sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Família

Os sobrinhos, para quem os tem antes dos filhos (como eu), são uma aprendizagem sem carrego de maior.
A minha primeira sobrinha nasceu quando eu tinha dezasseis anos. Foi uma alegria. A minha sugestão para lhe dar um nome foi aceite, o que significa que 'roubei' o nome à rica filha bem antes do seu nascimento. Fui (e sou) madrinha da menina mas nunca quis que me chamasse madrinha porque, não havendo mais sobrinhos, jamais teria a dita de ser chamada de tia por alguém.
A minha segunda sobrinha nasceu quando eu tinha dezanove anos. As vivências em comum já nada tiveram a ver com a sua mana. Primeiro porque a mana morou um ano e tal na mesma casa que eu, segundo porque nessa altura eu já trabalhava fora de casa. Não é gostar mais nem menos, é que não dei tanta atenção. Acerca do nome desta menina: nem dei opinião, não calhou, quiçá precisamente por conta disso de não estar tão presente e de os pais já morarem numa outra casa diferente (ai, adoro redundâncias..).
O meu terceiro sobrinho nasceu quando eu tinha vinte e quatro anos. Nasceu por entre os meus dois ricos filhos. Pois. Imagine-se... É claro que mal me lembro de coisas dele, né? Para além disso era um miúdo quieto e calado, adorava ver TV (é bem provável que ainda adore, hei-de lhe perguntar), aos três anos falava inglês só porque via desenhos animados frequentemente e acho que a Playstation era o seu melhor amigo. Ou amiga, vá. O nome dele é giro, passa pelo da rica filha, mas em masculino. Já o da rica filha, é composto por um dos da minha primeira sobrinha. Lá está, dei a ideia do nome que mais gosto e fiquei sem ele, a menos que pusesse igual, o que não quereria de modo nenhum, que graça teria: olha, lá vêm as primas com a mesmo nome... Ná. Como os nossos filhos são assim como que aproximados em nomes, um dia, o meu irmão brincou 'a gente, com dois ou três nomes despachamos uma data filhos'. O nome deste meu sobrinho é o mesmo que um dos sobrenomes do meu pai, por isso foi escolhido. Eu, quando escolhi o da rica filha, não foi pensando em nada disso, foi porque gosto, sem mais. Ah, e sim, um dos sobrenomes do meu pai é um nome próprio. Aliás, os sobrenomes do meu pai são ambos nomes próprios.

Depois aconteceu que a vida me proporcionou muitos e muitos sobrinhos emprestados, aqueles ditos por afinidade, por acréscimo, já vinham no pacote. Todos eles me tuteiam e me tratam por tia. Todos. Mesmo os que têm quase a minha idade.

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