Bom dia. São dez e trinta e nove. A chuva chegou ontem à noite, perdurando hoje o tempo nublado, o que faz jus à expressão: 'está de chuva', embora não esteja a chover ao momento. A palavra do dia, a que disseram na Radio, é berbicacho. Vou pesquisar nas minhas coisinhas escritas, está bem. Vai ter que estar.
Cliente quer uma lanterna, tem o marido idoso e algo dependente no átrio do prédio às escuras, esperando a luz que ela há-de levar.
Droguista avia-a o melhor que pode mediante a rapidez solicitada.
Cliente está muito ansiosa, o marido ainda se mete escadas acima.
Droguista explica (mediante a rapidez solicitada) como funciona o pequeno objeto.
Cliente anui, acalma-se um pouco.
Droguista vai buscar as pilhas, insere-as no compartimento e... Tcharam, faz-se luz.
Cliente ainda quer uma esponja de banho macia para lavar o marido.
Droguista mostra o que há.
Cliente escolhe, pede desculpa por estar tão apressada, agradece imenso, estende a nota.
Droguista responde 'deixe lá isso, não há problema' e busca o troco.
Cliente com gestos imprecisos prepara-se para sair mas deixa cair no chão a lanterna cuja tampinha lhe salta o que faz com que já não acenda. Marido à espera, 'ai meu deus que ele vai por ali acima e noutro dia caiu, veja lá'.
Droguista segura na lanterna, meio atarantada, clica no sítio que supostamente faria aparecer a tão desejada luz e percebe que mantendo o dedo ali a luz também se mantém.
Cliente diz que não faz mal nenhum, mete o dedo ali e pronto, para agora, para já, para este momento serve bem, ir ter com o marido que a espera ou estará na iminência de se mover escadas acima é prioritário. Despede-se, então.
Droguista retribui o adeus e logo depois dá por falta de uma esponja, há pouco mostrara dois tipos à cliente... Certamente com a pressa a cliente pusera tudo de rompante dentro do saco. Espera-se então até amanhã, a ver o que dá.
O amamnhã chega e é encontrada no chão uma rodela em acrílico, o que faz lembrar esta droguista que é bem capaz de aquela coisinha ser da lanterna da dona Marta. E era, horas depois lá vem ela, ao chegar a casa, depois de sossegar, com calma, verificou que levara uma esponja a mais inadvertidamente. E já agora, se não haveria pelo chão uma chapinha ou algo assim...
E agora falo eu: ou seja, ontem não quisera saber ou esperar, estava muito bem assim, resolvia e tal, e hoje, depois de acalmar os ânimos lá vem ela toda lampeira para eu lhe resolver o berbicacho.
Não sei porque é que as pessoas correm. Mas correm. Corremos todos. Se há recompensa no final...? Também não sei. |30 novembro 2012|
Posta-restante:
Começou a chover às onze e sete, hora que sempre me faz lembrar o meu aniversário. De nada, ora essa.
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