segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Doces

Estão os sonhos feitos mas não por mim. O Luís é que embarcou nessa demanda. Para tal foi buscar um calhamaço* que a gente tem ali há que anos! e escolheu uma receita que lhe pareceu bem. Tem ingredientes um tanto ou quanto diferentes, é uma variante da básica receita de sonhos, uma vez que leva duas farinhas, a de trigo e amido de milho, leva água que se farta, se considerar o pequeno monte de farinha, já de manteiga é que se assemelha ao usual. A coisa não correu lá muito bem, o amido de milho tem outras propriedades, empolou, as bolinhas, vulgo grumos, não desapareceram totalmente e a tão característica bola no fundo da panela não se conseguiu alcançar. Ainda assim os sonhos foram fritos. Contudo, mesmo os sonhos empolando ao serem fritos, não se viravam sozinhos, como é costume nos sonhos, devido ao diferente teor de farinhas, presumo, e, também por isso, presumo também, os sonhos achataram. Lá saborosos estão eles, e no fundo é o que importa. E fofinhos.

*Mestre Cozinheiro, Coleção Laura Santos. Foi-nos oferecido, juntamente com uma catrefada de calhamaços, por uma cliente que se estava a desfazer do espólio barra herança da irmã. 

**********************************************************************

Fiz um bolo-rei todo catita, receita daqui. Acabei o peso de frutos secos com sementes de girassol. Faço sempre alterações. Às vezes penso para comigo que sou uma seguidora fiel de receitas e ideias, sei, ou ouço dizer, que as receitas doces são para serem respeitadas religiosamente, qualquer coisinha que saia fora da lista de ingredientes ou do modo de preparar dá mau resultado, só que eu, eh pá, pronto. Tenho a mania. Mais: tenho a mania que tenho a mania. Já me disseram eu não tenho nada a mania que sei fazer doces, o que tenho é vergonha de dar nas vistas e portanto protejo-me com a capa do eu-sei! como se faz e mais não sei o quê. Enfim, uma pessoa quer brilhar e ópois é isto, simplesmente não deixam, é o que é.


Sem comentários:

Enviar um comentário