Ora indo no seguimento do post anterior, em termos de dia disto e dia daquilo, eis que ontem foi dia do chapéu-de-chuva, registo que fiz sim senhores, e também registei que foi muito xirú o dia estar tão chuvoso, portanto agora estou mas é a rerregistar, e foi mais xirú ainda, isso sim é novidade, eu ter jogado no lixo um chapéu-de-chuva que me acompanha há uma boa meia dúzia de anos*. É que o dito foi-me entregue à porta do estaminé, num dia de jogo de futebol montes de importante, creio que chama derby a esse tipo de evento socio-desportivo&cultural, ah ah, mas dizia eu da porta do estaminé, pois era, eis que se nos dirige, a mim e ao meu colega, um transeunte que nunca víramos, pedindo-nos que lhe guardássemos o seu chapéu-de-chuva porque se lembrara repentinamente que às tantas não iam deixá-lo entrar no estádio com um objeto pontiagudo, na altura andava tudo cagado de medo com as claques e mais não sei o quê. E assim fizemos, guardámos um chapéu-de-chuva dum desconhecido. Este transeunte é ainda tão desconhecido que nunca mais o vimos. Entretanto, eu, espertinha da cunha, e não querendo saber se o padrão do dito chapéu-de-chuva é masculino, quero lá saber disso, tenho-o usado. Ao longo destes anos tem-me dado um jeitão, uma vez que não é muito comprido, o que é porreiro, claro, livro-me de arrojá-lo no chão devido à minha estatura, enfim, não muito alta, vá. Mas há mais: é feio, portanto não é nada apelativo e vai daí não mo roubam nas grandes lojas em que a gente tem de o deixar à porta, dentro dum vaso que está sempre tão longe da beleza mas bem perto da utilidade. Há ainda mais: está todo torto, com pontas soltas e varetas a caminhar para também se soltarem, Então, ontem, duranto o intervalo grande, houve uma série de momentos em que julguei que ia cegar, vislumbrei uma daquelas pontas soltas enfiando-se-me num dos olhos todo um rol de vezes, portanto joguei no lixo o chapéu-de-chuva que mais histórias tem na minha vida e acabou a conversa. Adeus 'miguinho de longa data, foi mesmo bom conhecer-te.
*Fui pesquisar a posteriori da feitura deste post a idade do chapéu, ora então a história dele é datada de... Pois, incrivelmente faz hoje seis anos (eu bem que falei em meia dúzia lá em cima, até parece que, mas não) que registei o facto assim:
«No chuvoso dia do derby, um senhor entrou para pedir que lhe guardasse o chapéu, que ia para o jogo e saiu de chapéu porque viu a chuva e não sei quê mas no caminho se lembrou que não iriam deixá-lo entrar com ele. Se não se importa e tal guarde-mo aqui que amanhã venho buscá-lo.
Ainda não veio, acho que já ganhei um chapéu.»
«No chuvoso dia do derby, um senhor entrou para pedir que lhe guardasse o chapéu, que ia para o jogo e saiu de chapéu porque viu a chuva e não sei quê mas no caminho se lembrou que não iriam deixá-lo entrar com ele. Se não se importa e tal guarde-mo aqui que amanhã venho buscá-lo.
Ainda não veio, acho que já ganhei um chapéu.»
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