Era eu e um homem tão transeunte para mim como eu para ele mas tínhamos ambos o mesmo propósito: aguardávamos que o semáforo se pusesse verde. Pouco depois, antes da luz do boneco verde acender, ouvi-o dizer:
«Já podemos atravessar, já não vem carro nenhum.»
E seguiu, sem olhar para mim. Eu não, e fiquei a vê-lo avançar. Julgo que pela altura que nos distingue, não tive a certeza de não vir carro nenhum e não confiei. Parece-me, agora que escrevo, que não estávamos juntos no propósito, ele não esperava a luz no boneco verde. Se ele a influência, eu a rebelde, se ele o rebelde, eu a medricas.
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