sábado, 3 de setembro de 2022

O carteiro (é que) toca sempre muitas vezes

Dirigia-me ao estaminé quando vi que carteiro deixara cair a caneta na calçada, mas como o decoro não se ajustava à indumentária escolhida, então, olha, lá se foi a gentileza desta que vos escreve, apanhou-a ele. Passos depois, cruzei-me com duas pessoas que mantinham uma conversa entre si e, precisando de espaço para passar, pedi licença. Quem ma deu, antes, assegurou por boca «Toda!», desviando-se educadamente. Logo ali me lembrei de um episódio ocorrido há uma data de anos: num bar cheio de gente, precisei de passar por entre e quando pedi licença ouvi o mesmo «Toda!», mas num tom sarcástico porque, por muito que o homem se encolhesse, não conseguia mais do que um espacinho. Onde eu coube. Sim, sim. E enquanto atravessava esse espacinho, sem que tocasse em ninguém, respondi-lhe no meu tom sarcástico (e ríspido) «Ah, eu só preciso de um bocadinho.» De volta ao presente, conto agora que o carteiro chegou ao estaminé depois de mim, afinal eu não precisei de tocar em algumas campainhas nem de entrar em todas as portas nem de aferir sobrescritos... Né...? Poi zé. Quando cá chegou estendeu-me duas folhas A4 e lamentou «Hoje só trago publicidade.» Inspecionei as folhas e percebi uma lista enooooorme de vinhos. E eu julgando serem contas para pagar, oh. Mas tudo bem. Ah, este post podia, quiçá devia, chamar-se «Saia curta» ou «A estreiteza da gorda».

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