Aconteceu de novo um cliente remirar o estaminé e encontrar a frase que em tempos registei lá ao alto. Perguntou «quem é a Gina?», tal e qual como fez a cliente da outra vez. Respondi que «sou eu» (claro!), ele comentou que a frase era «profunda» e eu não discordei, com os anos habituei-me à ideia que ninguém vai perceber que a frase é só aquilo. Fiquei contente por (ainda!) não ter raspado aquela merda, é que de vez em quando dá-me ganas disso, farta que estou das minhas criações. E então o senhor perguntou «gosta de escrever?» e eu que «sim, muito» (claro!), só que, pá, depois foi levado a perguntar «lê muito?» e eu... Oh ca porra, respondi que «não» e, num modo por modo a ser desculpada (como se fosse preciso...), acrescentei «precisamente porque escrevo muito.» E ele não vai de modos taciturnos, que é lá isso, e quer saber se tenho talento. Sério, ele perguntou sem rodeios «mas tem talento?» O meu colega salvou-me, respondeu ele.
Mas a conversa continuou. A par com o espanto dele (é nosso cliente há longos anos e jamais supôs que sou assim) fui desenrolando isto e aquilo acerca do que escrevo - que gosto do estilo cronista, diarista, e longe de romances e, ou, ficção; que para escrever tenho que ver, posso romancear uma cena, obviamente faço-o, mas tenho que ver coisas; que escrevo essas coisas mas não as mostro, lanço-as, publico-as, mas não digo que o fiz.
Olá, o meu nome é Gina. Prazer.
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