sexta-feira, 15 de abril de 2016

Baralhação

Estou um tanto ou quanto baralhada na cabeça, e digo que é na cabeça porque às vezes a baralhação dá-se-me nas mãos ou nos pés ou na língua. Mas dizia eu, estou baralhada na cabeça mas tão baralhada que há bocado cumprimentei um cliente assim: «bom dia sô Maia, tá boa?» O sô Maia riu-se um bocado... Bom, riu-se um bocadinho, vá, e a gente acabou a conversa e pronto.
Não muito depois, atendendo a um pedido do meu colega no sentido de lhe aviar um suporte de lâmpada, viro-me para ele e diparo: «um suporte? como deles?» Ó 'migos, é assim: isto é pura poesia, é que os suportes para lâmpadas são mais que muitos, a gente tem em plástico ou latão ou porcelana, a gente tem os é-catorze e os é-vinte-e-sete, em alguns desses a gente tem em preto ou castanho ou branco, há com cordel ou então sem ele, há os roscados e os meios roscados, desta o ou daquela, deste ou daquele é-qualquer-coisa. Há portanto uma infinidade tal que... Como deles, caro colega, como?
Mas, antes de tudo isto que acabo de contar, aquando da minha passagem pela frutaria, e vai que o nepalês me vende um molho de três beterrabas com rama, cada uma a vinte cêntimos, quer isto dizer que havia para ali uma espécie de saldos, que as beterrabas eram velhas e mais não sei o quê, e vai que faço a seguinte observação: «pronto, está bem, eu como os velhos por sessenta cêntimos!» e o nepalês larga a rir porque se há coisa que a gente estrangeira aprende rapidamente é tudo quanto apele à malícia.

2 comentários:

  1. ahahahahahahahahahahahahah


    (também já sabes da minha, embora muito lusa, aptidão para rir com estas coisas)

    ResponderEliminar