Do café e do café e do café. Eis que regressei a um lugar que já foi da musa. Também. Pois. Mas não. Agora está diferente, há só uma mesinha com duas cadeirinhas, e ao balcão três banquinhos, em calhando a mesinha estar ocupada tenho de espetar os ossos no banco (isto sou eu a mostrar-me magra...), o que me desconforta e retira sabor ao café, prazer ao café, pressão para escrever, deleite no escrever. Entretanto já lá fui duas vezes. Na primeira encontrei a mesinha vazia e ao depois do café, nesse dia calhou bom que se farta, mas não fartou, tirei uma foto sorrateiramente, onde se pode ler que há seis lugares sentados nesse estabelecimento. Eh pá, seis lugares só se estiverem a contar com o banquinho que o homem tem dentro do balcão. Foto já a seguir. Mais texto depois dela.
Na segunda encontrei a mesinha ocupada, mesinha e uma cadeirinha, e eu, sendo tímida o suficiente para não pedir para me sentar na outra cadeirinha, sentei-me no banquinho (daí poder contar que aleijo o sim-senhor com conhecimento) e o café já não estava tão bom. Ah e tal, disse o homem, a chávena é para encher até aqui, está a ver. E eu que sim, estava. E ele, é que menos que isto depois a senhora não bebe café quase nenhum. E eu, está bem, essa é a sua opinião, não a minha. E ele, olhe o risco aqui na chávena, a gente enche até aqui. E eu, quanto é. E ele, é sessenta. Fui-me embora, deixando um golo de café no fundo da chávena, tipo em protesto, tipo em lamento, tipo assim em ressaca de cafeína.
A foto acima faz-me lembrar algo que deixo já neste post, porquê não sei mas faz de conta que sei e que é porque sim. Há dias vi uma pequena reportagem na tv anunciando o lançamento dum modelo de relógio comemorativo (já não malembra de quê mas parece que tinha coisas a ver com museus), numa edição limitada, onde os mecanismos funcionam ao contrário do seu costume, mas não só isso, os números estão dispostos ao contrário e os ponteiros andam ao contrário. Uma confusão, portanto, é que nem dá para explicar, mas fascinante. Eu cá, acho fascinante tudo que tenha que ver com o tempo e a cadência. Fiquei também a saber que foi dificílimo para o fabricante desenvolver mecanismos que fizessem andar um relógio ao contrário (quantas vezes é que eu já escrevi 'contrário' neste parágrafo?) e que se basearam na ideia que existe há que tempos (ah ah, tempos) em pâbes e assim, que põem um relógio com números ao contrario (porra...!) numa parede em frente dum espelho enorme, de modo a que o pessoal, se sentado ao balcão, possa ver as horas que realmente são refletidas no espelho, pois como se sabe, um espelho reflete as coisas... ao contrário.
Ainda cá venho. Este post parece quase um dos meus vídeos, sempre acrescentando coisas, sempre acrescentando coisas, sempre acrescentando coisas. Então vá lá.
A terceira vez que bebi café sem ser no lugar da musa, foi hoje, para aí há umas duas horas, num lugar onde o café é espectacular. Sério. Tão bom mas tão bom que me ficou a doer a cabeça. E retirar prazer duma dor, é possível? É! Claro que é! Acaso não sabeis que é, homessa! Porventura ouvisteis falar algum dia em sadomasoquismo e síndrome de Estocolmo? Eis então. O povo chama-lhe 'quanto mais me bates mais eu gosto de ti', não é. É. Mas isso é o povo. Voltando ao café de hoje, pois que lá estava eu, desfrutando do espaço um tanto ou quanto transparente, quando dou de caras com dizeres na parede:
segure uma chávena e saboreie a excelência de um
café
e você estará com um pedaço da nossa história na mão
puro, intenso e provocador, sedento da sua
pausa
pronto para o inspirar todos os dias
(melhor deixar registado que as frases pertencem à Confraria do Café, que eu não quero cá confusões)
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