segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Cliente

Apoiei os pulsos no balcão com as palmas das mãos viradas para cima e os dedos descontraídos, fazendo assim como que uma flor. Uma, não, duas flores. Notei que a cliente olhou com interesse para o esquema (incrivelmente bonito, claro) que eu desenhara com as mãos. Não era porque eu tenha as unhas pintadas dum azul vivo, qual quê, era o desenho que fiz com as mãos. A flor. De pétalas azuis. Muito lindas. Que eram afinal as minhas unhas. Ainda tive para me desculpar (homessa, desculpas pra quê?), sabe, é que assim a pele das mãos não toca no frio do balcão, apoio mas é as extremidades das mangas do meu casaco felpudo. É isso. E é também uma flor com as minhas mãos em pose disso. E não é uma primavera que já espreita. Aqui não.

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