segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Trás-os-Montes

Há uma data de anos fui a Trás-os-Montes em passeio e foi lá que fiz uma viagem que jamais esquecerei. Íamos, sei lá, uma dúzia deles, montados num jipe daqueles que galga tudo, desde inclinações extremas a escarpas, rochas bicudas e o caraças. Digo meia dúzia, e sem exagero, era uns na cabine e os restantes na caixa, tudo à molhada. E fé. Eu tive-a, sim, na Vida, pois pouco restava fazer. Em algumas manobras vi-me sentada numa borda, a equilibrar-me a custo, o chão tão longe. E bicudo. Porra. O condutor era o filho do dono do possante veículo, que (supostamente) conhecia os meandros daquela condução – mudança coiso é para subir os bicos das rochas, mudança não sei quê trava o motor para descer confortavelmente o que se mostra perigoso e blás e mais blás. É tema que não domino, tanto que nem o sei descrever, certo é que pensei que não ia chegar viva ao dia seguinte. Às vezes relembro este episódio, foi marcante, atirou-me para uma esperança arranjada à pressa, à força, se eu caísse dali morreria e depois tudo passou. Morrer. Viver. O suspense e a aflição passaram, cheguei em bem, em bom presumo que também, nessa altura só queria viver.

Sem comentários:

Enviar um comentário