A minha mãe dava-me à boca bocadinhos de pão com toucinho à boa maneira alentejana.
A minha mãe atava o meu carapuço quando estava frio.
A minha mãe fazia-me roupas giras e modernas.
A minha mãe não deixava que predominasse o seu gosto pessoal nas minhas escolhas.
A minha mãe não dizia que vinha aí o homem do saco quando me portava mal.
A minha mãe ia ver as festas da minha Escola porque eu participava nelas.
A minha mãe seguiu à risca, quando o dinheiro não abundava, uma dieta especial que o médico prescreveu quando tive anemia.
A minha mãe fez a minha bata para eu usar na Escola.
A minha mãe ralhava comigo quando eu arrastava os pés no chão e fazia uma nuvem de pó.
A minha mãe comprou-me um guarda-chuva amarelo.
A minha mãe comprava morangos assim que eles apareciam só porque eu gostava muito.
A minha mãe fazia-me um penteado aos canudinhos.
A minha mãe levava-me a visitar a minha avó ainda que estivesse de relações cortadas com ela.
A minha mãe ralhava quando me empoleirava nos portões e nos muros.
A minha mãe não deixou de me levar à Escola enquanto não lhe pareceu que eu estava preparada para ir sozinha.
A minha mãe não me deixava brincar ao sol.
A minha mãe dava-me os restos dos tecidos para eu fazer roupinhas para as minhas bonecas.
Em Julho de 2007 escrevi o que está acima, hoje escrevo 'a minha mãe morreu'.
A tua mãe deve ter tido muitas alegrias dessa filha bonita que pôs no mundo, minha querida Gina.
ResponderEliminarLamento muito a tua perda.
Um abraço apertado.
Sim, como quando percebeu que eu já sabia ler. E eu que nos últimos anos não consigo concentração para ler, que ironia... Agora que penso nisso.
EliminarObrigada. Beijos e abraços. Aos bués.
Sinto muito Gina
ResponderEliminarum abraço
Gábi
Obrigada Gábi 😗
EliminarUm abraço dos apertados, Gina
ResponderEliminarMuito obrigada, Pipoco. Apertado e sentido, o seu abraço.
EliminarUm abraço, Gina, daqueles mesmo sentidos.
ResponderEliminarObrigada, Maria 🌼
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