-me automaticamente os brasis - as ramagens lá atrás, a par com a minha camisola, fizeram-me lembrar as cores desses lugares tropicais.
Sim, estamos no Inverno.
O batom também é fixe.
Pá, olhem: hoje é sábado de Carnaval. Não, Sábado de Carnaval.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Dióspiros

Aquela senhora que vende dióspiros porta-a-porta estava na paragem de autocarro e vinha lá um. Pôs-se logo hirta e expectante, mas um automóvel - ligeiro e parado em segunda fila - atravancava o caminho do autocarro, daí que a hirteza e a expectativa se lhe tenham prolongado mais, mas pouco, que logo se conseguiu parar o autocarro no lugar ideal e subirem os passageiros para tomarem lugares, que de ideais poderão não ter nada, ou ter. Ter por ter acho que tem uma árvore que dá dióspiros lá no quintal, esta senhora. - Acho. - Ou várias. Ou um pomar. Se bem me lembro ela pende também para figos por alturas do agosto de cada ano.

#sorrisofingido

Os sorrisos aparecem perante uma lente de máquina fotográfica há um século e tal, quase parecendo uma questão espontânea. Daí que as redes sociais estejam cheias de pessoas bem dispostas, mesmo que em fingimento, é espontâneo. Foi sempre assim, 'migos. E antes das lentes era o pincel na tela, antes disso é que não sei mas alvitro que era a pedrinha afiada que na rocha esculpia os sorrisos fingidos da época. Foi sempre assim – finge-te, finge-te, finge-te. Doerá menos.



Lisboa, Lisboa

Vai o fevereiro em dois terços e picos quando deixo fotos das florzinhas das árvores do jardim. Trago esta novidade ao blogue anualmente e pronto, cá está. Falta só dizer que as flores foram avistadas ontem, no dia da tal data teimosa, mas não tirei as fotos, que essas, ou estas, são d' hoje.



Lisboa, Lisboa



Foto de cima
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À chegada
Eram 10:18
Foto de baixo
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À partida
Eram 12:43
Ambas as fotos
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Na altura da primeira havia nuvens, aquando da segunda já não tantas. Achei giro que o céu encoberto equilibrasse a luz





Notazinha
📝📝📝📝📝📝
As fotos são de ontem, a data com números teimosos

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

20/02/2020

A data d' hoje também é gira, o zero.dois a teimar em ser diferente.




A foto é um filtro do Snapchat, que quis melhorar, tanto com um filtro do telefone como com o realce em volta dos números, e o retratado é o tecto do estaminé.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Fevereiro 2020

Na parede da marquise há um quadrinho tipo azulejo que diz 'deus abençoe este lar' com acento circunflexo no ó e um calendário do ano corrente, ao qual não foi rasgada nem a folha com os votos de bom ano, quanto mais a do janeiro, e o modelo fotográfico é um cachorro em tão alegre pose que destoa com o doente acamado no quarto ao lado. Gostei do banco de madeira, pintado com a mesma tinta que as ombreiras, que a cliente (que por ora visito) estendeu às cantarias. Não se pinta as cantarias com tinta de esmalte, mas pronto, menos bom ainda é borradas que estão.

Chicha

A senhora do talho aconselhou-me - e mais vivamente não podia ser - a comer, que estou 'mesmo magra, magra, magra, mesmo magra.' Às tantas ela tem razão, antes, e num outro tipo de loja, quando encomendei os colãs não serviu de nada ter pedido o número abaixo, é que me chegam até às mamas na mesma.

Aquecimento

Em vindo estes primeiros aquecimentos, nem só os velhos se põem ao sol mas também os jovens sabem receber essa presença. Vi um jovem de cara voltada para cima e não duvido que a posição escolhida tivesse o propósito de se aquecer, mesmo que em andamento estivesse. Assim, este jovem aqueceu, sobretudo (ah ah, trocadilho - sobretudo/frio/aquecer - foi espontâneo, mas fica o registo), a mente, ouso eu.

Lisboa, Lisboa

Boas vindas há, se em fila

Não vos parece mágica, aquela frase da máquina multibanco, 'retire o seu dinheiro'? A magia assenta no 'seu', pois claro, de resto é nada de jeito.





Nada de senhoras ou senhores do Banco, antes o incrível sportinguista, o qual, incrivelmente, não traz uma peça de roupa verde. Não à vista, pelo menos. Pois.

Dias de um Ginásio

Já me tenho encontrado com a etiqueta colada no cacifo, digo eu aquela etiqueta da maçã de Alcobaça e digo de outras visitas ao Ginásio. É rever e reviver. Pá, cenas.


Posta-restante
Venho do futuro - 22 de fevereiro de 2020 - para colocar o link neste post, que foi construído no telefone e me é muito mais fácil linkar quando no computador, e eis que noto que no post linkado digo que retirei a etiqueta do cacifo. Portanto, ou não tirei porra de etiqueta nenhuma e meti na cabeça que sim, ou é outra etiqueta. A segunda hipótese é muito mais gira, se bem que eu ser louca ao ponto de inventar cenas também me coloca num pedestal com montes de piada.

Canonizada, eu, qualquer dia.

Desejei um 'bom resto de dia' com sinceridade a alguém que não me curte tanto quanto isso.

Graminhas

Setecentos e cinquenta gramas de maçãs
São duas bravo esmolfe e três gala
Novecentos e cinquenta gramas de bananas
Este peso comporta seis bananas
Trezentos e trinta gramas de clementinas
O que é coisa para três delas

Bom dia!

O telefone diz que estão 8 graus, vão estar 18 e que são mais ou menos 8 horas. A par com isto, um pouquinho de nada à esquerda e abaixo, está o desenho de um sol aberto.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Italianos

Dois italianos miravam a minha montra e, um deles, efusivo, ia-se repetindo por entre:
È molto affascinante!
Bellissimo!
É certo que variava pouco, mas pronto. O outro lá ia vocalizando umas coisitas, mas cá de dentro não deu para ouvir, de maneiras que, como invento pouco enquanto escrevente, não lhe ponho vozes.

A bibliotecária

Contou-me um episódio em que apareceu um rato na biblioteca, usando expressões como 'estou rodeada de setenta mil livros' e 'apareceu por ali um rato, literalmente'. Não é de estranhar que eu tenha achado montes de piada ao uso do 'literalmente' numa cena como esta, o cenário ser uma biblioteca e ter-me lembrado logo da expressão 'rato de biblioteca'. Tampouco é de estranhar que me tenha mantido calada, nada divulgando acerca destes pensamentos.

Brinde

Um dos meus fornecedores tem como vertente amável - ou recompensadora, ou mero hábito, sei lá – brindar-nos com uma qualquer utilidade, ou mesmo um bibelô, e isto em cada encomenda. Começou com uns candeeirinhos de pouca monta mas fofos, passou para um potezinho a fazer de abóbora para aquilo das bruxas, quando todos andávamos lá pelas bandas de novembro último, e, desta última vez, mandou um buda.
É.
Foi.
Hum-hum, logo um brinde destes a uns descrentes destes.
É pequeno, portanto é um budazinho, mede uns cinco ou seis centímetros em altura, e vem dentro de um saquinho com asinhas de fita em tecido. Tudo piriri.
Andámos os dois, eu e o meu colega, a ver se dávamos despacho ao elemento, até que o meu colega viu passar na rua um nepalês (que não é o da frutaria) que já calhou de ser nosso cliente e foi atrás dele. Quando o alcançou, o que não demorou nada de tempo, perguntou-lhe se era budista e ele, todo espantado, respondeu afirmativamente.
E pronto, temos, eu e o meu colega, e até ver, o caso brinde-buda arrumado.

Lisboa, 18 de fevereiro de 2020

Hoje está um frio que não se pode, oh porra. Mas vai nevar ou quê? Nem vai nem quê, que o sol está pleno. É um sol parecido a uma chuva que só se vê, não se sente, e assim é que é bom.

Lisboa, Lisboa

A parte de trás da igreja tem os muros à sombra. Estranho que, precisamente por estarem à sombra, os trevos que moram no cimo dos pilares estejam sempre muito verdinhos. Se calhar o sol punha-os amarelos, ou coisa assim. Quando for Verão, ou logo que chegue o calor, hei-de reparar nisso.

Lisboa, Lisboa

Bem junto à praça mai linda de Lisboa, uma das árvores – não sou rigorosa ao ponto de dizer 'ah, é um cedro'; 'ah, é um cipreste' (olhem: é uma árvore alta e esguia) - tem um dos lados sem ramagens, parece que um enorme vendaval lhe soprou por aquele lado e a descabelou, e estou certa que já em tempos fiz esta anotação no lbogue... ai perdão, blogue. Mais à frente outra árvore, descabelada, obviamente, do mesmo lado. São árvores incompletas, para ali ficam, tristinhas, coitadinhas.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

As três

Estavam três mulheres sentadas no banco hater. Uma ruiva, vamos dizer celta, uma loura, vamos dizer nórdica, uma encarapinhada, vamos dizer africana. Conversavam. Acho que mais ou menos todas e mais ou menos à vez.

Dizeres

Avisto a Alzira na avenida, encaminhando-se para o escritório. Vai limpá-lo. Penso em mim como 'a senhora da limpeza' e não me encontro parecenças com a Alzira. Estou, portanto, desfasada do comum que é parecer uma senhora da limpeza. Não estou a dizer que não é bom, estou a dizer que estou do lado de fora.

Som

Como estamos tipo assim a modos que mais ou menos no Carnaval, a máquina das chaves fez um som de fulminantes. De resto está tudo bem comigo, obrigadinha.

Etiquetas

Estive a atender um cliente que queria etiquetas para chaves e queria-as em número considerável e em cores variadas. Ora, como tinha(mos) como certos os números de etiquetas e de cores, queria(mos) saber quantos de cada cor, o que não era uma conta má de fazer. Porém, o meu número de cores era inferior ao do cliente, vai daí, foi uma complicação de tira do e põe no saco, ai veja lá quantas é que tem aí, ponha mais xis vermelhas mas tire agá amarelas, e agora estão quantas e tal e tal. Bom, não se pense que não finalizei o negócio, finalizei. No fim de tudo, o cliente já na rua, o meu colega outorgou-me merecedora de um belo café.

Para que a questiúncula não fique só comigo.

De repente lembrei-me: o glamour é sempre encenado.




Uma ideia que veio daqui.

Introdução

Uma introdução que frequentemente ouço dos clientes é: «Vamos lá a ver se aqui me desenrascam.» E agora pergunta o curioso/a leitor/a: «Ó Gina, e desenrascam?», que logo respondo o óbvio: «Só se não pudermos, caríssimos/as!»

Bom dia!

Alô, alô, daqui fala a meio encarregada deste estaminé nada humilde.
Mas pobre.
E não bonito.
Mas só em alguns dias, que nos outros é lindo.


domingo, 16 de fevereiro de 2020

Tangerinas

Quando a rica filha entrou na cozinha e viu a mesa cheia de metades de tangerina fez um 'oh' embevecido. As metades estavam lá porque eu ia fazer gelatina, há dias o Gualter tinha oferecido uma catrefada delas, mas não só, havia também laranjas e limões e era melhor dar vazão a tanto citrino. Eu própria já me tinha embevecido com a imagem - coisas redondas e brilhantes, de cor vibrante, os caroços a fazer contraste e tal e tal. Em suma: vida! Tinha até tido vontade de fotografar, mas havia desistido, já não lembro porquê e não duvido que tenha sido porque costumo ter vontade de fotografar quase tudo. De volta à rica filha, sorri com prazer e comentei:
«Pareces a Gina.»
Ela continuou a ser-me porque respondeu com um pragmatismo igualzinho ao meu:
«É normal, sou tua filha.»

Chama-se a isto: relaxar a cabeça.

As graciosas tacinhas e suas texturas

A vermelha (lily, any of various similar or related plants, such as the daylily or the water lily) é quase toda ela lisa, mas no bordo tem um pontilhado.

A branca (ribbed, to make with ridges or raised markings) imita o pontilhado da vermelha mas acrescenta sulcos, como se dedos entrassem para formá-los.

A amarela (honeycomb, a structure of hexagonal, thin-walled cells constructed from beeswax by honeybees to hold honey and larvae) é como um favo de mel desenhado em si. Mas não está. Está o desenho.

A verde (nervure, any of the veins or ribs of a leaf) é isso mesmo, nervuras. Nada difícil de transformar em letras, esta tacinha e sua textura.

A cor-de-rosa (pindot, a dot of the smallest size used in textiles) é às pintinhas brancas.





Notas de muita monta:
1
No texto, o que está em itálico, e com excepção da última textura, que foi copiada do sítio Merriam-Webster, as demais foram-no do sítio The Free Dictionary.
2
As tacinhas em questão vêm daqui
3
A foto está editada, e não é pouco, mas o espelhado é natural, trata-se do reflexo que as tacinhas faziam no vidro da janela.

Papelada

Acerca de uma papelada que tive que tratar recentemente, só posso dizer bem – é que já não é preciso um papel para provar o papel anterior. Dantes a gente queria um comprovativo qualquer e toca de andar às voltas para buscar o comprovativo que comprovaria que estava comprovado o que era preciso comprovar. Agora já não. Belo. É só vocalizar o número a quem o solicita, dá-se um clique e tudo se comprova no ecrã. E qual é o número? O da identidade é que não é. É o outro, o dos tostões. Pois.

Cidade

Há dias andei pela cidade que mais me viu crescer – Loures - e desorientei-me. Sim, cresci ali, conheço ruas e becos e toca de me desorientar. Chegou-me o oriente quando notei a velha árvore, aquela que está sempre nua – Fall or Spring, lá está ela, nua. É branca, e desconheço se branqueou devido a doença ou velhice, ou se em jovem já eram assim os seus ramos. Repito: é branca, e acrescento: e resistente. Orientei-me quando a vi, e estou também a repetir.

De manhã

De manhã, quando no passeio com a cadela, uma gaivota vigiava as redondezas lá do cimo do poste de iluminação. E ria, a desgramada. Sério, era riso, aquilo, e nunca tal tinha ouvido.

De sua cor, cinzento

O domingo está cinzento.

Vozes

Ontem, ao acordar, vi-me e desejei-me para descobrir em que dia da semana estava. Quando ouvi o despertador raciocinei: bem, se estás a tocar, domingo é que não é. Ainda assim, qualquer um dos outros seis podia ser. Procedi do modo habitual - desliguei o despertador e liguei o rádio, que foi amigo e me levou a supor que seria sábado. Digo supor porque ao sábado há sobretudo canções, calando-se as vozes de fala. E era mesmo sábado. E hoje é domingo. E ao domingo não me soa o despertador.

Et voilà!

Je suis soleil. Je suis seule. Je suis soleil. Je suis seule. Je suis soleil. Je suis soleil. Je suis soleil. Je suis soleil.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

meio de fevereiro
o sol já brilha mais e melhor
a foto não é d' hoje nem d' aqui, é:

Lisboa, Lisboa

Quando não estou contente

Quando não estou contente escrevo, por exemplo, de receitas que experimentei, vulgo – aqui pelo blogue - comidinhas experimentadas.

Fiz o pão de beterraba e nozes, como já há dias anunciei no blogue. Não chega a ser bom, não passando de ser diferente – o que, vamos lá a ver, é bom, portanto: é bom. E não, não fiz tal e qual a receita, nem constará no meu dossier especial, ainda que tenha gostado do pão, mas é questão de de vez em quando me lembrar de juntar beterraba e nozes ao pão e pronto.

Há muito tempo que me andava a apetecer maçãs reinetas assadas no forno e temperadas como me apetece na hora de. Comprei umas pequenas e que me pareceram sem sardas debaixo da casca, lá no senhor do quiosque. Mas, mesmo depois de muitos minutos no forno – nem vou dizer quantos porque é chocante – não chegaram a assar. Mesmo. Mesmo assim foram-se comendo, mas lentamente, querendo isto dizer que quando sobravam duas me lembrei de as pôr num bolo. Como queria um bolo cuja massa fosse densa escolhi a vulgar receita 'quatro quartos', que consta de duzentos e cinquenta gramas de manteiga, açúcar e farinha e quatro ovos. Depois agarrei nas maçãs, retirei-lhes a casca, cortei-as em pedaços e juntei-as à massa, não esquecendo o molho com todos os temperos, que assim o bolo ficaria decerto saboroso. E ficou.

Vi um vídeo onde se confecionava um bolo de três cores e sabores e idealizei logo o meu – o cacau e a baunilha, esses sim, copiaria, porém, para o sabor de café, usaria um daqueles pacotinhos de preparado para cappuccino com sabor a irish coffee (ninguém gosta daquela porra) e, para a massa do bolo propriamente dita, faria o mais comum dos bolos, o de iogurte – a sério que há bolo mais comum? Pois que o dito, o meu, este de que falo, ficou maravilhoso. E até bonito. É certo que duas das cores ficaram iguais, chocolate e café, bât' ítse óquei na mêma, né? Se é, oh-oh. Foi.

Gina, numa relação com o supermercado.

Bom dia! Está tudo bem com vocês? Claro que sim, por isso continuo.

Gina ligou ignição de carro e soou sons de rap de rico filho, que fora último condutor. Gina ligou ignição de carro e escovas de pára-brisas gingaram, concluindo Gina que chovia quando rico, e distraído, filho largou carro. Porém, escovas estavam desfasadas de ritmo de rap. Gina não ligou Ok Google para saber qual canção de rap era aquela, Gina tinha pouca bateria em telefone, Gina não queria usar esse resto em temas que já apresentou em blogue duas ou três vezes, Gina queria sobretudo usar resto em microfone em movimentações por supermercado, Gina tem sempre considerável número de temas que despoletam em sua cabeça aquando de tais movimentações, Gina descobriu recentemente que manter microfone suspenso gasta bateria em bués, Gina fez, portanto, assim. Ah, Gina vai deixar este tom de escrita em seguida, crê firmemente ser cansativo para leitores.

Retirei o som do rico filho e procurei um dos meus, um que não ouvisse há algum tempo. Decidi-me por uma lamechice do caraças – Stand Up For Life, Destiny Child – e que já em tempos foi a canção de ida e vinda ao, e do, supermercado. Vírgulas... Ah, que maravilha! Esta canção é um hino à vida e não me acrescenta assim tanto, não fora as belas vozes e pouco soaria. Contudo, de corriqueirices está o mundo cheio e, mas, qual é a corriqueirice que nos mente? Nenhuma. Nem uma.

Uma maçã que é pink e que é lady só pode ser to love you. Sério. Que linda embalagem, a do amor, a da data de ontem, 14 de fevereiro.
Ai.
O.
Amor.
Mais à frente vi maçãs pink kids. Eram mais pequeninas, portanto, e quiçá, de sabor mais concentrado. Não vou poder certificar-me, essas não comprei.

Quem é a pessoa, quem é ela, que só abre o canhenho na página das faltas de supermercado quando a meio das compras?
Quem é a pessoa, quem é ela, que consulta o canhenho sem vontade?
Quem é a pessoa, quem é ela, que constrói o canhenho a espaços e esquece montes e montes de faltas?
Quem é a pessoa, quem é ela, que compra mais itens fora da lista do que dentro?
Eu.
Eu.
Eu.
Eu.

Escolhi uma faca azul. É toda gira. Vai servir para me cortar, mas sem eu ter esse propósito.

Uma senhora mirava atentamente o preço dos tomates cacho. Eu comprei dos cherry. Hum-hum, são aqueles pequeninos, são.

À semelhança da semana passada, o cavalheiro que se encontrava na reposição das embalagens de queijo ralado também suspirava. Ainda que sei lá eu se o homem estava em sofrimento - há que ter uma certa empatia para com a humanidade em geral, né? - a verdade é que três ou quatro embalagens que este atirava de uma vez para a prateleira, sequer se aproximam do peso de uma caixa com cinco resmas de papel A4 com que o outro teve que carregar, elevar e depositar. Há trabalhos com tarefas difíceis, e não estou a ser irónica.

Com as compras que fiz hoje acumulei vinte e dois cêntimos no meu cartão. Estou feliz. Estou a ser irónica.

A minha amiga de infância... É incrível como na infância eu tinha amigas...
A minha amiga de infância deve ter mudado de carro. É que a ela vi-a eu, mas não o seu carro quando regressei ao parque.

Acerca do dia de ontem, o do amor, 14 de fevereiro e mais isto e mais aquilo, vai-se a ver e o arroz está só meio queimado porque comprei as cervejas mas não o camarão. E isto é uma alusão ao que ontem ouvi na Rádio - nesse dia só se vê, ou pede, ramos de flores vermelhas destinados às amorosas mas não se vê, tampouco se espera, que, aos amorosos, aquelas ofereçam packs de cervejas e embalagens de camarão.
Vai-se a ver, e tudo quanto este item encerra, está de comunhão com a vida que vivia enquanto o anotava vocalmente – um casal estava em grandes ternuras dentro do carro. Ó 'migos, deixem-se lá disso, agora não é preciso essa imposição toda, dantes é que os namorados se beijavam longamente e publicamente com o intuito de provocar os transeuntes. Era, era.

Às arrecuas é o meu modo preferido de estacionar. Em espinha ou em perpendicular, mas às arrecuas. No caminho vim a ouvir outra vez a canção lamechas supracitada e outra vez me apoiei em corriqueirices. Quero eu dizer em verdadeiras corriqueirices verdadeiras. Pois.

Glamour

Era todo um glamour. Era escolha múltipla - café, chá, ou mesmo uma água. Escolhi a água, é o meu líquido preferido. Veio dentro de um copo apoiado num pequeno guardanapo, que por sua vez encimava um singelo pratinho. Para a circunstância a singeleza ia bem. E eis então que notei o caixote do lixo, feito de um material que não deslindo mas deslindo que o entrançaram. Muito glamouroso, o caixote. Foi lá para dentro que joguei o guardanapo. Há que dar uso ao glamour, quero lá saber se é encenado.


Post belga e outrossim explicativo* para a Gina do futuro

Por conta de uma série de pesquisas que fiz na semana passada, descobri este post e vai que fiquei meio séria comigo por ter descoberto ideias que me propus e que me esqueci. Aquela vilazinha, afinal, não visitámos. Ó Luís, olha, temos que ir àquele lugar outra vez.

*...

Post de explicações para a Gina do futuro

Ora vamos lá a ver, esta foto:





É do mesmo mesmíssimo lugar mas num outro dia, concretamente, aqui.

E esta foto:





São as mesmíssimas pétalas que publiquei aqui. Daí ter chamado a esse post 'O depois que não o foi sem um antes. Como todos.'

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Dia de (não era preciso dizerem na Rádio)

Melhor do que aproveitar os filtros apaneleirados do Snapchat para ilustrar a data do amor...

😍😍😍😍😍😍😍😍😍😍

Só mesmo aproveitar os filtros apaneleirados do Snapchat para ilustrar a data do amor…

🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰🥰

Pois.

❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️



Lisboa, Lisboa




Da foto de cima 👆
Logo que vi este amarelo achei que a minha sogra ia gostar da nova cor do prédio
Da foto de baixo 👇
Com estas cortinas não dá para ver o Tejo

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Escrever

Esperar pessoas cujo fornecimento que consigo carregam (vulgo estafeta) suprirá faltas de elementos necessários ao bom desenrolar da vida deste estaminé, é o que faço em alguns momentos do meu expediente. No por-entre escrevo coisas e tal... Au eva, ter minutos que posso usar para escrever as minhas coisinhazinhas, mas sem termo certo, ou seja: debaixo de uma iminência, pode vazar a criatividade e até a vontade. Bai da uei: no meio das dezenas de milhar de posts que já providenciei durante a minha curtíssima vida, a quantos terei intitulado de 'Escrever'? Uns dois ou três, vá.

Há túneis num destes lanchinhos

Lanchinho um
De lanchinho foi três morangos. Ainda no outro dia vim dizer ao mundo que os morangos é coisa de abril e que ainda estamos (só!) em fevereiro, o que significa que morangos ainda não e blás, mas é que gostei da cara dos do nepalês da frutaria e comprei seis – três para mim, como já referi, e três para o meu colega. Como sou uma egoísta do caraças e, ainda por cima, gosto mais de morangos do que o meu colega gosta de favas guisadas, escolhi os maiores para mim. Antes de os provar, e mesmo tendo gostado da cara deles, ia descrente no bom sabor. Porém calhou de o primeiro ser muitaa bom. Porém não lhe acabei logo com a existência, antes me dediquei a outro, é que podia ser menos bom e assim terminaria o lanchinho com um que fosse muitaa bom. Porém eis que mordo o que restava inteiro e, de sabores em bom, era por entre os outros. Vai daí resolvi deixar o primeiro para último. Às vezes resolvo a minha vida rápida e eficientemente aos bués.
Lanchinho 2
Tem túneis, este lanchinho, ah pois tem. Se maçã rima com sã logo foi acontecer encontrar-me – em outro dia que não este - com túneis e mais túneis no interior da minha maçã. Esses túneis tinham as paredes oxidadas, provando que as escavações haviam sido empreendimento de um passado lá longe, havendo então a esperança de não encontrar o empreendedor bicho vivo dentro da minha maçã, afinal, não sã. Sim, bem sei que posso tê-lo comido, mas, se não o vi, é como se o não tivesse comido.

Posts dos bués

Post bué atrasado
É uma ferramenta bué boa, o WhatsApp. Ia eu nos meus costumes, Lisboa afora e tal e tal, quando o meu colega me ligou para saber dos apontamentos de medidas que eu havia feito e mantinha comigo. É que esses apontamentos fi-los no dia anterior, quando na casa do cliente, a pedido do meu (ao momento) desprevenido colega – ó Gina, tens aí onde apontar? - e eu que sim, no meu bloquinho rudimentar, e apontei e com eles fiquei. Daí que fosse eu Lisboa afora quando o meu colega precisou de saber desses números mas, não esmorecendo, sugeriu que tirasse uma foto ao papelinho e lhe enviasse por WhatsApp. Reforço: é uma ferramenta bué boa, o WhatsApp.

Post bué atempado
O senhor comandante ouviu a minha conversa telefónica, ia eu dizendo 'ok, ok', isto mediante o meu interlocutor adiantava a informação apropriada para o caso. Logo que desliguei, o senhor comandante opinou acerca dos meus 'oks', quase se queixando, ou queixando-se mesmo, vá, que actualmente qualquer coisa é 'ok', só se ouve as pessoas dizerem 'ok', é tudo 'ok'. Pus as queixas em crescendo, não sei se repararam. A senhora fina da avenida fina, que também se fazia presente, corroborou e elevou a questão: 'ah, vá lá, vá lá não ser bué...' E eu, como ela é toda um requinte, joguei-me (toda) em bruto: 'e se fosse, onde é que estava o problema?' Não respondeu, e vamos todos pensar que foi por não querer, que ouvir e falar a fina pode e sabe.

Champô

Até o cabelo me anda morto. O cabelo é morto - bem sei - nasce morto – bem sei - ah ah.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Anos

Ó Gina, há quantos anos é que convives com esta região de Lisboa?
Vinte e seis, mas subtraia-se um mês.
E quantas vezes entraste dentro do parque de estacionamento subterrâneo desta região de Lisboa?
Uma, há quatro dias, pelas dezanove e picos.
E que tal?
Cheirava a mijo.
E que tal?
Teve montes de piada, mas subtraindo o cheiro, claro.

Instantâneo e ulterior

Na fila estou eu - cliente. No balcão está um homem com cara de elfo, ou orelhas disso - cliente. No balcão está a carismática senhora do Banco - funcionária. Na fila está um casal cinquentão, uma senhora de saia rodada e outra de vestido com padrão animal. Depois eu. Mas eu já se sabe. É aquela.

Atrás estava um homem conversando através do telemóvel. Obviamente não vo-lo posso descrever, nem sumariamente. Estive para não pôr aqui aquela piadola: ah, é que o olho de trás não vê e coiso. Mas já se vê que pus. Achei a conversa dele peculiar, dedicava-se a elogiar o trabalho de alguém e, para além de o estar já a fazer, acrescentava que mais tarde enviaria um mail com essas atenções. Ulha, ca xiru, pensei eu, que coisa rara.

Sonhos

Tenho saudades de sonhar. Agora não agarro sonho nenhum. Dantes podia acontecer não conseguir traduzi-los mas via as imagens com nitidez (tudo bem que sem letras, sem posts no blogue) e agora os meus sonhos, se é assim que lhes posso chamar, são um monte de contornos indecifráveis. Gosto mesmo muito de registar os meus sonhos, é assim como um não-faz-mal, é sonho, está tudo bem, é sonho.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Haverá melhor elogio?


«Gente como tu é o melhor que o mundo tem», Paulo Gonzo.

Post com título

Fico contente quando me dizem que sou criativa, embora também fique quando me dizem que sou simpática, só que menos. A diferença é: não estou certa de ser criativa, contudo sei que sou simpática, vai daí, dou facilmente importância àquilo em que tenho medo de acreditar. E sim, acredito sempre em alguém que me diz bem, ah pois acredito.





nota: a foto é antiga

O descanso

Depois estendi-me na cama mas não liguei o rádio, preferindo ouvir os sons do ambiente. E ouvi. Os vizinhos de baixo conversavam, os passarinhos cantavam, a máquina da roupa rodava o tambor. Mirei, outra vez, o cimo do abacateiro, o tal que parece o mapa de França, e que é das primeiras coisas que vejo em cada dia. Notem bem: vejo o abacateiro antes de me ver a mim! E vejo o mapa de França formado pelos seus troncos e ramagens. Mas entendo que pode esta questão ser obra da minha cabeça, uma invencionice, daí não escolher tirar-lhe uma fotografia e publicá-la no blogue. Primeiro porque acho que lhe retiro aquele! encanto. Segundo porque é toda uma esperança no inglório - raríssimas vezes a lente capta o que vejo. Vou ficar sossegada. Sossegadinha. O cimo do abacateiro que continue a ser o desenho do mapa de França cá por dentro.

Bom dia!




Vi o onze e o sete e vi o meu dia e mês mas não o mês e o dia.

Bom dia!





O pão de beterraba e nozes está no forno.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

Sobrepor





E é sobrepor na mesma, pensando mais, é.

Gina, numa relação com o supermercado.

Olá, bom dia! Daqui torre de comando número 1. Apanhei um acidente, ocorrido num entroncamento e com a participação de um veículo ligeiro e outro de passageiros. Pelo que vi, concluí que o ligeiro se havia despistado por conta da curva e do piso molhado, vindo embater no de passageiros que estava na sua mão e acabadinho de entroncar na via que escolhera como rota. Ora bem, a questão toda é que ficou um espacinho de nada para que esta que vos escreve conseguisse passar e ir à sua vidinha – mas consegui, passei e fui. Lamentei que não tivesse dado conta do acidente a tempo de mudar, por minha vez, a rota que não escolhera como primeira. Mas pronto, lá fui, e sem risco nenhum na pintura do meu automóvel de matrícula portuguesa. Ademais, rerreparei (ó pá tóin xiru!) que tinha o óculo traseiro embaciado, portanto: manobras de marcha atrás seriam estafantes com menos um espelho que retrovisasse (ó pá tóin xiru!). Metros à frente reparei que um rapaz estava na paragem de autocarro e aí lamentei mas foi a sua vidinha, que a minha o momento encontrava-se bem. É que, notem, eu, naquele momento, era sabedora que o autocarro não viria tão cedo, ele não.

Sou desorganizada, lá isso sou, levo telefone na mão (porque estou a precisar dele), moeda na mão (para o carrinho de compras), sacalhões debaixo do braço, mochila pendente (porque é já a seguir que a vou encaixar no lugar das crianças que há nos carrinhos de compras, digo eu a mochila mas também os sacalhões), trato de escolher o carrinho e a coisa até nem melhora nada, afinal vou ter que empurrar o carrinho e há o telefone e há que perceber se quero a chave do carro ao pescoço ou na mochila e se quero pendurar o telefone ao pescoço ou então não e há que abrir o caderno onde está a lista de faltas. Achega: este último passo, o de abrir o caderno, é coisa que por vezes acontece lá para o meio das compras, penso eu, e precisamente, por ser desorganizada das ideias é que assim me acontece. Mas hoje, durante estes preparos todos, lembrei-me que as pessoas, e obviamente é no geral que falo, são assim.

Estive de roda das formas para bolos e vi umas giríssimas para os brownies – quadradas e baixas e revestidas com aquele material que as faz repelentes durante umas quantas vezes, mas isto até que se lhes comece a despegar o revestimento e se lhes comece a pegar a massa. Tenho cá em casa duas formas com este revestimento mas que foram concebidas para cozer queques – têm em si a forma já feita. Quando comprei, comprei logo duas porque
Primeiro, sou impulsiva e, ou, desgovernada e, ou, e lá está, desorganizada
Segundo, sei que nas massas para queques é comum saírem duas fornadas, de maneiras que, comprando duas, punha uma em cima e outra em baixo, e do forno falo eu, e a meio trocava-as e pronto, assim não seria de todo desgovernada
Há ainda outra questão como que a inutilizar totalmente a existência destas formas na minha despensa, é que as concavidades para albergar os ditos queques são baixas e a base é mesmo piriri, portanto somente queques piriris fará, e, a juntar a isto, há uma discrepância por entre a base e a superfície, de modo que, se tiver optado por forminhas de papel, a superfície da forma é tão larga que a massa lá dentro não se sustem e derrama forno afora. E não é bonito. Nem bom. Nem cheira bem. Sim, já tentei.

Ah e coiso e venho eu dizer ao mundo que sou descoisas - desorganizada, desajeitada, destrambelhada – e depois passo com um carrinho de compras – também descoisas – desalinhado e que me desengonça o andar por entre um espacinho em cujas laterais se encontram prateleiras cheiinhas de peças quebráveis. E nada quebrei. Sou mesmo boa, afinal.

Passou por mim um grupo de jovens que claramente estavam chagados directamente de uma noitada – cheiravam a tabaco e a suor.

No corredor do material de escritório passei por um funcionário que repunha caixas com resmas de folhas de papel A4. Gemeu quando pousou a caixa na prateleira e vi-lhe o desconsolo nos gestos quando se dirigiu à palete para rerrepor (ó pá tóin xiru!) o restante. Animei-o, vocalmente e, mas, muda (sim, sou capaz desta proeza):
– Está quase 'migo. Força!

A senhora da caixa achou um piadão aos meus ramequins. Comprei tacinhas mas ela julgou-os ramequins porque viu a designação no ecrã. Mostrou-se tão espantada (algo por entre a fina ironia e o tolo gozo) com a palavra que lhe expliquei que ramequins são peças que podem ir ao forno e que é uma palavra francesa, mas que eu as tinha comprado para fazerem de tacinhas, nem reparando nessa especificidade. Depois foi ela que notou, uma vez mais atentando na designação que ia aparecendo no ecrã a cada bip do leitor, pois cada peça tinha o seu código, quiçá derivaria da cor e tal e tal, alvitrou, nem eu lhe desfiz o alvitre por não o considerar desarrazoado. Mas não, descobrimos que era mais uma coisa de textura do que de cor, havendo um, e vou só dar um exemplo, que tem a textura dos favos de mel e daí ser designado de honey não sei quê.
Quando viu as beterrabas (que seriam minhas passados minutos) contou-me que em tempos teve anemia e bebia muito sumo de beterraba com maçã verde. Fez logo anúncio: não gosto do sabor das beterrabas, crua então é que não vai. Contei-lhe que gosto de beterraba até crua, oh veja lá, e ela ai eu não!
Maçã verde é a famosa granny smith, a maçã dos doentes de colesterol e glicémia (ou outros índices quaisquer, sei lá, e ainda bem que não sei) e dos obcecados com as calorias e o peso na balança (ou mesmo com o colesterol e a glicémia, ainda que sem doença).

Chegada ao pé do meu automóvel de matrícula portuguesa notei que o óculo traseiro já não se encontrava embaciado. Quiçá precise dele, pensei. Mas não. Tive foi que me desviar de uma ambulância, lembro agora, vai daí deu jeito o óculo traseiro deixar ver a urgência e a pôr-se de lado de quem estava aflito e a fazer de grande ajuda à vida. Não fui eu, tá, foi o óculo traseiro e sua transparência.