O balcão está noutra posição, já em tempos pus no lbogue... ai perdão, blogue, o que até parece mais à disposição de clientes e todos e todos e todos. Quanto aos clientes, quiçá se façam mais entrados, ao ver de imediato a quem vêm. O pior é que a humanidade é do caraças – assim como há os que vêem gente cá dentro e vai disto ó Evaristo, outros há que fogem quando percebem, precisamente, isso de haver aqui pessoas. Não deixa de ser curioso, e muito, o que um cruzar de olhares atrai ou então retrai.
Esta mudança trouxe também uma impossibilidade, a de as pessoas notarem a! frase. Há outras frases que me são especiais mas esta é a! frase. Deixo baú (30 novembro 2018):
No mais comum dos meus dias de grafomania está uma espécie de desespero pela falta de gente parecida comigo, o que traz obviamente uma certa solidão, já para não dizer que me sinto desfasada do mundo, como se não lhe pertencesse, como se vivesse num postigo que abro quando quero e daí recebesse o carinho e a credibilidade, como se as pessoas me vissem apenas pela metade. Não quero com isto dizer que o acto de escrever me traz uma infelicidade do caraças mas também. Posto isto, é obviamente raro receber vibrações positivas da parte de quem lê o que escrevo, e é ainda mais raro recebê-las in loco, mas foi o que aconteceu, e aconteceu à conta daquela frase que escrevi no estaminé. Uma cliente mirou-a atentamente e perguntou ao meu colega: «Quem é a Gina?», isto porque assinei, e ele respondeu que era eu. Não assisti a esta parte porque estava lá para dentro, mas quando cheguei à parte iluminada do estaminé ouvi-a perguntar se podia tirar uma fotografia e vi-a subir para o banco-escadote, um tanto ou quanto instável, mas, mediante os avisos e cuidados do meu colega, à laia de despachada, respondeu-lhe que não se preocupasse, ela estava habituada. Fiquei convencida que a senhora queria fotografar o porta-talheres ou o fogareiro, que são elementos vindos do velho estaminé e que fogem ao 'tema' daqui e estavam no seu campo de visão. E sim, chegou a passar-me pela cabeça que ela queria fotografar a minha frase, mas não me fixei nessa ideia, é frequente alguém a notar, pois é, depois lê-la, estranhá-la e não a perceber. Já houve até quem dissesse que está mal pontuada e por isso é que não a percebeu. Bom, tudo bem, eu sei que não está mal quem não percebe o que escrevo, e sei também, e ainda mais e melhor, que não sou eu que estou mal se não percebem. Mas porra, quando percebem, eh pá, a sério... Ai. É que eu não sei se estão a ver a cena, uma senhora subiu a um banco para tirar uma fotografia a uma frase que fui eu!que criei, e percebeu-a! e levou-a com ela! para a recordar!
Emocionou-me bastante, este episódio foi especial para mim, mas não quero estendê-lo mais. É esta a frase em questão:
«Sei. Porque tenho memória, sei.»
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