Quando ontem passei pela árvore amarela não lhe achei graça, o que, não sendo vez primeira, é deveras invulgar. Espantei-me – primeiro comigo, e muito: «eh pá, ó Gina, atão ca porra é essa?!», depois com ela, mas pouco, afinal uma árvore pode ser o que lhe apetecer – e prossegui a marcha. Alcancei a rua mais bonita de Lisboa e, quando passei debaixo da árvore bordeaux, foi sem querer que reparei que a distância a que estava do chão era maior. Espantei-me e voltei atrás para me certificar se a diferença continuaria presente na minha cabeça. Durante esse pequeno percurso ia pensando que talvez a diferença existisse porque naquele dia a árvore bordeaux estava encharcada, poderia o peso da água tê-la feito vergar. Quando lá cheguei já não me pareceu nada daquilo, qual quê de estar a árvore com as folhas mais subidas, nada disso.
Quando hoje andei Lisboa afora percorri uma rua e avistei um jardinzinho parecido com o que serve de morada à árvore amarela. São lugares vizinhos, é normal que tenha sido a mesma gente a projectá-los, cingindo um determinado estilo a uma zona, a gente olha e imediatamente comenta: «ah, isto não é ali assim ao pé de?» Mas não se fica este caso de parecenças por aí, se bem contei, avistei três 'árvores amarelas' – três! – e ainda mais parecidos os recortes de terra ficaram. Jardinzinhos, vá. Fiquei contente com este avistamento mas jamais retirarei o estatuto de 'árvore amarela' à árvore amarela, que é lá isso. Até me pus logo a planear que, chegando Setembro, terei como demanda espreitar também este canto de Lisboa, a ver se estas 'árvores amarelas' também se põem amarelas. Depois posso até fazê-las fazer corridas, a ver qual amarelece primeiro. A segunda que. A terceira a. A quarta afinal também. É todo um rol de boas sensações, as que me esperam, quando prestes ao Outono.
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