Almocei peito de pato assado com os costumes - sal, cebola, alho, tomate - e temperos vários - cardamomo, mostarda, pimenta - e este pato constou da minha mesa à conta de os súbditos do supermercado onde me abasteço terem posto uma etiqueta rosa em algumas metades de peitos, que é o que ocorre sempre que não se vende à velocidade que o prazo quer. De maneiras que isto significa que o almoço me ficou pela metade do preço e que, oh céus, de outra maneira jamais traria do supermercado uma refeição deste calibre.
Sobremesei uma espécie de cheesecake. Digo espécie porque tem muito menos queijo do que é suposto e a base não tem em si bolacha ou manteiga, antes tem tâmaras, cacau em pó e uma nhanha que comprei há umas semanas que dá por um nome ucraniano, devido a vir da Ucrânia, pois claro, e que, portanto, ai a porra das vírgulas, não é facilmente digitado no meu teclado. Ademais, prefiro dizer-vos que a nhanha é doce, contém sementes de girassol...
Fui buscar a embalagem, considerei ser melhor para todos nós.
Afinal constato que em português a dita nhanha se chama 'halva de pasta de girassol' e que contém:
sementes de girassol
açúcar
xarope de glucose
extrato de raiz de sabão ((?!)
amendoim (pode conter vestígios)
E pronto, a verdade é que não há uma receita, na base pus as quantidades que achei que sim senhores e no creme pus o que para ali havia e mais 5 folhas de gelatina, que derreti no fogão, passo que nem sempre dou, tenho medo de me dar mal - que ferva, que evapore, que cole.
Enfim.
Só por dizer que... A gelatina liquidificou por meio do calor do bico mais pequeno que o meu fogão tem, aceso no mínimo, mas quando chegou a altura de a emborcar no creme de natas e isso, retirei a panelinha de cima do lume e nunca mais malembrou de o desligar. Tratei do docinho todo, arrumei tudo, observei o pato, que estava com boa cor, coloquei o pano de cozinha por sobre o fogão - hábito doentio que tenho desde sempre - e vim até ao computador. Não sei lá o que malembrou de repente que voltei rapidamente à cozinha, é que ainda nem me tinha sentado à secretária, quando dou com o fogo. Isso. Fogo. Fogozinho, tudo bem e ainda bem que o era tão pequenino assim. Esquecera-me de desligar o lumezinho e colocara o paninho em cima da chamazinha. Tratei de exterminar as pequerruchas chamas e só depois é que me permiti assustar-me. E agora para aqui estou, cheia de saúde e vigor. Não sou de acreditar em deuses ou presenças invisíveis e protetoras, mas lá que me deu um jeito do caraças eu me ter dado na mona ir até à cozinha, lá isso deu, e se foi um deus ou uma dessas presenças, olhem: não levem a mal a minha descrença e obrigadinha na mesma.
Para quem não acredita em deuses e presenças que não se vêem, beneficiou de grande sorte. Para mim o mundo está cheio de deuses. E presenças a que nenhum dedo esticado chega. E se não fossem elas, eu mesmazinha já tinha morrido uma data de vezes. Ou sou uma sortuda.
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