São onze e cinquenta e seis. Há sol na minha rua. Sabem que eu, ontem, quando na casa de uma cliente, vi a minha rua de uma perspetiva que nunca vira. O meu colega amanhava a fechadura do roupeiro da senhora, eu olhava e via e observava e falava coisitas inócuas, sem peso, ela cirandava com a preocupação de não haver luz suficiente. Espreitou pela janela e fez uma exclamação com o nevoeiro como assunto, mantendo a cortina afastada para eu poder concordar com ela. Concordei, vi, mas mais do que o nevoeiro vi a minha rua. Tão bonita. Cinzenta. Cinzenta de um nevoeiro claro, pois que, está claro que estamos na primavera. Alinhada com a curva do mercado e um dos cortes de alcatrão que a alameda tem. Tão bonita. É tão bom eu gostar da minha rua. Nem queriam saber, pois que, no fim, não saberei explicar-vos como é bom que eu presentemente goste tanto da minha rua.
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