Adoro datar.
Adoro.
Adoro saber que no dia tal estive no lugar com aquele nome, o que vi, como jubilei, ou então chafurdei e mais isto e mais aquilo. Está-me nos genes, que, neste particular, desceram do meu pai, era recorrente apontar em meras embalagens de gel de banho qual a data em que as encetava. Quem diz gel, diz detergente da louça ou da roupa. Ou então, subindo, quiçá, a importância das coisas, apontava a data da muda das pilhas dos relógios ou as das lâmpadas. Ah, de lâmpadas, até as dos candeeiros da rua tinham a sua atenção. Estou agora a lembrar-me (até parece que estou a comer cerejas...) que há registos de quando ocorreu esta ou aquela catástrofe, evento, ocasião. Talvez o mais estranho disto tudo é que há apontamentos desses feitos no portão do quintal. O meu blogue tem até variadíssimas fotografias que provam isto que estou a dizer (e sem ajuda de cerejas, afinal...). Mas o meu gosto por datar, que na verdade foi ao que vim (pá, efeito: cerejas...), pois bem, há muitos anos que resisto ao ímpeto de apontar nas embalagens quando é que as enceto. Se por um lado é por conta de gostar tanto de datar, por outro é a curiosidade imensa de saber quanto tempo dura o produto. Sei lá, gosto. Ou adoro, como disse acima. Mesmo. E não é que um dia destes irresisti a apontar a data em que encetei a embalagem do detergente para a roupa? Poi zé. Era vinte e um de Novembro, domingo. O meu pai morreu no domingo a seguir.
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