quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Enfiamento


Enfiei os dedos indicadores nos ouvidos para deixar de ouvir as batidas do exterior e ouvir o bão-bão do meu coração.

Encontro imediato

A dona Custódia abanou a mãozinha e perguntou «está tudo bem». Eu abanei a mãozinha e respondi «está tudo bem» e perguntei «está tudo bem». Vamos todos supor que a dona Custódia respondeu «está tudo bem», está bem? É que por essa altura já a gente se tinha descruzado.


Nota emitida pelo antes do post mas que aparece no fim porque acho mais jeito a isso:
Sorrio ao olhar para o título que escolhi para este post – Encontro imediato. Desagrada-me usar frases batidas nos títulos ou em posts, em parte porque tenho a mania que sou especial e diferente, em parte porque não me quero igualar e afinal ser diferente por sequer chegar a ser igual. Quando me rendo a alguma frase batida, é porque o impacto que lhe sinto é surpreendente e irresistível. E foi um encontro imediato, foi.

Surdina

Canto em surdina, quando espero o sinal verde para atravessar a estrada. Canto para os condutores e passageiros dos velozes automóveis. Que também podem circular lentamente, mas pronto, num caso como este, dizer velozmente é muito mais giro. Quando canto assim, em surdina, quanto mais audiência sinto, melhor.

Os comprimidos são comprimidos porque são comprimidos

Os comprimidos saem dos moldes e nessa fase trazem consigo uns rebordos indesejáveis. Depois são lançados numa máquina que gira e esses rebordos saem facilmente, ficando o resto que, por estar comprimido, assim se aguenta. (disse ele)

Os comprimidos são comprimidos porque são comprimidos. (pensei eu)

Mordedura

Há dias estava eu de roda de uma chicha boa de textura, boa de tempero, grelhada até ao ponto ideal – perfeita. Au eva, resvalou-se-me em certa altura e vai que me mordi fortemente na bochecha. O horror na minha vida, nem queiram saber. Mas saibam mais: piorou nos dias seguintes, comer tem sido, mais do que uma questão de sobrevivência, um ponto de honra. Digo ponto de honra porque desde aí me sinto deveras honrada quando mastigo a comida sem me morder novamente. É que como sabem, e se não sabem não faz mal, eu gosto de vocês na mesma, quando há uma mordedura desta natureza e na bochecha, a mesma incha, e se incha, o mais provável é os dentes fazerem as vezes de pés e tropeçarem no inchaço.

Nem sempre se pode fazer as coisas em grande

O meu colega ia tirar uma lanterna da montra para mostrar a um cliente, escorregou-lhe das mãos, caiu e partiu-se o vidro que a cobria graciosamente. A lanterna ficou como que coxa mas, mediante uma atençãozinha e uma vez que o desempenho do artigo se mantinha saudável e com os níveis dentro dos parâmetros normais, o cliente disse que sim à compra - iei, iei, iei.
O meu colega, em trabalho exterior, não conseguiu enroscar uma das porcas de uma bicha de água. Esta incapacidade aconteceu-lhe porquanto, por defeito de fabrico, essa porca veio sem rosca - ai ai ai.
Bom.
Então.
Nem sempre se pode fazer as coisas em grande.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Procuro-te tanto que te pergunto

Durante duas ou três semanas, para aí de dois em dois dias, procurei determinada peça de vestuário por toda a casa. Ele era nas costas e nos apoios do sofá, nas costas das cadeiras da sala ou da cozinha, no aparador, na mesinha, na arca, nos puxadores das portas, no parapeito da janela do meu quarto e até, oh vejam lá, em todo e qualquer estendal da minha varanda. E nada. Mas é que nada mesmo. Até que me lembrei de procurar numa das gavetas do móvel, que é onde é suposto ser guardada uma peça como aquela, ou seja: no seu lugar. E eis que lá estava ela, esperando. Pacientemente, pois claro, e cheia de disposição de se vestir por mim abaixo.

Absurdez



Perguntar se eu posso fazer uma pergunta absurda
Perguntar se tu podes ser absurdamente sincero na resposta

Ouvidos

A sala de espera tem uma área enorme, ademais é forrada nas paredes a azulejo, o que projecta as vozes em ecos sem fim. É de rebentar os miolos. Porra. Em certa altura saí de lá, inventei um momento, um que me parecesse apropriado para não ferir a parte social, o conjunto de pessoas presentes, «vou lá fora apanhar ar», foi o que disse e saí. Se há coisa de que me tenho vindo a livrar é de culpas pequenas, e esta é mesmo pequerrucha, insatisfatória. Lá fora estava na hora do recolher da passarada. Eia pá, a barulheira que os bichinhos faziam. Impressão nenhuma na minha cabeça nessa hora. Ah... Balsâmico, esse som, voltei a gostar de ter ouvidos.
Regressei à sala. De certo modo o dever obriga-me a ser quem na verdade não sou. De certo modo concentrar-me em coisas presentes obriga-me a distrair-me do que sou.
Há uma cadeira de dentista na sala de espera. Aliás, duas, mas diferentes, e todos ali diziam que não é de dentista, é de barbeiro. Mas eu: «Não. Ok, aquela ali pode ser, mas olha que não é, olha o dispensador de papel, mesmo à cabeceira. Ok, cabeceira é de cama. Olha, onde é que há século e meio havia um barbeiro com dispensador de papel que parece um rolinho para os clientes não apanharem infeções?» «Quais infeções?!» perguntam. «Sei lá!» respondo «então dantes não havia infeções?»

Bom vinho (bom porque, ao que parece, nem todos os vinhos são bons)

Laurent ligou-me para me convidar para tomar um copo de bom vinho.
Ah...
Tem duas Virginies nos seus contactos e ligou para a falsa.
Ok.
Em introdução, dizia ele que aquele telefonema nada tinha de profissional, que era todo pessoal.
Hum.
Entretanto forcei uma brecha no convite e orientei-o, cheia de salamaleques:
- Laurent, olhe que eu sou a falsa Virginie....
E ele:
- Pardon, madame. Pardon Virginie. Pardon, pardon.


Sim, o lapso teve montes de piada, quanto mais não seja porque nunca me tinham convidado para tomar um copo de bom vinho.

Dúvidas em grande. Por vezes sinto-me endoidecer com o teor de certas dúvidas, oh quanto me amofinam...

Quando encarei o painel de campainhas, enganei-me e toquei para o r/c esq em vez de para o r/c dto. Não era assim tão mau, paciência, alguém me abriria a porta lá do escritório do senhor doutor. Só por dizer que depois comecei a questionar: eh pá, caraças, mas de qual dos andares partiu a ordem? quem realmente me abriu a porta?

Quando saí da aula de grupo lá no Ginásio e me tranquei no wc montes de tempo para reflectir em nada – incongruência, bem sei, se reflicto em nada, nada apurarei, mas vá – e, uma vez saída de lá, estaria alguém no balneário do tempo da minha entrada? se sim, teria notado que passei tempo demais reflectindo em nada? e das pessoas que nesse momento se encontravam no espaço mas que chegaram após a minha entrada, terão por sua vez percebido a minha demora dentro do cubículo?





Tomem nota do que vos digo, um dia enlouqueço de vez, tal o declínio em que me encontro, e depois vocês já não vão poder ler coisas novas no blogue.







(Ah e tal e coiso, ela sabe lá que manda...)
(Pois não sabe, e depois?)

Isso de o Carnaval ser em fevereiro ou em março é a Natureza que manda. Está bem que o Homem é que diz quando, mas é a mando da Natureza. Não sei se há soberania mais soberana do que essa – mandar sem querer saber que manda.

É

Sol e
Passeio é
Já a
Seguir

Eu vou atrás

Avistar uma figura pública na avenida.
Ver a publicação fotográfica no seu perfil de Instagram, legendada com um simples 'às compras!'
Fazer as contas em termos de horas que passaram por entre o avistamento e o número de horas que o Instagram diz ter decorrido desde a publicação.
Concluir que, por serem vinte e uma, confere.
Admitir que, ainda que levemente, persegui a pessoa.
Prever que um dia dou em stalker das mesmo boas.

Tudo o que seja equações e formas geométricas é confuso para mim. Resolver frases e textos também é, achar-lhes uma qualquer coerência e tal, eu é que não quero saber disso para nada.



Dias de um Ginásio

Já não chego com a língua às mamas quando estou dobrada sobre mim mesma lá nas aulas do Ginásio.



(de resto, tudo igual, 'migos…)

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Está-se

Está-se de sol imenso, o placar da praça mai linda de Lisboa funde-se-lhe as pequeninas luminárias. Está-se de chuva desaustinada, idem. Aparentemente está-se de bem somente e quando a amenidade passa pelos dias.

Pertenças

Actualmente é um achado cruzar-me com um ciclista que circule por Lisboa na sua própria bicicleta.

Pista de corrida

Lá no Lar, o que mais me impressiona é a rapidez com que me movo, se comparada aos velhinhos que por ventura andem daqui para ali. Sério, sinto-me uma velocista e tudo. Logo eu, um poço de pesos.



Dia de (disseram na Radio)

Hoje é dia das calças de ganga. Actualmente não uso mas já usei aos bués. Há algo no tempo que passa, quiçá simplesmente isso, o passar, que faz com que determinada peça de roupa passe (lá está...) de ser extremamente agradável no sentir de corpo para verdadeiramente repugnante. Uhhhhh, calças de ganga, não! Bom, estou a a exagerar, mas a verdade despida é que o uso de calças de ganga já não me apraz assim tanto. Obviamente é uma peça do mais versátil que há, dá um jeitão termo-la à mão, mas eu, por ora, não uso.

Um custo

Custei a adormecer devido à estação de Radio não ser do meu agrado. Ora era electrónica, ora anos 80, ora não sei quê. A Radio Comercial, a estação do meu costume, não estava com sinal dos bons, não sintonizava nem por nada, e eu estava a ficar desesperada por um costume. É aquela sensação conhecida, que pode até ser um som, e por ser costume há habituação e, por haver habituação, há segurança, conforto.

A estátua que sorri


#semfiltro

A estátua que sorri

Fui dar um passeio pu sol, escolhendo o sol.





Passei pela estátua que sorri. É ver acima. Dei pelo cheiro dos comboios. É ver abaixo.


idiossincrasia

idiossincrasia, assim num repente, é uma pancada nos cornos, podendo dar-se o caso de ser pequerrucha e silenciosa, só por dizer que, no mais das vezes, é o contrário disso aí

Bom dia!



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Não sei como é convosco, mas eu dou por mim a ir até este ou aquele blogue com a intenção de ir ver a pessoa que o escreve.

Ah

Olá, bem vindos a mais um post

As praças

A Praça João do Rio é um quadrado lisboeta que nunca me encantou e foi então por isso que sempre me atraiu. Tenho desde sempre uma descrença muito forte na existência de lugares insípidos, estéreis, sem alma, cá no meu conceito de vida, lugares assim não os há. Sei lá, sofro com a falta de 'coisas' em lugares, é melhor negar e pronto, e note-se que não digo ausência de 'coisas' boas em lugares, pois 'coisas' más também lhes dão vida. Voltando ao ilustre senhor, João do Rio, que só pode ser ilustre porque tem um busto em Lisboa, em algumas passagens por ali, presumo que tenha parado a mirá-lo com atenção ao menos uma vez ou outra. Recentemente, voltei a parar para admirar, inteirar-me, quiçá descobrir, se realmente gosto da dita praça ou então não, e pus-me a ler a inscrição do pedestal, que, essa sim, me encantou vivamente:






A Praça Pasteur é sombria. Eu gostar dela, gosto, mas acho-a sombria. É possível que isso se deva à memória que tenho de ter feito uma entrega num dos prédios, que fica um bocado abafado por uma das árvores. Sombrio. Não sei. É possível. E a foto abaixo não retrata sombra nenhuma, bem sei.



O fevereiro no fim e eu até agora sem contar quantas árvores da rua mais bonita de Lisboa têm folhinhas novas.

A oitava, a nona e a décima árvores que encontra do lado direito quem desce a rua mais bonita de Lisboa, já têm folhinhas novas.
A sexta e décima árvore que encontra do lado esquerdo quem desce a rua mais bonita de Lisboa, já têm folhinhas novas.

ressalvas:
… umas árvores têm mais folhinhas que outras, bem entendido
… a décima primeira árvore do segundo grupo que apresentei mantém consigo, se não todas, pelo menos grande parte das folhas do ano passado, já acastanhadas, secas e encaracoladas pela velhice
… para fazer esta contagem, idealizei descer e subir a rua, numerando as árvores nesses sentidos, ora acontece que raramente subo a rua e estou tão mas tão habituada a essa perspectiva que no futuro não reconheceria ou tampouco traduziria este post, e eu não quero nada disso na minha vida
… enquanto rabiscava os tópicos deste post, a caneta findou, tirei-lhe foto e deixei-a em cima do banco, o último que encontra quem desce







o último banco que encontra quem desce a rua mais bonita de Lisboa





O fevereiro no fim e eu até agora sem ter vindo ver as florzinhas das árvores do jardim.


#semfiltro



Há pessoas que vêm medir a frieza das suas mãos com a das minhas. Perco sempre.




sábado, 23 de fevereiro de 2019

Gosto muito de fazer festinhas no meu volante. Gosto mais de fazer no meu do que no teu.


millions of girls float on their one quote
living on their last hope, on their last hope
(Marina And The Diamonds)



Fui ao supermercado e comprei ervilhas. É meu costume chamar ervulhas às ervilhas, só por dizer que nunca ninguém me cobiçou aquelas.


Ó Gina, estás cá com um stretching...

Hoje é dia de quê?

Hoje foi e é e será dia de ficar com a pele da cara e os cabelos da cabeça a cheirar a spray limpa-móveis. Já ontem foi. Que dizer? Uma pessoa habitua-se, é o que é.

Ponta de corno

Ontem escrevi o único post, de pé, numa praceta de Lisboa, enquanto o meu colega afinava a mola da porta de um prédio. Hoje estou na disposição de escrever, também e pelo menos, esta ponta de corno, contando, porém, voltar ainda neste dia. Bom dia.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Passarinhos

No chão, junto ao tronco da terceira árvore que encontra ao lado esquerdo quem desce a rua mais bonita de Lisboa, estavam dois passarinhos lá em suas vidas felizes e abundantes.
Oh tão bonito para fotografar, os peitinhos da cor das folhas-bebés! Oh tão bonito para olhar! Melhor será limitar-me a olhar, qualquer esgar que faça espantará os bichinhos... (pensei eu)
Lembrei-me de Karen, a bicha-gata, por ultimamente andar na enga de lhe afagar o pêlo sem a assustar demasiado. Não considero longe o dia da tentativa a sério porque tenho muita vontade de efectivar o afago.

Os filhos

Gualter, esse filho de sua mãe, perguntou do alinhamento.
Gina, essa filha de seu pai, respondeu que tudo bem.

A marquesa está alinhada com os tacos. Achei graça à exactidão e enalteci-a até me sentir feliz. Aprendi há anos que fabricar um bem-estar nada tem de horroroso.

Não

Era uma clássica e oriental senhora que se apresentava de casaco e boina verdes e telefone vermelho. Disso, em europeu de Lisboa, ou a gente se lança lá para a excentricidade dos criadores de moda, ou pois que não há nada.

Por partes

Primeira parte:
Vi umas calças mesmo giras. São pretas, pesponto na frente e fita vermelha e branca pregada na lateral. A parte melhor é serem larguinhas e portanto parecerem confortáveis. Pensei em pô-las a uso no estaminé (ainda não as comprei e já tenho planos...) mas antes vão comigo na grande viagem. Entretanto já me pergunto se não será melhor pô-las ao serviço dos treinos no Ginásio. É que as que dou uso ao momento estão descosidas nos bolsos traseiros. Eu hoje queria mesmo escrever 'traseiros' pelo menos uma vez.

Segunda parte:
Quando experimentei as calças fiquei agradada. Tanto que as trouxe comigo. Entretanto já as lavei, não fossem encolher ou assim (mas não), e falta-lhes tirar um nadinha no comprimento. Não são umas simples bainhas, a fita não está pregada até ao fim da costura lateral, a própria costura termina acima do normal, formando uma rachinha, o que acontece é que a fita, não estando pregada, ondula ao passo. Se eu mantiver o feitio original das calças, vou andar por aí com uma fita esvoaçante nos tornozelos. É capaz de não ser bembembem a minha cena... Mas.

Então e...?

Mas não haverá um profissional de saúde que em lhe apresentando os meus cinquenta anos de vida não se dedique imediatamente à perguntinha: 'então e menopausa...?'

Há dias andei de roda da farinha de milho

Fiz um bolo de fubá, que é como no Brasil chamam à farinha de milho. Retirei a receita do Pinterest, uma daquelas imagens onde se misturam letras a desenhos, facilitando bastante a interpretação. Quando desenformei o bolo não fiquei satisfeita, tinha alterado as quantidades, pareceu-me leite a mais, a receita manda dizer xícaras e eu uso cups e gosto de usar, portanto 4 cups perfaria quase 1 litro de leite e acabei por pôr apenas 3. E eu que tenho a mania que sei e o caraças, ainda me deu na mona colocar mais queijo creme do que pedia a receita, numa de não faltar humidade ao bolo e mais não sei o quê. Como tenho a tal da mania, lembrei-me que canela em pó e raspas de limão melhorariam o sabor do bolo. Melhorou. De queijo ralado, que a receita pede e pede mozarela, como não tinha, pus queijo da Serra, antevendo que era um sabor demasiado acentuado, quem sabe se sobreporia a todo os sabores e tal e tal. E sobrepôs. A primeira dentada não me entusiasmou nem um pouco, caraças pá, oh. Contudo, dois ou três dias a seguir, o bolo adquiriu um paladar fantástico. Sério. Não sei se pela admirável ideia






que tive de fazer um creme de limão e com isso cobrir o bolo, a verdade é que no envelhecer o bolo ganhou um ânimo do caraças. Entretanto, como este foi um bolo que trouxe para o estaminé e que ofereci a três pessoas das comuns pessoas que por aqui passam, aconteceu que qualquer uma se desmanchou de prazer com a junção.



Pronto, esta aqui é só para dividir o post.



Fiz polenta. À italiana, avanço eu sem saber e avanço mais para dizer quão moderno é o modo que usei. Isto está confuso.
Bom.
Então.
Comprei um pacote de polenta que dizia ser pré-cozinhada, que era uma questão de minutos até engrossar e que, logo que engrossasse o desejado, parasse de mexer. Assim fiz e assim correu, uma levando à outra - ou seja, correu bem porque fiz como mandava o pacote e, por ser bem-mandada, correu tal e qual. A receita (que retirei da revista Continente Magazine) pedia queijo ralado, que joguei para dentro do tacho logo que atingido o ponto, mexi até derreter e depois pus numa travessa para arrefecer. Era também pedido que, como acompanhamento, se assassem tomates cherry, temperados de coisas boas, mas eu usei aquela espécie que se diz 'tomates em cacho', os quais, quanto a mim, são do melhorzinho que se comercializa actualmente. Ora bem, a polenta, feita como mandou o pacote, é uma coisa meio insípida, meio enjoativa, mas com o acompanhamento sugerido subiu de nível, é muito bom. Então já sabem, façam polenta, sim, mas juntem qualquer coisa muito apaladada.
Entretanto há mais coisinhazinhas. Fiz o pacote inteiro, o que me rendeu muitas porções, na verdade demasiadas, pronto, fui uma besta, foi o que fui. A polenta é caracterizada por endurecer bastante quando arrefecida, o que me levou a pensar no milho frito que se come na Madeira, seia uma boa ideia cortar cubos e fritar. Desde aí é o que lhe tenho feito.







Ah, entretanto congelei. Não posso dizer que tenha sido muitaa porreiro, a polenta tende a desfazer-se com a fritura, quiçá 'problema' do queijo, mas lá tenho andado, aos poucos, a livrar-me desse excesso de armazenamento.

Ó pá tóin xiru!




Bom dia!

São sete e picos. Na minha praceta, a claridade encontra-se no céu mas não no chão.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

O que vale é que vocês gostam de mim na mesma.




Baú


+/- 17:30

Há grande afluência naquela rua de Lisboa às cinco e meia da tarde. Pessoas aos montes nos passeios todos, todos regressando, pressinto que com pressa. Tanto se fala da solidão das redes sociais, que parecendo que não, andamos mas é sozinhos na mesma, ainda que no meio de toda a gente e blás e blás e blás. Então e num cenário como este acontece o quê?, um forte e carinhoso acompanhamento das gentes entre si?
15/02/2017

Timidez





Não tarda está o senhor doutor a perguntar-me 'não se sente à vontade comigo, pois não?', e eu que sim. Que não. Não sei.


What if this is all the love you ever get?






título: Snow Patrol

Solidão

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

banco de jardim ou assim

vi 
«não te esqueças de sorrir para quem se sentar contigo, ao teu lado, neste banco...» 
e depois a recomendação ou anúncio 
«comunidade grande abraço»

não sorrio para quem se senta num banco de jardim onde me encontre sentada
desconheço se, sorrisse eu, seria por dever, consideração, partilha, comiseração ou simpatia

Diário

Idealizei sugerir ao senhor doutor que passaria a escrever um diário dos acontecimentos dolorosos, isso facilitaria a nossa vida.
Depois percebi que faço um diário todos os dias.
Depois percebi que não ponho lá nenhuma destas dores.

Cor

O senhor arquitecto notou a única cor no inteiro da minha indumentária e comentou 'ah, parece a woman in red'. Queria eu que ele me visse hoje, que a cor se me escureceu pra caraças, a ouvir o que diria.

Espólio

Tenho andado para escrever acerca de uma coisinhazinha e é hoje 'migos, é hoje. No dia em que publiquei este post legendei a foto como que aludindo ao amor que amamos, ou que eu amo, quando encontro algo que me extasia pelo tamanho da beleza que lhe encontro. Então, como o espólio trazia um pacote de lenços a dizer love e love e love, ainda por cima uns loves amorosos (redundância, bem sei, mas e vai daí, né?) por de cor-de-rosa estarem vestidos, chegou-me à tola a primeira pergunta que está no título desse post. Depois, logo encontrando outro pacote de lenços vindo do espólio, dizendo all you need is love e coiso e tal, eis que o assunto como que se mantinha e vai que esta que escreve agora, escreveu na altura uma outra pergunta, a segunda que está então no rerreferido (eu sei, eu sei, vá...) post. Ora ocorre que o grosso do corrente post é dizer a su xelências que só para aí ao fim do dia é que malembrou que era o dia do valente do amor. Sério. Acertei no dia da grande questão, sim senhoras e senhores, mas sem de nada saber durante toda a trajectória de pôr um post na blogosfera. Entretanto apareceu-me um outro pacote de lenços, home sweet home e mais não sei o quê e pronto, está feito o desabafo, era isto.

Dona Rosária

Mostrei esta foto ao meu colega, comentando que, como em tantas fotos que me tiro, tenho um certo ar de dona Rosária, a minha mãe. Não que ele discordasse de uma certa parecença mas acrescentou que os olhares não são assim tão parecidos, que eu tenho uns olhos inquiridores e a minha mãe é mais… Ele não especificou mas eu acrescento: vaga, porque foi o que concluí. Gostei da definição, principalmente porque não me sabia assim. É sempre porreiro conhecer-me através dos outros, sem escavacar o íntimo.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

O que vale é que vocês gostam de mim na mesma.



A mulher dos passos





Era dia 12 último e estes são os meus mais passos de sempre.

Ai, eu sei que não está bem escrito, deixem-me estar.


Post muito actual




Há tempo tive oportunidade de ingressar num curso de soldadura. Não me vou alongar por sobre o quão disparatada esta questão se me apresentou, se vista de chofre, principalmente por ter percebido algo que actualmente se verifica no mundo laboral e assim eu poder colher frutos do tanto que se tem lutado até hoje:




não vi discriminação de género sexual, é que nem ponta




Interessante, né?


domingo, 17 de fevereiro de 2019

Feio

O bolo de bolachas ficou feio cumó caraças, o que redobrou o paladar e o prazer. O fim de um bolo de bolachas é ser degustado, logo: toda a parte boa se concentra nisso. Principalmente quando, e se, o aspecto é feio. Ora… Até as amêndoas, que fui eu que pelei e torrei e palitei, estavam uns cacos mal-amanhados, desesperantes. Mas eu ó: hum… 

Baú


Gina, a mulher que tem um blogue infindo

Morrem-me os assuntos... Não morrem nada, sou eu que os mato, pois se mando nisto tudo, como não? Não morrem as palavras, antes mato as ideias. Bem sei que era mais bonito mostrar ao leitor como sou especial e literária, que me morrem as palavras, mas não, mato eu, não as palavras, sim as ideias. Nos últimos dias tenho observado as septuagenárias com o interesse de sempre, e isto é só um exemplo, e não as descrevo. É tudo cenas que não ficarão registadas no blogue, contando com a posteridade. Matei as septuagenárias. Depois ressuscitá-las-ei, porque mando nisto tudo.

17/02/2017

Nós por cá todos bem, obrigadinha.



Das fotos, conto, «O incerto risco»




O incerto vem em duas vertentes, onde termina o cabelo e os riscos feitos a posteriori da edição. É uma foto antiga que me andava para ali - como tantas, afinal, e acreditem que de quase nenhuma venho contar circunstâncias e pareceres -, vinda do desmancho da Árvore de Natal, momento em que decidi enrolar o fio de lâmpadas em mim e vai disto, cliques e mais cliques. Depois, esta encontrada, lamentei que se fosse para todo o sempre sem registo da incerteza do terminar do meu cabelo, contudo, como não me apeteceu mostrar lâmpadas de Natal, risquei o sítio onde apareciam. É só isto.

As fotos não são minhas, mas do Luís, só que eu, descarada, pois claro, pedi-lhas, e ele, generoso como é, pumba, cá estão. E agora é mostrá-las ao mundo. Ou ao meu mundo, se calhar é mais isso. Ah, e são d' hoje pela manhã. Ao momento da publicação têm para aí duas horas.



#semfiltro
#semfiltro
#semfiltro
#semfiltro

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Sábado com pena


O dia vai a dois terços de passado e nesta hora encontrei uma pena na minha cozinha. É de um pássaro amarelo, sei lá de que raça, pode contudo não ser mais amarelo do que cinzento, não obstante na pena o amarelo ser mais.


#semfiltro

Guardanapos

Valentim, o valente do amor






(é que deste dia sobrou isto, estão a ver? então pronto, é isso)

Pedido de ajuda


Já experimentei lar (foi para cima, é prémio para acumular), gal (só porque me lembrei da Costa, Gal Costa), reg (não fosse abreviaturas sem pontinho - reg. - contar, só que não conta). E entretanto para aqui estou, cabisbaixa de cabeça e enfezada de mente, é que não consigo pensar em mais palavrinha nenhuma com estas três letrinhas…


Sábado


O dia vai a meio e já fui ao supermercado fazer mais ou menos esta figura:





Comprei couve kale, coisa que não comprava sei lá há quanto tempo. É uma couve de que gosto particularmente, é rijinha e aveludada. Bem sei que é uma conjugação disparatada mas sinto que a dita couve é esse disparate e afinal de contas isto aqui é só um blogue.
A senhora da caixa, vendo o tipo de ovos que eu colocara no tapete, perguntou se noto alguma diferença nos ovos biológicos. Disse que não, porque não, acrescentando que podia ser que tivessem a gema mais amarelinha e os bolos amarelecessem, só que não.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Partilha

Nota prévia:
Identifico-me com cada frase deste trecho, excepto o que aparece em itálico. Sério, parece mesmo a Gina e as pessoas a quem oferece bolos. A vizinha Gislena até me disse, nesta última vez, que preferiria que eu lhe vendesse uma fatia de bolo, ao invés de me pôr a oferecer-lha, que as coisas custam dinheiro e dão trabalho. Eu percebo a questão dela, é uma pessoa conscienciosa, não quer abusar e mais não sei o quê. Mas eu cá o que gosto mesmo é de dar fatias dos bolos que faço porque vejo que as pessoas comem com gosto. E fui eu que fiz.



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- Quer uma fatia de bolo?
- Acho que devia ir-me embora.
Eu não queria parecer desesperada, mas de facto estava.
- Fui eu que fiz – insisti.
- Um bolo caseiro? - Pensei ter visto um relâmpago de interesse na voz dela. - Não vejo que uma fatia me possa fazer mal.
Tirei dois pratos do armário. Ouvi o som da televisão subir na sala ao lado e fiquei agradecida pela privacidade que nos proporcionava. (…)
Sentei-me e entreguei-lhe um garfo. (…)
Quando provou o primeiro bocado, mudou completamente de expressão. Ao princípio, pareceu surpreendida, como se não tivesse bem a certeza de que era bolo o que estava a comer. Cortou outro bocado e depois pôs o garfo no ar e olhou para ele por instantes antes de o meter na boca. Mastigou devagarinho, como uma cientista ocupada com uma experiência importante. Depois, baixou o nariz e cheirou o bolo.
- Isto é batata-doce – disse ela. (…)
- Batata-doce, passas e... rum?
Acenei com a cabeça afirmativamente.
- Este bolo é uma maravilha – disse ela, dando outra dentada.
Na minha família, a tendência era manifestarem-se contra os bolos. Desejavam que eles não existissem, mesmo que estivessem a saber-lhes bem. Mas Florence Allen teve uma reação que eu raramente vira: rendera-se ao bolo.
- Fico satisfeita por gostar.
- Não é só gostar. Acho que isto é... - Mas não concluiu. Em vez disso, parou e deu outra dentada.
Podia ficar a vê-la comer o bolo inteiro, garfada após garfada, mas ninguém gosta de ser observado. Comecei a comer a minha fatia.
Florence pressionou o garfo contra o prato várias vezes até apanhar a última migalha. O prato ficou suficientemente limpo para poder voltar directamente para o armário.
- Quer outra fatia?
Cruzou os dedos compridos sobre o estômago e abanou a cabeça.
- Não quero estragar tudo por ter comido demais.
- Então leve para casa. - Levantei-me e retirei do armário uma embalagem de pratos de papel. (…)
- Não pode dar-me o seu bolo. A sua família pode querer. O que é que iam pensar se eu lhes levasse o bolo?
- Iam pensar que estava a fazer-lhes um grande favor – disse eu. Cobri o bolo com película aderente e forcei-a a pegar nele. - Muito obrigada pela ajuda que me deu com o meu pai.
- Eu não devia levar o seu bolo mas quero levar. As minhas filhas e o meu marido nem vão acreditar. - Levantou-o nas palmas das mãos e olhou para ele.
Sorri. Pensei dizer-lhe que teria todo o prazer em fazer-lhe um bolo todos os dias até ao fim da minha vida se ela estivesse disposta a ajudar-me a tratar do meu pai ou apenas expressar interesse pelo que eu estava a fazer, mas depois pensei que não havia necessidade de lho dizer. Podia assustá-la e fazê-la fugir.
Despedimo-nos, e Florence Allen partiu com o bolo.

'Comam Bolos!', Jeanne Ray, capítulo quatro.

Corninhos

O caracol,
de louça e grandão,
que está sentado num banco que,
se não é de louça,
pelo menos parece,
continua sem os corninhos.
Alguém lhos levou,
julgando que lhe pesavam.

Árvore amarela, cotovelo dela

#semfiltro




A diferença de tonalidade no céu deve-se à diferente perspectiva. Como a hora era aquela do lusco-fusco, qualquer pequena diferença engrandece.





#semfiltro

Prenúncio de Primavera

Esta é a árvore arredondada - aquela que se apresenta como sendo a primeira à esquerda de quem desce a rua mais bonita de Lisboa - que já anuncia a Primavera.


#semfiltro



Post com título

#bomdia