sexta-feira, 30 de abril de 2021

ímanes (hoje Abril, amanhã Maio)

o íman cor-de-laranja vai para ao pé do azul e do roxo e o íman cor-de-rosa vai para ao pé do amarelo e do verde

'para ao pé' significa 'entre'

Isto é que são horas

Dezoito e trinta, na torre do relógio. Se o relógio é analógico pode ser que sejam seis e trinta. Este é aquele relógio que está incerto, e não é pouco, pois, se porventura amanhã lá passar à mesmíssima hora que trago, por exemplo, no telefone, pode ele anunciar que são, sei lá, dezassete e vinte e quatro. Se bem que nisto do incerto não caiba o muito ou o pouco, o certo é que me parece muito incerto, este relógio. Sim, sou Gina, a blogger chata, sempre de roda dos mesmos assuntos. Digo isto porque este relógio e o seu tão peculiar desajuste já figurou no blogue uma meia dúzia de vezes. Bom, um dia desses o relógio dizia serem dezassete e trinta e dois e calhou que no percurso fosse necessário dar a volta à torre, acabando por descobrir que o relógio é duplo, aparece em dois lados da torre. Pá, afinal são dois, queeeeeeeeeeeeee se! me! apresentam com! as! mesmíssimas horas! Pus-me, depois, num misto de espanto e intenção. O espanto deve estar a perceber-se de onde vem, a intenção era a de construir capazmente este post. Hum, fica portanto a intenção, que o espanto já lá vai.

As árvores amarelas

No dia em que pus no blogue que havia encontrado outras árvores às quais poderia chamar de 'amarelas' {querendo, é ver aqui} fui logo dizendo que eram três, consciente que até nem tinha perscrutado o jardinzinho e que portanto podia o número não estar correcto. Bem sei que isto não tem porra de mal nenhum, o que venho é apurar a questiúncula, acabando por me corrigir. São então seis, as árvores deste jardinzinho. Imagine-se um quadrado – na que considero ser a primeira linha por estar junto à estrada há duas, enormes, bem maiores que a própria árvore amarela, dando as costas à estrada eis que desço e encontro uma de tronco bem bem bem grosso, tem aliás um tronco mais grosso que as primeiras que referi, e uma outra, vou portanto em quatro e encaminho-me para a terceira linha, onde encontro mais duas, e ladeio a quarta linha e vai que dou com mais duas. São seis as árvores que se assemelham à árvore amarela.

Lisboa, Lisboa

É bem, é bem, isso de um ginásio ser paredes-meias com um lar de idosos, é bem esgalhado.

Lisboa, Lisboa

Espero semáforos verdes em cima do pedaço de lancil mais alto, dispensando o rebaixamento que fizeram de propósito para mim.

Lisboa, Lisboa

Mr. Flanders, o barbeiro vintage aqui da zona, hoje estava de tesoura na mão, cortando cabelos.

Cunho

No restaurante do Zé habitualmente sou como que cunhada de 'menina da mota'. Acho um piadão à expressão, o que tem portanto nota no blogue.

Comprinha

É a factura simplificada número treze mil trezentos e oitenta e nove. Comprei umas molas para fazer as vezes de botões. Têm dentes, as molas, e é por isso que prendem. Partem-se facilmente, quiçá por estar a usá-las em situações para as quais não foram estudadas.
Entretanto experimentei umas quantas peças de roupa. Estranhamente, sou demasiado pequena para todos os modelos que levei para o provador. Porra, se alguma vez supus que um dia me iria acontecer não ter tamanho para os números mais pequenos...

Sonho

Sonhei com línguas esmagadas e gargantas sem ar. Não foi um sonho lá muito bom, não. Principalmente porque as línguas e as gargantas eram todas minhas.

quinta-feira, 29 de abril de 2021

tal e qual *

pensei em enfiar a minha banana e as chaves da senhora nos sapatos mas desisti
*mais ou menos, vá, na semana passada as bananas eram duas

terça-feira, 27 de abril de 2021

Nêsperas

Embora seja habitual que a Isilda, em cada Primavera, ofereça um saco de nêsperas, a verdade é que é sempre uma surpresa – estou lá eu à espera que, né? Mas aconteceu. Tenho portanto um saco com nêsperas que estão agarradas às ramagens, acompanha com folhas e tudo. O melhor deste evento é que a nespereira é aquela que está lá em baixo, no pátio da minha vida, rente ao lugar escondido, o velho 'lugar escondido', ponto de interesse (meu) por alturas do velho estaminé.

Post atrasado

As fotos abaixo são de ontem. Num repente percebi quão poucas são as vezes em que vejo a árvore amarela sob esta perspectiva e, noutro repente, cliquei. Primeiro em modo 'retrato' para conseguir mostrar mais tronco, depois, como prefiro o modo 'paisagem' e não me livrei da vontade de o registar, cliquei também. Hoje e agora, como me seria deveras difícil escolher um dos modos e realmente não preciso de o fazer, publico as duas fotos.

'podia ser pior' significa principalmente que 'podia ser melhor'

Som

Durante a insónia da madrugada ouvi um cão ganir por duas vezes.

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Vesti-me de amarelo


Vesti-me de amarelo para desafiar o sol.
'Ah filho dum cabrão, sempre quero ver se não apareces!'
Apareceu, como não ligando à chamada, todo pomposo, a aquecer esta pessoa, glorioso e tal e tal. E eu que sim, vá, embora aí. Horas depois chegou a chuva. É bem, afinal, né, eu de camisola, e também desafiadora – 'make at rain' – logo eu que faço o que faço sempre à chuva e sempre que há chuva, né, para mim, neste particular, foi continuar dentro da normalidade.
'Lisboa, Lisboa', é como este post me grita que quer chamar-se. E eu que 'não'.

Lundi

À segunda-feira de manhã ponho a sopa no frigorífico. Fiz ontem à noite, é de grão e pus umas couves que a Paula me deu na sexta-feira. Ou na quinta-feira. Ao domingo à noite, ou à tardinha faço sopa. Faço sempre sopa ao domingo, pronto.

domingo, 25 de abril de 2021

dois pontos

recorrentemente:
aquilo sim, são problemas a sério

Sem fim

Isto de estar triste é coisa para todo o sempre. Eu já nem gosto do sol e, se o noto nas fotos ou nas paisagens, é para não esquecer que existe. E ponho esses achados no blogue para reforçar. Há sol na foto abaixo. O que registei no caderno, fi-lo porque quis agrupar os meses com is. Aí atrás, antes de ter escolhido 'agrupar', havia escolhido 'separar'. É incrível como num mesmo pensamento os sentidos opostos signifiquem o mesmo.

Giro giro giro é que enquanto debitava o texto acima passava na Rádio uma canção - Tudo No Amor, dos Clã - que diz 'é do amor a sombra e é da sombra a luz/é da sombra o amor e é do amor a luz'. E isto levou-me a pensar que a casualidade é um deus qualquer, e não menor.

Dias de um Ginásio

Dos comentários - incentivadores ou informadores - que ouço no Ginásio online constam, por exemplo, estes:

Gina, gosto desse esforço!
Gina, estique-me esses joelhos!
Gina, super bem.
Gina, chegue a sua mão direita para a frente.
Gina, tem os ombros bem organizados, muito bem.



Sou, portanto, moçoila para dar nas vistas pra caraças!

Fui às putas de Singapura

Fui às putas de Singapura, pois fui. Foste longe, dirão, mas e o bom que foi? Durou semanas e tudo. Olarila. De tempo a tempo lá ia eu ver como estavam as minhas peças de roupa com remate alface - se no armazém ainda, se já vinham no barco, se aguardavam vez na alfândega, ou então dentro da carrinha da transportadora, prestes a chegar. Tem montes de piada isso de chamarem remate alface às orlas da minha roupa nova, já agora fica aqui o reparo, afinal, tudo quanto considero ter montes de piada, geralmente, tem nota no blogue. E, lá no cubículo virtual onde fui atendida, nada de ouvir 'desinfecte as mãos, por favor!' com voz de patroa. Nã nã, nada disso, qual quê. E, de indecisões minhas, também nada. O online tem atributos que o presencial até desconhece. Tenho, portanto, três pecinhas que são uma absoluta novidade no meu roupeiro. Estou mesmo contente.

Pedacinhos de bacon

Há largos meses, na verdade vai em anos, que sou uma chata de merda com a porra da comida. Ainda assim gosto de ver o bacon a reagir à frigideira quente. Lembra pipocas no saltar e no estalo, embora em menos, bem menos. E nem há expansão, só retração. Fiquei a ver, maravilhada. Fico também maravilhada com as reações das pipocas, fico até alegre, rio que eu sei lá. Sério, dá-me para rir aos bués. Aproximo o ouvido à tampa da panela e vá de rir.

A máquina refilona

Há coisas que tenho e uma das coisas que tenho é um bi-horário no contador de electricidade, o que significa que 'à noite a luz é mais barata'. Às vezes o que faço é deixar a máquina preparadíssima para que seja só carregar no botão e, se acordo pela madrugada, o que é bastante comum há qu' anos, pumba e coiso - ó Gina, vai lá calcar no botão. A máquina que deixo preparada é a da louça, que a da roupa não é necessária durante a semana, e essa máquina anda esquisita porque apita parvamente sempre que lhe apetece. Sempre que lhe apetece ser parva, é o que é. Assim de repente parece-me que os apitos se devem ao défice de sal ou de abrilhantador. Já a testei um sem-número de vezes e nem sempre o que daí resulta faz prova do que me parece. Enfim, tenho uma máquina refilona.

quando não se sabe o que escolher
nem se tem porque escolher
(nem por que)
(são colheres, que giro)

O Luís encontrou esta foto nos arquivos dele.
Que saudades da minha cadela.

sábado, 24 de abril de 2021

porta de, e com, letras

sou grafómana, lá isso

Bs Bs - o Bolo Bonito, o Bem Bom

Não sei como é que eu, sendo uma besta, consigo fazer bolos bonitos e bem bons. O bolo de beterraba e chocolate está fofo fofo fofo e com o sabor do mais equilibrado que pode acontecer. E aconteceu-me isso a mim. E sim, aquilo d' «a besta», trato-me mal, mas pá, atão se sou uma besta! Né? Mas olhem que o bolo está... Hum!

Lisboa, Lisboa

Era eu e um homem tão transeunte para mim como eu para ele mas tínhamos ambos o mesmo propósito: aguardávamos que o semáforo se pusesse verde. Pouco depois, antes da luz do boneco verde acender, ouvi-o dizer:
«Já podemos atravessar, já não vem carro nenhum.»
E seguiu, sem olhar para mim. Eu não, e fiquei a vê-lo avançar. Julgo que pela altura que nos distingue, não tive a certeza de não vir carro nenhum e não confiei. Parece-me, agora que escrevo, que não estávamos juntos no propósito, ele não esperava a luz no boneco verde. Se ele a influência, eu a rebelde, se ele o rebelde, eu a medricas.

Uma outra foto

Não sendo da mesma foto, como o post de há pouco, é uma foto durante o mesmo viver e sentir. É de novo as meninas-estátua, que eu, caraças pá, não cesso de me espantar com as mãos delas. Afinal em tempos estiveram mesmo de mãos dadas. Pobrezitas, e de cabelos sujos e tudo.

Elogio

Elogiei a menina das linhas, o trabalho que faz e o que ela é.

Dia de (disseram na Rádio)

Esta semana ocorreu um 'dia de' que quero registar. A 22 de Abril foi o Dia Mundial da Terra. Não tendo muito a dizer, tenho a dizer que nesse dia lembrei que no dia anterior tinha escrito um post talvez um pouco ao jeito da Terra, nele referi ter encontrado um jardinzinho parecido com aquele onde habita a árvore amarela e, pá, um jardinzinho tem terra, lá isso. Logo que ouvi o anúncio na Rádio pensei 'olha que giro!', planenando que relacionaria este 'dia de' com o que havia apontado no blogue acerca do jardinzinho e tal e tal, e mesmo que a 'terra' não se iguale à 'Terra', é certo que lhe pertence e mais não sei o quê. Está então este post feito, mesmo que atrasado aos bués, e o post que contém o jardinzinho, querendo vê-lo e, quiçá, lê-lo, é clicar aqui.

As flores do abacateiro

No título refiro flores porque, de onde observo, parece flores o que apareceu nos ramos do abacateiro. É estupidamente normal que a uma árvore lhe cresçam flores por alturas dos Abriles, de maneiras que tenho vindo a vê-las crescer e.
Já tenho encontrado pelo chão os próprios abacates, mas não são suficientemente bons para comer, têm um gosto estranho, meio que incompleto. Meio que incompleto fica engraçado, lá isso. Mas pronto, bem que tentei aproveitar-me do que a Natureza ofereceu, só que não combinou nadinha com o meu palato.

Olá, sou a sombra.

Outra foto

Pus neve na foto - por isso lhe chamei 'nevão' - e fiquei sem saber se se percebe que na palma da mão está também uma porçãozinha de creme. Vinha numa amostra de produto, um creme de corpo e mãos, que, diz a embalagem, é feito com a flor de Sakura, cuja beleza, por ser efémera, tem nela uma espécie de raridade, que celebram então neste creme. Tem uma textura boa que se farta e cheira bem pra caraças. E hoje deixo a mesmíssima foto com um filtro a preto e branco.

Graminhas

Primeiro o nepalês, digo: antes dos graminhas. Ora bem, o nepalês já aprendeu aquele jeitinho lisboeta de tratar a clientela feminina por 'querida'. Embora lho tenha notado há semanas, ainda nada disse acerca. Fica no blogue, já que, aqui, falo, ainda, aos bués. E ai a porra das vírgulas, ah pois é. E agora sim, os graminhas:

quatrocentos e cinquenta e cinco gramas de maçãs
mil cento e quinze gramas de laranjas
duzentos gramas de pimento

Silêncio

Hoje nem o cão cá está. Fosse por companhia, fosse por barulho, nem o cão cá está.

Silêncio*

Um 'ah' inaudível, meu, de mim para mim. E idem para o 'silêncio'.

*...

Silêncio

Ah. (inaudível, claro)

quarta-feira, 21 de abril de 2021

Lisboa, Lisboa

Quando ontem passei pela árvore amarela não lhe achei graça, o que, não sendo vez primeira, é deveras invulgar. Espantei-me – primeiro comigo, e muito: «eh pá, ó Gina, atão ca porra é essa?!», depois com ela, mas pouco, afinal uma árvore pode ser o que lhe apetecer – e prossegui a marcha. Alcancei a rua mais bonita de Lisboa e, quando passei debaixo da árvore bordeaux, foi sem querer que reparei que a distância a que estava do chão era maior. Espantei-me e voltei atrás para me certificar se a diferença continuaria presente na minha cabeça. Durante esse pequeno percurso ia pensando que talvez a diferença existisse porque naquele dia a árvore bordeaux estava encharcada, poderia o peso da água tê-la feito vergar. Quando lá cheguei já não me pareceu nada daquilo, qual quê de estar a árvore com as folhas mais subidas, nada disso.
Quando hoje andei Lisboa afora percorri uma rua e avistei um jardinzinho parecido com o que serve de morada à árvore amarela. São lugares vizinhos, é normal que tenha sido a mesma gente a projectá-los, cingindo um determinado estilo a uma zona, a gente olha e imediatamente comenta: «ah, isto não é ali assim ao pé de?» Mas não se fica este caso de parecenças por aí, se bem contei, avistei três 'árvores amarelas' – três! – e ainda mais parecidos os recortes de terra ficaram. Jardinzinhos, vá. Fiquei contente com este avistamento mas jamais retirarei o estatuto de 'árvore amarela' à árvore amarela, que é lá isso. Até me pus logo a planear que, chegando Setembro, terei como demanda espreitar também este canto de Lisboa, a ver se estas 'árvores amarelas' também se põem amarelas. Depois posso até fazê-las fazer corridas, a ver qual amarelece primeiro. A segunda que. A terceira a. A quarta afinal também. É todo um rol de boas sensações, as que me esperam, quando prestes ao Outono.

Lisboa, Lisboa

O placar sito na praça mai linda de Lisboa já acende luzes que não alumiam mas informam números em que ninguém confia.

Lisboa, Lisboa

Um homem estava sentado num dos bancos da avenida. Envergava um blazer e tinha uma alcofa repousando no colo.

Lisboa, Lisboa

No semáforo está o boneco verde, como o saco onde levo o almoço.

Lisboa, Lisboa

Esta é a altura do ano em que as árvores da avenida estão todas de verde – verde-isto, verde-aquilo, contudo: verde, verde, verde. Tempo virá em que é umas de bordeaux, umas de cor-de-laranja, umas de amarelo.

Lisboa, Lisboa

Achei que devia retirar a máscara, só por momentos, para fazer outra cara. Faço as caras que eu quiser, lá isso.

terça-feira, 20 de abril de 2021

Pizza

É pizza em amarelo, escrita, a pizza, na boca de incêndio situada junto ao muro que rebaixaram aqui há atrasado. Fica giro, o jogo de cores, o amarelíssimo das letras da pizza por sobre o vermelhão da boca que extingue perigos. Posso ir ver o latim, posso ver a pizza. Há diferença, ó:
- ir ver o latim -
- ver a pizza -



em tempos: o texto, hoje: a foto

seis e picos

notei a nesga de sol e percebi que era o reflexo do sol que há dias pus no blogue
notei, ainda, que a hora da foto linkada é 18:06 e a da abaixo é 18:07

para memória visual do estatuto*

pois

a entrega do costume no prédio tal
que ainda tem uma janela com vista para o mesmo jardim

a secretária perguntou como estava a minha trave
achei montes de piada à expressão

joynha

segunda-feira, 19 de abril de 2021

Chave de grifo

O meu colega explicava ao cliente que a torneira estando muito agarrada seria necessário usar uma chave de grifo e eis que vejo o cliente coçar a cabeça em sinal de desalinho mental.

Não sei se

Não sei se já contei no blogue que Mr. Flanders é o barbeiro do pedaço. Mas nada de ser um daqueles barbeiros que povoam Lisboa - um cilindro colorido e rodopiante às portas, promessa de cortes de cabelo com arabescos bem aprumados e mais não sei o quê. Desses, ou quiçá um desses, é o que habitará o espaço do velho estaminé algures no tempo futuro. Bom. Então. Eis Mr. Flandres no blogue outra vez para contar que ele tem um fumar interessante – passinha, passinha, passinha, passinha; curtinha, curtinha. Teme o fim do cigarro, presumo.

Pequena impressora

Não é mentira nenhuma se eu disser que (também) preencho documentos quando em trabalho, qual (somente) usar o computador para preencher o blogue, qual quê. O que acontece é que a minha vida é tão misturada de trabalho e passatempo que acabei por usar um dos documentos de escrita que uso, precisamente, para o blogue. Pra quê criar outro, né? Mas não era bem bem bem isto que eu vinha dizer. Resumindo: preenchi um documento de trabalho e mandei imprimir sem me certificar qual a impressora que estava na calha, e calhou de ser a pequerrucha, que usa papel com quatro dedos de largura. Obtive portanto um papel com uma lista de barras, extensões e cilindros, cujas características foram omitidas por falta de espaço. Moral desta história: a impressora não se negou ao trabalho, apresentando-mo sem reservas. Bem sei que quem vê a ausência de reservas, ou mesmo a inutilidade, sou eu, a impressora é uma máquina, não pensa, mas lá que me pôs a pensar, pôs.

Sonho

Sonhei que o meu vizinho de baixo tinha estendido um lençol sem o dobrar, tapando a claridade do dia. Era ver a minha cozinha escura, abafada, o que me incomodou só até perceber que assim podia passar os dias escondida.

Esta é a terceira segunda-feira de Abril

'Oh my god it's friday!' escrito na t-shirt de um transeunte! Oh! Vi eu! E li! E hoje é segunda-feira! Ah! Pensei eu! E ponho mas é no blogue!
Entretanto deixo escrito outro pensamento outrossim e assaz pertinente: este mês de Abril calhou de uma maneira tal que se assemelha, e não é pouco, aos Janeiros desta vida, compridões pra caraças. Obviamente o 25, mala suerte, coincidir com um domingo, consegue um Abril extensível. Pronto, sem extensibilidade, já hoje é 19 e ainda se tem duas semanas inteirinhas de Abril.

A maravilha

É uma maravilha chamar 'sol astronómico' a este sol pintado no chão da esquina que está mais perto do estaminé. Astronómico é coisa de quando a grandeza se quer engrandecida, até pomposa, e é também a classificação do sol, que é um astro. É claro que esta é a esquina mais maravilhosa de todas as esquinas de que falei aqui há tempos no blogue. A nota final para este post é que a foto foi tirada num dos dias de chuva da semana passada. Talvez devesse dispensar esta nota porque nem se percebe que o chão está molhado, au eva, cá fica a nota.

eia, as folhas de oliveira que para aqui estão...
'lima folha de oliveira', o nome desta ferramenta manual

Gingar

A vizinha Gislena apanhou-me a gingar ao som de uma canção qualquer e comentou: «Ah, estou a ver que está feliz!» E eu toca de revelar: «É prática recorrente, vizinha, só que geralmente ninguém vê.»

domingo, 18 de abril de 2021

Cada nabo, um bolbo

No nepalês da frutaria comprei um grande nabo (quatrocentos e oitenta e cinco graminhas) e horas depois deu-se a casualidade de ler um artigo que em parte diz que um dos procedimentos para plantar nabos é tirar-lhes a rama porque as folhas já crescidas coíbem o aparecimento das novas. Que giro, tímidas, as folhinhas. Não sei se já havia reparado que as folhinhas podem ser tímidas, mas, seja lá como for, neste preciso momento está a parecer-me uma completa novidade, um caso bonito e nada perdido, logo que se corte as folhas encorpadas. Enfim, os mortos dão lugar aos vivos, os velhos aos novos, os vistos aos escondidos e afora. E, pois está claro, não havendo humanos mas havendo nabos, coelhos bravos tratariam então deste procedimento. Sim, sim. É que, notem bem: a Terra vive sem os humanos, já o contrário, pois que não se verifica.

Cabeça cheia

Nunca acreditei nisso das cabeças ocas, as cabeças têm sempre algo lá dentro, que pode, porventura, ser um algo algo (a repetição é propositada) imprestável. Sabem com quantas canetas ando eu todos os dias? Mesmo sem ter escrito grande ocisa, ai perdão, coisa com elas nestes últimos dias? Sabem? Sete (7). Não importa lá muito ter comigo a todo o instante da vida mais de meia dúzia de canetas mas esta não é uma questão oca dentro de uma cabeça que (não!) está oca, ora essa, tenho um motivo! – sei lá se no momento em que quero escrever as coisinhazinhas me apetece escrever de vermelho ou de roxo, né? Ou verde! Ou azul! Fosse eu uma influencer daquelas mesmo boas e agora era ver a Molin ou a Stabilo a enviar-me para casa enormes caixas com canetas de todas as cores lá dentro. Ai era.

Cores e ovelhinhas

O campo que por alturas de Maio se me mostra de amarelo e lilás, por ora, quase em Maio que este dia é, tem dois mantos de lilás, um maior que o outro, e quatro ou cinco pontilhados de amarelo, de diferentes tamanhos. As ovelhinhas estão maiores do que há duas semanas, estive há pouco a escrutinar tamanhos com a régua que trago nos olhos. São felizes e não o sabem e é por isso que são felizes. Os humanos é que precisam de conhecer os opostos, não deslindam uma coisa sem conhecer a outra. Tolos, afinal, o que somos.

Ímanes

A caixa dos óculos, descobri há dois dias, tem ímanes debaixo dos tecidos imitadores de pele e camurça de que é feita. Assim, sempre que retiro os óculos ou os coloco, não eliminando completamente o escorregar ou resvalar, o certo é que pode travar essas descidas não intencionais, pois, por conta do magnetismo, os óculos ficarão grudados na caixa. Foi por esse grude acontecer que percebi esta questiúncula. Caixa de óculos um tanto ou quanto segura, esta. E pensar que a rejeitei durante dois anos.

Loures, 18 de Abril de 2021 - Está um lindo dia de sol.

Cinco euros

A nota tem inscrito à mão um 905 mui vistoso. Quero dizer: eu vi. Toda a gente sabe que o dinheiro é como um rio veloz, não tarda a nota vê-se na Bélgica, ou coisa assim. Pronto, também posso inventar que a inscrição foi feita dans la Provence, à Amélie les Bains, par exemple, com o propósito de me vir visitar e me trazer cumprimentos do grossíssimo plátano que lá mora há para mais de cem anos.

Microfones, são dois

Ao presente tenho dois microfones. Um deles não serve para nada porque o telefone não põe duas aplicações a trabalhar em simultâneo. Comprei-o porque tinha esperança de encontrar um meio de conseguir isso, só que não. O outro é para usar na minúscula máquina de filmar viagens, a qual filma aquilo que eu quiser, mesmo que parada esteja, só que ainda não o experimentei. Portanto: já se vê o interesse que este post tem.

Cenoura

Uma cenoura crua é deveras saciante porque se gasta um ror de tempo a demoli-la. Demolir, neste particular, é mastigar, e a mastigação integra a saciedade.

Sonho

Sonhei que tinha ido bater à porta da pedicura para ela me retirar uma pele do pé. Apenas isso. Por ser apenas isso também no sonho, senti-me envergonhada - mas fui - e desculpei-me durante o tempo que ela levou a retirar a pele.

sábado, 17 de abril de 2021

O gorro

Quando cheguei à adolescência a minha mãe dizia «a minha Gina é também bonitinha» com alguma regularidade. A foto abaixo fez-me lembrar isso. Ser bonitinha é vantajoso para a altura de envelhecer, continuo bonitinha, também. E ainda. Sinto algum pudor e receio por juntar uma imagem e um texto onde me digo bonitinha. O pudor vem da vaidade e o receio também. Incrivelmente. É que pode alguém discordar e não tenho argumentos contrários. É, porém, verdade que a beleza está nos olhos de quem olha, nunca em quem é olhado. Olha, pois é! Este é um bom argumento! Bom, agora outra coisa: esta é a minha mais recente foto de perfil e é meu costume deixar um registo da foto nova e blás e, se bem que não tenha sido só esse o impulso que me levou a publicá-la, a verdade é que, pronto, cá está ela, e importa-me dizer que não tem filtros, que me retrata fielmente ao nível (do desnível) da tez, que escolhi esconder o cabelo porque é um modo muito próprio de desnudar a personalidade, afinal a cabeleira é uma moldura, quiçá realce ou deixe escapar algo (lá está: filtre) e que, pá, sou eu, em bruto. E bruta, às tantas.



Nota: publiquei esta foto filtrada, e muito, aqui e aqui.

Comprinha

Comprei uma peça de roupa e, aquando da despedida, a funcionária recomendou: «Quando chegar a casa a senhora vai e experimenta, vê como fica, se gosta, se não gosta...» Não tenho presente o que respondi mas deve ter sido um «pois» ou um «sim». O certo é que eu, bem como ela, sabemos como somos voláteis e indecisas e não há nada melhor do que o espelho lá de casa para acabar com dúvidas.

Dia de (disseram na Rádio)

Esta semana a Radio anunciou três 'dia de' que quero registar com ideias antigas e empoeiradas, au eva ende iéte, verdadeiras. Nada verdadeiro este inglês, bem sei que é tolo e desarranjado, mas é tão meu como o blogue de onde retirei as ideias. Vamos a elas:

13 de Abril, terça-feira - Dia do Beijo
As cadeiras transparentes são mesmo transparentes. Mesmo, mesmo. Por entre elas pude ver um beijo fogoso e sôfrego dum par composto por gente jovem. Há algum tempo que a transparência daquelas cadeiras não deixava transparecer nada.
|24 Maio 2016|

14 de Abril, quarta-feira - Dia Internacional do Café
Não vivo sem cafeína. É. Pode ser cápsula de café meio forte ou forte, fraco é que não. Não vivo sem cafeína, mas havendo só do café fraco, venha ele. Por vezes tenho até que encher a cabeça de cafeína pra escrever, quanto mais.
|18 Abril 2018|

16 de abril, sexta-feira – Dia Mundial da Voz
Eu e o meu colega não falamos dos clientes quando saímos das suas casas, após o serviço. Descemos a escadaria do comprimento que for, fazemos a viagem de elevador do tempo que levar e, na rua, desbobinamos.
Esta senhora deve ser cantora ou atriz, não achas?
Sim, está ligada às artes. Eu sei porque quando cá vim, da outra vez, falámos disso.
Pois, bem me parecia, o modo como ela coloca a voz...
Sim, e a doçura. Se calhar também é professora.
Hum, olha que não, precisamente pela doçura da voz.
Não, digo de representação e isso.
Ah. Pois. Se calhar.
|27 Abril 2018|

Em tempos idos

O meu primeiro ofício foi costureira, que abandonei ao cabo de uma década para me pôr atrás do balcão do velho estaminé. O gosto pelos trapos perdurou ainda uns bons anos e fui tratando de costurar algumas roupas, tanto para mim como para a rica filha. Entretanto, por coisas e coisinhas, fui desgostando de comprar tecidos, escolher modelos e aprontar toda a sorte de peças de roupa, a empolgação era nenhuma, e, mesmo forçando a questão, e garanto que a forcei e me esforcei, acabei por desistir. De todo. Redundância. 'Desistir de todo é redundância.» Contudo - ou com tudo, sei lá - tem vindo a apetecer-me costurar e há dias visitei a caixa onde guardo cortes de tecidos e outros tesouros têxteis, acabando por relembrar um dos cortes que comprei vai para meia dúzia de anos e do qual gosto ainda bastante. Se for na minha própria conversa e fizer o que conversei comigo, daí sairá algo que usarei com vontade. Entretanto devo dizer que estou tão envolvida no regresso às trapadas que o corte de tecido já repousa na própria bancada da máquina de costura, aguardando calmamente que esta que vos escreve, alfim, se decida. Falta só dizer-vos que em tempos idos o costume de costurar era tão intenso, feliz e presente na minha vida versus blogue que 'trapadas' foi inclusivamente o nome que dei à etiqueta onde, no blogue, registava o que faria com este corte de tecido ou com aquele.

Cabelos

Ainda não contei no blogue que, afinal, oh glória terrestre, os cabeleireiros reabriram quando ainda estávamos em Março, qual só lá para Abril, qual quê. Logo que passou a louca afluência de necessitadas/os marquei a minha vez – descansadamente, obviamente - que seria a segunda nesse salão e, oh glória terrestre, saí de lá depois de sopros mui ligeiros na cabeleira, umas quantas melenas ainda molhadas, a bem dizer: despenteada e afastada do uso normal de pessoa que vai ao salão, e folgo que assim me tenha acontecido. Olarila. Convém-me fazer este registo por conta de um outro registo que já figura no blogue há mais de dois meses. E a questão principal nem é essa, venho contar que me foi o cabelo lavado enquanto uma cadeira cheia de peças móveis lá por dentro me massajava as costas. Digamos que o encosto estava recheado com engrenagens que fazem massagens. Sempre ouvi dizer que as rimas encerram verdades - engrenagens, massagens. E, mas, olhem que aquilo é porreiro, hum-hum, é-é. Tanto que só agora que redijo este texto me lembrei que aquilo é - somente - uma máquina.

Loures, 17 de Abril de 2021 - Hoje está um lindo dia de sol.

Ontem, no último post que publiquei não referi que a foto foi tirada do ponto de onde geralmente escrevo muitas das coisas que publico no blogue. Considero importante essa referência, por isso reincido nessa foto. E atentando na de hoje - já agora, né? - registo que esta é a perspectiva que em certas posições me acolhe quando estou nas aulas online do Ginásio.

Albaricoque

Terminei agora mesmo o doce de alperce, cujo tempo de permanência nesta casa está nos sete meses, altura das últimas férias. Trago sempre coisas de mercearia, gosto de fazer compras em banais pontos de lugares aonde vou de longe a longe e, por isso, as mercearias não me são banais. Esta embalagem estava aberta há meses, não tantos como os que há que ocorreram essas férias, mas meses. O espanto está na ausência de bolor na camada superior. Há outros doces que compro e, se não marcham logo que abertas as embalagens, emboloram rapidamente, trazendo desperdício. Numa próxima oportunidade terei em conta esta questão para me decidir a trazer um maior número de embalagens.

Bom dia! 😊

São sete da manhã e, diz o meu telefone, já queimei uma caloria.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Verde

Se bem que eu reconheça este cotovelo em qualquer parte do mundo, deixo registado que é a árvore amarela, não vá vocês não saberem e, obviamente, quererem saber que raio de árvore é esta.

Cinco dedos

São cinco dedos e aparas de lápis meio que desfeitas. Saíram assim do apara-lápis, pena não fazerem como que uma flor que só parte quando já não a quero.

escrever numa foto não é pôr-lhe um filtro, daí esta pertencer à etiqueta #semfiltro2021

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Chuva artificial

Lisboa, 14 de Abril de 2021 – Hoje está um lindo dia de chuva.


o sombreado é o reflexo das minhas mãos segurando o telefone

instagrammer

Estou para aqui uma instagrammer que é qualquer coisa de very special. Então não é que a última foto que postei – falo assim, mesmo à instagramer way – teve um alcance que alto lá com ele? Ena. Ena, não, wow.... Está agora permanentemente Mr. Instagram sending alerts saying 'hey, Gina, olha só o engajamento que conseguiste com uma foto tão singela e despretensiosa?, não queres perceber que, também aqui e afinal, se atenta no que fazes?'
By the way, a foto é de ontem e pu-la no Instagram copiada deste post, que eu cá já se sabe que o primeiro dos primeiros é o blogue. De nada, ora essa.

instagrammer


 

Material cirúrgico

Não fora a quantidade de vezes que a 'máscara' é proferida e não teria ainda notado que há pessoas que proferem 'másquera'. Ouvi há coisa de meia hora, de alguém que estava na avenida, conversando, e foi passagem que ouvi.

Lisboa, Lisboa

Numa das ruas lisboetas que mais se me apresenta em cada jorna, o número 30 está numa posição quase disparatada, não fosse eu já lhe ter incutido uma certa seriedade. Colaram-no na ombreira do portão, que, por precisamente ser portão, não se acha naquela entrada uma bandeira onde colar o dito número.

Cinco minutos

Se alguém encontrasse o meu blogue e tivesse apenas cinco minutos para lê-lo, recomendar-lhe-ia os posts onde refiro os ricos filhos, ou então aqueles em que falo de comida. São os posts onde a minha verdade é uma verdade feliz. Hoje é catorze de Abril e há precisamente quinze anos eu dava início à minha vida de blogger. À data tenho para aí trinta mil posts publicados (em váriso... ai perdão, vários blogues) e garanto que a maioria foi debitada atrás do balcão.

terça-feira, 13 de abril de 2021

Quase

Um (quase) cliente parou a marcha da viatura no meio da faixa, pôs-se na rua e foi daí que perguntou 'tem sacos de ráfia?' Estava portanto entre a gente os dois uma boa meia dúzia de metros mas depois aumentou para quilometragem porque eu lhe havia dito que 'não'.

Quentinhas

O cliente pediu que copiasse a chave por quatro vezes. Pediu ainda que as fizesse «assim quentinhas». Não precisei de grande estafa para pôr quentura nas chaves, ocorre inclusive que jamais conseguirei que uma frese (metálica) em rotação sobre si e em colisão com um corpo (metálico) não sobreaqueça, quanto mais. No Inverno mal se lhes nota a quentura mas, dê-me este Verão muitos dias de quarenta graus e que coincidam com clientes querendo chaves, que facilmente as conseguirei bem bem bem quentinhas.

no fim, um reparo:
'quentinhas' é outonal, lembra o pregão das castanhas assadas, que está à distância de meio ano

Sonho

Sonhei com pessoas enleadas na compra de uma loja que ficava no segundo andar do mercado. Estavam felizes (mesmo que enleadas), acenavam-me da janela e tudo. Não me lembro se correspondi ao aceno, é bem possível que não, que eu, mal educada, até em sonhos.

realmente

a minha secretária está incrivelmente livre e alegadamente sozinha

Lisboa, 13 de Abril de 2021 - Está um lindo dia de chuva.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Chão

Passei na rua mais bonita de Lisboa e vi uma mulher sentada no chão, entre dois carros. Pensei perguntar-lhe se estava tudo bem mas fui notando duas malas ali ao lado, abertas, mexia em papelada, enfim, ia meter-me na sua vida por conta de quê? Da empatia, claro. Que não tenho. Pois. E eis que me surgiu a hipótese de afinal as malas não serem suas e por isso se escondera entre dois carros, o dia chuvoso e tal, desagradável, e bem, sentar no chão molhado, está um frio do caraças, ainda que em Abril estejamos... Será que as malas não eram suas? Hum, logo eu que não vejo policiais, tampouco os leio, venho para aqui com estas imaginações todas... Au eva, o certo é que 'imaginação' tem o meu nome no meio.

Daí virá Elvira.

Simplesmente terrestre.

realmente

não há nada no meu corpo de que goste particularmente ou precisamente

Envolvimentos

Envolver claras em castelo numa massa não é uma boa metáfora para as relações interpessoais. É certo que as claras se envolvem por partes até se ligarem à massa e o mesmo parece acontecer com as pessoas até se ligarem a, e com, outras pessoas. Contudo, se numa primeira vez as claras são envoltas à bruta na massa e as restantes partes o melhor é tentear o envolvimento para não acabar com a harmonia, com as pessoas acontece precisamente o contrário.

Fermento

Comprei um fermento especial para massas doces. Agora já posso fazer pãezinhos de leite com maior probabilidade de me saírem altos e fofos. Não cheguei a ler a descrição na embalagem mas não duvido que seja no mínimo algo nesta base o que lá vem escrito. Posso até fazer waffles de Liège e usar, finalmente, aquele açúcar granulado que comprei em Zowelle vai para dois anos. Pronto, este é um post daqueles em que preparo o meu futuro e viajo até ao passado. É bem que é, na mesma, uma casualidade, digo: ter encontrado uma prateleira no supermercado com este produto que inova pela especificidade e que quero muito experimentar. É que, vamos lá a ver, as minhas massas brioche não saem assim tão fofinhas quanto isso e, de cabal que este produto augura que é... Então vá. Ah, e sim, tenho um açúcar grosso que quero pôr em waffles, sendo estes uns que são feitos com uma massa daquelas que calha bem levar o tal fermento-novidade. Quando os fizer conseguirei uma camada de açúcar beeeeeeem queimado nas placas da tostadeira. A lavá-las é que decerto o fermento não actua, qual cabal qual quê.

realmente

a minha cozinha está estranhamente arrumada e estupidamente suja

Lisboa, Lisboa

retratos

imagens que retratam o meu pai
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imagens que retratam a minha mãe
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retratos de um pial que adoro
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O pial encanta-me desde sempre. Dantes, nos idos anos da minha infância, todas as portas daquela rua tinham um pial, uns com um degrau, outros com dois, e, se bem me lembro, havia um com três. Divertia-me percorrer a rua para os comparar – ah este é cinzento, ah este é castanho, ah este é feio e... tcharan!, este é lindo! Se comparado com os restantes da sua espécie, o pial retratado era liso, aprumado, vistoso. Era o meu preferido. Actualmente é o único pial de toda a rua, todas as outras casas foram remodeladas e em nenhuma se manteve os piais à moda do Alentejo. Recordo também que as paredes terminavam (ou começavam, sei lá), aliás, as casas eram, e são assentes em xisto, daí que na base se visse partes dessas rochas, que lascam facilmente. Para mim eram pedras que escreviam, obviamente porque escreviam. Passava algum do meu tempo a escolher a melhor pedra, a mais pequena, a mais confortável, para escrever em outras rochas. O que escrevia não sei, talvez o nome e a data. Saio ao meu pai, e 'quem sai aos seus não degenera', lá diz o ditado.
escrito em 16 de Setembro de 2020 e copiado hoje

... Faltou dizer que o pial em questão era o mais bonito da rua, sim senhoras e senhores, mas porque, à época, estava bem conservado. Actualmente não. O que se deve, presumo, ao facto de a casa estar desabitada há largos anos.
escrito em 20 de Setembro de 2020 e copiado hoje

nota:
as fotos deste post pertencem ao dia de ontem - 11 de Abril de 2020