Às cinco da tarde é mesmo de tarde. No topo do outro lado da alameda, agora já os prédios e antenas, esse material obsoleto, recortam o céu dum azul clarinho e não dum azul escurinho, ou mesmo pretinho intenso. No topo onde estou há um monumento de metal e betão. Diz algo em latim e detenho-me a ler, ainda que não saiba traduzir. Entretanto noto que a frase por baixo do latim é portuguesa, diz assim:
'aos que passam e se detêm'
Fico abismada. Aquele pedaço de coisa inerte é-me dedicado. Eu passei e detive-me, para observar a frase em latim e lamentar não a saber traduzir, é certo, mas depois o acaso auxiliou-me, afinal a tradução estava lá. Sorri. Viro-me, disposta a retomar o meu caminho. Vejo um homem detido junto do respiradouro do Metro, cabeça inclinada, observando aquele abismo. Sorriu.
Ele sorriu por um motivo, eu por outro, não existiu qualquer cumplicidade entre nós, tampouco ocorreu uma troca de olhares, mas mesmo assim a vida é tão bonita, não é. É.
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