sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Tenho lido

Estou a quinze páginas do fim do livro do momento: 'Romance de Cordélia', Rosa Lobato de Faria. Tenho a sensação que estou no fim da história e gostaria de ter essa sensação porque o instinto mo revela e não pelas escassas páginas por ler. Gostaria.
Acho melhor fazer um juízo acerca desta leitura enquanto não a termino, é mais milimétrico e genuíno do que ao depois do terminar.
Bom, adorei ler este livro! (estou a adorar, apesar daquelas minhas questiúnculas com a leitura em si e no geral, que, como julgo que sabem - e se não sabem eu gosto de vocês na mesma - aparecem independentemente do livro que eu esteja a ler)
Mas não só.
É a história de uma presidiária que conta essa história enquanto permanece no presídio e também depois de sair, circunstância que agora leio. É uma mulher de uma classe social elevada mas muito infeliz nos amores de todos os tipos, como já em tempos anunciei, e portanto a vida dá-lhe umas quantas voltas disparatadas, mormente pelo feitio benévolo que tem, e por alturas dos trinta e tais dá por si cumprindo uma pena que não lhe pertenceria, ou não fosse la mala suerte com los amores de todos los tipos (não, o livro nada tem de nuestros hermanos, é até bem portugês, aliás: lisboeta, e não é pouco). Para se distrair durante as insónias de que padece, lê livros de cordel, daí a associação ao seu nome, Cordélia, e por alturas das páginas em que descreve sucintamente os romances lidos, encontra uma ironia enorme, pois comparando-os ao seu infortúnio rapidamente se conclui que os romances de cordel terminam com felicidade e boa sorte para os bons, e aos maus acontece-lhes exatamente o contrário e não é nada disso que lhe sucede, ano após ano. Prevejo portanto que este romance não tenha um desses finais espectaculares que a gente vê nas novelas e nas tais historinhas de cordel, mas ao que parece a minha (sim, ainda é minha) heroína encontra a felicidade fazendo o bem por entre os seus iguais, sendo esses, ao momento do que leio, os sem-abrigo que tanto povoam Lisboa.

Posta-restante:
Entretanto já li mais umas quantas páginas, estou mesmo no fim, já sinto a vertigem e as saudades, e na página 205 encontrei parecenças com o estaminé:




Posta-restante à posta-restante anterior:
Terminei a leitura. Adeus Cordélia.
Notei que me esqueci de ressalvar que Cordélia nasceu rica e morreu como morrem os desalojados e muitomuitomuito sós. É desleal revelar como termina este romance, pode alguém ler este post e ler este livro, nunca se sabe, muito embora tenha montes de vontade de o fazer para ficar registado no lbogue... ai perdão, blogue, que a minha memória para leituras é parca. Mas não. Olhem: este romance não acaba bem e bonito, não.

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