Bom, um pouco a propósito da década que já ontem referi e tal, ou então não, sei lá, mas é que há pequeninos nadas que por vezes se juntam e fazem uma manifestação do caneco na minha vida, na minha cabeça, no meu modo de escrever. Olha, tenho de escrever isto, olha, ah tóin xirú pá, tenho de registar no blogue, e percebo que está tudo ligado e tal, ou posso ser eu a ligar tudo porque quero, sei lá, e tanto faz. O que eu sei, por ora, é que a década me persegue, passaram dez anos, dez anos, dez anos. Ah ah. Então 'bora lá.
Em 2006, por volta deste mês, fevereiro, eu escrevia as minhas coisas num caderno, vulgo diário, tipo assim à moda antiga, pronto, chegava ao fim do dia e espetava lá com as questões do dia, tanto boas, quanto más. Entretanto, houve um dia em que decidi descrever-me como era dez anos antes, como era na atualidade e, nesse mesmo dia, decidi também que dez anos depois voltaria a retratar-me. 2016 é portanto o ano em que vou ter de continuar esta obra... E acreditem que continuo a obra sem reler atentamente o que então escrevi, não quero cá influências do outro tempo, que é lá isso. Então, vá.
Sou uma mulher amadurecida pelo tempo que passou.
Há questões que já não me coloco, há questões que agora me coloco.
«Sou o algo indefinível que fica entre a genialidade e a estupidez» Isto de escrever trouxe-me um saber extraordinário, descobri que sou tão ruim como a outra gente, mas também percebi que sou uma pessoa especial e interessante. Como a outra gente. Pois. Continuo no entanto sem vocação nenhuma para mostrar que sou uma pessoa especial e interessante. Continuo esperando que me apareçam no blogue e no canal levados pelo acaso, só assim me apreciarão, creio.
Ainda sou uma boa mãe, esposa e dona-de-casa em muitos momentos de todos os dias.
Tenho um cão, há dez anos não tinha nem queria ter. Se duma simples folha de árvore retiro ensinamento, retiro-o também dum cão. Sempre gostei de animais, principalmente de cães, passei inclusive grande parte da infância tendo um cão por amigo. Era o Tobi. Gosto portanto muito de cães mas não queria ter nenhum. Sério. Mas sou doida pela minha cadela, o meu bicho-cão, a Olívia.
Continuo a ser empregada de balcão numa drogaria e a não gostar deste espaço, nem da profissão em si. Continuo portanto a ser uma triste profissional. Até quando, pergunto. Até que a morte me separe, respondo. Continuo, mesmo assim, a usar o espaço, o tempo e até a profissão para escrever num blogue tudo aquilo que quero, mas nem tudo o que me apetece.
Não estou nada igual ao que era, passaram dez anos, como estar igual, não é. É. Estou mais velha, mais gorda, mais abatida.
Em sensualidade continuo uma nulidade devido a recalques que eu própria me imponho, a contenções nem sempre tão inteligentes e equilibradas assim. O meu corpo é voluptuoso, foi sempre, a minha alma não, nunca foi.
Em observação dos espaços / pessoas / episódios continuo a ser um ás, ninguém me ganha. Sou muito boa nisso. Muito boa mesmo. Referi que ninguém me ganha em observação estando convencida disso mesmo, só por dizer que não desafio ninguém, quando não alguém decerto me ganharia.
Lisboa, 16 de fevereiro de 2016, Gina G
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