O dia era de grande calor e o cão da cliente estava com a língua de fora. Quando eu era criança, se via um cão assim, dizia que estava a suar da língua porque me tinham ensinado que os cães punham a língua de fora quando estavam com calor. Avistei um aquecedor. Oh que visão - tão hilariante quanto disparatada. É a vida. Se calhar este conjunto é uma das melhores coisas que a gente vive. O quadro tem uma mulher de chapéu com penas espetadas, só se vê a boca dela e parece estar num esgar de raiva. Tem os ombros nus. Outro quadro, agora o noto, está inclinado e tem a particularidade de ter duas das margens em branco, compõe um passepartout, mas pela metade. Há outro, ainda, que tem o que (me) parece ser dois troncos, chegados mais à direita. Um deles, o mais à direita, quase não tem espaço para aparecer. Parece até um rejeitado, esse tronco. Na verdade nada aqui tem a ver com nada, é tudo desfasado, desmembrado, inclusive as cadeiras, que são cada uma de seu feitio, material, cor. A mesa parece estar posta, mas como se estivesse sempre a postos, independente de relógio ou apetites, não como fosse ser usada já a seguir. Há um candeeiro transparente. Espera aí, outro?! Porra, mas estes candeeiros perseguem-me ou quê?! Ainda há dias me vi a braços com um igual, num lugar diferente, que o desconjuntei todo e não fui capaz de o amanhar. Mas pronto, neste não preciso sequer tocar, é que nem levemente. Dois cães, mais pequenos do que primeiro que aparece neste post, assomaram à janelinha que está bem acima do esperado. Está bem acima desta que vos escreve, mas não para os cãezinhos, que estão numa escada. Há aqui um desnível, portanto. Pois. Enfim, casas.
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