Naquele fim-de-semana de passeio calhou de passar por uma das moradas do Gualter. Acenos e olás logo que a gente se viu uns aos outros, pronto, aquela coisa encurtada, à conta do vírus (que ainda é o) do momento e tal e tal. Mostrou as melhorias da casa, incluindo a biblioteca, olha aqui, disse apontando para cima. Olhei e vi uma catrefada de livros alinhados sobre umas prateleiras e com ar de poucas mexedelas desde que. Lembrei de imediato o último livro que ele me emprestou e que ainda não entregara porque entretanto não se proporcionara lá ir. Desculpei-me logo e ele, brincando, respondeu 'ah, então olha, é o que pertence àquele vazio que está ali'. Ri-me. Claro que não estava lá vazio nenhum. Entretanto passaram todos estes dias e calhou de ir a uma outra morada do Gualter, mas em modo profissional, digo: o modo especial, aquele em que acompanho o meu colega nos serviços ao domicílio. Vai daí, o Gualter convidou-me a retirar um livro da sua biblioteca, que me emprestava qualquer um, era só escolher. Fiquei reticente, afinal sou uma leitora inconsistente, já expus no blogue que me desconcentro amiúde, que páro a leitura para escrever, que nesses momentos o que escrevo raramente tem que ver com o que estou a ler. Ele insistiu. Senti-me tentada, há que tempos não leio livros... Levantei-me, então, para escolher. Confesso-me, digamos que, algo pesarosa de pouco saber de literatura, ainda assim reconheci nomes como José Saramago. Pá, tudo quanto é Nobel tem nome até para os despistados, né? Foquei-me num título: 'O Homem que Ri' (não fixei o nome do autor mas sob pesquisa arrisco Victor Hugo) mas depois de desfolhar não curti a prosa e recoloquei-o no lugar (ai o que eu gosto de redundâncias!), quase desistindo da busca por algo que me interessasse. E vi. Eh pá, vi! Como não escolher um livro de Italo Calvino, o homem que me apresentou a palavra grafómana e com isso me mostrou o tanto que o sou?! Chama-se 'As Cidades Invisíveis', parece ser uma espécie de passagens entrelaçadas umas nas outras e tenho alguma esperança que, comece eu a ler mas desista de ler por dias ou semanas ou meses, não perca o norte à prosa.
E de resto?
De resto é que já intentei começar a ler o livro umas três vezes mas desisti. Pois. Mas conto levá-lo para férias, o que ocorrerá não tarda. Eu depois vou dando notícias desta leitura. Ah, a não ser que não haja notícias, óbvio.
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